O crioulo que morava aqui morreu... ajudei ele a se afogar nessas águas... agora essa cabana é minha... você é minha! A gente vai morar aqui pra sempre, cabrita! – quase nas últimas, reuni forças para abrir os olhos e encarei Tião. Fiquei ainda mais assustado, pois eu vi a demência brilhar em seus olhos...
- Beba esse chá, vai te fazer bem. Tá fraca e doente. Quero que ocê fique boa logo – ele encostou uma caneca velha com um líquido quente em meus lábios e eu tomei. O gosto era amargo e desceu queimando pela minha garganta até chegar em meu estômago. Senti que minhas tripas se reviravam por dentro. Adormeci. Durante o meu sono, agitado e confuso, senti que Tião me embalava, tocava, bolinava, até mesmo cantarolava de felicidade.
Aos poucos, contudo, fui recobrando a consciência. Acordei mais lúcido. O chá, apesar de horrível me fez bem, realmente. Ouvi alguns murmúrios do lado de fora. Remexi na cama tentando me levantar e não consegui. Com surpresa e espanto percebi que estava amarrada pelos braços na cabeceira da cama. Quis gritar, mas o grito se calou na minha garganta quando a porta se abriu e Tião voltou.
Apesar da sua aparência de velho, de sua cara desprezível e de seu cheiro tenebroso, ele parecia mais vigoroso. Era visível que ele estava satisfeito por me ter ali a sua inteira disposição, completamente servil à sua lascívia, frágil e indefeso.
- Acordou, cabrita! Tu tem que melhorar! Agora que tamos juntos, ocê tem que fica boa pra gente se ama muito!
- Por favor... me solteee... não faça ruindade comigo...
- Jamais faria mal procê cabrita, te gosto muito... vou cuida bem docê... nunca vai falta pistolada nesse teu cu... pode fica tranqüila...
- Eu quero ir embora... meu pai, meu tio... meu irmão... eles virão me procurar...
- Ninguém liga procê, cabrita! Eu sou o único que cuida bem docê de verdade... vai é fica aqui comigo e vai fica quietinha, porque eu sei ser bonzinho, mais posso ser marvado também... Beba mais chá, e pro seu bem.... – engoli mais uma caneca de chá e apaguei no sono de novo.
Ao longo da madrugada ouvi mais vozes e acordei novamente. Tinha certeza que Tião não estava sozinho. Ele estava com alguém. A porta se abriu com um supetão. Olhei feliz para quem apareceu ali. Certamente estava ali para me salvar.
- Ajude-me... me solte logo...
- Fica quieta, menina! Cala a porra dessa boca, tua puta assanhada! – seu olhar brilhava e faiscava enquanto dizia isso – A menina achou que eu gostava de você! Nunca gostei! Gosto é de buceta, de mulher! Te usei da mesma forma que usaria uma vaca no meio do pasto! Toda vez que gozei na tua bunda era raiva que eu sentia! E a menina nunca desconfiou de nada...
Tião voltou para dentro da cabana e apoiou a mão no ombro de Damião.
- Damião é meu sobrinho. Foi ele que mim ajudo em tudo, cabrita.
- Minha mãe nasceu aqui na fazenda, menina. Teu avô descabaçou ela no meio do milharal. Os pais dela colocaram ela pra fora de casa. Teve que virar mulher da vida. Morreu Jovem. Tio Tião é quem mandava dinheiro pra mim quando era mais novo e graças à ele que pude viver e crescer. Quando ele me pediu esse favor, não pude negar.
- Eu que arrumei pra Damião trabalhar na sua casa, cabrita. O plano era fazer você se apaixonar e fugir com ele. Mas, como veio todo mundo parar aqui na fazenda, ficou mais fácil rapta ocê pra mim.
- Damião... Damião... não pode ser... como foi capaz de fazer isso comigo¿ - falei chorando e soluçando, recuperado da febre, mas triste e despedaçado pelas revelações que agora me faziam aqueles dois monstros.
- Eu te usei! Usei e usaria de novo! Teu avô destruiu minha mãe. Nem soube quem é meu pai. Deve ter sido algum caminhoneiro para quem ela teve que abrir as pernas. Meninas bobas feito você são fáceis de enganar... acreditam em tudo que um macho fala. Eu te fiz sentir especial só pra ganhar sua confiança. Nunca gostei de você. NUNCA. Quando eu pegava no seu pau e te fazia gozar eu sentia nojo, mas tio Tião falou direitinho tudo que eu devia fazer e eu obedeci. Tio Tião cuidou de mim e agora eu retribuo o favor. Se ele quer você pra te usar, ele vai ter. E tu vai fazer tudo que ele mandar – Damião foi se aproximando de mim até que cuspiu em minha cara – Eu odiei cada instante que passamos juntos. No começo ainda tinha Moema pra me distrair, mas até ela você conseguiu por pra fora... – Tião olhava tudo com uma expressão séria e feliz. Senti nojo e raiva dos dois, senti medo também, muito medo.
- Pegue esse dinheiro e suma no mundo agora, meu sobrinho – Tião entregou um saco grande para Damião – Agora é eu e minha cabrita!
- Não, tio. Eu quero me despedir dela. Eu dei muito prazer pra essa menina, agora quero dar o que ela merece – a insanidade continuava presente em seu olhar.
- Faça o que você quiser, eu ficarei olhando.
Damião arrancou sua roupa. Seu corpo forte e peludo brilhou na pouca luz que havia ali. Seu peitoral continuava largo, viril, estufado. Seus pêlos ainda tinham o mesmo brilho de antes. Suas coxas eram duras, firmes e musculosas. Seu pau estava maior. Parecia que a revelação de toda a raiva que ele nutria por minha família alimentou sua libido. Até então não tinha visto um pau tão grande. Ele se aproximou de mim e eu me encolhi de medo. Fechei os olhos e tentei me soltar, mas as cordas cortaram minha pele feito uma faca. Soltei um pequeno grito.
- Grite, mas ninguém ouvirá. Essa cabana é bem escondida e afastada. Meu tio foi esperto quando se livrou do dono dela pra te trazer pra cá. Agora tu vai conhecer quem eu sou de verdade.
Damião pegou um chicote que era usado para domar cavalos e começou a estalá-lo na minha frente. Gritei com todas as forças que consegui reunir. E gritei mais ainda quando o couro do chicote castigou meu peito e minha barriga. A dor foi aguda e visceral. Senti que meu grito ecoou na noite.
Olhei na direção de Tião, implorando silenciosamente por clemência, mas tudo que vi foi seu fascínio doentio em me ver sendo atacada de maneira tão dolorosa.
O chicote desceu de novo, atingindo minhas coxas e virilha agora. A dor foi pior. Meu corpo começou a queimar e formigar. Eu me retorcia e as cordas cortavam ainda mais meu pulso.
Damião se aproximou e enfiou sua pistola na minha boca. Com raiva a mordi. Um soco me atingiu na têmpora. O sangue escorreu em um jato. Abri a boca. Ele enfiou sua jeba lá dentro e eu chupei. Sua pica entrava e saía com fúria da minha boca. Eu nem conseguia realizar atos de sucção. Ele punha e tirava com uma velocidade muito grande. Seu saco batia toda hora em meu queixo e o cheiro de suor dos seus pentelhos entrava pelas minhas narinas causando-me náuseas. Ele fudia minha boca com um ímpeto indescritível. Minha boca salivava e a baba escorria por toda a extensão do seu pau e molhava alguns dos seus pentelhos grossos. Ele me batia na cara e agarrava meu pescoço.
- Vadias feito você servem é pra isso! Achava mesmo que eu gostava de você! Eu quero é te matar! Te matar! Eu não tive pai, família ou infância por culpa de gente como você! Você é um desgraçado.
Apesar de muito duro, Damião não gozava e não punha fim ao meu suplício. Da morte não tive medo. Sabia que Tião não deixaria ele me assassinar, mas tinha medo da dor... cada açoite que ele me deu ainda doía muito em minha carne...
Damião levantou minha bunda e se enfiou lá dentro. Fui rasgado. Além de maior seu cassete parecia mais grosso. Tentei rejeitá-lo e ele me socou de novo. A dor me forçou a relaxar a cu. Ele se ajeitou e se encaixou lá dentro, até as bolas. Parecia querer me cortar ao meio. Seu pau estava todo dentro de mim. Meu intestino doía. Meu estomago doía. Tudo em mim convergia para uma dor profunda e extrema. Chorei. Gritei. E seu pau continuou sendo enterrado dentro de mim.
Tião se aproximou e começou a tocar em minha testa. Seu toque era suave, porém sua intenção era desprezível como ele. Sua boca se colou na minha. E enquanto Damião rasgava minhas entranhas, Tião silenciava meu grito com sua boca murcha e velha.
Damião metia forte e persistentemente. Segurava meu quadril com uma firmeza que até prendia minha circulação. Minha pele estava vermelha e roxa em vários pontos. Meu coração parecia que iria parar de bater. A boca de Tião, apesar de repugnante, oferecia um certo alívio para aquele sofrimento, porém era tão fedida e nojenta como um assento sanitário público. Os pêlos pubianos de Damião estavam arranhando e irritando minha pele. Eram mais crespos do que eu me lembravam. E seu cassete continuava entrando e saindo furiosa e dolorosamente de dentro de mim. De repente senti que algo parecido com um caldeirão de óleo quente era derramado no meu rabo. Com o gozo Damião se descolou de mim.
- Tu é uma puta! Meu consolo é que meu tio vai cuidar de você feito tu merece – Vi o pau mole de Damião pingando porra pela última vez. Ele pegou o saco de dinheiro, juntou suas roupas, virou-se e saiu. Ainda vi sua bunda rija e musculosa afastar-se na escuridão. E quando olhei para Tião vi novamente seu olhar maligno.
- Agora é só eu e minha cabrita!
Tião ocupou o lugar de seu sobrinho e entrou com facilidade em meu cu já muito largo. Comparado com a foda forçada que tive com Damião, a metida de Tião era até boa. Ele metia com um ritmo forte, porém sem excessos. Era uma metida que até me faria relaxar. Se eu não estivesse amarrada e imobilizada naquela cama. A barriga gorda de Tião batia em minha perna enquanto ele me fincava. Seu cheiro empesteava o ambiente. A cabana, por si só, já era muito fedorenta.
Fiz algo que não fazia há muito tempo: rezei. Pedi à Deus para me livrar daquele monstro. Desejei a própria morte, talvez somente assim me veria livre deles.
Tião foi para meus peitos. Meus peitos que sempre foram firmes, bicudos e empinados, pareciam ter desmoronado no meio daquela agonia. Sentia que eles estavam meio flácidos e caídos. Mesmo assim a boca murcha de dentes afiados daquele velho os devorou, chupou, sorveu, lambeu, mordeu, mamou, apertou e fez tudo o que queria. Ele tirou seu pau do meu cu e gozou na minha boca. Engoli. Seu leite era grosso e empelotado. Ele me abraçou e me fez tomar mais chá. Dormimos abraçados.
No meio da madrugada ouvi um estrondo assustador e bem próximo. Estava tudo muito escuro. Mas, mesmo com a pouca claridade que havia ali vi a cabeça destroçada de Tião ao meu lado. Seus miolos e seu sangue jorravam para todos os lados. Olhei para cima e vi Alfredo com uma espingarda.
- Nunca mais, nunca mesmo, ninguém vai te fazer mal, maninho. – Acho que jamais em minha vida fiquei tão feliz em ver Alfredo como agora. Meu alívio foi enorme e fez todas as dores se dissiparem. Esqueci das minhas feridas e de todo o mal que havia sofrido. Esqueci de toda a minha vida e pensei apenas em Alfredo.
Alfredo me libertou e juntos jogamos o corpo de Tião no rio. E foi ali, na beira do riacho, à luz da lua, ouvindo o barulho da correnteza e o coaxar dos sapos, iluminado também pelos vagalumes que eu, pela primeira vez, experimentei o amor... o amor mais puro, mais verdadeiro e intenso que pode existir: o amor de dois irmãos.
E quando Alfredo me penetrou com seu pau grande, retinho e completamente liso eu desfaleci de prazer. Um prazer tão absurdo e maravilhoso que parecia divino. De repente nossos corpos se tornaram um só: um só ser, em um só prazer!
Nossos gemidos e murmúrios ecoavam pela noite, a brisa castigava nossos corpos, mas o calor e o tesão que nos consumia era mais forte que o frio da madrugada.
Alfredo me amou e eu me entreguei, plenamente, sem reservas, por vontade e por prazer. Seu pau percorria o caminho que diversos outros cassetes já conheciam, mas a desenvoltura de Alfredo era excepcional: sua metida era a metida de um homem apaixonado e a cada estocada meu cu se abria num deleite inebriante.
Seus braços me seguravam, prendiam, envolviam e, principalmente, protegiam. Ali eu estava seguro! Sua boca não desgrudava da minha e seu delicioso cheiro era um bálsamo depois de todos os odores nefastos que havia experimentado.
Para celebrar nosso amor, gozamos juntos. Nosso gozo foi grandioso, nossos corpos se convulsionaram juntos. Nossos gemidos tinham a mesma sintonia. A lua brilhou mais forte. Descobri e vivi o amor. A madrugada era longa e nós nos engatamos de novo... e de novo... até quando o sono e o cansaço foi mais forte... e ficamos ali... juntos... abraçados... dois amantes, dois irmãos.
No dia seguinte, eu e Alfredo fugimos. Voltamos para a fazenda. Todos haviam indo para a capela, pois a cerimônia seria durante o dia. Pegamos um carro, juntamos nossas coisas e fomos embora.
Alfredo tinha fortuna própria e já era maior. Cuidou muito bem de mim, em todos os sentidos. Fomos morar juntos em um flat que ele possuía. Minha vida de riqueza não foi interrompida.
Meu tio se casou felizmente, Regininha deu à luz a uma menina. Uma menina, provavelmente, não sofreria nenhum abuso no futuro. Creio que viveram felizes... dentro do possível. Regininha entendia as necessidades do meu tio e ela própria não era santa. Eles se divertiram muito juntos, tenho certeza.
Alguns anos depois meu primo foi preso porque começou a plantar substâncias entorpecentes na fazenda. Meu tio conseguiu libertá-lo e ele foi morar no Paraguai. Algumas vezes temos notícias dele, mas não com freqüência. Normalmente, seus contatos são para pedir dinheiro...
Devo destacar que não tenho raiva do meu tio e nem do meu primo. Eles podem ter se aproveitado da minha inocência, mas... enfim, eu gostei, vocês sabem!
O corpo de Tião foi encontrado, mas jamais puderam relacionar Alfredo com sua morte. Tião sempre foi detestado e o que não faltaram foram suspeitos em potenciais.
Alguns dias depois, encontraram outro corpo, o de Damião... a marca em seu tornozelo indicava que foi picado por uma cobra.
Meu pai procurou eu e Alfredo. Falou que sempre nos amou. E um jeito talvez profundo demais. Mas, que o que sentia era amor. Sinceramente, não sinto raiva de meu pai, mas também não queria mais conviver com ele. Não quis voltar para casa apesar da sua insistência. Meu pai não costuma ser contrariado com facilidade e, em função disso, fez diversas ameaças. Todas em vão. Bastou lembrá-lo que qualquer escândalo seria muito prejudicial no meio político em que atuava. Ficou quieto e, às vezes, nos convida para almoçar. Preferimos recusar. Ele foi nomeado, tempos depois, embaixador e se mudou para Paris com minha mãe, a partir daí, nos víamos somente no Natal.
Eu já estava com 17 anos. Morava junto com Alfredo há quase 4 anos. Com o fim da adolescência, meus peitos diminuíram muito, mas continuavam grandinhos. Continuei tendo uma aparência afeminada e não tive problemas com isso. Eu me aceitava assim e Alfredo me amava assim.
Nós dois fazíamos planos de ter uma família de verdade. Para a sociedade éramos dois irmãos morando juntos. Não assumíamos a nossa relação. Vivíamos felizes, mas sentíamos que nos faltava algo.
Minha mãe teve câncer e ficou muito doente. Seu funeral foi triste e eu chorei muito. Com a leitura de seu testamento veio uma carta para mim. Chorei mais ainda quando acabei de ler. Entreguei a carta para Alfredo e ele chorou muito também. Nela minha mãe falava da importância de conhecer minhas origens, dizia que amou meu pai, mas sempre sofreu muito com os desvios sexuais dele e, numa certa noite, buscou refúgio nos braços de George... nosso mordomo... alguns meses depois eu nasci. George nunca soube que era meu pai biológico, sempre me tratou com carinho genuíno... apesar da bombástica revelação, ela nos trazia várias vantagens pragmáticas... George me reconheceu como filho e, legalmente, eu e Alfredo deixamos de ser irmãos.
Muitos anos depois, eu já com 32 anos e Alfredo com 39, o avanço da sociedade civil permitiu que nossa união fosse legalizada e nossa felicidade celebrada em sua plenitude quando pudemos adotar o nosso filho. Agora sim éramos uma família completa. Podemos não ter sido sempre felizes, mas vivemos muito felizes, sempre juntos e unidos... vencendo cada dias e cada dificuldade... sempre juntos!
THE END
Esse capitulo é dedicado ao meu leitor mais querido: Diamandis Del Rey... espero não tê-lo decepcionado. Obrigado querido por todo o apoio e simpatia que sempre demonstrou. Tornou-se especial!
Aos demais leitores, obrigado... muito obrigadooo, mesmo as críticas são bem vindas... um beijão para todos!