Tarquino tinha pressa em deixar tudo arrumado antes de finalmente poder gritar a plenos pulmões de que era livre e nada nem ninguém jamais teria que dizer como ele conduziria a sua vida.
O que mais odiava era ter que acordar cedo, comer uma porcaria de café da manhã após a higiene pessoal que era coletiva e começar as atividades rotineiras, inerentes a cada maldito orfanato por onde passou, desde que aos oito anos se viu sozinho no mundo.
O que mais lembrava era da noite. Noite essa escura e de muita chuva, coisa rara no Ceará. E do rosto sempre sorridente do pai. Ele era um homem bonito, carinhoso e sempre lhe dizia que o amava e que eles seriam sempre muito felizes. A mãe havia sido morta pelo pai na sua presença e ele nada falou sobre esse ato de loucura que acabara de praticar e cometera suicídio minutos depois olhando nos olhos do filho que sempre amou. Sabia que tinha uma irmã mais nova que ele, nunca mais a viu. Por sorte ela tinha sido levada por um casal do sul do país, pelo menos foi o que ele soube no dia em que foi transferido para outro lugar por conta de sua idade.
Durante os anos que se seguiram, pulou de instituição em instituição, sempre na esperança de que seria nessa nova casa que ele seria finalmente levado por um casal e voltaria a ter pai e mãe novamente, mesmo sabendo que eram de mentira. Isso nunca aconteceu. Aos 17 anos, já era um garoto alto e forte. Tinha uma pele trigueira, o cabelo era muito preto e longo. Um sinal em cima do peito direito que mais parecia uma luz minguante lhe dava um charme todo especial e seu corpo definitivamente já era de um homem forte e determinado.
Ele sempre foi um aluno entre o regular e o bom e o diploma do ensino médio só lhe deu certeza de que o comércio teria um ótimo balconista quando seu dia de liberdade chegasse. Nunca se importou com isso, afinal de contas ele já se sentia um vencedor e a vida que levaria fora dos muros finais que o protegeram durante os últimos 3 anos, só mostraria um novo ângulo de visão.
Tava perdido em pensamentos arrumando suas coisas, quando o sistema de som do abrigo para adolescentes carentes, era esse o nome do lugar, localizado no Bairro Ellery, chamou seu nome completo, pelo menos o nome que ganhara na sua identidade:
_ Tarquino Melo Silva, compareça a sala do diretor. Tarquino Melo Silva, compareça a sala do diretor.
Ele deu um sorriso, guardou a última camiseta na pequena mala de couro que ganhara dos funcionários, fechou a mesma, deixou em cima da cama e saiu quase correndo para a sala do diretor. Bateu na porta três vezes e ouviu a voz do homem dizer:
_ Pode entrar.
_ Com licença, Sr. Fagundes. E já foi entrando e fechando a porta. O senhor quer falar comigo? E esperou próximo a porta por onde entrara pela resposta do homem.
_ Claro, claro. Sente meu jovem. Deixe-me ver aqui... E o tal Sr. Fagundes Examinou a pasta que tinha escrito o nome de Tarquino.
_ Rapaz, hoje faz exatamente uma semana de sua maior idade. Os 3 anos que você passou aqui conosco finalmente acabaram e outro jovem terá que ocupar o seu lugar. Como sempre digo, a vida segue mesmo sem a gente querer. Você é um garoto surpreendente. Quase nunca teve que vir aqui falar comigo, isso é até um milagre. Vejo e sei também que é um rapaz ambicioso e que será capaz de tudo para ter êxito. isso é bom filho, desde que seja de uma maneira saudável e digna.
_ Obrigado senhor. Foi tudo o que respondeu.
_ Vejamos o que foi preparado para você. Aqui neste envelope branco esta um endereço onde você poderá ficar por seis meses, pagando um aluguel bem barato. Neste envelope amarelo, o endereço de um colaborador nosso lhe oferecendo um emprego no seu próprio Cartório, uma vez que todos aqueles cursos paralelos que você sempre fazia, foram de muita ajuda nesse intuito. Finalmente a melhor parte, aqui neste envelope vermelho a quantia exata de R$ 3.000,00 Reais arrecadadas em doações e também nos trabalhos que você fazia no seu dia a dia, tipo digitação, concerto de computadores, serviços contábeis e outros que você bem deve lembrar.
Tarquino pegou os 3 envelopes com as mãos tremendo. Nunca pensou que seria assim.
_ Desejo a você rapaz, boa sorte. Que Deus te cubra de bençãos e que nada impeça a realização de seus sonhos.
O portão foi fechado às suas costas e ele finalmente ganhou o mundo.
Um ano inteirinho havia passado. A realidade foi muito dura. O emprego tinha muito trabalho e uma péssima remuneração. O sonho de fazer uma faculdade foi adiado mais uma vez. O dinheiro que Tarquino depositou numa caderneta de poupança foi sendo consumido mês a mês e finalmente acabou. De repente ele se viu trabalhando para poder sobreviver. Mais como se diz, as coisas sempre podem piorar, né mesmo? Ou melhorar, vai saber.
Ele estava sozinho na sala em que dividia com outros cinco amigos de trabalho que já haviam ido embora, quando a porta foi fechada com um barulho alto o suficiente para assustá-lo, pelo filho do patrão.
_ Você ainda vai demorar muito Tarquino? Perguntou Marco Antônio.
_ Na verdade Sr. Marcos Antônio, já terminei.
_ Você parece bem cansado rapaz. Ta tudo bem com você?
_ A vida tá um pouco dura. Tô com uns problemas, na verdade dividas. Isso acaba com qualquer um.
_ Posso ver. Quero lhe ajudar rapaz, vejo em você um dinamismo que nem mesmo eu tenho. Amanhã mesmo você será promovido a gerente do escritório. Papai já aprovou e tudo. Ele gosta de você e ao me perguntar o que eu achava da ideia, disse que ele mais uma vez tinha acertado na mosca.
_ Nem sei como agradecer Sr. Marco Antônio.
_ Como o trabalho será de tempo integral, esteja aqui amanhã a partir das 08:00 h da manhã. Você terá duas horas para o almoço e sempre fechará o escritório as 18:00 h, que tal?
_ Só posso dizer que isso é maravilhoso.
Como sei viu, as coisas só melhoraram. Ou pioraram...
Oito meses haviam passado e no final do expediente os dois mais uma vez estavam sozinhos na sala de Tarquino quando Marco Antônio chegou perto dele, levantou seu queixo com a mão esquerda e o beijou demoradamente na boca. Esse tipo de coisa não mais o preocupava e nem lhe fazia sentir outra coisa a não ser desejo. Se no começo ele tinha uma espécie de gratidão por tanta ajuda que Marco Antônio lhe dava, isso com o passar do tempo virou um amor necessário e perigoso, uma vez que o chefe era um homem casado com filhos estudando fora do País e uma mulher insuportável como parceira.
Desde que isso havia acontecido pela primeira vez entre os dois na terceira semana de Tarquino no novo cargo, que ele decidiu que se esse fosse o preço a pagar para ter um teto sobre a cabeça, ele jamais iria se importar. Ele não contava se apaixonar pelo patrão... E muito menos pelo que lhe aconteceria alguns anos mais tarde.
Quando Marco Antônio conheceu aquele lindo garoto do orfanato em que seu pai fazia doações por insistência de sua finada mãe, era um homem muito bonito de 36 anos de idade, amarrado a um casamento de conveniência com uma riquíssima herdeira e pai de um casal de filhos gêmeos, Amaranta e Adso, nomes que a esposa odiava uma vez que nunca tinha ouvido falar neles. Ela jamais havia lido Cem Anos de Solidão e O Nome da Rosa e jamais leria. Ao ver Tarquino a paixão o assaltou de modo que ele se entregou e mergulhou de corpo e alma nela.
Os dois juntos eram um contraste incrível na cama. Tarquino era moreno, Marco Antônio ruivo. O preto e o vermelho era assim que se chamavam quando faziam amor intensamente em motéis de luxo ou em lugares inusitados como a mesa na sala de reuniões do Cartório onde passavam quase que o dia todo juntos.
Marco Antônio se dava para Tarquino sem pudor nenhum. Gostava de ouvi-lo gemer enquanto chupava seu cacete ou mesmo o colocava no fundo de sua garganta. Por sua vez ele sempre dizia que sentir o pulsar do pau do amante na garganta era algo que sempre o impulsionava a querer ir sempre mais fundo.
O garoto por sua vez, fodia o cu de Marco Antônio com toda intensidade e sempre olhando em seus olhos, pois adorava a expressão de tesão, desejo, de quero mais que o patrão/amante fazia sempre que seus 21 cm de pica estavam guardados bem no fundo do seu cu guloso e quente.
Nos anos que se seguiram, Tarquino com a ajuda do agora dono do Cartório Marco Antônio, uma vez que seu pai havia morrido, finalmente pôde cursar a faculdade de Direito no horário noturno, se tornou a segunda pessoa no cartório.
Três meses após a formatura, ele finalmente conseguira comprar um pequeno e confortável apartamento de 3 quartos, sendo uma suíte, sala em L bem ampla, WC social, demais dependências com a ajuda do homem que soube cativar seu amor e a quem respeitava acima de tudo. Oito anos haviam passado e aos 27 anos de idade deu ao jovem Tarquino uma certeza em sua vida, nada o faria desistir de seus sonhos.
Estavam os dois na cama ainda suados pelo recém ato de amor que os satisfizera plenamente, quando Marco Antônio disse:
_ Meu filho esta voltando pra casa no mês que vem. Acho que algumas coisas terão que mudar.
Os braços fortes e musculosos de Tarquino estavam em volta do corpo do seu amado quando ele retrucou:
_ O que terá que mudar? O que você teme dessa vez, Marco?
_ Só não quero nos expor. Sei lá, talvez eu seja ou esteja ficando medroso. Acho que é a idade.
_ Você sempre diz esse tipo de coisa.
_ Talvez você não lembre mais faz pouco mais de três meses que fiz 44 anos de idade meu jovem e lindo rapaz. E beijou mais uma vez o peito de Tarquino.
_ E posso garantir que você esta mais lindo e mais desejável que naquele primeiro dia em que quase me atacou na parada de ônibus, no primeiro dia em que ficamos juntos.
_ Acho que você acabou de me comparar a uma garrafa de vinho...Quanto mais velho, melhor, é isso? E outro beijo foi dado com mais intensidade e desejo. Assim que a língua de Tarquino foi solta pelos lábios de Marco Antônio, ele pôde dizer:
_ Garrafa nunca, um tonel de vinho. Amo você, Vermelho.
_ Você pode repetir o que disse, Preto?
_ Amo você, muito. Agora faz uma coisa pra mim faz, chupa meu cacete bem lentamente e me deixa foder você de novo...E sem que Marco pudesse dizer nada, sua boca foi praticamente atacada pela de Tarquino.
A esposa de Marco estava viajando com um grupo de amigas, Japão dessa vez, os filhos estavam fora também e os dois teriam todo o final de semana só pra eles.
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Meus amores,
Se demorei a voltar foi por conta do tempo que não tinha para desenvolver esse começo de jornada que espero seja bem interessante. O meu agradecimento a todos vocês pelo carinho e amizade na despedida do conto passado. Essa trama será escrita com a mesma vibração das outras e o meu desejo é que sirva mais uma vez para nos aproximar.
" QUEM É VOCÊ? SE SOUBESSE, NEM DIRIA.
DE ONDE VIESTE? DE ALGUM LUGAR.
QUANDO CHEGASTE? HOJE, PELA MANHÃ, À TARDE...
O QUE VIESTE FAZER AQUI? LEMBRAR OU ESQUECER ALGO.
LEMBRAR O QUÊ? JÁ NÃO ME LEMBRO...
ESQUECER O QUÊ? JÁ ESQUECI...
Fiquem certos que isso jamais farei com vocês, não consigo esquecê-los pois os amo. Nando Mota