Olá, leitores e escritores da CdC!
Henrique, obrigado pelos elogios. Hector não é apenas um segurança, mas sim um irmão para Victor. Eu particularmente acho que o Eduardo foi muito cara de pau. Espero que consiga achar um meio de ler durante essa semana.
Irish, admito que estou com muito medo de meus leitores não gostar do meu final. No entanto, serei forte e não mudarei nada.
Lucas, sim, o motivo foi ciúmes. Não tinha muito o que ouvir. Victor sabe que o Eduardo o ama de verdade, mas não dá para manter algo, visto que Hector sempre estará ao seu lado.
FabioStatz, realmente, o Eduardo confundiu as coisas. Na verdade, ele até sabia que era diferente com o Hector, mas não quis dividir o Vic.
Neto, sim, eu senti a falta dos seus comentários! Admito até que me senti um pouco abandonado, hahaha! Mas chega de melosidade. Bom, essa sua rotina é de fato preocupante, mas se eu fui capaz de dar uma quebra oferecendo entretenimento, então me sinto satisfeito. E sobre a questão do nome, eu não tenho receio de saberem que sou gay. Sou bem parecido com você, pude ver, já que não me importo que saibam, mas não saio mostrando minha sexualidade. Inclusive sou assumido. O meu único receio real é que saibam da forma como eu imagino um amor perfeito, ou como descrevo o sexo. São coisas muito íntimas, na minha opinião. A ideia do pseudônimo é legal, pensarei sobre isso. Fico feliz que eu esteja melhorando. Obrigado mesmo pelos elogios. Fico feliz que você confie na minha forma de guiar a história, num momento que minha própria confiança nesse quesito está abalada. Mas prosseguirei determinado. Toda vez que um leitor diz que chorou, me sinto o melhor escritor do mundo hahahaha! Não se preocupe em desviar, eu adoro envolver-me com meus leitores. Desejo melhoras a você e que sua rotina dê uma afrouxada. Um grande beijo e um abraço do seu Contista.
Cintiacenteno, menina7, Perley, Chele, Yan700 e Smashing Girl, obrigado pelos votos e comentários.
Boa leitura!
Contato: contistacronico@hotmail.com
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<AMIZADE CRÔNICA>
UM DIA DEPOIS
Eu estava com uma mão segurando o livro de Eduardo e outra prestes a tocar a campainha de seu apartamento. Hector estava lá embaixo, no térreo, já que eu havia pedido para ele não vir. Hesitei.
Depois de tudo o que ocorreu, consegui pensar em tudo claramente. Eduardo havia sido astuto e conseguiu utilizar o período em que Hector estava se recuperando de um abalo emocional. Assim, ele fez com que o ataque de raiva de Hector parecesse resultado de sua instabilidade. Além disso, Eduardo havia conseguido a beta-isotiridina, droga muito difícil de se conseguir e que causava seus efeitos em níveis baixíssimos. Se não fosse pelas instalações de pesquisa da Voldi, nunca teríamos descoberto. Quanto às razões, era claro que tudo havia sido feito por ciúmes. Mesmo que Eduardo nutrisse um sentimento verdadeiro e tivesse lutado por mim, mesmo que usando golpes baixos, eu nunca o perdoaria. Ele não machucou apenas Hector, mas também machucou a mim profundamente.
Toquei a campainha. Após um momento, Eduardo abriu a porta. Sua expressão cansada e triste tornou-se subitamente esperançosa quando me viu. Eu estava, porém, irredutível, e minha expressão mostrava completa objetividade. Estendi o livro, ele olhou para o livro e novamente olhou para mim.
_Você esqueceu isso. – eu disse.
Eduardo pegou o livro lentamente. Quando o livro saiu da minha mão, virei-me e comecei a ir embora. Senti a mão de Eduardo agarrando meu braço de leve. Eu podia sentir que ele estava usando seu último resquício de esperança. Sua voz era fraca ao dizer:
_Vic... fica aqui, vamos conversar.
Olhei para ele e vi total desolação. Eduardo não merecia minha gentileza, mas também não merecia minha raiva. Não mais. Decidi que aquilo seria resolvido ali. Soltei meu braço de sua mão.
_Acabou, Eduardo. – eu disse calmamente – Se fosse para escolher entre o Hector, meu próprio irmão, ou você, eu ficaria em dúvidas antigamente. Mas depois de você ter feito o que fez, a minha escolha ficou fácil.
_Eu fiz aquilo por nós dois...
_Você fez aquilo pelos seus ciúmes, Eduardo. Eu e Hector temos um relacionamento forte, mas não era a mesma coisa que eu e você. Eu não confundiria as coisas, eu não precisava escolher um ou outro. Eu poderia ter os dois, mas você não se contentou com isso, e aqui estamos agora.
Eduardo ficou em silêncio. Eu continuei, ainda calmo:
_Nós vamos nos ver durante as aulas de núcleo livre e podemos esbarrar um no outro na ESOM, mas eu não quero nada com você. Nem amizade, nem coleguismo, nada. – fiz uma pausa, na qual o encarei intensamente – E a única pessoa que você pode culpar é você.
Esperei para ver se ele queria dizer alguma coisa, mas nada veio. Comecei a me virar mas ele finalmente disse, em um tom baixo, mas determinado:
_Você nunca vai achar...
Olhei para ele com uma sobrancelha erguida, ainda esperando a continuação.
_Achar o quê? – perguntei.
_Alguém que queira você e aceite seu relacionamento com o Hector.
Olhei para baixo, pensativo. Finalmente, eu disse:
_Nesse caso, seremos apenas eu e Hector, até que ele decida me deixar, ou até que eu ache alguém que aceite-o como meu protetor. Mesmo você achando impossível.
Virei-me novamente e dessa vez cheguei a apertar o botão do elevador. Durante aquele intervalo de tempo, Eduardo ainda ficou na porta, olhando-me. A porta se abriu com um “plim” e eu ia entrar, mas Eduardo disse:
_Me desculpe, Vic...
Coloquei minha mão para dentro do elevador para impedir a porta de fechar. Encarei Eduardo e disse:
_Você tem o meu perdão, Eduardo, embora não passe disso. – eu fiz uma pausa – Não se esqueça que você não feriu apenas a mim. Adeus.
Entrei no elevador, apertei o botão do térreo e a porta se fechou.
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APROXIMADAMENTE UM MÊS DEPOIS, DIA 20 DE JUNHO (SÁBADO)
“It might seem crazy what I’m ‘bout to say,
Sunshine, she’s here, you can take a break...”
Ovos e açúcar, bater até homogeneizar. Dei um giro enquanto batia os dois ingredientes numa vasilha metálica com um batedor de mão. Meus pés se moviam pela cozinha no ritmo da música.
“I’m a hot air balloon that could go to space
With the air, like I don’t care
Baby by the way...”
Meus pés e minha cabeça dançavam enquanto eu acrescentava, no “olhômetro” margarina, farinha, chocolate em pó, pitadas de sal, essência de baunilha, chocolate meio amargo e nozes picadas.
“Because I’m happy
Clap along if you feel like a room without a roof
Because I’m happy
Clap along if you feel like happiness is the truth...”
Bati os ingredientes até homogeneizar de novo.
“Here comes bad News talking this and that
Well, gimme all you got and don’t hold back...”
Eu dei mais um giro pela cozinha carregando o recipiente metálico enquanto batia a massa. Dei de cara com Leonardo e Aline olhando-me com sorrisos divertidos na divisa entre corredor de entrada e cozinha. Senti que minha cara iria explodir de tanto que eu corei. Larguei o recipiente no balcão com o batedor dentro e tirei meus fones de ouvido. A música continuava tocando.
_Mas que merda, por que não avisaram que estavam aqui? – eu disse me recuperando da vergonha.
_E perder a chance de ver o grande Sr. Voldi dançando e cantando enquanto cozinha? – disse um Leonardo debochado – Além disso, foi o Hector que abriu a porta e nos mandou entrar.
O sangue subiu novamente. Eu não havia ouvido a campainha. Hector estava indo de volta para o seu quarto, caminhando sorrateiramente com um sorrisinho debochado no rosto. Pensei em jogar uma panela nele, mas não o fiz.
_Mas você canta e dança tão bem, Victor... – disse Aline parecendo encantada enquanto Leonardo ainda morria de rir.
_Calados. – eu disse, cortando aquele assunto.
Eu usava uma camiseta bege com a estampa de um suricato, uma bermuda preta e chinelos. Meus cabelos haviam crescido um pouco, não longos demais, formando uma franja de lado que quase chegava aos olhos, meus cabelos faziam uma leve curva para fora na altura da nuca. Aline usava uma camiseta branca, shorts jeans curtos azul claro e sandálias, seus cabelos estavam soltos, formando ondas quase pretas e com pontas repicadas. Eduardo vestia uma camiseta regata cinza levemente folgada, uma bermuda branca e chinelos, seus cabelos loiros escuros curtos estavam como sempre, com um topete descontraído e sua barba estava por fazer. Todos já se sentiam a vontade em casa, visto que, no último mês, todos os domingos eram daquele jeito, mas dessa vez resolvemos fazer num sábado, já que alguns iriam embora no domingo ou na segunda.
_Vou terminar esse brownie, vocês me ajudam com o strogonoff.
_Carne ou frango? – perguntou Leonardo.
_Qual você quer? – perguntei.
_Carne.
_Então vai ser frango. – eu disse secamente.
Aline riu e Leonardo pareceu ficar indignado. No entanto, era brincadeira, eu ia fazer de carne mesmo.
_Aline, você pode lavar o arroz. Leonardo... morre. – eu disse com indiferença, ainda um pouco envergonhado por eles terem me visto em um momento... particular.
Eu ia cortar a carne numa tábua, mas Leonardo chegou e deu-me um leve empurrãozinho para o lado com uma batida de corpo. Ele deu um sorriso e disse:
_Deixa que eu faço isso.
Olhei para ele com cara de criança birrenta, mas fui terminar o brownie.
Aquele era um dia especial: comemorávamos o fim do semestre letivo. Hector, Aline e eu passamos em todas as matérias com as maiores notas, e até Leonardo foi aprovado em suas matérias do terceiro período, embora não com notas tão altas, o que podia ser explicado por tudo que havia acontecido com ele.
_Ei, Aline, você não gostaria de conhecer o Rafael, sei lá, talvez sair com ele? – perguntou Leonardo com um sorriso insinuante enquanto cortava a carne.
Aline ficou vermelha como um pimentão e tentou dizer:
_Hum... Eu? Rafael? Não... Quero dizer, não sei...
_Ele é legal, Aline, não é um canalha qualquer. Além do mais, se ele pisar na bola contigo, eu quebro a cara dele. – disse Leonardo com um sorriso reconfortante.
_Pega leve, fortão. – eu disse despejando a massa de brownie na forma – Você mal tirou o gesso do braço.
Leonardo largou a faca no balcão, veio por trás de mim e envolveu meu pescoço com seu braço direito recém-recuperado, fazendo uma chave de braço, mas sem aperto.
_Acho que meu braço tá ótimo. – ele disse com um sorriso desafiador.
Dei um chute para trás, acertando sua canela. Ele deu um gemido de dor e me soltou. Nós três rimos.
_De qualquer maneira, não saia oferecendo qualquer cara para a Aline. – eu disse reprovando-o.
_O Rafael quer uma coisa séria, e tô falando com a Aline porque sei que ela é uma ótima pessoa. Eu não apresentaria uma vadia para meu melhor amigo. – ele disse voltando a cortar a carne.
_Hum... gente...- tentou dizer Aline.
_Então ela vai conhecer ele. – eu disse.
_Eu vou? – perguntou Aline.
_Ótimo, então precisamos arranjar um encontro para os dois. – disse Leonardo ignorando-a.
_Mas gente... – ela parecia confusa.
_Cinema seria uma boa? – perguntei para Leonardo, não dando atenção a ela.
_Eu acho que... – ela tentava dizer.
_Não, o Rafael não gosta muito de cinema. – disse Leonardo olhando para a carne.
_GENTE! – ela gritou.
Eu e Leonardo olhamos para ela com curiosidade e com um uníssono “hã?”. Ela parecia abismada com a nossa ignorância.
_Parem de decidir essas coisas sozinhos! – ela exclamou.
_Se não formos nós, você nunca vai tomar iniciativa. – eu disse como se mostrasse algo óbvio a ela.
Aline me encarou por um instante, mas logo desfez a expressão séria e adquiriu uma expressão resignada. Disse, então:
_É verdade, continuem.
Eu e Leonardo rimos.
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_Canta pra gente, Vic. – disse Leonardo com um sorriso.
Dei uma olhada matadora para ele enquanto colocava uma colherada de brownie com sorvete de creme na boca.
_É, Vic, canta! – disse Aline.
_Não. – eu disse com a boca cheia.
Estávamos eu, Hector, Aline e Leonardo sentados no carpete e comendo a sobremesa. Hector levantou-se silenciosamente e foi até o corredor dos nossos quartos. Voltou logo em seguida com o meu violão. Sentou-se e entregou-o a mim. Tudo com uma indiferença que eu sabia estar cobrindo sua gracinha.
_Você é ridículo, Hector. – eu disse olhando para ele incrédulo.
Ele deu de ombros e largou o violão ao lado. Leonardo pegou-o e começou a testar o som. Nós o encaramos e ele percebeu.
_Eu sei tocar. – ele disse como que esclarecendo as coisas.
Ele afinou o instrumento e testou novamente, assentindo quando via que o som estava certo. Começou a tocar uma música e cantá-la. Logo eu a reconheci.
_I’ve been roaming around always looking down at all I see. Painted faces fill the places I can’t reach.
Sua voz era mais grave que a do vocalista do Kings of Leon, mas encaixava-se perfeitamente com a música. Não pude evitar uma expressão admirada. Leonardo tocava maravilhosamente bem e cantava de forma muito satisfatória.
_You know that I could use somebody... You know that I could use somebody...
Seus braços fortes mostravam fluidez nos movimentos, e seu rosto mostrava uma concentração profunda. Quando eu percebi, eu já estava cantando:
_Someone like you, and all you know, and how you speak. Countless lovers under cover of the street...
Leonardo olhou para mim e sorriu satisfeito. Acrescentou sua voz à minha, e cantamos juntos:
_You know that I could use somebody... You know that I could use somebody...
Ele fez uma pausa, após o que fez alguns toques lentos para finalizar:
_I’ve been roaming around, always looking down at all I see. – cantamos em uníssono.
Leonardo finalizou emitindo do violão um som que flutuou no ar por um instante. Aline estava boquiaberta, com um rosto admirado. Hector sorria.
_Uau. – disse Aline.
Eu e Leonardo trocamos um sorriso.
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Eu e Leonardo lavávamos a louça. Eu lavava e ele secava. Hector arrumava nossa bagunça na sala e na cozinha. Aline já havia ido embora para se preparar para sua viagem, que seria na madrugada.
_O que você planeja fazer nessas férias? – perguntou Leonardo enquanto secava um copo.
Pensei um pouco enquanto enxaguava um prato e o colocava no escorredor.
_Acho que vou ficar em casa, contratar alguns professores... o mesmo de sempre. – eu disse indiferente.
Leonardo olhou-me como se eu fosse um ser de outro planeta.
_Como você é tedioso. – ele disse.
_Como você é ignorante. – eu retruquei.
Ele deu um risinho.
_É brincadeira, Vic. Mas sei lá, agora que você saiu da sua toca, bem que você podia pensar em viajar, conhecer alguns lugares...
Pensei um pouco naquilo. Hector deixou as tigelas sujas em que comemos sobremesa na pia. Aproveitei para perguntar a ele:
_O que você acha disso, Hector?
_Cogitável. – ele disse.
Virei-me para Leonardo com um sorriso determinado.
_Cogitável. – eu repeti.
Leonardo riu vendo aquela cena. Terminamos tudo o que tínhamos para fazer e Leonardo anunciou que iria embora. Decidi que acompanharia ele até lá embaixo. Percorremos todo o caminho em silêncio até o portão. Chegando lá, Leonardo disse:
_Você está convidado para passar uns dias na Mansão Miller, Sr. Vic. – ele disse com um sorriso – Se você se entediar dos seus grandiosos professores com cinco doutorados cada, é só ligar.
Sorri para ele e decidi forçar a educação:
_Que bondoso da sua parte, Sr. Léo. – eu fiz uma mesura.
Ele riu, mas interrompeu de súbito e olhou-me desconfiado.
_Você me chamou de Léo? – perguntou.
Dei um sorriso falsamente tímido, falso o bastante para Leonardo perceber.
_Você não gosta, Léo? – eu perguntei com um tom inocente.
Ele riu novamente e disse:
_Eu gosto.
Ficamos nos encarando por um momento, até que Leonardo decidiu falar:
_Bom... já que você é orgulhoso demais, provavelmente não nos veremos nessas férias. Então eu realmente espero que você aprenda muitas coisas nessas férias.
Ele se aproximou e deu-me um abraço de urso, com um aperto forte, mas aconchegante, com seu corpo grande envolvendo-me. Fechei os olhos e retribuí o abraço, embora com delicadeza, ao invés da brutalidade carinhosa de Leonardo. O abraço se prolongou por alguns segundos até nos separarmos.
_Vejo você no início das aulas, Vic. – disse ele saindo de forma apressada.
Por um momento, pensei ter visto uma leve tristeza no rosto de Leonardo, mas ele se virou rápido demais e saiu pelo portão.
_Até lá! – eu disse.
Ele não se virou, não mostrou seu rosto, apenas levantou a mão de leve num aceno descontraído de costas. Sua camiseta balançava de leve com a brisa gelada...
...e seu caminhar até o carro do outro lado da rua parecia desolado sob a noite silenciosa e solitária.
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Entrei no apartamento e vi Hector sentado de forma largada no sofá, assistindo a um filme na HBO. Deitei-me no sofá e utilizei sua coxa como travesseiro, colocando minha cabeça em seu colo. Hector continuou olhando para a TV.
_Você também tá sentindo um estranho vazio? – perguntei olhando para o teto.
Hector baixou os olhos até os meus e disse:
_Não.
Pensei sobre aquilo. Saber que Leonardo e Aline estavam indo embora e que eu só iria vê-los novamente em agosto... Aquilo me dava um sentimento ruim, como se eu estivesse perdendo alguma coisa.
_O que você acha que é esse sentimento? – perguntei a Hector.
Ele pareceu pensar um pouco até responder:
_Talvez você os considere realmente importantes.
_Mas é só por pouco mais de um mês. Eu não deveria ser fraco assim...
_Quando ficamos longe um do outro, naquela semana, eu me senti realmente mal. – disse Hector.
_Hum... tem razão, eu também me senti. Mas nós dois somos um caso especial. – eu disse dando um sorriso.
Hector sorriu também e tirou minha franja que caía sobre minha testa. Meu celular tocou no meu bolso. Era meu pai. Atendi ainda deitado com a cabeça no colo de Hector.
_Olá, Sr. Orlando Voldi. – eu disse com uma formalidade forçada.
_Boa noite, filho. Tudo certo? – ele perguntou.
_Maravilhosamente certo. O dia foi ótimo. – respondi.
_Que bom. Bem... eu liguei para pedir uma coisa.
_Ah, sério? – eu disse sarcasticamente, porque, estranhamente, meu pai sempre me ligava para pedir para eu fazer alguma coisa.
_Sério. – ele disse ignorando o sarcasmo – Estou aqui na Índia a negócios, e amanhã o Alberto Halven vai dar uma festa beneficente. Fomos convidados, mas eu não posso ir. Gostaria que você fosse, já que foi você quem preparou o novo contrato com a Halven Chemicals quando tivemos aquele problema com o Alvareda, lembra?
_Lembro.
_Pois então, seria uma boa ideia ter um contato mais pessoal com o mundo dos negócios. – ele disse como se aquilo fosse muito interessante.
_Bom, se você quer, pai, então eu faço. O que eu devo fazer lá? – perguntei.
_Só suporte os puxa-sacos e sorria educadamente. – ele respondeu.
_Certo. – eu disse.
_Ok, obrigado, Victor. – ele ia desligar, mas lembrou-se de perguntar – Ah, foi aprovado em todas as matérias?
_Claro. – eu disse quase indignado com aquela pergunta.
_Ah, que bom, achei que eu teria que subornar o reitor.
A última coisa que eu ouvi foi uma gargalhada antes de ele desligar. Olhei para o telefone como se algo absurdo tivesse acontecido.
_Velho desgraçado... – eu disse com um sorriso.
Hector deu um risinho.
<Continua>