O Capítulo é um pouco curto mas eu vejo se compenso no décimo...
Capítulo 09
"O amor está mais perto do ódio do que a gente geralmente supõe. São o verso e o reverso da mesma moeda de paixão. O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença.
Érico Veríssimo
(Na casa dos Evans)
Charlie estava deitado em sua cama lendo Vida Nova, de Dante, quando deu um suspiro profundo e levantou o olhar para o teto.
-Queria um amor assim! O amor de Dante por Beatriz ultrapassa os portões do Paraíso!- Sua fisionomia ficou muito triste e pensativa. Aí, se lembrou do que Aleksandr disse: "Se eu fosse você Charlie, eu voltaria a treinar esgrima...O Bradock gosta de esgrima, pelo jeito ele quer que alguém o ensine." Continuou pensando por alguns longos minutos nas palavras de Aleksandr, e foi quando se decidiu. Desceu correndo as escadas chamando pela sua mãe.- Mãe! Mãe, cadê a senhora?
-Estou na cozinha.- E correu para a cozinha.
-Mãe, a senhora poderia voltar a me ensinar esgrima? Por favor!
-Por que o interesse repentino? Você mesmo mesmo disse que achava inútil.- E então ele baixou a cabeça e entristeceu sua fisionomia.
-Eu confesso que eu errei naquele momento. Mas eu tenho um motivo muito forte pra voltar.
-E posso saber quem é o motivo?- Charlie ficou muito vermelho com essa pergunta. " Até ela, minha mãe, sabe?" Se indagou completamente sem graça.
-Ninguém, mãe. Imagina. Podemos voltar a praticar?- Disse, tentando evitar o assunto.
-Só se você me prometer uma coisa.
-Qualquer coisa, mãe!
-Me prometa que você não lutará por amor e nem por ódio. Mas por prazer. -"Que tipo de promessa é essa?" Charlie se perguntou.
-Que tipo de promessa é essa, mãe?
-Quando seu pai me ensinou a esgrima alemã, italiana e inglesa, eles fez prometer a mesma coisa.
-Meu pai? Ensinou a senhora?
-Sim, foi. Por favor, me prometa.
-Ok. Eu prometo. Mas eu quero que a senhora me prometa...
-Não prometo nada. Mãe é neutra.
-Mas, mãe! A senhora tem que sair mais.-Olhou para o lado e disse sussurrando.- Suas pernas estão criando teia.
-Como é que é, menino.- Elizabeth pegou um prato de porcelana e jogou na direção do Charlie. Mas ele conseguiu desviar.- Me respeita, menino. Sou tua mãe.-Disse gritando.- Vá dormir que amanhã tem aula.
-Tá certo, mãe. -Disse gargalhando.- Boa noite, minha rainha.
-Boa noite, meu Príncipe.- E deu um beijo na cabeça de seu filho. Mas logo depois deu um soco bem no alto da cabeça dele.
-Ai!- Exclamou.- Isso dói.
Charlie subiu ao seu quarto e foi direto ao banheiro para tomar banho e escovar seus dentes antes de se preparar para dormir. Quando se deitou, quando ia pegando no sono seu celular começa a tocar.
-Quem será a essa hora?- Indagou a si mesmo. E viu na tela um nome bem conhecido.- Aleksandr?!- E apertou no botão vermelho e desligou o celular. Deitou a cabeça no travesseiro e dormiu.
Acordou em uma floresta escura e sombria. Semblante pesado e macabro, o ar era fúnebre e podre. "Onde estou?" Perguntou-se. Começou a caminhar, e por incrível que pareça, não estava com medo, o seu coração estava calmo. Andou, andou tanto que seus pés já eram para estar sangrando, mas não estavam. "Olá! Tem alguém aí?" Gritou. Ninguém respondeu. Continuou andando sem rumo e em frente. Andou, até que chegou no parece ser uma caverna. Sentiu um calafrio percorrer sua espinha. De repente um rugido muito alto e parecido como um trovão. Juntou todas as suas forças e adentrou o lugar frio e úmido. Ainda que escuro dava para ver que as paredes estavam cobertas de musgo. Andando mais dentro da caverna sombria, um cheiro podre de enxofre queimava suas narinas e um novo rugido ecoou na caverna. Não estava com medo, apenas com calafrios. Chegou numa bifurcação onde estavam quatro caminhos e em cima de cada caminho estava escrito: Aka, Ao, Kuro e Shiro. "Aka, Ao, Kuro e Shiro?" Repetiu as palavras, lendo-as. Olhou e observou por mais de cinco minutos e decidiu. "Vou na menor das palavras: Ao!" Disse decidido. E entrou. Ao entrar e depois de cinco passos, olhou para trás e não viu a saída. "O que houve?" Suspirou profundamente e seguiu em frente. Andou por intermináveis minutos até que avistou ao fundo uma luz azul muito intensa. Foi em direção a tal luz, ao chegar no final do túnel, se viu em um lugar, dentro da caverna, circular e o teto formando uma cúpula muito alta, no meio estava um homem muito grande e musculoso sentado e de costas para o Charlie, em volta dele tinham quatro velas localizados nos pontos cardeais, virou-se para a porta e viu uma construção feita madeira de mais ou menos quatro metros de altura, duas colunas transpassadas por uma viga na parte superior da estranha construção.
-O que é isso?- Perguntou-se.
-Torii.- O homem sentado a sua frente respondeu sem que ele esperasse. A sua voz saiu como um trovão que rasga o céu a noite. O grande homem levantou-se, ainda de costa para o Charlie, e perguntou-lhe: - Onamae wa? Anata no shusshin wa dochiradesu ka?- Charlie não entendia o que aquele homem falava.- Watashi wa aooni, watashi Tora.- E se virou para encarar o rosto de Charlie.
Mas o sonho de Charlie acabou bem na hora, acordado pelo maldito despertador.
-Que sonho maluco.- Colocou as mãos na cabeça.
Se levantou e fez suas necessidades matutinas, arrumou-se e desceu para tomar café da manhã. Chegou na cozinha e se sentou a mesa com a sua mãe.
-Bom dia, mãe!
-Bom dia,filho. Dormiu bem?
-Dormi sim. E a senhora?
-Charlie, eu esqueci de perguntar, como está o Cassius?
-Em coma.- Disse abaixando a cabeça.
-Meu Deus. E o Aleksandr?
-Tá levando do jeito dele, sabe. Ele guarda tudo pra si mesmo, até que chega no ponto onde ele explode e não só ele, mas todo mundo ao redor dele se machuca.
-Ainda que você o conheça como ninguém, você não o entende. Você tem que apoiá-lo, acima de tudo.
-Eu já vou, mãe. Senão me atraso. Beijo e bye bye.
-Tchau, meu filho. Juízo!
Charlie saiu de casa e foi em direção à sua escola. Era sexta feira. "O que será que o Aleksandr queria comigo? Será que eu fiz bem em ter desligado? Com certeza não!" Pensou.
-Sou um idiota. Vou falar com ele hoje na escola.
Chegando na escola, ele se encontra com a Crystal.
-Oi, Charlie.- Disse ela,dando um sorriso.
-Oi, Crystal. Como você está?
-Péssima.- Disse fechando sorriso.- O Tyler me traiu de novo.
-A história de vocês vai longe.- Disse dando,um toque sarcástico.
-Você está sarcástico?! Tu e o Aleksandr brigaram de novo?
-O quê? Claro que não. Por que você diz isso?
-Quando você fica todo sarcástico é porque brigou com o Alek.
-De onde você tirou isso, garota?
-Eu presto atenção. Mas voltando ao assunto principal, tu acredita que eu peguei ele nos fundos da escola beijando a vaca da Lidya? Ai que ódio. Tô toda arrepiada, olha!- Disse mostrando o braço ao Charlie.
E então o sinal tocou e ambos foram para a sala. Chegando na sala viu algo muito estranho, Aleksandr ainda não tinha chegado. Que problema! Aleksandr nunca faltou e nem sequer nunca se atrasou para a aula. A primeira aula da sexta era a de Biologia, o professor Walter ia chegar daqui a pouco. Mas quando a porta se abriu, não era o professor Walter, era outra pessoa e Charlie o conhecia. Era Vladiskaius.
-Bom dia, alunos. O, até então, professor de Biologia de vocês teve um problema de família e teve que ir morar em outro estado. Mas eu o substitui. Meu nome é Vladiskaius Ceaser. Sou formado em Biologia e sou especialista em Bioquímica e Virologia. Como,sou amigo íntimo do diretor, ele me pediu que eu o substituísse.
Ele se virou para a lousa e começou a anotar coisas rotineiras quando um aluno, que estava atrás do Charlie, falou sussurrando para outro aluno que estava ao lado: " Vladiakaus? Que nome ridículo esse, hein cara!" E deram um risinho bem baixinho.
-É Vladiskaius!-E então o professor se virou.- Meu nome em Vladiskaius.- E então os dois alunos se calaram na hora e arregalaram os olhos de surpresa. Charlie deu um risinho disfarçado.- Vocês dois, vão para a diretoria. Já!
Bom...esse foi o Caps de hoje. Espero que tenham gostado e please, comentem e ciem suas teorias bizarras...bjs!