Naquele momento eu não sabia o que responder, pois qualquer uma das minhas respostas acarretariam em uma série de problemas para ambos. Primeiro porque isso significaria que aquele seria o momento no qual eu teria que me assumir pra minha família, coisa que eu ainda não estava pronto pra fazer. Segundo que, como meu padrasto disse, centenas de homossexuais são mortos anualmente por conta do preconceito de algumas pessoas que se acham superiores por namorarem com uma pessoa do sexo oposto. Eu estava surtando.
- Eu não sei o que responder, pelo menos não agora.
- Por quê? - ele perguntou.
- Mark, não é uma coisa fácil de se fazer. A gente tá tão bem assim, pra que mudar alguma coisa?
- É, mas vai chegar um dia que eu vou me cansar.
Ele saiu em direção a rua sem falar nada. Pensei em ir atrás dele mas achei melhor deixar ele pensar melhor sobre isso.
No dia seguinte, Mark ficou estranho comigo, sentou longe e passou a aula inteira mexendo no celular. O professor de História deu um esporro nele, mas não adiantou. No intervalo ele sumiu de vista e na saída também. A tarde eu não pude ir as aulas extra-curriculares pois eu teria que esperar uns móveis que chegariam em minha casa naquela tarde.
A semana passou rapidamente e o Mark continuava estranho. No meio da semana, os formandos de ambas as turmas combinaram de fazer um churrasco na casa do Felipe, um moleque super gente boa que estudava na nossa turma. O pai dele era um político bem conhecido no estado e então ele tinha uma das maiores e mais luxuosas casas da cidade. Eu já tinha ido lá uma vez pra fazer um trabalho.
Assim como eu, minha família também estranhou a ausência do Mark esses dias, já que vivíamos grudados. Tive que inventar pra minha mãe que a mãe dele estava meio atarefada esses dias e ela pediu pra ele ajudá-la. Depois disso, Caleb e Kleber vieram falar comigo.
- Alguém já te disse que tu não sabe mentir? - Caleb perguntou.
- Hahaha, onde eu menti?
- Lá na mesa. E não nos faça de besta e não nos esconda nada - meu padrasto sentou-se ao meu lado.
Eu contei tudo que tinha acontecido, que ouviram com atenção. O Kleber disse que eu não era obrigado a aceitar namorar com ele se eu ainda não estava pronto pra isso, mas novamente pediu pra que eu não escondesse por mais muito tempo da minha mãe, pois ela poderá se sentir mal por ter sido a última a saber. O tranquilizei e disse que se eu e o Mark continuássemos "juntos", eu contaria.
A semana terminou e no sábado eu estava pronto pro churrasco. Era por volta das 9 quando eu saí pela primeira vez com o carro da minha mãe. Foi uma sensação de liberdade indescritível, apesar de saber que todo cuidado era pouco com aquele carro.
Passei na casa do Lucas pra pegá-lo, já que era caminho. Ele já me esperava na frente de sua casa.
- Tá gato, hein! Se eu fosse gay, eu te pegava - ele disse, rindo.
Eu particularmente estava bem bonito. Eu usava uma bermuda jeans branca, uma camisa de gola v curta cinza sem nenhuma estampa e uma camisa quadriculada aberta. Eu também estava de tênis e usava um óculos wrap-around preto no rosto. Antes de chegarmos, passei em um supermercado e comprei uma garrafa de vodka, pois não queria chegar lá de mãos atadas e dar má impressão. Enfim, chegamos a casa.
Como eu disse antes, a casa era grande e muito bonita. Fomos recebidos por um segurança e em seguida, pelo Felipe.
- Caralho Marcelo, se tu fosse gay eu te dava meu cu, na moral - Felipe disse, me dando um abraço.
- Não precisa ser gay pra me dar o cu não, se tu quiser fica só entre a gente - falei, zoando.
- Depois tu aparece lá no meu quarto que a gente resolve essa salada ae - ele disse.
Começamos a rir e então fomos em direção a área da piscina, onde as pessoas estavam reunidas. A nossa sala quase toda estava lá e então sentamos numa mesa e começamos a zoar e a beber. Eu ainda não tinha visto o Mark, então pensei que ele não deveria ter ido.
Conforme as horas iam passando, as pessoas iam indo embora: uma pras suas casas, outras pra outras baladas e etc. No fim, o Lucas disse que ia pra uma pub ali perto com uns amigos dele e me agradeceu pela carona. Já eram por volta das 3 da manhã e só havia ficado eu ajudando o Felipe a juntar as latas que estavam por fora da piscina. Após terminarmos, nos sentamos em uma mesa na beira da piscina e ficamos conversando e ouvindo Jorge & Mateus.
- Caralho, essas músicas machucam o coração, na moral - ele respondeu.
- Pois é, bixo. Mas me conta das tuas gatas - falei.
- Rapaz, minhas gatas parece que tão no telhado... só fogem de mim - nós dois rimos.
- Puts, tá ruim assim - falei.
- Oh se tá.. tô ha uns 3 meses só na punheta brava... chego a bater duas por dia mermão, minha mão tá só calo - nós dois rimos de novo.
- Porra, tá é feio o negócio aí então - falei, dando um gole no energético que eu tava tomando. Olhei no meu relógio e vi que já ia dar 4 da manhã, e não avisei pra minha mãe que ia passar a noite fora de casa.
- Ei fefo, já tô indo nessa, tá tarde e eu tô dirigindo - falei, me levantando.
Quando eu me levantei eu acabei cambaleando um pouco e o Felipe me segurou.
- Como é que é? Tu não vai dirigindo pra casa não, bora subir que tu vai dormir aqui - ele me arrastou pra dentro de casa.
Ele tinha razão, eu não tinha como dirigir. Peguei meu celular e mandei mensagem pro Caleb, que por sorte ainda estava acordado. Pedi pra ele avisar a mãe que eu não iria dormir em casa e ele disse que avisaria.
Depois eu fui tomar um banho e o Fefo fez um café quente pra mim. Ele me deu uma roupa dele e eu vesti.
- Toma isso aqui, tu vai ficar melhor - ele disse.
- Caralho, foi tu quem fez isso aqui? Tá forte pra caralho - eu fiz careta.
- Foi, não reclama, meus pais tão viajando... e forte é bom pra bebum igual a tu - nós dois rimos.
Depois que terminei de tomar o café, ele foi tomar banho...
Bom galera, espero que estejam gostando. Quero pedir desculpas por me ausentar assim por tanto tempo, mas é que essas semanas são as de provas e eu tô me dedicando ao máximo pra ficar de férias mais cedo hehe. Acho que consegui prolongar esse conto mais um pouco até eu deixar o meu outro projeto mais adiantado um pouco. Boa leitura a todos e não deixem de comentar, a opinião de vocês é como um combustível que me motiva a cada dia mais a escrever. Um abraço! <3