Bruno saiu perdido pelas ruas da cidade. O corpo do irmão e toda a sua excitação era o que não saia de sua cabeça. Ele fizera questão de mostrar, confirmando suas palavras.
Olhar para o rosto do seu amado e ver apenas a surpresa nele, foi demais. A culpa era visível, uma vez que ele nem tentara dizer nada... Era como se ele estivesse conivente com o que Joel dissera.
" Eu me entreguei a esse cara sem medo, e sem reservas. Joel apesar de tudo ainda me tentou avisar de que eu não estava preparado para sofrer por causa de minha escolha, e hoje vejo que ele estava certo, mesmo sendo ele que acabara com meus sonhos e minha paz ".
Gustavo saiu da academia em direção a seu apartamento e assim que lá chegou, começou a ligar para o celular do amado, sem obter resposta nenhuma. Por fim ele deixou uma mensagem pedindo que ele por favor ligasse para ele, não importando nem mesmo a hora. A ligação não aconteceu.
A noite foi péssima e ele deu Graças a Deus quando viu a aurora chegar pela janela do quarto. Tomou banho e foi direto para a cozinha, onde meia hora depois, pontualmente as 06:30 h Tânia chegou e lhe disse:
_ Bom dia Seu Mario Gustavo. Aconteceu alguma coisa?
_ Acho que sim D. Tânia. E eu estou completamente perdido. Eu perdi, a senhora entende? Eu simplesmente perdi.
_ Do que o senhor está falando? É sobre o julgamento, é isso?
_ Não, tô falando de amor. Do meu amor, que finalmente tinha sido libertado do meu peito e que me foi tirado por razões que me são novas e de difícil entendimento.
_ Olha seu Mario Gustavo, eu peço desculpas ao senhor, mas juro que não tô entendendo nada. Mesmo assim, sinto muito pela sua perda, viu? Será que não dá pra achar novamente um jeito de ter esse amor de volta? Eu acho o senhor um homem muito inteligente, o mais inteligente que eu conheço, viu? Pense com calma um pouquinho aí, não se afobe e enquanto eu faço o seu café, sabe lá se o senhor não consegue ter uma ideia boa, hein?
_ Obrigado D. Tânia, por tudo.
E enquanto Tânia prontamente começava a preparar o cafe, Gustavo pegou o celular e começou a ligar ininterruptamente para seu nego Bruno.
Gustavo tomou um lauto café, pois o dia seria totalmente passado no Fórum e ele teria que ter forças para em seguida ao dia de trabalho tratar da sua história, sua vida. Quando estava de saída Tânia o chamou e disse:
_ Tava pensando aqui seu Mario Gustavo numa coisa que li outro dia e até decorei e acho que pode servir pelo menos como um conselho... Não existe vitória sem lutas. As vezes pra conseguirmos almejar os nossos objetivos precisamos sofrer e passar por dores que nos ferem e machucam nossas almas, mas com essas batalhas nós saímos mais fortes pra vencer as guerras da vida.
_ Sabe Tânia, vou querer depois que você me dê algumas dicas de leituras que você anda fazendo. Quem escreveu isso, mulher?
_ Não faço a menor ideia, tava numa revista lá em casa. Se eu achar ela lá hoje, trago pro senhor ver. Bom dia seu Maria Gustavo.
_ Bom dia D> Tânia.
E rapidamente Gustavo pegou o elevador que já vinha com dois outros moradores do prédio, cumprimentou-os e assim que desceram na garagem, cada um seguiu seu destino.
A chegada no Fórum, foi no horário e ele ainda teve 20 minutos com a equipe. No final do dia ele ganharia a causa em favor da condenação do réu, que teria que cumprir 15 anos e seis meses em regime fechado. Era visível após a leitura da sentença a satisfação no rosto do Juiz Euvaldo Lacerda de Amorim Filho ao olhar para o brilhante Promotor Público Mario Gustavo de Aguiar Falcão.
O carro de Bruno estava estacionado em frente a uma cabine da Polícia Militar na Praia do Futuro. Ele praticamente passara a noite toda na beira da praia, tendo os pés molhados de quando em vez pela água salgada e limpa daquela praia. A noite havia sido longa e triste. Depois da última ligação de Gustavo há pouco mais de meia hora, ele mentalizou 67 ligações, 15 mensagens e nenhuma reação de sua parte.
O irmão não mais faria parte de sua vida. Ele só não havia retornado pra casa por temer sua reação diante dele, principalmente por lembrar que ele sempre se vangloriava de suas conquistas e de seu ponto de vista. Ele estava pronto pra tudo, menos ouvir a voz do irmão dizer - Bem que eu lhe disse - isso ele não estava afim de ouvir.
Seu corpo dolorido finalmente foi posto em movimento e ele retornou para onde o carro estava. Olhou o visor do celular e verificou a hora, 07:48 h da manhã. Andou até o carro estacionado, abriu, entrou, voltou a fechar a porta e ligou para o irmão Zé Flávio:
_ Onde você esta, maluco? O que aconteceu que você sumiu de casa, não veio abrir a academia hoje? O pai quer que você ligue pra ele, pois tá todo mundo preocupado, inclusive a mamãe.
_ Olha Zé, eu tô bem. Só tive um problema pessoal ontem e já passou. Não vou hoje pela manhã na academia. Tô indo pra casa agora, liga pro pai ou pra mamãe e avisa que estou bem. Diz também que ligo depois pra eles. Só vou trabalhar à tarde. Avisa ao pessoal que eles segurem as pontas por aí, beleza? E você também, redobra o cuidado na minha ausência, você sabe que essa filial das nossas academias é nossa, minha e sua, beleza? Outra coisa, não se preocupa, estou bem e tenho certeza que vou estar muito melhor depois de uma banho e dormir um pouco.
Bruno encerrou a ligação e foi pra casa. Assim que girou a chave na porta e a abriu, Bruno viu Joel sentado no amplo sofá escuro vestindo apenas uma calção de moletom que usava para dormir na cor cinza. Este prontamente levantou e começou a falar:
_ A gente precisa conversar irmãozinho.
_ Olha Joel, na boa cara, me deixa em paz. Eu não tenho a menor vontade e muito menos estômago pra ouvir o que quer que você tenha a me dizer. Dá licença. E tentou passar pelo irmão par chegar ao corredor do apartamento em que moravam.
_ Calma aí Bruno. Deixa eu te explicar o que aconteceu cara. O Gustavo...
Bruno esquentou o sangue na mesma hora em que o irmão terminou de pronunciar o nome do cara que ele ainda amava muito... E agarrando o irmão pelo pescoço, gritou em seu rosto:
_ EU NÃO QUERO SABER DESSE CARA. VOCÊ E ELE MORRERAM PRA MIM DESDE ONTEM. VOCÊ TINHA RAZÃO EM ME ALERTAR SOBRE AS COISAS ERRADAS DA VIDA, NESSE MEIO EM QUE A GENTE VIVE, SÓ QUE EU JAMAIS ESPERAVA QUE VIRIA DE VOCÊ O MEU SOFRIMENTO, SEU DESGRAÇADO...
E os dois começaram a travar uma luta corporal intensa, onde o que menos importava era saber quem eram e o quanto se pareciam.
Os dois se machucaram muito. Em alguns momentos Bruno levou a melhor e desferiu vários socos no rosto do irmão e em outras Joel foi quem saiu no lucro, pois terminou imobilizando o irmão e finalmente disse com a boca colada em seu ouvido:
_ Eu só queria que você entendesse que eu não tive culpa em me apaixonar por ele. Eu jamais poderia adivinhar que você também já estava interessado nele. Concordo com sua escolha, pois foi a mesma minha. Fiquei com ciumes quando vi vocês naquele dia à noite no vestiário numa conversa meio intima.
_ Me solta seu maldito desgraçado. Você tem é inveja de mim, sempre teve inveja das minhas coisas, sempre quis só pra você tudo. Cara só agora eu vejo que você é um egoísta. Me soltaaaaa...
_ Calma Bruno, deixa eu te falar uma coisa cara.
_ Não, já disse que não quero mais saber de nada. Você morreu cara. Você tá morto pra mim.
_ O Gustavo deixou claro uma coisa...
_ NÃO FALA MAIS NESSE CARA PERTO DE MIM... ME SOLTA PORRA, ME SOLTAAAA... SOCORRO, SOCORRO...
_ Tá maluco Bruno? Eu solto, calma.
E Joel foi largando o corpo do irmão lentamente e já se preparando para um novo contra golpe. Bruno apenas se afastou dele e disse:
_ Nunca mais fala comigo, ouviu bem? Você morreu pra mim, não esquece disso. E outra coisa, tô indo embora daqui, tudo que tem aqui dentro, agora é seu. Você me tirou quase tudo e o pouco que me restou pode ter certeza que será o suficiente para que eu siga em frente de cabeça erguida. E antes de sair da sala e dessa vez arrumar suas coisas, olhou o irmão mais velho uma vez mais e cuspiu no chão.
Seis idas e voltas ao carro foi o que Bruno fez, enquanto tirava do apartamento todos os seus pertences, pelo menos tudo o que tinha em seu quarto. Joel voltou a sentar no sofá e viu todas as idas e voltas do irmão mais novo e nada fez para impedir sua ação. Bruno finalmente tirou a chave da porta da frente e jogou no chão da sala parcialmente destruída pela briga dos dois. Bateu a porta ruidosamente e foi embora da sua casa, pela segunda vez.
Enquanto dirigia pela avenida em que morava, seu celular voltou a tocar. O visor mostrava uma única palavra, AMOR.
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Meus amores o meu abraço a cada um. Tô me sentindo muito mal com esse distanciamento que estou me impondo a vocês. Por enquanto só vou colocar os capítulos diários, para que pelo menos esse contato que temos não seja perdido. Estou muito sem tempo, inventaram uma tal de recuperação paralela pra que os alunos em dificuldade tivessem uma chance a mais, e sobrou pra cada um de nós. Eu mais ainda pois a MATEMÁTICA, matéria que leciono praticamente deixou muita gente em apuros.
Quero apenas dizer que não estou tão longe assim de vocês, é como se eu tivesse que sempre me atrasar por ter uma quinta, sexta, aulas. beijo meus queridos e queridas.