Cap.20
- Posso entrar ?- perguntou ele, com a cara mais fofa do mundo.
- Pode - falei, ainda encantado com aquela flor. Ele ia passar por mim, mas eu não resisti e puxei ele pra mim.
- Nossa, o que é isso ?- falou ele, com o rosto quase encostado no meu.
- Adorei a flor, faça mais gestos assim e logo vou estar caidinho por você. - ri, ele também.
- Pode deixar, valeu pela dica- falou ele, indo cumprimentar a tia. Levei aquela flor para o quarto, e a coloquei num vaso. Estava começando a sentir meu coração palpitar por aquele garoto romântico.
TEMPO DEPOIS
- Pronto, a pipoca já está pronta !- falava Danilo, entrando no quarto.
- Oba, agora esse filme vai pra frente.
Estávamos na casa dele, no quarto dele. Não tínhamos nada pra fazer, e como não tem nada melhor que um filme romântico, escolhemos assistir o velho mais atual Titanic, do ex-bonitão Leonardo di Caprio, e da incrível Kate Winslet. Nos embrulhamos naquele quarto e ficamos vendo o filme, com aquela pipoca. Juro a vocês que estava pensando nele a todo momento. Danilo já não saia mais da minha cabeça. O tempo foi passando, e aquele friozinho que fazia no quarto, foi me dando sono, e acabei dormindo. Acordei com uma claridade enorme no meu rosto. Olhei no relógio, eram 08h45 da manhã.
- Nossa, passei a noite toda aqui- falei, ainda atordoado. Foi quando percebi em que posição estava. Minha cabeça estava sobre o peito dele, ele me abraçava, mas ainda não estava acordado- nossa, o que estou fazendo aqui, desse jeito ?- perguntei a mim mesmo. Tentei sair sem acorda-lo, mas não deu certo.
- O que foi ? Já é de manhã ?- falou ele cheio de manha.
- Desculpa te acordar !-falei, saindo de vez de seus braços. Ele forçou a vista e me viu.
- Não tem problema !- falou, bagunçando meu cabelo- o que você está fazendo aqui ? Não ia pra casa a noite ?
- Acabei pegando no sono. Minha tia deve estar uma fera, vou tomar um banho pra ir logo pra casa.
- Eu também. Pode deixar que eu te levo lá.
Tomei um banho, um café, e logo fomos em direção a casa. Quando chegamos lá, a tia estava saindo.
- Daniel, o que deu em você pra dormir fora e sem me avisar, não se esqueça que eu sou sua responsável aqui, e se acontecesse alguma coisa ?
- Eu estava na casa de Danilo, acabei pegando no sono antes que desse tempo de avisar.
- Tudo bem, eu já estou atrasada, bom dia- falou ela, saindo as pressas.
- Bom dia.
Fomos entrando e Gabriel estava deitado no sofá, com uma maçã na mão.
- Já tenho que ir Daniel, bom dia pra você, mas tarde te ligo- falou ele, dando um beijo no canto do meu lábio, que me fez esquentar.
- Ok Danilo, bom dia- falei, me afastando dele. Logo ele saiu. Aquilo não ia prestar. Eu estava sentindo, era questão de tempo pra eu beijar ele.
DIAS DEPOIS
Estávamos andando pelo gramado de um parque, lado a lado. Era meu último dia em Chapecó, e eu não estava com a mínima vontade de voltar. Eu estava, apaixonado por Danilo, mas, como sempre, a coragem me impedia de abrir-me com ele. E como ele não se manifestava, acabei achando que ele não gostava realmente de mim, que queria apenas ficar. Por isso acabei marcando a passagem. Iria comunicar isso a ele naquele dia.
- Aff Daniel, vamos parar um pouco aqui, estou cansado !- falou ele, deitando na grama.
- Ok- falei, deitando ao seu lado. Fiquei por alguns minutos olhando pro céu, até criar coragem pra falar aquilo- ei, tenho uma coisa pra falar pra você.
- O que ?
- Eu estou voltando pra Curitiba amanhã- falei, de uma vez só. Ele se levantou e olhou pra mim, com cara de desentendido.
- O que ? Eu não acredito, eu ouvi isso mesmo ?
- Sim. Eu vou embora amanhã- falei de cabeça baixa.
- Não ! ... mas porque ? E eu ? Eu não quero que você vá, eu...
- Eu ? - de repente, ele deu as costas, e saiu correndo. Me levantei, e vi ele bem longe. Uma lágrima escorreu. Pela segunda vez, havia deixado a oportunidade de amar e ser amado escapar. Ou não.
NO DIA SEGUINTE
- Tem certeza que você tem que ir embora Daniel ? Eu já estava tão acostumado com você aqui.
- Sim tia, Chapecó já deu pra mim, prefiro voltar pra Curitiba, lá é o meu lugar.
- Vou sentir suas faltas nas bagunças- Gabriel dizia, me ajudando a colocar as malas no táxi- tem certeza que não quer que eu vá com você ?- ele perguntou.
- Não, ou então vou derramar litros de lágrimas, como já estou fazendo !- falei, abraçando ele. Em seguida, abracei a tia.
- Tchau garoto, e sempre que quiser visitar, a porta está aberta. Vamos aguardar ansiosamente a sua visita.
- Ok tia- falei, triste. A pessoa que eu mais queria abraçar não estava ali. Entrei no táxi e fui em direção ao aeroporto.
NARRADO POR DANILO
- Não acredito que ele vai fazer isso comigo !- falava, aos prantos, enquanto corria pra casa.
Sabe de quem estou falando ? Do Daniel, aquele paranaense que mexeu com meu coração e cabeça ao mesmo tempo, aquele, que por uma coincidência eu conheci no cinema. E que fui aprendendo a amar, desde o primeiro dia. Esse amor aumentou, mas tudo foi por água abaixo a pouco tempo, quando ele disse que iria voltar pra sua terra, e nem ao menos demos um beijo inesquecível. Estava triste no meu quarto, o mesmo em que ele já dormiu, que já assistiu filmes comigo, que me fez ficar mais apaixonado por ele. O dia passou e outro começou. Ele iria viajar naquele dia. Estava muito triste, quando me dá a idéia de ao menos tentar falar com ele. Ligo pra a casa da tia.
- Alô- era o Gabriel.
- Ah, oi Gabriel, o Daniel ainda está ai ? Posso falar com ele ?
- Não Danilo, ele já foi para o aeroporto, triste.
- Triste ?
- É
- Mas porque ?
- Sinceramente, ele não me contou- será se ele estava triste por mim. Me enchi de esperanças aquele momento, e decidi que era agora ou nunca.
- Ok, obrigado- desliguei o telefone e sai correndo para me trocar.
TRILHA SONORA: I'LL SEE YOU SOON-COLDPLAY
Peguei o táxi mais rápido que pude e pedi pra ele correr para o aeroporto. Logo cheguei lá. Sai correndo, é atropelando algumas pessoas. Fui até o guichê perguntar do voo.
- Com licença, o voo que vai para Curitiba já saiu ?- estava afoito.
- Não, estão embarcando agora.
- Ok- corri para a sala de embarque. Ainda o vi na porta, e quando iria gritar, ele entrou- droga, droga !- fiquei alguns segundos irado, mas eu não iria perde-lo tão fácil. Corri de novo para o guiche- tem vaga ainda para o voo.
- Tem, mas nós não podemos mais vender, já está em cima da hora dele partir.
- Poxa, é uma emergência, por favor, eu preciso estar nesse voo, é muito importante !- falei, quase chorando.
- Tudo bem, se é tão importante assim, vende pra ele !- falou a chefe da equipe, para minha alegria e salvação. Dei minha identidade e o cartão da minha mãe. Mesmo sabendo que ia levar uma bela bronca, era por uma causa maior. Logo tinha pegado meu check-in, tive que correr, ou não pegaria meu voo. Fui o último a embarcar. Corri mais para alcança-lo no corredor. De repente, o segurei.
- Daniel !- falei, o puxando- por favor, não me deixa, eu preciso muito de você !
Continua
Gostaram ????