Parte 19
Acordei com minha mãe batendo na porta dizendo que já estava passando da hora de acordar. Primeiro veio à surpresa por sentir mais alguém na cama além de mim. Os braços fortes dele me envolviam, me apertando contra o corpo dele. Eu pensei na noite passa e lembrei vagamente de uma conversa entre os meus pais e... O Rafael! É claro, só podia ser ele me abraçando. Era gostoso o abraço dele, confortável. Mas ele me soltou logo que a mamãe voltou a bater na porta.
Eu – ta mãe, já estou indo.
Quando olhei para o Rafael ele já estava vestindo suas roupas. Eu já tinha visto ele só de cueca, mas olhar agora era meio diferente. Me vinha a mente como era confortável ficar naqueles braços. Mas quando olhei para os olhos dele e ele olhou para mim sua cara era séria. Mais que isso, era de pura ira, como se eu tivesse roubado a coisa mais valiosa dele e depois ter fingido que ainda era amigo. Um frio passou pelo meu corpo, algo ruim, não sei dizer o que era, só sei que a temperatura havia baixado vários graus. Comecei a tremer e minha respiração produzia uma nuvem, como se eu estivesse no pólo. Eu sentia medo, dor, eu queria me enterrar vivo, queria tudo de ruim, queria simplesmente deitar na cama e morrer... Por quê?
Eu – Rafael, o que foi? Por que essa cara? – ele não respondeu – Rafael?
Rafael simplesmente acabou de vestir suas roupas e foi embora, alguma coisa aconteceu. Mas o que? Eu fiquei triste. Quando ele saiu o fio começou a diminuir. Ouvi quando o carro dele saiu, em alta velocidade e os pneus gritado em protesto contra a brusca aceleração. Demorei alguns minutos para me recuperar. Pensei: “ele deve ter recebido uma mensagem, alguma coisa séria aconteceu”. Convenci-me que o problema não era comigo e me arrumei rápido para ir para a escola. Minha mãe estava lá em baixo tomando seu café.
Eu – cadê o papai?
Maria – ele teve que fazer uma viagem.
Eu – ta – disse sentando na cadeira em frente à dela.
Maria – filho, porque o Rafael saiu daquele jeito, quer dizer eu sei que ele deve ter compromissos, mas a cara dele estava péssima, fiquei até com medo de perguntar a ele.
Eu – não sei mãe, mas acho que ele recebeu algum telefonema.
Maria – ele é só seu amigo certo?
Eu – como assim, o que mais poderia ser?
Maria – eu vi como ele olhava para você ontem, quando eu olhava para ele me dava medo, na verdade ele me dava... Dá... muito medo. Mas enfim, ele não é... seu namorado é?
Eu – não, quer dizer, eu acho que não. Sempre olhei para ele como amigo, mas agora que você falou... Não, nem vem, eu não estou nem vou namorar ele.
Maria – sei... Mas se isso acontecer quero que e conte ta?
Eu – isso não vai acontecer, sério, mas se numa remota possibilidade acontecer eu te conto.
Maria – estamos entendidos então. Agora engula logo esse café que estamos quase atrasados
Aquilo que minha mãe me falou ficou na minha cabeça o resto da manhã. Nem o Timóteo nem a Ana apareceram. No intervalo ligue para eles e descobri que ambos estavam doentes, haviam pegado resfriado e estavam de cama. O Rafael não estava me esperando como nos dias anteriores. Eu fiquei com receio de ligar, mas por fim liguei para saber o que tinha acontecido com ele. Só caia na caixa de mensagens.
Nesse dia estudei bastante, tentando tirar o assunto Rafael da minha cabeça. No final do dia tente ligar novamente para ele, mas só dava fora de área. De noite jantei sozinho, a minha mãe iria ficar até tarde e o papai só voltaria na quinta à noite. Nessa noite meu sono foi muito tumultuado. O sonho do abismo apareceu novamente.
Eu já deveria estar acostumado, já que eu o tive uma dúzia de vezes, porém ele ainda era um ataque a minha sanidade, era doloroso e cada vez só me fazia sentir pior. Acordei com um grito com diversas outras vezes, minha mãe veio até o meu quarto, disse para ela voltar para o seu quarto e que já havia passado. “foi só um pesadelo”. Ela dizia. Eu estava esperançoso de não voltar a ter esses pesadelos, mas fazer o que?
O resto da semana foi... normal. Nas noites que seguiram aquela os pesadelos voltaram. Eu não queria votar a tomar os remédios, porém eu combinei que voltaria a tomá-los segunda se os pesadelos perdurassem. Eles continuaram e eu não voltei a falar com o Rafael. Eu ligava, mas nunca conseguia resposta. Chegou sexta feira, nas últimas horas da tarde fui ao consultório do meu pai. Eu estava deitado no divã e ele começou a perguntar.
João – na última semana não nos encontramos, porque você foi para um passeio escolar. Fale-me desse passeio.
Eu – foi legal pai, eu conheci o Rafael...
Narrei os eventos ocorridos no passeio. Depois me perguntou sobre os últimos dias. Ele, assim como eu, tinha esperança de que esse efeito do passeio durasse, mas ambos estávamos errados. Depois que eu acabei de contar tudo, tirando a parte de dormir com o Rafael...
João – como você se sente em relação ao Rafael?
Eu – não tenho certeza. Claro, eu já o considero um amigo próximo, mas quando estou olhando para ele sinto medo, ou algo assim.
João – medo de que?
Eu – não sei do que é o medo, mas e ruim, me faz me sentir triste.
João – então porque você passa tanto tempo com ele?
Eu – mesmo sentindo esse medo, gosto de ficar perto dele, ele me faz rir e isso, por si, me faz esquecer o medo. Mas eu acho que aconteceu alguma coisa, não tenho mais falado com ele e acredito que não vá mais conseguir.
João – entendo...
A conversa não durou muito mais. Como eu era, propositalmente, o ultimo paciente do meu pai, fomos dali para casa. Eu estava exausto e logo fui deitar. No final da seção meu pai me perguntou quase a mesma coisa que minha mãe: “você está apaixonado pelo Rafael”. A pergunta me pegou de surpresa, mas respondi que não, como disse para minha mãe repeti para meu pai que eu e o Rafael éramos somente amigos.
Agora, eu estava me questionando à mesma coisa. Não que eu pretenda virar... Bem... Eu não sou... Mas é verdade que eu gosto muito do Rafael, mesmo ele me dando medo eu gosto dele como nunca gostei de ninguém, mas eu não estava certo de que modo eu gostava dele... Que pensamento mais bobo. Eu sabia que tanto ele quanto eu gostamos de mulher, claro que eu nunca tinha ‘ido muito longe’ com ninguém e ele me contou que já pegou muitas, mas... não, não e não...
Continua...
Desculpem-me não fazer nenhum comentário, é que realmente.... enfim, não importa, deixem suas duvidas e questionamentos que eu farei o que estiver a meu alcance. Se vocês tiverem curiosidade podem perguntar sobre outros acontecimentos do mesmo mundo que o Rafael esta, podem acreditar, eu conheço varias histórias desse lugar... Até a próxima!