Capitulo um: Everything has changed (Taylor Swift)
CAIO
Sabe quando você está lendo um livro de romance e finalmente o mocinho da um beijo na garota que ele gosta e aquele momento é mágico? Pois é, eu nunca senti isso na minha vida. Não que eu seja velho, pois tenho apenas treze anos, mas eu nunca tive um beijo que realmente valesse a pena. Meu primeiro beijo aconteceu quando eu tinha onze anos de idade. Todos os anos a nossa escola nos leva para um passeio em um sitio na metade do ano. Lembro que nessa idade estava rolando aquela pressão entre eu e meus amigos para que dessemos o nosso primeiro beijo.
Todos sabiam que a Suelen estava afim de mim, mas eu não conseguia ver ele como algo além de minha amiga. Não que ela fosse feia, pois não era o caso. Suelen era a segunda menina mais bonita da minha sala com seus olhos verdes, cabelo castanho claro e um corpo um pouco mais desenvolvido do que os das outras garotas. Mas sei lá. Nunca pensei nas garotas "daquele jeito".
— Vai lá Caio! — Diego incentivou enquanto estávamos na piscina — Ela está te olhando desde que chegamos aqui!
Me virei e olhei discretamente para Suelen com as amigas do outro lado da piscina. Nossos olhares se cruzaram por um instante a fazendo corar, mexer em seu cabelo e desviar o olhar para as amigas.
— E-eu não se-ei — gagejei nervoso.
— Deixa de ser bobo Caio! — Ramon disse rindo como sempre — Hoje é o dia perfeito para você ir lá e perder o "bv".
Não respondi, pois sabia que Ramon estava certo, eu era o único garoto que ainda não tinha beijado ninguém na minha turma. Bom, eu e Lucas. Mas qual garota em sã consciência iria querer beijar aquele garoto? Lucas era um Nerd com óculos redondos e grossos iguai ao do Harry Potter. Era gago, gordo e ainda usava aquela bomba para asma. Ele era a escória da nossa sala e se ele desse um beijo antes de mim, eu seria a escoria da sala.
Mergulhei e nadei de olhos abertos até onde Suelen se encontrava com Marina e Isabele. Emergi por trás de Suelen e fiz cossegas em sua barriga a fazendo dar um gritinho de susto.
— Deixa de ser idiota garoto — ela disse rindo e jogando água em meu rosto.
— Você que me deixa idiota — disse segurando sua mão — Me encontra na fonte as três horas. Quero falar uma coisa com você.
— O que? — ela perguntou radiante.
— Quero te perguntar uma coisa — e acariciei sua mão — Você vai?
Ela deu uma olhada para as amigas atrás de mim e juro que pude vê-las dizer que sim.
— Vou — ela suspirou e depois tentou esconder falando de forma mandona — Espero que não me faça perder tempo.
Sorri para ela e lhe dei um beijo na bochecha.
— Não vou — disse.
Quase não acreditei quando ela teve de se segurar na borda da piscina para não deismaiar, pois eu só havia sentido o contato de minha pele com sua bochecha. Era como quando minhas tias vão em minha casa e me dão beijos na bochecha. Não havia nada demais naquilo.
Mergulhei e voltei até meus amigos do outro lado da piscina e ao chegar lá, percebi que meu irmão mais velho, Daniel, também estava lá.
— Eu vi tudo em maninho — Daniel sorriu — É sua namorada?
— Me deixa em paz Daniel! — disse me afastando dele.
Mas Daniel era mais velho e bem mais forte do que eu. Ele tinha dezesseis anos e parece que só existia para transformar minha vida em um inferno. Nunca perdeu a oportunidade de me zoar ou de me constranger em publico. Era o tipico irmão babaca.
— Calama ai irmãozinho — ele sorria com malicia — Eu só quero te dar uns conselhos para não se dar mal com a garota.
— Não escuta ele Caio — Diego avisou.
— E escutar quem garoto? Você? — Daniel debochou.
Não queria concordar com meu irmão, mas nesse caso ele estava certo. Diego ou Ramon tinham apenas onze e doze anos respectivente. O que eles entendiam das garotas? Agora, meu irmão era diferente. Ele já estava em sua terceira namorada e já ficou com várias outras entre elas.
— Fala logo Daniel — eu disse a ele.
— Primeiro, não trate ela como lixo e também não deixe que ela faça de você o que ela quiser. Elas não gostão disso. Segundo, encha ela de perguntas, pois se o assunto morrer já era! Terceiro, ela não deve ter beijado ninguém na vida dela, então se tiver uma oportunidade não faça isso na frente de ninguém. Leve ela para um lugar onde possam ficar sozinhos para não deixa-la constrangida. OK?
Assenti achando aquelas dicas validas. Pela primeira vez em toda a minha vida eu senti que podia confiar em meu irmão. Suas dicas não pareciam ser nada que fosse me constranger na frente da Suelen e sim me ajudar com ela.
— Obrigado — agradeci — vou fazer o que me mandou.
— Vai lá irmãozinho — ele sorriu e bagunçou meus cabelos castanhos — Só uma dúvida.
— O que? — indaguei tentando ajeitar meu cabelo.
— Como é que uma garota bonita como ela pode se interessar por você? — brincou.
Comecei a dar socos em seu braço enquanto ele se defendia. Ambos estávamos rindo bos divertindo com nosso momento de irmãos.
Sai da piscina com Diego e Ramon e corri para me secar e me vestir. Esperei ansiosamente que as duas horas até as três passassem rápido, pois eu não sabia como seria. Eu nunca havia beijado ninguém, será que eu faria aquilo direito? Será que ela iria gostar? E se não gostasse? O que eu faria? Será que ela iria rir de mim?
— Oi Caio! — Lucas disse quando passou por mim em frente ao refeitório.
— Cala a boca esquisito! — Zombei fazendo Diego e Ramon caírem na gargalhada. Não gostava muito de humilha-lo em publico, mas eu não podia deixar minha reputação ser destruída pelo esquisito da escola.
Lucas abaixou a cabeça e se afastou como sempre fazia.
— Não acredito que ele falou com você — Ramon disse — Ele não tem noção do quão idiota ele é?
— Eu sei né? — Diego concordou — Ele é muito esquisito!
— É por isso que não tem amigos — eu disse.
...
Eram três horas e ela chegou linda com seu vestido rosa. Ela sorria e corava a cada passo que dava em minha direção.
— Oi — ela murmurou.
— O-oi — gagejei novamente me sentindo a pessoa mais idiota do mundo.
— O que você queria me perguntar? — aqueles olhos verdes encontraram os meus castanhos.
— É que eu gosto de você Suelen — eu disse com confiança embora o gostar a que eu me referia era gostar como amigo — Gosto mesmo. Quero saber se você também gosta de mim.
Ela não respondeu com palavras e sim com um beijo. Um beijo longo e estranhamente molhado. E foi só isso que eu senti. "Era isso? Tanto alarde para isso?". Indaguei a mim mesmo. Não era como nos livros que eu havia lido. Não era como nos filmes que eu havia visto. Onde estava a magia? Onde estavam os anjos cantando para nós? Onde estava o mundo fantástico para qual o beijo nos transportava? Onde estava o paraíso?
Para essas respostas eu não obtive respostas.
E foi assim o meu primeiro beijo. Uma esperiencia frustrada para mim e que me fez arranjar uma namorada. Suelen simplesmente se apaixonou de vez por mim depois daquilo. Ela só queria estar comigo, falar comigo e me beijar a todo o momento e isso era irritante. Mas eu fazia meu papel de quem gostava disso tão bem que nós estamos juntos até hoje.
...
Eu cheguei cedo ao meu primeiro dia de aula daquele ano. E como de costume Suelen ainda não tinha voltado da viagem que fazia com sua familia todo final do ano. Eu me sentei nos fundos com Ramon e Diego e nós ficamos conversando sobre nossas férias quando a pessoa que mudaria minha vida entrou na sala.
Aquele garoto entrou na sala de aula trajando a calça jeans skinny escura, uma camisa preta com uma versão rockeira do Homer Simpson estampada nela. Ele era loiro e tinha os cabelos quase como uma tijela sobre a cabeça e intensos olhos azuis. Era magro e ligeiramente forte. E olha-lo era como ver um anjo caído, tamanha era sua beleza. Não havia nenhuma imperfeição naquele rosto juvenil.
Ele se sentou nos fundos do outro lado da sala, colocou a mochila sobre sua mesa e sacudia a cabeça discretamente conforme o ritimo da música que escutava em seus fones de ouvido branco. Eu nunca tinha visto aquele garoto na minha vida e de repente eu queria saber tudo sobre ele. Seu nome, sua idade, de onde veio, qual sua cor favorita... Tudo mesmo. Senti meu coração se acelerar quando ele deu uma olhada pela sala e ao me ver olhando para ele, ele sorriu. Meu corpo ficou paralizado pela beleza de seu discreto sorriso.
Senti ódio de todas elas quando finalmente percebi que as meninas da sala olhavam aquele estranho com cobiça. De repente eu queria matar todas elas para que ele pudesse ser só meu.
A professora finalmente chegou e se apresentou aos alunos novos, mas tudo o que eu conseguia fazer era lançar olhares para aquele menino loiro que me lançava olhares também e desviava logo em seguida. Foi quando a professora começou a fazer a chamada e eu me interessei, pois finalmente iria saber o nome do estranho.
— Lucas Marques — ela chamou depois de tantos outros.
Todos olharam em volta procurando aquele garoto esquisito e de óculos grossos que não aparecia na escola desde novembro quando foi dispensado das provas finais devido suas notas, mas ninguém o encontrou.
— Deve ter explodido de tanto comer professora — Diego disse e todos caíram na gargalhada menos a professora.
— Eu estou aqui professora — O menino loiro levantou o braço deixando todos nós boquiabertos — E eu não explodi Diego. Eu só não ouvi ela me chamar — então tirou os fones de ouvido.
Ninguém conseguiu responder. Ficamos todos olhando para Lucas. Como aquele garoto estranho e feio tinha se transformado em um Deus? Quando foi que o mundo ficou de cabeça para baixo? O menino esquisito de qual todos zombavam estava ali diante de nós e ninguém conseguia acreditar que era ele.
E o que foi aquilo que senti quando Lucas apareceu na sala de aula hoje?Bom gente, esse é o primeiro capitulo do meu conto espero que tenham gostado.
Uma pergunta: Devo continuar?
