Fui a pé mesmo pra minha casa conversar com meu pai Daniel me ofereceu carona mas não aceitei, não morávamos longe um do outro, então resolvi ir andando mesmo até pra poder me preparar para seja lá onde essa conversa daria. Eu ia andando e a cada passo parecia que eu estava indo aceitar minha sentença de morte, meu medo de ser rejeitado era grande demais. Continuei andando e quando me dei conta ja estava na porta de casa, meus pensamentos não me deixaram prestar atenção no caminho, por um momento parei e pensei "não, preciso pensar mais no que pode acontecer" e tive vontade de caminhar mais pra pensar, mas meus pés se recusavam a retornar. Sabe quando você não ordena nada mas seu corpo simplesmente faz? então, como se minhas pernas estivessem no automático eu passei pelo portão e ja estava caminhando pra dentro de casa. Por algum motivo bati na porta antes de entrar e esperei abrirem, pra meu alívio minha mãe quem veio me receber, não dissemos nada um pro outro e apenas no abraçamos fortemente e entrei.
Minha casa parecia meio escura pra mim, o clima estava meio estranho, pesado e eu estava quase tremendo de nervoso. A porta de entrada lá de casa da direto num corredor que deve ter uns 2 metros de comprimento onde a parede da esquerda faz divisória com a sala de jantar, depois da sala de estar, essa parede tem umas prateleiras de vidro e dali ja pude ver meu pai sentado na mesa olhando pra janela da frente da casa, meu coração parecia que ia sair pela minha boca. Andei alguns passos e virei pra sala de estar onde meu pai estava de costas pra mim sentado na mesma cadeira de quando tinhamos brigado, fiquei ali parado tentando criar coragem pra me aproximar e termos logo a tal conversa. Devo ter ficado uns dois minutos estático, minha mãe botou a mão no meu ombro e fez sinal positivo com a cabeça indicando pra eu seguir em frente, e assim fiz. Passei por meu pai me dirigindo à outra ponta da mesa para ficarmos de frente e vi de relance que seu rosto num misto de preocupação e tristeza, ele tambem devia estar nervoso. Me sentei na cadeira e minha mãe ia saindo da sala quando meu pai disse "não, pode ficar", ela veio e se sentou numa cadeira próxima a mim. Ficamos uns 5 minutos num silencio esmagador, todos olhando pra baixo quando minha mãe diz.
Mãe: Jeferson... -
Eu e meu pai tomamos um susto, olhamos pra frente e nos encaramos por poucos segundos que pareceram eternidades, percebi então lagrimas no rosto do meu pai e aquilo me deu um aperto muito forte no coração e meu olho encheu d'agua, mas me segurei.
Pai: Filho eu... -dizia ele com a voz falhando- eu...me perdoa...
Meu pai abaixou a cabeça e começou a chorar, não aguentei e chorei junto, pouco tempo depois ele se levanta, se aproxima de mim, eu faço a mesma, nos abraçamos e ficamos chorando no ombro um do outro.
Pai: Me perdoa meu filho... me perdoa -ele falava chorando muito-... por favor...
Eu: Claro que sim pai... eu te perdoo.
Assim ficamos por alguns minutos, depois minha mãe tambem se juntou ao abraço chorando e nos reconciliamos.
Quando terminamos de nos abraçar estava indo na cozinha pegar água e meu pai me pergunta:
Pai: Mas ja ta indo embora?
Eu: Não pai, só vou pegar um copo d'agua na cozinha. Quer tambem?
Pai: Ah sim. não filho, obrigado... eu ainda quero conversar com você -disse meio cabisbaixo-
Eu: Tá bom...
Fui pegar água pensando no que se trataria o resto da conversa, ja que pra mim parecia tudo resolvido. Tomei minha água e voltei.
Eu: Que foi pai? -sentei preocupado-
Pai: Eu quero explicar o porquê de eu ter reagido daquele jeito
Eu: ...Como assim pai?
Pai: É filho, tem um... motivo, digamos assim.
Eu: Eu achei que você só não aceitasse eu ser... assim.
Pai: Não meu filho, vai além do fato de você ser... homossexual.
Eu: Pai, não to entendendo...
Pai: Você lembra do seu tio avô Valter? (Valter é um falecido tio do meu pai que tinha retardo mental, quando eu era criança eu tinha medo de ficar perto dele)
Eu: Lembro, mas o que tem ele?
Pai: Quando eu tinha uns 7, 8 anos mais ou menos eu viajei pra casa da minha avó onde ele morava, quando não tinha ninguem por perto ele... abusava... não exatamente abusar... -meu pai botou a mão no rosto- mas ficava... passando a mão em mim, se esfregando, perguntando se eu sabia que homem tambem podia fazer essas coisas com homem... -abracei ele-
Eu: Chega, chega, não precisa falar mais, eu ja entendi... mas você nunca disse pra ninguem?
Pai: Não... eu nunca tive coragem, tinha pouco contato com ele, e como tinha sido só essa vez, depois não achei mais necessário, mas eu sempre tive certo trauma disso... ai ver você dizendo que gosta de homem... não é que eu não te aceito, claro que te aceito, mas pra mim... tenta entender meu lado filho...
Eu: Claro pai, eu entendo... mas nem a mamãe sabia disso? -olhei pra minha mãe que fez não com a cabeça-
Pai: Essa semana ela conversou comigo sobre o que aconteceu... meio que me ameaçando botar pra fora de casa -nós rimos um pouco- ai acabei contando pra ela. Confesso que se não fosse sua mãe e sua irmã teria sido bem mais difícil de desvincular meu trauma com sua sexualidade, mas depois de muita conversa eu consegui, te amo do jeito que você e to aqui agora mais uma vez te pedindo desculpas pelo que fiz, não posso negar que foi um choque no momento, mas como você mesmo disse, não vai deixar de ser homem e nem meu filho por ser gay -mais lágrimas e abraços-.
Mãe: Ah filho, vem esse final de semana pra casa pra gente sair e comer alguma coisa, ai você aproveita pra comprar roupa. Vou ligar pra ver se sua irmã vai com a gente
Eu: Tá bom.
Pai: Você ficou na casa de quem mesmo, do Daniel né?
Eu: É, ja vou voltar lá pra falar com ele e agradecer a mãe dele por ter me aturado essa semana.
Pai: Tá, diz que eu tambem to agradecendo e pedindo desculpa, já que eu que arrumei esse problema.
Eu: Ta tranquilo pai.
Pai: Toma, da isso pra dona Camila -200 reais- eu sei o quanto você gasta de comida e água no chuveiro. -realmente, eu devo ter dado um prejuízo do caralho só com comida, nada mais justo que pagar minha parte-.
Eu: Boa ideia, entrego sim.
Pai: Filho...
Eu: Oi pai?
Pai: Você e o Daniel...?
Eu: Não... Ele não é gay. -"pai, esse é meu sonho de vida" pensei eu-
Pai: Só perguntei mesmo... mas você ja tem alguem?
Eu: -balancei a cabeça positivamente- Mas não é nada sério ainda.
Pai: Hm... ok.
Eu: Ta, to indo nessa, mais tarde to de volta.
Pai: Até mais tarde.
Saí de lá o mais rápido que pude, meu pai me aceitando era ótimo, mas falar sobre meus relacionamentos que era algo complicado até pra mim com ele seria um incomodo. Eu ainda não tinha o Daniel, mas pelo menos ja estava assumido, o que era meio caminho andado. Cheguei na casa dele toquei a campainha, logo ele aparece com uma carinha de preocupação que me derreteu todo perguntando como tinha sido, contei tudo que aconteceu pra ele e entramos em sua casa, falei com a tia Camila (me sinto no jardim de infância falando assim ahahahahah), contei tudo pra ela tambem e ofereci o dinheiro.
Eu: Aqui tia, eu sei que dei despesa essa semana pra vocês ai meu pai pediu pra te dar isso.
Camila: Que isso garoto, que ma né despesa o que, aqui não é pensão não, a gente te ajudou e não se cobra por ajuda, leva isso de volta.
Eu: Tia, mas-
Camila: Nem mas nem menos, leva.
Eu: Tia, tem certeza?
Camila: Absoluta. -fui atrás do Daniel-
Eu: Ae, meu pai falou pra te dar pelas despesas.
Daniel: Desde quando so tuas nega pra ficar me bancando?
Eu: hahahahahaha idiota, pega ae.
Daniel: Cara, não se preocupa, não sou tão pobre assim.
Eu: Tá, mas eu apareci aqui do nada, perturbei vocês a semana toda e ainda comi sua comida, pega.
Daniel: Não.
Eu: Para de viadagem e pega logo.
Daniel: Não.
Eu: Você vai poder comprar um monte doce se pegar.
Daniel: Além de pobre me chama de gordo, você é um escroto.
Eu: Tambem te amo, agora aceita.
Daniel: Porra, chato pra caralho -aceitou o dinheiro-.
Eu: Viu? Não doeu.
Daniel: Machucou meu orgulho.
Eu: Você não vai dizer isso quando estiver com o cu cheio de chocolate.
Daniel: Bla bla bla, não abusa. Mas e ae, vai voltar pra casa agora?
Eu: Vou, agora eles querem sair comigo, como ja dizia o velho ditado: A gente só da valor quando perde.
Daniel: Diz pra eles não se preocuparem, pois como diz outro ditado: vaso ruim não quebra hahahaha.
Eu: ahahhaha Vai se fuder -dei um soco no ombro dele-
Daniel: Grossa. Vê com a minha mãe que eu acho que ela botou alguma roupa suas pra lavar, vou pegar o resto la no quarto.
Ele voltou com as minhas roupas numa mochila, peguei o Tay, me despedi do Daniel e a dona Camila e fui embora. Cheguei em casa e fui arrumar minhas roupas, quando abro o saco de roupas o dinheiro que eu dei pro Daniel estava lá com um bilhete escrito "não", quando eu vi aquilo fiquei dando gargalhadas sozinho no meu quarto, lembro que até uma hora minha mãe abriu a porta perguntando se estava tudo bem hahahahha.
O resto da noite passei falando com o resto do pessoal sobre o ocorrido. O único comentário que me lembro foi um da Andressa onde ela dizia exatamente isso: Agora pode dar sem culpa. E mais uma vez eu chorava de rir sozinho. No domingo como meus pais disseram nós saimos, minha irmã apareceu e levou o marido. Ela tinha contado pro marido sobre mim e ele me pareceu menos participativo do que o normal com a gente, obviamente era por minha causa, mas não foi nada além disso. Comemos, andamos, compramos besteiras pelo shopping e finalmente estava tudo bem de novo.
No final do mês de agosto daquele ano descobri que ia ser tio \o/ minha irmã descobriu com 2 meses, e pensar que tem mulher que descobre com 2 semanas... mas enfim, foi aquele choradeira da familia toda, facebook em chamas e a guerra de todos contra todos pelo nome da criança que nem se sabia o sexo ainda.
O tempo foi passando, posso dizer que nessa época eu e Gustavo estávamos ficando sério (ja disse que odeio esse termo?), na medida do possivel pela faculdade e trabalhos, nós nos encontrávamos pra ir em baladas, festas ou simplesmente pra ir fazer sexo em motel mesmo. Nosso sexo nem era assim tão frequente, faziamos quando dava, não vou dizer que era ruim porque não era, mas tambem não era orgasmico como achei que seria. Depois de muito tempo sem noticias descobrimos tambem que o Carlos tinha trancado aquele semestre por causa da "lição" que ele recebeu do Daniel.... Daniel.... era outubro, não me lembro se inicio, meio ou fim, mas eu percebi uma coisa que me deixou muito confuso e triste ao mesmo tempo, Daniel começou a me evitar. Só juntei os sinais depois deles terem ficados bem evidentes, mas quando me toquei eu tive certeza.
Começou com ele diminuindo a quantidade de vezes que levávamos nossos cachorros pra andar, algo que faziamos toda semana, ele começou a dar desculpas dizendo que não iria ou até as vezes indo antes de mim por um motivo qualquer, mas eu acreditava em todos eles. Ao mesmo tempo na faculdade ele foi me ignorando aos poucos, a matéria que frequentávamos juntos onde sempre conversávamos, ele começou a "prestar mais atenção" nas aulas, fazendo assim com que muitas vezes passássemos tempos inteiros sem conversar, em seu carro os assuntos acabavam rapido ou as vezes nem chegavam a acontecer, mas até ai tudo bem, os motivos que ele me dava eram convincentes pra mim. Mas com o passar do tempo foi diminuindo tudo, a quantidade de vezes que nos falávamos tanto por mensagem, internet como pessoalmente no nosso grupo, as piadas, as conversas, jogar video game um com o outro, era como se nossa amizade estivesse diminuindo, senti como se o Daniel melhor amigo estivesse voltando a ser o Daniel fechado e misterioso.
Quando percebi isso muitas coisas foram passando pela minha cabeça, tentei dar motivos pra ele estar assim, afinal eu ja tinha percebido que aparecer problemas na vida dele era algo bem facil, tentei perguntar discretamente pra ele mas ele negava, depois apelei pro resto do pessoal e pedi pra eles tentarem descobrir alguma coisa. Quando falei isso eles estranharam dizendo que com eles não tinha diferença nenhuma, disseram mil e um motivos pra ser coisa da minha cabeça, mas realmente, Daniel parecia não ter mudado nada com eles, apenas comigo, e ai eu passeia apenas aceitar, nem Daniel falava nada nem eles descobriam nada, e quando eu perguntava pro Daniele ele tambem dizia ser impressão minha, assim depois de tanto tentar e não ter nenhuma resposta passei a apenas aceitar que ele não me queria por perto, seja lá qual fosse o motivo.
Novembro tinha chegado, Gustavo me pediu em namoro, eu aceitei e até que rendeu uma noite bem legal num motel, mas essa situação com o Daniel tinha me deixado mal, eu não tinha vontade de fazer porra nenhuma, não queria sair pra lugar nenhum, a faculdade estava um saco, eu acho que aceitei namorar com ele mais pra tentar botar alguma coisa na minha cabeça, achei que por estar namorando com ele automaticamente eu iria dar mais atenção e prioridade pra ele... mas não, as coisas continuaram as mesmas. A falta de contato minha e do Daniel estava tão grande que ele provavelmente nem ficou sabendo, ou ficou sabendo mas não deu a minima, se bem que nem o Gustavo tambem não saiu espalhando pra todo mundo nem nada como achei que seria, ele deve ter percebido que eu não fiquei tão entusiasmado assim.
Na metade de novembro Bruno veio me falar que dia 19 era o aniversário do Daniel e eles conseguiram convence-lo a comemorar numa boate. Eu tive vontade de chorar quando ele me disse, Daniel nunca tinha ido pra noite com a gente, e olha que não foram poucas as vezes que eu o chamei, fiquei realmente impressionado com aquela mudança dele e eu ainda nem sabia o por quê de estar acontecendo, isso era o que mais me doía, mas o pior mesmo é que o meus malditos sentimentos por ele continuavam, mas agora me machucavam também. Em consideração a amizade que tivemos eu aceitei o convite e disse que estaria lá.
Naquele mesmo dia ja deitado pra ir dormir eu pensei naquilo tudo e me perguntei se com aquela mudança toda dele, se ele tambem estaria ficando com alguém. Foi o tipo de pensamento que me fez ficar extremamente apreensivo e pensando na possibilidade de vê-lo beijando outra pessoa eu não aguentei e chorei ali em meu quarto mostrando tudo o que eu sentia, medo, decepção, raiva, angústia, e o pior que se recusava ainda depois de tudo se recusava a ir embora: Paixão.
Passei aquela semana no automático, ele fez aniversário mesmo no meio da semana, ainda consegui dar um rapido "feliz aniversário" e um abraço nele,não sei como mas tirei força de vontade do inferno pra não começar a chorar ali mesmo em seus braços e perguntar "porque você ta fazendo isso comigo?", mas aguentei e dei um perfume caro pra ele de presente, o minimo que eu podia para retribuir o presente que ele me deu. No sabado daquela semana eu acordei, me lavei e no meio do café me veio esse exato pensamento "É hoje a festa" Acompanhado de um frio na barriga que me fez perder a fome na hora. Passei o dia inteiro naquele meu estado idiota sem saber o que fazer, uma hora estava jogando video game, levantava, ia na cozinha e abria a geladeira por puro nervosismo, ou simplesmente parava de fazer seja lá o que fosse pra andar pela casa sem rumo, e assim passei o dia.
De noite faltando poucas horas pra começar a me arrumar chega a mensagem "vai hoje?" no meu celular. Daniel quem tinha mandado e 10 minutos não foram o suficiente pra eu saber o que responder e acabei mandando apenas um "vou", logo depois ele me manda outra dizendo "vai com a Andressa, saí com minha mãe e não vou poder passar ai". Uma ou duas horas depois falo por mensagem com a Andressa combinando dela vir me pegar e comecei a me arrumar. Tomei um banho demorado, botei minhas melhores roupas, passei meu melhor perfume e poucos minutos depois Andressa tinha chegado. Nem lembro o que fomos falando no carro, eu estava extremamente com medo e nervoso com o que podia ver naquela balada, mas eu ja estava ali e não podia voltar.
Chegamos no local e eu conhecia, era uma balada não exatamente alternativa, mas com um publico mais variado e jovem. Daniel estava nos esperando lá, tinham umas poucas pessoas da nossa sala e mais algumas que eu não conhecia, não chegava nem a 15 pessoas, mas ele parecia ter um minimo de amizade com elas, coisa que não tinha antes. Mal cheguei lá e queria ir embora.
Entramos e o pessoal ja começou a comprar bebida, eu não quis no inicio, fiquei sentado sem falar com ninguem nem fazer nada, apenas observando o Daniel, que tambem começou a beber. Fiquei lá falando pouco e recusando convites dos meus amigos e pessoas estranhas pra dançar, estava um saco, mas só sairia dali quando Daniel fosse embora.
O tempo foi passando e passei a beber por puro tédio, mas até aquele momento ele não fazia nada demais alem de beber e conversar com as pessoas que estavam com a gente. Num momento ja de madrugada Daniel foi pro bar e ficou um bom tempo ali bebendo sozinho, as vezes aparecia alguma menina e cheguei a ver até um ou dois caras, mas sempre eram recusados e saiam de perto. Perto de mim ja não tinha quase ninguem, Clara, Bruno e Andressa tambem estavam por ai, o tédio ja tomava conta de mim e numa tentativa desesperada misturada com a falta de vergonha e medo do álcool eu me aproximei, sentei do seu lado e puxei conversa na maior cara de pau.
Eu: E ai, ta curtindo?
Daniel: Não é tão ruim quanto eu achei mas tambem não é lá essas coisas.
Eu: Então porque veio?
Daniel: Sinceramente? Nem eu sei...
Eu: Hm... Não gostou de nada?
Daniel: O ambiente é bom, as bebidas são boas, as musicas são legais até.
Eu: Quais?
Daniel: As de dubstep, algumas eletrônicas...
Eu: Estranho...
Daniel: O que?
Eu: Você gostar praticamente do lugar inteiro mas ao mesmo tempo não gostou.
Daniel: Ah, sei lá, não to acostumado com muita gente assim...
Eu: É, eu sei, você é mais caseiro.
nessa hora nossos olhares se encontraram mas na mesma hora nós viramos. Eu ja tava bem solto e ele tambem devia estar pela quantidade que tinha bebido.
Daniel: Vou no banheiro, ja volto.
Eu: Vai lá.
Alguns minutos depois ele retorna, mas nós continuamos em silêncio, fiquei observando ao redor e de repente me veio uma ideia.
Eu: Ae, bora dançar?
Daniel: Que?
Eu: Dançar! -precisava falar bem perto pra escutar um ao outro-
Daniel: Ah... prefiro ficar aqui, não gosto de dançar.
Eu: Vamo lá cara, tu ta fazendo nada ai.
Daniel: E vou fazer nada lá tambem.
Eu: Vai sim
Daniel: O que?
Eu: Dançar ué.
Dançar: Não, aqui ta bom.
Eu: ah, vamos cara, você ja ta aqui, pelo menos uma vez na vida, se não gostar não vai mais.
(http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=sOS9aOIXPEk) <LEIAM ESCUTANDO A MUSICA A PARTIR DE AGORA SE POSSIVEL PRA ENTRAREM NO CLIMA.
Falei isso ja puxando ele pelo braço e abrindo caminho pela multidão. As musicas ainda não eram lentas, mas tinham um clima legal tambem. Não vou detalhar porque não lembro de tudo, aliás, eu estava mais pra lá do que pra cá hahahahh mas dado um momento eu me lembro bem, aliás, nunca vou esquecer. No inicio ele ficava mais parado, olhando pra um lado e pro outro, depois ele começou a cantar e se mexer minimamente com algumas musicas que conhecia, e assim ele foi se soltando. Não faço nem ideia de quanto tempo depois, mas um bom tempo já estavamos dançando e começaram as musicas lentas e logo depois veio essa em especifico: Something About Us - daft punk
Eu tenho certeza que ja disse isso aqui, mas caralho, como a vida é clichê. A musica começou a tocar, e quando me dei conta nós estavamos bem perto um do outro, eu podia sentir o ar quente que saía da sua boca, nos olhavamos nos olhos um do outro. Passei a prestar atenção na letra da musica e em nós dois, em tudo que tinha acontecido até agora
"I might not be the right one
It might not be the right time
But there's something about us I've got to do
Some kind of secret I will share with you"
Uma lagrima rolou no meu rosto, ele passou o dedo na minha bochecha limpando-a.
"I need you more than anything in my life
I want you more than anything in my life
I'll miss you more than anyone in my life
I love you more than anyone in my life"
Ele aproximou o rosto do meu e nossos lábios se encostaram, começamos a nos beijar. O beijo era lento, calmo, no ritmo da musica. A partir dai nos abraçamos e pude sentir nossos corações batendo extremamente acelerados, nossas respirações eram ofegantes, mas o ritmo do nosso beijo dizia o contrário, a sincronia dos nossos movimentos eram suaves e perfeitas, foi como se eu sentisse o que ele sentia e vice e versa. Apesar do gosto do álcool, e ainda pude sentir o gosto dele, sua boca quente, a textura de sua língua e seu toque em meus ombros. Ele parou de me beijar e ficou me olhando bem perto ainda do meu rosto, a expressão dele era calma, me lembro que parecia um pouco de preocupação tambem, mas era a melhor visão do mundo naquele momento, foi uma das experiencias mais intensas e imersivas da minha vida.
Ele me deu mais um beijo e foi se afastando aos poucos até sair da pista, não entendi por quê, mas eu ainda nem tinha processado aquele beijo, aquela sensação de calma e paz ficou em mim. Voltei para a mesa e só tinha a Clara lá pegando bebida.
Clara: Tava aonde?
Eu: Na pista
Clara: Que cara é essa? -não respondi- Nossa, você deve estar quase morrendo hahahaha.
Ela tambem estava bêbada mas logo saiu. Fiquei lá sentado, não pensava em nada, não queria pensar em nada, foi como se eu tivesse tomado um calmante, mas ja não tinha mais porque continuar ali, então resolvi ir embora. Mandei uma mensagem só pra Andressa avisando que ja tinha ido, peguei um taxi e fui pra casa.
Em casa tomei um banho quente, não parei de pensar no beijo, nunca pensei que um beijo poderia causa aquele efeito em alguem. Escovei meus dentes, troquei de roupa e fui deitar, eu nem tinha sono, mas queria deitar e pensar naquilo tudo com calma e assim fiquei por varios minutos até receber uma mensagem no celular dizendo "ja adiei demais a conversa que deviamos ter tido ha muito tempo, por favor, perdão pelo meu egoismo" era o Daniel. Fechei os olhos e pela primeira vez em muito tempo dormi sem nenhuma incerteza em mente.
Sim galera, esse foi nosso primeiro beijo, e ele que tomou a iniciativa, coisa que muitos de vocês estavam se perguntando. Demorei de novo mas dessa vez eu vim com o tão esperado beijo, não sei se era isso que vocês estavam esperando, essas palavras não são suficiente pra expressar como foi na hora, sentimentos são coisas muito difíceis de se expressar com palavras, ainda mais pra alguem como eu que não sou escritor nem nada, mas espero ter conseguido fazer com que vocês sintam um pouco da magia que foi no momento, essa parte do beijo foi exatamente daquele jeito, com aquela musica e aqueles dialogos, afinal esse é um daqueles momentos que se carrega pelo resto da vida.
Bom gente, 7 da manhã já... eu disse que ia responder todos vocês nesse capitulo, mas são 7 da manhã... ai mais tarde publico um especial só de respostas. Mas falem ai o que vocês acharam desse capitulo que pra mim é um dos mais importantes da minha história tanto aqui no site quanto de vida mesmo. Mas é isso, valeuzão pelos votos e comentários do capitulo anterior e comentem esse aqui que o próximo respondo geral individualmente, tchau galera, até o próximo!