- Diga que eu não estou - falei.
Meu padrasto apenas assentiu com a cabeça e saiu. Olhei na janela e vi que era o carro do Mark.
Depois disso passei o domingo inteiro no meu quarto assistindo minhas séries e estudando. Na segunda acabei não indo nem pra escola e nem pra aula de natação. A noite fui pro cursinho e ele não estava lá.
No dia seguinte não tive pra onde correr: tive que ir pra escola. O dia estava chuvoso e fazia muito frio. Eu coloquei minha calça jeans, minha blusa do uniforme e um moletom por cima. Desci do carro e eu podia sentir um chuvisco gelado e forte na minha pele. Aquilo provava que eu estava vivo - pensei.
Entrei na sala e não falei com ninguém. Sentei nos fundos da sala e abaixei a minha cabeça. De repente, ouço uma voz no alto falante da turma.
- Aluno Bastos Stica, favor comparecer na diretoria agora.
- Ótimo - pensei alto.
Sai da sala e enquanto eu descia as escadas o Mark estava subindo. Era evidente que ele também estava abalado, mas não falou nada. Como eu queria mostrar superioridade, resolvi falar.
- Bom dia - falei.
Ele apenas assentiu com um sorriso falso.
Fui até a sala do diretor e ele já me esperava.
- Marcelo, chamei você aqui porque você anda faltando muito as aulas complementares, o que anda acontecendo?
- Eu tô com alguns problemas em casa... - respondi.
- Bom, espero que você não volte a faltar, caso contrário você terá que pagar com outra atividade, estamos de acordo?
- Sim senhor. Posso ir?
- Pode.
Eu sai da sala do diretor e fui direto ao banheiro. Quando vou em direção aos mictórios, eis que vejo alguém urinando: Mark. Me aproximei sem que ele notasse e coloquei meu pau pra fora.
- Belo pênis - ele disse.
Eu fiquei vermelho mas procurei não dar bobeira.
- Acho que a gente precisa conversar - ele disse.
- Não, Mark... deixa assim como tá. Agora não. - disse.
Sai do banheiro e enquanto eu ia em direção a porta ele me puxou pelo braço e me deu um beijo de língua. Ele parecia estar sedento de mim.
- O que está acontecendo aqui? - perguntou o treinador Otávio.