“medo de viver sem você, te amo”
Fui recobrando a consciência aos poucos e quando abrir os olhos estava em meu quarto deitado em minha cama com o Guilherme sentado do meu lado.
-o que houve? Meu deus Gustavo.
Pulei da cama e ia correndo para a porta quando o Guilherme me puxou e me jogou na cama.
Guilherme- se acalma Flavio.
-COMO ME ACALMAR. Disse gritando e correndo para a porta, mas o Guilherme me segurou mais uma vez. –POORRA ME DEIXA IR, EU TENHO, EU PRECISO VER ELE.
Comecei a ficar sem forças pra sair dos braços do Guilherme e aos poucos fui desabando em choro e mais choro.
-cadê ele Gui, cadê o Guto.
Guilherme— ele esta no hospital, foi levado as pressas. Ele fez uma pausa e me soltou. –ele esta em estado grave Flavio, ele precisa de sangue e o banco de sangue do hospital não tem.
Quando ele disse aquilo eu comecei a ficar frio, senti uma parte de mim ficando sem vida.
-como é que é? Alguém tem que ter o mesmo tipo que ele.
Guilherme- o tipo sanguíneo dele é O negativo Flavio, e um tipo raro. Poucas pessoas tem esse sangue.
-meu deus. Comecei a calcar um sapato e pegar meu casaco. –vou ao hospital, ficar com o meu amor.
Guilherme- você dormiu por quase 5 horas Flavio, já esta tarde e você deve descansar.
-pro inferno descanso, eu quero o Gustavo, quero ver ele aqui na minha frente.
Corri para o carro e dei partida junto com o Guilherme, enquanto dirigia liguei o rádio e a musica que tocava marcou aquele momento, já conhecia a musica e a tradução.
-eu juro Guilherme que a partir de hoje se o Gustavo sair dessa vou dedicar a minha vida para a nossa felicidade.
Guilherme- vocês agora vão ser felizes para sempre, parece que o único mal que existia já se foi.
Ele foi me contando no caminho tudo que o Juliano fez com o Russel e tudo que ele ainda iria fazer, ele era um monstro e foi mais que merecido levar aqueles tiros e morrer, e o Russel não seria preso pois foi legitima defesa, e como os pais tem uma considerável fortuna ele não iria ficar muito tempo com processos.
Chegamos no hospital e logo na recepção encontrei todos os meus amigos, os pais do Guto e os meus pais, todos apreensivos e esperando os médicos para dar mais resultados do estado de vida do Guto.
-encontraram algum doador? Disse olhando para os meus amigos.
David- ainda não, e um tipo sanguíneo muito raro.
Eu me levantei e fui para a frente da UTI onde o Guto estava e eu conseguia ver ele La pelo vidro, aquilo me partia o coração. Fui para a capela e La eu consegui descarregar meu medo e chorei muito pedindo a deus que tudo aquilo resolveria o mais rápido possível, não poderia perder o meu amor, minha alma gêmea.
-meu deus, ajuda o Gustavo nessa hora mais difícil das nossas vidas, sei que não sou um cara muito religioso mas eu peço que olhe pela vida dele.
Estava ali rezando quando alguém se ajoelhou do meu lado e começou a orar baixinho.
-muito obrigado por ser tão rápido no gatilho e conseguir salvar muitas vidas Russel.
Russel- como sabia que era eu do seu lado?
-seu perfume, é inconfundível. Disse me sentando e olhando pra ele. – obrigado por vir.
Russel- Flavio eu fiz tudo aquilo por que eu estava nas mãos do Juliano, nunca que eu iria lhe fazer mal ou ao Gustavo. O amor de vocês dois serve de exemplo hoje em dia, e puro, verdadeiro, forte. Ele ficou olhando pra mim e me abraçou. –estou aqui para ajudar no que precisar, você e o Gustavo são como irmãos pra mim, me perdoa por tudo.
-não tem o que perdoa Russel, agora devemos rezar para que tudo corra bem com o Guto, o caso dele e grave e não tem sangue no banco de sangue para ele.
Russel- como assim?
-o sangue dele é O negativo, um tipo raro e que aqui não tem no estoque, ele esta entre a vida e a morte. Disse começando a chorar. –desculpa, mas é mais forte que eu.
Russel- chorar é limpar a alma, deixar que tudo de ruim saia e só deixe coisas boas. Ele se levantou e ficou olhando pra mim. –tudo vai dar certo Flavio, acredite.
Ele saiu e eu fiquei mais um tempo La, pensando em tudo, ouvindo o silencio que me fazia pensar e refletir, estava com muito medo, muito mesmo. Passei apressado por todos na recepção, estava ficando sem ar no hospital, corri entre os carros e fiquei parado no estacionamento, uma chuva fina caia molhando meu corpo e esfriando minha alma.
Guilherme- vem aqui mano. Ele me abraçou. –pelo amor de deus não fica assim.
-gui, sou eu ali naquela cama, é uma parte minha ali. Ninguém entende isso, ninguém sabe o quão forte esse sofrimento é para mim.
Guilherme- eu sei mano, vem Ca. Ele me puxou e ficamos na recepção vendo a chuva cair La fora.
-a pior noite da minha vida. Disse olhando para a chuva.
David- acharam um doador para o Gustavo. Disse o David vindo em minha direção sorrindo.
-Graças a deus.
Guilherme- e quem é ele?
“sou eu” uma voz disse atrás de mim.
Me virei e ali tomei um grande susto, e uma bela surpresa. –Você?
#CONTINUA
