Me Ensine a Amar 2

Um conto erótico de Chel
Categoria: Homossexual
Contém 3694 palavras
Data: 20/06/2014 23:28:39

Capítulo 2: Quando uma fera nasce para ser predador, nem o melhor domador poderá domá-la.

Eu não gostaria de voltar até o meu novo quarto e olhar aquela cena novamente, então o que eu fiz depois era o que eu tinha de melhor como opção. Tinha rabiscado minha mão furiosamente com uma caneta esferográfica azul na tentativa de escrever o endereço que a dona Maíra tinha me dado. Sabia que eu não tinha mais dinheiro para pegar um táxi, mesmo eu não conhecendo a cidade onde eu moraria, só lendo todo aquele nome de endereço eu percebi que não era perto da minha universidade. Então, pela terceira vez no mesmo dia em um espaço de tempo menor que 30 minutos eu perguntei para o homem das divisões de quarto se ele sabia como chegar até aquele lugar. E mais uma vez ele foi bastante prestativo, ele usava óculos, grandes e circulares óculos, mas por detrás daqueles vidros tinha um par de olhos caramelizados. Ele era bonito mesmo sendo uma pessoa de rosto comum, sem muitos traços marcantes, mas, de algum jeito, ele era bonito. Estreitei os olhos e inclinei a cabeça para ver se ele era tudo aquilo que eu supostamente estava vendo, no final das contas eu não escutei nenhum nome dos respectivos ônibus que eu tinha que pegar para chegar até o meu destino. Então tive que pedi para ele repetir e como minha mão já estava bastante riscada, anotei os nomes em um pedaço de papel que, gentilmente, ele me deu. Dei um tchau básico, apenas duas abanadas de mão e um agradecimento mudo. Quando já me encontrava na frente do prédio reservado para a moradia dos estudantes eu percebi que provavelmente aquele garoto não era bonito, o que fez ele parecer charmoso foi o tesão acumulado e a fome, definitivamente a fome. Caminhei até o ponto de ônibus mais próximo e esperei encostado no muro de algum prédio, não tinha relógio, nem celular e nem sabia dizer que horas eram apenas com o movimento do sol. Na minha opinião era quatro da tarde, mas muito bem poderia ser duas da tarde que eu não saberia. Então foi o jeito perguntar para um senhor baixinho que estava encostado no muro ao meu lado. Percebi quando ele ficou meio receoso de responder por causa da minha fala. Meu sotaque é muito pronunciado e eu acho que eles nunca viram um nordestino falar. Mas mesmo assim ele respondeu, ainda eram três e vinte dois da tarde.

Quase perdi o primeiro ônibus que tinha que pegar, estava bastante entediado, cansado e irritado de ficar em pé ali esperando um ônibus que parecia que nunca passaria. Corri até que entrei naquele monstruoso veículo metalizado que fazia soada pra caramba. Achei a passagem bastante cara, era isso que dava, viver quase dezoito anos na mesma cidade sem ter conhecimento dos outros estados e suas milhares cidades. O ônibus não estava nada vazio, eu fui encochado, apalpado, empurrado, xingado e várias outras coisas. Protegia minha preciosa bolsa apesar de tudo, levei umas duas cotoveladas, mas minhas roupas não. Como um bom segue instruções eu fiquei de olho por onde passávamos, eu tinha que descer em uma parada especifica, se eu não descesse nessa, bom, eu tava fodido e mal pago. Mas graças a um pisão no pé que me fez levantar na hora certa e olhar de soslaio para a janele antes de partir para agressão verbal com o elefante que pisou em meu pé, eu sinalizei que desceria. E já fora do ônibus eu agradeci o homem que pisou no meu pé. Ele me olhou com as duas sobrancelhas arqueadas e cochichou com a mulher que estava do lado dele, provavelmente para dizer que eu era maluco. Na segunda parada era um pouco melhor, não tinha tantas pessoas e eu poderia esperar o segundo ônibus sentado, mas sempre tem um filho da puta que não se senta, não faz porra nenhuma e fica na frente das outras pessoas que estão sentadas, atrapalhando assim com esse gesto tosco, a visão. A fome tinha apertado e minha raiva borbulhava incontrolada, eu respirei fundo e disse para mim mesmo que não brigaria na nova cidade no meu primeiro dia ali, vai que todos os moradores dali se juntassem e me dessem uma surra.

Mas quando uma simpática moça com um bebe de colo, que berrava aos quatro ventos, perdeu o ônibus que esperava, eu sai de mim. Me levantei já espumando pela boca, punhos cerrados e narinas inflamadas, dei dos brutos cutucões no ombro daquele ser infernal e pedi com toda a gentileza que ele saísse da frente, pois nós queríamos ver quais ônibus estavam vindo. Bom, na verdade não foi isso que aconteceu, eu peguei o energúmeno pela gola da camisa, trouxe seu rosto para próximo do meu e rosnei que se ele não saísse da frente e eu perdesse meu ônibus, eu com toda a certeza o jogaria debaixo do próximo ônibus que por ali passasse. Apesar do homem ser mais velho que eu, seu rosto ficou livido e ele colocou o rabo entre as pernas e saiu dali rapidinho. As pessoas que ali estavam poderiam pensar que eu era um poço de altruísmo e gentileza por ter defendido a mulher com o bebe sirene, mas, na verdade, era que não era nada disso. Eu já estava com a paciência no limite, aquele bebe não parava de chorar e foi bom que aquele homem estivesse ali por que se não era bem provável que eu tivesse ameaçado o bebe dizendo que o jogaria sob o próximo ônibus que passasse caso ele não parasse de chorar. Ai eu queria ver se alguém ia me achar gentil ou qualquer outra coisa. A mulher com o pirralho chorão ainda deu em cima de mim, falou que eu era bonito e coisa e tal, será que eu teria que ameaçar todos daquela parada? Ninguém percebeu que eu não queria ser incomodado? Nem respondi ao ataque dela, suspirei quando, ao longe, eu vi o segundo ônibus que eu teria que pegar.

Esse estava mais vazio que o primeiro, mas não inteiramente vazio. Depois que todas as vagas para ir sentado dentro do ônibus acabam todas as pessoas que entram depois disso ficam concentradas nas portas. É sério! Olhando de frente o ônibus parece que vai explodir de tão lotado, mas quando entramos passamos um sufoco para passar pela porta principal, somos molestados pelos velhinhos que tem acento preferencial na frente e na hora que passar na catraca as bolsas ficam presas entre aqueles ferros paralelos e a catraca. Como se não bastasse ainda tinha que sair dando cotovelada e para fingir arrependimento murmurar umas desculpas. Passei pela multidão da porta e fiquei tranquilamente em pé na área central do ônibus, eu era bastante alto, mesmo tendo apenas 17 anos – 18 daqui a duas semanas – então quando o infeliz do motorista não via algum buraco na pista minha cabeça era a única a acertar o teto do ônibus. Um rapaz, não mais velho que eu, perguntou se eu queria que ele segurasse a minha bolsa. Olhei para ele com os olhos semicerrados e nada respondi. Fiquei olhando pela janela, eu tinha que descer na parada certa, não podia passar. E aquele maldito ônibus continuava a encher, antes eu tinha uma boa folga, podia me mexer a vontade, agora nem levantar o braço para coçar o nariz eu podia.

Já na segunda parada eu estava com a roupa toda amarotada, suando em bicas e com a raiva extrapolando limites que eu nem sabia que tinha. Ainda tinha que andar um pouquinho até achar o condomínio onde ela me mandou ir. Nunca fui uma pessoa introvertida, gostava de conversar com as pessoas e gostava mais ainda de ser ouvido, caso não me dessem ouvidos eu tinha duas formas de chamar a atenção para mim, um se chama punho esquerdo e o outro punho direito. Nem sei se a mulher ainda ia me aceitar na casa dela no estado que eu estava, meu cabelo liso negro estava grudado em minha testa devido ao suor, e debaixo dos meus braços estavam dois círculos molhados. Sem nenhum pudor em levantei meu braço e cheirei a minha axila, um casal com um menininha pulando em seus calcanhares passavam por ali e me olharam enojados, mas eu mandei um beijo para os dois. Não estava fedendo, ainda bem. Cheguei arfante na guarita do condomínio, disse que estava a procura da dona Maíra e para minha surpresa ele autorizou a minha entrada.

— Casa 51, bloco B – A voz do homem da guarita era entediada, quase como se ele não quisesse está ali – Logo depois do parque.

— Valeu, chefia! — Levantei o polegar para ele depois que entrei – Seu espírito cheio de alegria me encheu de alegria!

A partir daquele dia aquele mesmo guarda virou meu inimigo declarado. Mas eu acho que não era devido ao fato de eu sempre caçoar dele cada vez que eu entrava por aquela porta paralela a guarita. Deve ser por que nós já transamos, sabe como é né?! Mas no final de tudo a transa nem foi tão boa assim, ele me pegava como se eu fosse quebrar, queria a todo momento me beijar e na hora de se enterrar dentro de mim ele preferiu me dar umas linguadas. Até que foi bom no começo, mas depois eu acho que ele estava tentando escavar um buraco até a China. Mas sim, voltando ao assunto, eu fui seguindo as instruções do guarda e quando cheguei até na casa que ele me informou meu coração estava ameaçando a sair pela minha boca. Toquei a campainha da enorme casa palaciana com vigas brancas na entrada e azulejos brancos gelos na fachada formando desenhos intricados na parede. Nem demorou muito, escutei alguns gritos vindo lá de dentro, uns grunhidos indiferentes e arrastares de pés, até que a porta se abriu e um rapazinho com os cabelos loiros bagunçados e imensos olhos azuis, abriu a porta para mim.

— Oi, garoto – Vesti o meu melhor sorriso. O sorriso e a vestimenta do rosto, eu tinha lido isso em algum lugar, algum dia em algum momento de loucura. Eu nem gosto de ler! — Sua mãe está em casa? Eu sou o Michel e...

Ele fechou a porta na minha cara e eu fiquei ali com um sorriso pregado em meu rosto. Mas que filho de uma puta! Que diabos tinha aquele garoto? Deus, cade os modos de hoje em dia, o mundo está perdido. Ainda com um sorriso besta em meu rosto eu apertei a campainha novamente, e dessa vez para reforçar e dizer que eu realmente não estava ali para testar a campainha dele, eu dei dois fortes socos na porta. E não demorou muito para a porta se abrir novamente.

— Oi... não fecha! — Aquele moleque estava tirando uma com a minha cara, eu coloquei a mão na porta e forcei para que ele não fechasse a porta – Para de loucura, garoto! Não sou um ladrão, só estou aqui para a vaga de babá.

— E você acha que eu não sei?! — Tentou forçar a porta novamente – Eu não preciso de babá! Vou fazer 15 anos! Não preciso de babá!

— Mas vai ter um! — Não foi eu quem falou, mas sim uma linda mulher de cabelos platinados segurando um bebe no colo. Ainda bem que foi ela quem falou, pois se tivesse sido eu o garoto conversaria com os meus punhos – Ah, que bom que você chegou! Vamos, entre, entre. Saia da frente Sam, deixe-o entrar.

E eu entrei, mas quase caio quando dei o meu primeiro passo. Aquela casa estava uma zona, toneladas de brinquedos estavam espalhados pelo chão. Tinham pratos sujos sobre todos os poucos e elegantes moveis da sala, tinham alguns no chão também, e mais outros debaixo do sofá. Respirei bem fundo, aquela casa iria ser um verdadeiro desafio, mas eu tentaria, nunca fui de desistir fácil. E não ia ser um garoto magrelo de quinze anos e nem um bebê de seis meses que impediriam isso. A mulher dos cabelos dourados e com o bebê que se remexia como um gato cativo apontou para um sofá que ficava de frente para nós. Eu fui, mas no caminho, fui juntando qualquer tipo de brinquedo que estivesse pela minha frente. Numa olhada rápida eu vi que tinha uma caixa azul cheia de desenhos abstratos no canto da sala. Meus braços já estavam cheios de brinquedos e eu fui até lá, despejei-os antes de ir me sentar no sofá. Mesmo a mulher sendo jovem e linda ela também estava bastante cansada, grandes manchas roxas tomavam contas da área sob os seus olhos. Ela parecia um guaxinim loiro.

— Obrigado por ter pego esses brinquedos – Até sua voz estava cansada, e o bebê não parava de ser remexer, inquieto, nos braços da mãe – No dia que a diarista não vem são os piores, eu tento, eu juro que tento, mas não consigo. Meu marido fala que sou fresca, mas eu queria que ele estivesse aqui no meu lugar, ai eu queria ver quem é a fresca. Esse bebê é movido a energia nuclear, e ele – Apontou para o garoto que estava esparramado em outro sofá olhando fixamente para a televisão – Não é movido a nada, esse garoto tem mais preguiça que todos nós juntos.

— Sem problema, senhora – Respondi, me remexi no sofá e alguma coisa espetou o meu traseiro. Levantei minha bunda um pouquinho e tirei dali debaixo um controle remoto – Hum, garoto? Como é o nome dele?

— Samuel – A mãe respondeu – Mas pode chamar de Sam, ele não liga.

— Ei, Samuel? — Ele levantou a cabeça e olhou na minha direção. Levantei o controle– Acho que isso é seu.

— Joga.

Não joguei, fiquei com o controle estendido ali. Aquele garoto era o mimo personificado, a mulher mimou tanto aquele garoto que agora ele não sabia fazer nada. Ele olhou para mim para ver se eu iri jogar o controle, mas se deu de mal, pois eu não iria. Ele se sentou, e eu ainda com o controle estendido. Se levante! Levante-se e pegue, não é muito longe, Pegue-o! Eu gritava mentalmente, torcendo que ele fizesse o que eu queria. Tive que reprimir um sorriso satisfeito quando, arrastando o pé, ele veio na minha direção, pegou o controle da minha mão e voltou para o seu antigo lugar. Quando eu virei para a dona Maíra pronto para falar por que eu deveria trabalhar como babá e de como eu tinha uma afinidade enorme com crianças, ela, toda sorridente, falou:

— Você já está contratado, Michel.

A alegria que se apossou do meu corpo naquele momento foi indescritível. Eu estava naquela cidade a apenas um dia, mas não passaria maus bocados, eu já tinha um emprego. Comecei a trabalhar naquele mesmo dia. Foi um dia bastante pesado, até por que eu estava muito cansado por causa da viagem de longos dias, e também que a fome me apertou de uma maneira nojenta. Não teria coragem de exigir comida no meu primeiro dia de emprego. Limpei a sala, recolhi todos aqueles brinquedos, na hora de colocar as finas e rendadas cobertas do sofá no lugar eu tive que impor a minha voz. Ele ainda tentou me peitar, mas, eu era uns bom trinta centímetros mais alto que ele, mesmo eu sendo quatro anos mais velho que eu, ele me obedeceu. Lavei quase três jogos de pratos, duas dúzias de copos e várias colheres, garfos e facas. Para uma casa que só moravam quatro pessoas até que eles sujavam bastante coisa. Enquanto eu estava lavando as louças, dona Maíra veio até mim, pediu para eu dar uma rápida pausa e colocou um tipo de camisa no meu peito. No começo eu não entendi o porquê daquilo, mas depois, eu entendi. Ela trouxe o pequeno Heitor e o colocou no bolso que tinha naquela especei de camisa. Era um canguru, daqueles onde os bebês ficam bem próximo da mãe.

Passei o resto do dia com um bebê sem o meu encosto, não é que aquele diabinho não se cansava, ele ficava pulando, se remexendo, esticando a minha camisa com os seus pezinhos e puxando o meu cabelo, especialmente puxando o meu cabelo. Quando ele agarrava em meu cabelo eu não conseguia fazer com que ele soltasse, então eu ficava com medo de puxar muito seu braço e quebrar algum osso infantil dele. Arrumei todos os cinco quartos da casa, os mais bagunçados eram o do Sam e dos pais. Dei banho no pequeno Heitor e também tomei banho, já que aquele pestinha não soltava o meu cabelo de modo algum, só tirei os meus tênis, as meias e entrei debaixo do chuveiro. Ele começou a gorgolejar, balbuciar na típica língua de bebê fala que ninguém intende. Foi só sobre o chuveiro que ele largou o meu cabelo e como eu já estava debaixo d'água mesmo eu resolvi logo tomar um banho, vai que na comunidade estudantil não tivesse banheiro. Levei-o para o seu infantil quarto e coloquei uma frauda nova, uma roupinha cheirosa e o deixei na cama enquanto me trocava. Afinal eu tinha molhado toda a minha roupa. Estava brincando com o pequeno Heitor quando o irmão dele abriu a porta, colocou apenas uma parte do rosto para dentro e disse:

— Mamãe e papai querem conversar com você – Quando ele ia fechar a porta, lembrou-se de mais alguma coisa e voltou – Leve Heitor também.

— Como se eu fosse te deixar aqui, não é Heitor? — Eu estava deitado no chão com a cabeça apoiada no pulso e ele brincava com uns brinquedos que eu tinha colocado ali. Ele me respondeu com um sorriso desdentado e cheio de cuspe.

Peguei-o no colo, abri a porta, caminhei lentamente pelo imenso corredor com piso de madeira envernizada e paredes brancas, desci as escadas e Heitor se divertia puxando as minhas orelhas, mordendo meu pescoço com as suas gengivas molengas e molhadas. Mas quando eu cheguei na sala de estar, agora muito melhor de quando eu cheguei, não tinha apenas três pessoas como eu esperava. Mas tinha treze pessoas, treze! Seis adultos, quatro pré adolescentes e três criancinhas que não aparentavam terem mais de cinco anos discutindo sobre alguma coisa a respeito de um desenho que viram hoje pela manhã. Foi a hora de descer mais hesitantemente, eu só conhecia a dona Míriam, Samuel e o pequeno Heitor, o que é que todas aquelas pessoas estavam fazendo aqui?

— Michel – A mulher que me contratou chamou a minha atenção – Eu quero que você conheça o meu marido Jorge – Ela passou o braço pelos ombros do homem que estava ao seu lado, um homem de cabelos cinzas e olhos azuis-claros astutos – Nossos vizinhos e grandes amigos Leila e Mauro – Apontou para o casal que estava na outra ponta só sofá, a mulher tinha um rosto redondo, lábios finos, mas com um sorriso no rosto e densos cabelos cacheados. O homem era careca, finas rugas de expressão estavam marcadas profundamente nos cantos dos seus olhos - E Juliana e seu marido Cláudio – O homem tinha uma pele negra que chegava a brilhar escuro, sua mulher era um pouco mais clara, eu tinha a pele mais escura do que a dela. — E os seus filhos, crianças poderiam se apresentar?

Todos eles anuíram com um aceno de cabeça.

— Meu nome é Ricardo – Disse um dos pré adolescentes, era magro, com cabelos castanhos e olhos da mesma cor. — Sou filho da Leila e do Marcos.

— Meu nome é Luís – Um dos garotinhos fofoqueiros, mesmo antes de ele me dizer eu já sabia de quem ele era filho. Cabelos e olhos castanhos como o Ricardo – Sou filho da Leila e do Marcos.

— Eu sou Clara – Uma simpática menininha de olhos castanhos falou – Mamãe Leila e Papai Marcos são meus mamãe e papai.

— Eu sou Selena – Disse uma morena bonita, pernas delgadas e cintura fina – Esse é Bruno – Apontou para o garoto moreno, magro, com olhos brilhantes que estava ao lado de Samuel e Ricardo – E essa é Kelly – Uma linda moreninha com tranças na cabeça acenou na minha direção – Somos todos filhos da Juliana e do Cláudio.

E a sala ficou em um completo silencio, só o que era audível ali era os resmungos irritados da três criancinhas. Heitor ainda puxava as minhas orelhas e minha nuca estava completamente babada. Então para quebrar o gelo eu comecei a falar:

— Eu sou o Michel – Falei e para minha surpresa, os adultos estavam prestando atenção – Filho de Emílio e Cecilia, tenho 18 anos – Era sempre bom mentir a idade, mas nem era tão mentira assim afinal – Tenho mais quatro irmãos, o mais velho é o Filipe, eu venho depois, Danilo é o filho do meio, logo depois vem a Ângela e a caçula é chamada de Leona. Somos filhos do mesmo pai e da mesma mãe.

— Então, Michel, filho de Emílio e Cecilia – Foi Jorge, o marido da dona Míriam quem falou – Queríamos te dizer uma coisa e perguntar outra.

— Pode falar, senhor – Eu tive que colocar um sorriso no rosto. Mas era um sorriso hesitante, totalmente amedrontado – Se estiver ao meu alcance eu faço.

— Mas você estará – Ele falou – Então, o que eu quero te dizer é que você está definitivamente contratado.

— Ufa! — O meu suspiro de alívio foi verdadeiro, meu sorriso nervoso se transformou em um sorriso de verdade – Pensava que o senhor iria me botar para fora, não é muito comum ter um babá.

— Te despedir? Por quê? — Ele pareceu genuinamente surpreso com a minha reposta – Você, Michel, transformou minha casa completamente! Quando eu cheguei hoje aqui eu quase me desculpo, pensei que aqui não fosse a minha casa.

-Bom, senhor – Respondi, Heitor ainda continuava a me usar como mordedor – Tudo estava uma bagunça e resolvi ajudar.

—Bela resposta, rapaz – O senhor moreno falou – Mas a pergunta que Jorge iria te fazer também tem parte conosco.

—E o que seria – Por favor, que seja coisa boa. Coisa boa.

—Que você fosse babá dos nossos filhos também – Ele respondeu.

Então aqui estou eu, com 22 anos, a cinco anos cuidando de oito crianças, que bom, já não são tão crianças assim.

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Comentários

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Muito bom, tem horas que não me seguro e dou altas rizadas com suas ironias, muito bem escrito.

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Menino to rindo até agora.. continua bom.

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Amando cada dia mais. Brm escrito, cheio de ironias, eu amo isso aqui! Sem dúvidas nota 10!

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