Oi, me chamo Filipe e tenho 24 anos. Eu iniciei meu relato aqui mas houve um problema com a minha conta e não consigo acessar até hoje. Logo, fui obrigado a realizar outro cadastro aqui e reiniciar tudo. Se bem que o pessoal se queixou que eu escrevia pouco então resolvi unir o útil ao agradável e reescrever de forma que possa agradar vocês ou pelo menos a maioria. Vamos ao relato:
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Desde que eu me entendo por gente soube da minha atração por homens. A mais remota lembrança que tenho sobre minha curiosidade pelo corpo masculino é de quando eu tinha 11 anos: eu estava em um aniversário e estava próximo ao meu pai quando disse a ele que tinha achado um menino na festa bonito. Ele sorriu pra mim e bagunçou meu cabelo e só conversou comigo no outro dia. Acho que eu amadureci precocemente devido à educação do meu pai e o agradeço por isso.
Ele me chamou pra conversar logo de manhã e perguntou sobre o meu relacionamento com garotas e disse que era normal, amigas e tudo mais e ele ficou pensativo quando eu disse que achava um outro colega meu bonito. Ele depois sorriu pra mim e disse que estava tudo bem e saiu da sala bagunçando o meu cabelo. Depois disso ele nunca mais tocou no assunto mas eu sabia que minha mãe ficou sabendo por ele sobre a minha sexualidade logo logo. Nunca se opuseram à minha “escolha” e nem comentaram nada até o dia em que acharam necessário, que contarei mais tarde.
Eu morava no interior do estado, com minha mãe, pai e mais três irmãos sendo dois mais velhos. Com eles também nunca conversei muito sobre os “boys” mas eles deviam desconfiar desde sempre. Aos 15 anos eu tive meu primeiro namoradinho, era aquela coisa bem de ir à praça e tudo mais, os beijos a gente deixava para fazê-los na casa dele. Nem durou muito porque meus pais meio que me encaminharam para estudar bastante para o vestibular. Mas bem antes disso passei por uma barra.
Aos 12 anos eu estava em casa correndo pela grama e lembro de cair, depois disso eu estava no meu quarto em companhia do meu pai. Naquela semana eu desmaiei mais duas vezes e minha mãe prontamente me levou ao hospital e não deu em nada, o médico apenas falou que eu estava me alimentando mal. Por morarmos no interior, minha mãe sempre achou o sistema de saúde precário e recorreu ao atendimento da capital. Viajei com ela até Belém para exame de rotina e no exame de sangue a médica enxergou a bomba: leucemia.
Eu acompanhei a minha família mergulhando em um estado de tristeza e eu me sentia culpado por isso, eles sofreram bem mais do que eu à notícia. Ao longo de mais exames foi constatado que o tipo de leucemia e que havia tratamento que possibilitaria minha total recuperação, pra isso o transplante de medula era necessário. Por sorte, eu fui diagnosticado precocemente o que me ajudou e muito, fui medicado cedo e os efeitos colaterais se limitaram a enjoos, perda de peso. Devido ao tratamento eu tive que morar na capital com minha mãe (só meu pai trabalhava, cuidava de gado, ovos e granja. De onde vinha todo o sustento da fazenda).
A parte mais difícil do tratamento era a quimioterapia, sem dúvidas. Os remédios era de boa, mas o que me levou a aguentar a quimioterapia foi um rapaz que eu conheci lá. Acho que na minha terceira sessão, ao chegar no hospital, havia um garoto na recepção, como minha mãe foi comprar algo para ela comer enquanto eu realizava a minha sessão, puxei assunto com ele.
Eu: Oi.
Ele: E aí.
Vendo que ele não queria muito papo, fiquei na minha. Acho que por pena ele puxou papo logo depois.
Ele: Tu tem quantos anos?
Eu: 12.
Ele fez uma cara de quem tinha se arrependido de perguntar, ou melhor, de descobrir. Parecia ser mais velho que eu, e muito.
Eu: Não precisa ficar assim. Eu vou ficar bem, pelo menos é no que meus pais me fazem acreditar. Eu li que boa parte dessa luta é acreditar em si mesmo, caso contrário você se torna quase um caso perdido. Tenho fé que sairei dessa.
Eu bombardiei ele de informação, uma mania minha. Falo muito e tenho que me poiliciar, o que trabalho até hoje.
Os olhos dele por um momento se encheram de lágrimas, tive a ousadia/liberdade de abraça-lo, ali eu já tinha certeza que ele também deveria ter câncer e estava na fila do transplante. Logo a minha mãe chegou e me levou pra minha sessão, mas antes ele me disse seu nome e que a gente se encontraria outras vezes, se chamava João Pedro.
E como ele havia dito, passou a ser rotineiro nosso encontro ali. Ele tinha 18 anos e já se tratava há um ano e meio e estava na fila do transplante, a gente sempre chegava bem antes das sessões para conversarmos. Durante nosso convívio eu conheci seu irmão, João Lucas. Tinha 12 anos também e às vezes o acompanhava no hospital.
Infelizmente, o Pedro veio a falecer. Ele ainda chegou a receber o transplante mas houve muitas complicações, a família dele ficou arrasada. Com isso, eu me aproximei demais do irmão dele.
Com dezessete meses de tratamento eu fui submetido ao transplante e tudo ocorreu bem. Passei quase dois anos sob tratamento até receber o diagnóstico de que eu havia me recuperado plenamente. Foi uma das melhores sensações que já experimentei, mais sofrida também. Com a minha saúde em 100 %, pude realmente me focar no vestibular, tive menos de um ano para me preparar mas graças a Deus veio a aprovação. Prestei vestibular para História, o qual não era disponibilizado no campus da minha cidade, eu teria que vir para a capital.
Mesmo após o fim do meu tratamento mantive contato com o João Lucas e ele me ajudou a encontrar uma república no centro. Deixar a minha cidade por mais uma vez foi de partir o coração mas era por algo maior.
Minha mãe teve que ir comigo até Belém para vistoriar onde eu moraria, superprotetora como sempre. Ela deixou que eu morasse lá, há muito contra gosto por sinal. Comecei a morar na república um mês antes das aulas começarem, dividia o apartamento com mais quatro garotos, mas de cara eu fiz amizade com o Caio que faria administração.
Aproveitei o tempo de folga para sair mais com Lucas, nossa amizade se baseava muito em troca de mensagens, visto que depois de um tempo eu tinha voltado pra minha cidade só nos víamos quando eu visitava meus tios na capital. Lembro que a gente tava na casa dele quando ele me disse que estava enrolado com uma cara mais velho:
Eu: 28 anos?? Tu só pode ter ficado doido.
Lucas: Mas ele é muito gato.
Eu: Tu conheceu ele onde?
Lucas: No shopping?
Eu: Que?? Rsrsrs Menino... Cuidado.
Ele me mostrou a foto dele e realmente era lindo, mas ainda achava loucura aquilo.
O Lucas já não era mais virgem com 17 anos, diferente de mim. Mas ele me empurrava pra iniciar essa vida de pecados. Naquela semana o Lucas me chamou para ir ao cinema, aceitei na mais pura inocência, visto que eu quase não o frequentava porque não tinha na minha cidade. Assim que encontrei ele no shopping quis ir à bilheteria mas ele disse para eu esperar. Não demorou muito eu saquei tudo.
Eu: Lucas, eu não acredito que tu me chamou pra ficar segurando vela.
Lucas: Nem vai, fica sossegado. Olha ele ali.
O Marcos (boy dele) se aproximava da gente. O cara me olhou da cabeça aos pés, e isso faz eu lembrar que não me descrevi.
Bom, hoje eu tenho 1,77 m e não é muito mais do que eu tinha naquela época. Sou loiro, olhos castanhos. Eu era magro, levou um bom tempo para eu conseguir me manter num peso agradável pra mim.
Depois de quase me engolir com os olhos, a gente seguiu à bilheteria e o Marcos se dispôs a pagar tudo. Já na sessão o que eu esperava se concretizou: eles ficaram se pegando o filme todo e eu me segurando pra não jogar meu refri neles. Eu acho que o único motivo de eles não terem trepado ali foi pelo fato do Lucas ter me convidado.
Eu realmente estava trabalhando em conseguir alguém, ser solteiro já estava cansando. Partilhei desse pensamento com o Lucas e o bocudo falou com o Marcos e o mesmo já me arranjou um amigo. Pra minha sorte ele era bonito mas como o cara tinha uns 10 anos a mais que eu, certeza que queria apenas me comer e dar o fora. Saí com ele um dia, deu uns beijos e sumi. Lucas ficou puto comigo, dizendo que eu tinha que liberar rsrsrsrs.
Com o início das aulas, eu tinha desculpas para dar ao Lucas quando ele me interrogava sobre arranjar alguém. Consegui enrolar ele por umas semanas, e eu ainda começava a me entrosar com a minha turma na faculdade. No primeiro mês teve uma festa e por coincidência o nosso curso iria organizar. Dei-me ao luxo de ir à festa. Eu não tinha o costume de beber, só havia feito duas vezes depois do tratamento, fui com muita sede ao pote e logo fiquei alteradinho. Fiquei perto dos que eu mais conversava na aula, qualquer coisa pelo menos estaria entre “amigos”. Tentei aguentar o máximo possível mas tive que ir ao banheiro, não queria ir com medo de cair no caminho rsrsrs Procurei o mais isolado possível e assim que entrei mais um rapaz entrou mas nem me atentei a ver o rosto e fui mijar. Dei aquela aliviada e fui à pia, quando me dou conta sinto uma mão no meu braço me virando e uma língua invadiu minha boca. Com a ajuda do álcool e mais ainda do tesão e do belo beijo, correspondi mesmo sem nem saber quem eraE aí, galera? O que acharam?
Eu resumi bastante essa fase da minha vida mas não se preocupem que agora eu pego ritmo legal, faculdade me rendeu boas e más histórias.
Boa noite.
P.S.: filipeearaujo@hotmail.com para quem quiser manter contato.