Christian ia aos poucos se controlando, e ajoelhou em meio aqueles objetos quebrados no chão, num choro profundo.
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Sua vida estava arruinada. O Douglas foi o único homem com quem ele se envolveu; e durante os seis anos que estão juntos, Christian dedicou-se ao seu casamento como ninguém. Só que ele mesmo sabia das suas fragilidades, dos seus impulsos... Ele vivia emoções fortes, para um alguém que se arriscou numa vida a dois, sem a menor experiência. Como se não bastasse às turbulências entre ambos... Ainda precisavam lidar com o fantasma da Vanessa, que além de cobra, era perversa e mau caráter.
Toda a família e amigos eram contra o envolvimento dos dois, pois na época, o Douglas se divertia, e pegava muitas mulheres, sem uma definição concreta do que ele realmente queria, e somente o Christian confiou e depositou todo o seu amor no homem ao qual o faria feliz e ao mesmo tempo tiraria a sua paz! Mas será que o Douglas tem culpa no cartório? Ou é apenas o ciúme doentio do Chris, como o Douglas sempre dizia?
Ele foi se rastejando até o quarto, e suas lágrimas inundavam o chão. Douglas estava deitado sobre a cama, ainda de calça jeans, e com as mãos atrás da cabeça. Na verdade, seu olhar era de reflexão. Por dentro, ele também estava mal, e justo no dia do aniversario de seu pai, a quem ele tanto admirava...
Christian se levantou do chão, e não deu uma palavra; apenas secou os olhos e se dirigiu para o armário. Sim! Ele arrumaria suas coisas e deixaria aquela casa. Aos poucos ele jogava as peças dentro de uma mala, e o Douglas observava tudo... Ele queria chorar também, mas não ia dar este gosto ao Chris.
O silêncio foi quebrado.
- Nunca mais me procure. Eu estou saindo desta casa, e acabei de morrer pra você. – Christian foi duro e frio com as palavras.
- Tudo bem. Pode ir... Mas um dia você ainda vai se arrepender e perceber que eu não tive culpa de nada... E aí, você vai me procurar e será a minha vez de lhe dizer para nunca mais olhar na minha cara.
- Seu teatro já passou dos limites! Não pense que serei mais um idiota como todas as outras vezes, em que você me enganou. Eu perdi o maior tempo da minha vida ao seu lado.
Ele pesava nas palavras sem a menor consequência.
- Você não merece o meu amor. Nunca mereceu... Depois de tudo que eu fiz por você. De ter o acolhido depois que o seu próprio pai o expulsou de casa... Das vezes em que eu te levei desesperado para o hospital quando você tinha seus ataques de asma. Mas enfim, a vida está aí pra isso... Para nos ensinar. Pode ir Christian, e seja feliz ao lado de alguém que te faça feliz o bastante. – ele segurou as lágrimas e o Christian apenas respirou fundo, partindo e seguida.
Quando ele saiu, o Douglas desabou no choro. Ele amava o Chris como nunca amou ninguém, mas os dois não conseguiam conviver e viver num mesmo espaço, sem que houvesse farpas, agressões e confusão.
Ele foi até a estante da sala e pegou uma garrafa de Whisky que havia ganhado do pai. Logo depois, ele já se encontrava bêbado e jogado no chão. Enquanto isso, Christian pedia abrigo na casa do amigo, afinal, ele jamais se rebaixaria a voltar para casa dos pais.
- Oi. – disse ele em tom seco
- Oi Chris! – Anderson percebeu o que havia acontecido, pela quantidade de bagagens que ele carregava. – Entra!
- Sua mãe tá em casa?
- Sim. O que aconteceu? – ele já sabia, mas queria ouvir da boca dele.
- Eu saí de casa e estou oficialmente separado do Douglas. Acabou amigo. – ele se atirou nos braços do Anderson, que acarinhou os seus cabelos lisos, num abraço quente e forte.
- Não fica assim. Vai passar.
- Eu não quero voltar para a casa dos meus pais. Será que eu podia conversar com a sua mãe, para ver se ela me deixa ficar aqui?
- Nem precisa pedir a minha mãe. Ela é apaixonada por você e claro que ela deixa. Se você não se incomodar em dividir o quarto comigo...
- Claro que eu não me incomodo. Obrigado Anderson. Eu só posso contar com você nesta vida.
- Vem comigo. Vamos guardar essas coisas e tomar um banho. Seus olhos estão inchados!
- Mas e a sua mãe?
- Depois a gente fala com ela. Eu quero cuidar do meu amigo.
A noite chegou, e o Christian olhava o céu da janela do quarto. Ele não estava acostumado a dormir fora da sua casa. Por um momento, ele se lembrou do rosto do Douglas, das cenas de sexo entre os dois, dos beijos quentes... Uma dor profunda invadiu seu peito. Do outro lado do universo, o Douglas conversava com a sua mãe, totalmente abatido e inquieto. Os convidados conversavam, bebiam, e ele apenas num canto, triste e desanimado.
- Meu filho querido, é o aniversário do seu pai! Muda esta cara. As pessoas estão percebendo.
- Tá difícil mãe. Muito difícil. Eu nunca pensei que ele fosse fazer isso...
- Nem eu. O Christian agiu como uma criancinha, mas daqui a pouco vocês estão se acertando e tudo volta ao normal.
- Desta vez não. Brigamos feio, com direito a agressão física.
- Meu Deus! Vocês dois ficaram loucos? São animais? Eu não estou te reconhecendo meu filho!
- Ele precisa se tratar. E olha que foi apenas por uma provocação da Vanessa... Imagina se fosse por outra coisa?
- Mas como esta mulherzinha conseguiu entrar aqui?
- Isso não importa agora, mãe. Pra quem diz que me amava, o que ele fez não tem perdão.
- Não fica assim Douglas. Você já falou com a sua avó? Vem com a mamãe. Vamos toma uma bebidinha, conversar com os amigos e distrair essa cabeça.
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Três semanas se passaram, e o casal não trocou uma palavra. A distância corroía o peito de ambos, mas não davam o braço a torcer.
- Anderson eu vou à casa do... – Desculpa! Eu não sabia que você estava trocando de roupa.
Ele estava pelado, com o seu corpo espetacular de tom moreno claro e esguio. Anderson era um homem para ninguém botar defeito. Sua boca parecia desenhada, e combinava com seus olhos castanhos claros e os cabelos negros. O sorriso era algo fora de sério, e causava alucinações tanto em mulheres quanto em homens. Era por tamanha beleza, que o Douglas sempre sentiu ciúmes do Christian com ele.
Agora, ali, naquele quarto, o Christian acabara de ver as partes intimas do amigo. Um conjunto perfeito! Chris não sabia onde enfiar a cabeça, tamanho era sua vergonha.
- Oi. O descuido foi meu. Eu vi você na cozinha com a minha mãe, aí tirei a minha roupa pra tomar banho.
- Ai meu Deus!...
- Tá bom Christian, não precisa fazer esta cara! Você via seu ex-marido nu o tempo todo.
- Pois é né? Meu ex-marido e não meu amigo! Por falar nisso... Amigoooo, isso tudo é seu mesmo?
- Isso o quê? – Anderson deu uma risadinha de canto, no maior charme.
- Não se faça de bobo. É este tamanho mesmo? – ele arregalou os olhos.
- Se você tiver dúvidas, eu deixo você medir. – ele riu.
- Engraçadinho. Vamos parar com esta conversa. Bom, eu vou ter de voltar na casa do Douglas e pegar algumas coisas minhas que ficaram por lá. Quero aproveitar que este horário ele está no trabalho, para que eu não tenha o desprazer em vê-lo.
- Tudo bem! Eu vou tomar o meu banho. Ops! – Anderson fingiu deixar a toalha cair novamente, para provocá-lo.
- Palhaço! Fui.
CONTINUA...
