Já refeito de sua emoção Bruno finalmente saiu do vestiário e seguiu direto para seu escritório. Tentou concentrar no trabalho que teria que fazer e como não conseguiu, ficou apenas sentado na sua cadeira, lembrando das expressões de Gustavo enquanto falava com ele. Rancor, mágoa, decepção, tudo estava ali, só que havia também dor, desejo, esperança e porque não sonhar mais ainda, amor... " É certo que havia amor, por isso que ele reagiu daquele jeito ", foi tudo o que pensou.
Gustavo por sua vez mais parecia um robô que ao ser ligado executaria os movimentos com a máxima precisão e sem vida. Ele não parava de pensar na tristeza que viu estampada no rosto do homem que um dia, há quase muito tempo atrás tinha sido o seu norte. Ele sabia muito bem p que era tentar ser ouvido e não ser. Ele sabia muito bem oque era amar e sofrer. Ele também sabia, que não sabia ainda muita coisa sobre perdão, chance, e o total significado do verbo amar.
No final da aula, Julio Cesar, o Educador Físico que havia sido contratado há pouco mais de três meses, veio falar com Gustavo:
_ O que aconteceu hoje Gustavo? Você estava a quilometros de distância daqui. Acho inclusive que você nem notou a temperatura da água.
_ Deu pra notar, é?
_ Não só notar como tocar. Rapaz era quase palpável sua abstração daqui. Posso te ouvir se você quiser e lhe garanto que tenho um ótimo par de ouvidos pra isso.
Julio era um cara que se podia chamar de amigo. Um belo homem de 30 anos de idade, que além de ser Educador Físico era também proprietário de uma loja de produtos naturais que acabara de abrir sua segunda filial e já partira para voos mais altos com sua loja virtual na internet de roupas e acessórios esportivos de boa aceitação no mercado.
_ Bem que seria legal ter com quem dividir algumas coisas. Valeu Julio, quem sabe eu peça ajuda.
_ Que tal se fosse amanhã? Pelo que li no horoscopo, amanhã será um ótimo dia para ficar com amigos. Pelo menos era isso que dizia o meu signo.
_ Isso é um convite? Será que você não tem nada mais interessante pra fazer na companhia dos seus amigos do que aguentar um chato promotor Público cheio de neuras e que já se acostumou a ser sozinho?
_ Se você me der a honra de sua companhia, prometo me dedicar só a você meu amigo. Então vamos sair, beber alguma coisa, ver gente? A gente pode até dançar, eu conheço meio mundo dessa cidade que com certeza achariam legal a sua companhia. O que você me diz?
_ Logo amanhã?
_ Sim, ou você já tem compromisso? Perguntou Julio Cesar.
_ Nada na agenda, é que ... Tô aniversariando amanhã e pensava ter um dia bem tranquilo na minha casa mesmo.
_ Como é que é? Nada disso meu amigo. Amanhã temos que comemorar e muito. E então, o que você me diz?
_ Desculpa Julio, não tenho nada pra comemorar não. Na verdade nem gosto muito da data e não é pelo fato de ficar mais velho não. Sou assim mesmo. Agradeço muito sua atenção, seu convite.
_ Posso pelo menos te dar uma abraço?
E antes da resposta de Gustavo, Julio Cesar o abraçou de surpresa. O contato com outro corpo o fez enrijecer o seu. Se o Educador Físico notou, também nada disse.
_ O melhor à você Gustavo. Parabéns meu amigo.
Após o fim do abraço, Gustavo relaxou, agradeceu meio envergonhado e seguiu para o vestiário. Durante o treino de musculação, pegou pesado nos exercícios. Era essa sua rotina, Cansar o mais que podia seu corpo, chegar em casa tomar banho, comer alguma coisa deliciosa feita por Tânia, ler algum bom, o atual era a releitura de O NOME da ROSA do Umberto Eco, e depois dormir como um anjo, segundo as lembranças das palavras da mãe.
Já era quase hora de fechar a academia e poucas eram as pessoas que lá estavam, quando Bruno mais uma vez encontrou com Gustavo no vestiário.
_ Eu sei que você me odeia. Eu sei que nunca mais na minha vida eu terei qualquer chance com você. Então como eu só tenho esse tempo em que você se troca pra poder fazer você me ouvir, eu quero dizer que sinto muito por não ter tido clareza para saber separar as coisas que infelizmente me levaram a ser tão radical e irracional. Eu só não te procurei porque me senti no começo muito mal com o que aconteceu e só depois que eu tive certeza de que nós eramos vitimas de uma mesma situação e pessoa, é que vi já não ser mais possível voltar atrás. Você falou de sofrimento. Eu também tive minha parcela de sofrimentos nessa louca e pouca vida que tive até agora. E pode estar certo Gustavo que sofro até hoje. Minha família finge que me aceita, alguns amigos que eram os mais queridos se afastaram de mim, eu sempre tive meu irmão como modelo e ele me decepcionou muito, aí quando eu finalmente encontro alguém que sei que vale a pena, a vida me dá mais uma rasteira e me deixa sozinho com minhas dores e meu penar.
Gustavo ouvia tudo isso e procurou o mais que pôde, retardar o que fazia, para justamente poder ouvir, mesmo se fazendo de desinteressado, o que Bruno dizia.
_ Eu sei que não tenho mais nenhum direito de pedir nada a você, mas se ainda tiver uma pequena chance, eu gostaria imensamente de pedir que você um dia consiga entender toda essa louca história em que fomos vítimas das circunstâncias e se não for abusar muito, dizer que o que sinto por você não morreu, me faz sofrer, e ainda hoje serve de consolo porque foi você que me fez descobrir o que é amar alguém e por esse alguém ser capaz de tudo, até tentar voltar a ser feliz, mesmo sabendo que a felicidade veio e eu deixei ela ir embora. Não vou mais tomar seu tempo não, pois vi você e o Julio conversando lá na piscina no final da aula. O cara é um grande amigo e gente boa, como se diz. Desculpa mais uma vez Gustavo pelo que fiz e pelo que causei a você e a nós mesmos. Boa sorte cara, você merece.
Bruno virou-se para sair e quando já estava quase passando pela porta do vestiário, ouviu a voz de Gustavo:
_ Você não me deu chance nenhuma. Eu nunca na minha vida fui um cara popular ou o que chamavam de o tal. Vivi uma vida de solidão e solitária. Perdi meus pais muito cedo. Perdi meus avós que me criaram cedo demais. Só me sobrou muito dinheiro e uma vida grandiosa no meu trabalho e depois na minha carreira. Aí eu decidi que gostaria muito de mudar. E nessa mudança conheci pessoas que viraram amigos, passei a ser mais tolerante com as diferenças que sempre estiveram em mim e nunca tinha tido coragem de revelar e conheci sentimentos que me fizeram finalmente entender o que eu era e que graças a Deus me davam motivação para viver. Eu estava vivo e pela primeira vez feliz com minhas decisões no campo pessoal. Até o dia em que te conheci e com você o respeito, a amizade, a preocupação com o outro e finalmente o amor. Amor que ao contrário quer dizer Roma, cidade do amor... Bobagem isso. Só que ao conhecer o amor, também conheci a dor, o sofrer, o querer muito alguém e ser rejeitado. E foi com você Bruno que tudo isso aconteceu.
A porta do armário foi fechada e a mochila de Gustavo foi colocada em cima do banco de madeira. Bruno o olhava com o rosto muito sério e ternamente.
_ Hoje você me pede desculpas. Diz que sofre e que tem certeza que não tem mais chance. Quem te dá tanta certeza assim? A vida, o momento, seu medo? Não Bruno o clichê diz que só temos certeza do nosso fim, e que jamais saberemos o que acontecerá em instantes por justamente sermos complexos. Eu só posso dizer a você Bruno - e os olhos de Gustavo já estavam marejados e logo logo as lágrimas iriam turvar um pouco sua visão - que te amo cara, sozinho, no meu silêncio e na minha mágoa. Você é apenas um garoto mais novo que um dia falou de ter medo de não haver uma continuação entre nós, só que naquele dia você se enganou pois eu quis e ... As lágrimas finalmente caíram... Que não sei se você ainda esta disposto a caminhar junto e isso me faz sofrer muito.
O rosto de Bruno iluminou. Ele veio em direção a Gustavo e parou exatamente a sua rente. Pegou a mão gelada do Promotor e colocou sobre seu peito esquerdo e disse:
_ Ele é capaz de dizer muito mais que palavras.
Bruno finalmente envolveu Gustavo em seus braços fortes e a emoção do momento não foi quebrada por longos e preciosos minutos.
Finalmente Bruno disse:
_ Você me perdoa?
_ Isso de perdão é meio complicado. Eu prefiro te pedir para que não me machuque mais, e consequentemente não se machuque também. Olha bem dentro dos meus olhos Bruno, EU TE AMO. E o que me conforta é saber que você também.
Os dois saíram juntos da academia.
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Oi EDU 19 e 15, Parece que as coisas vão voltar ao seu eixo normal. Espero que goste da leitura de hoje. Abraço querido amigo.
Oi RIQUINHO, acho que 6 meses de sofrimento foi ou é um tempo considerável, né mesmo? Obrigado meu querido por seguirmos em frente. Abraço.
Oi GEOMATEUS, querido amigo concordo com você. Olha só que aconteceu hoje, né? Um grande abraço.
Oi NINHA M, minha querida desejo o mesmo a você e concordo com o comentário, viu? Grande beijo nesse lindo coração.
Oi ESPERANÇA, e é por isso que sofremos tanto... Temos o péssimo hábito de não ouvir e ter sempre razão, né mesmo? Meu querido Talismã, um beijo nesse lindo coração e obrigado pela caminhada.
Oi MAMA, querida ROSE só nós sabemos o quão complicado pode ser o sentimento amor. Acho que no dia que aprendermos a ouvir mais e ceder no momento certo, a coisa vai. Obrigado minha lindona por sempre estar e minha vida. Amo você. Beijo nesse coração maravilhoso.
Oi DRICA(DRIKITA) minha querida acho que o tempo de separação desses dois, os fizeram ver que realmente se amam, né? Vamos ver o que acontecerá adiante. Um beijo enorme minha querida.
Oi DW-SEX, meu querido amigo foi como disse, a semana foi muito desgastante. Tô cheio de trabalho pra fazer e esse final de semana vai tomar ainda muito do meu tempo de folga. Acho que o tempo de sofrimento tá indo embora. Concordo com suas observações, só que amar e sofrer é aquilo que chamamos de complicado por fazerem parte da nossa vida. Grande abraço meu amigo e obrigado por nos acompanhar nessa gostosa caminhada.
Sei que muita gente ainda nem leu a parte 10 e eu já coloco a 11. Só quero dizer que mesma sem ver seus comentários, agradeço pela companhia e por me darem a honra de querer melhorar sempre. Abraços e beijos.