Minha primeira reação foi uma completa surpresa com as palavras da Mari. O Ahnri pareceu um garoto totalmente de bem com a vida, mas preferi não fazer perguntas.
- Relaxa Mari. - Falei sorrindo para aliviar o clima meio tenso que ela criou. - Só quero amizade mesmo, nem tinha me tocado que ele curtia.
Subimos as escadas em silêncio. Uma alegria estranha me invadiu com as palavras dela, apesar da grande dúvida do porque ela falar que ele não estava em um bom momento, aquilo serviu para eu saber que ele curtia, e isso aumentava ainda mais a vontade de experimentar aquele pedaço de mal caminho. Chegamos no apartamento e tudo já estava até mais arrumado, o Ahnrí e a Lu ainda trabalhavam na cozinha. Ele sorriu ao me ver e a Lu me cumprimentou novamente.
- Vamos dar uma pausa, vou fazer uma jantinha para nós. - Falou Mari.
- Ahnrí, vamos aproveitar e dar uma volta no condomínio? é bom que te mostro tudo.
- Beleza. - Confirmou ele me seguindo. - Quando eu voltar quero janta feita hein, dona Mari? - Falou ele brincando para a mãe.
Descemos os lances de escada e chegamos ao térreo. O condomínio é bem grande, ocupa uma área de dois quarteirões. A parte da frente tem uma pracinha interna, pequena, mas bem bonita e arborizada. Na parte de trás tem um capinho, salão de festas e piscina. Ás vezes jogo com o pessoal no campinho, sou muito bom pro nível deles. Na verdade meu maior interesse no futebol eram os jogadores, mas como a maior parte da turma do condominio sabe de mim, os mais melindrosos com lance de sexualidade me evitam, para ninguém achar que são gays também. Pura hipocrisia, já fiquei com alguns deles.
- Joga bola, Ahnri?
- Sou péssimo. - riu ele. - e você?
- Acho até legal, a turma do condomínio joga às vezes no campinho. - Falei quando chegávamos no final do condomínio. - Vê ai, nosso campinho, piscina e salão de festas.
A pracinha costumava ter um pouco de movimento, mas a piscina, salão de festas e campinho não tinha movimento nenhum durante a semana, a não ser quando havia alguma pelada, o que não era o caso naquele dia. Aproveitei para andar até o final propriamente dito do condomínio e me sentar na beira do campo.
- Senta aí, Ahnrí. - Convidei. - Vamos descansar um pouco antes de voltar. Condomínio grande não é?
- Demais, pelo menos da pra andar dentro. La fora anda muito violento. - Ele observou.
Aquele local era ideal para um ataque. Podia tentar fazer rolar algo, dar uma indireta, isso passou pela minha cabeça, mas apenas continuei conversando coisas normais, simplesmente não consegui tomar iniciativa nenhuma com ele. Passados uns vinte minutos ele mesmo tomou a iniciativa de me chamar para voltar e voltamos.
A Mari havia feito uma macarronada muito gostosa, comemos muito. Durante o jantar, nenhum sinal, nenhum olhar dela que me fizesse lembrar aquele estranho assunto que ela falou quando subíamos com as compras. Eu tinha invadido muito o espaço deles para o primeiro dia, então me despedi e fui pro meu ap novamente. Combinei com o Ahnrí de irmos andando juntos para o colégio, ele já estava com a matrícula ok.
Minha mãe ainda demoraria a chegar, mas como ela chegaria tarde, fui logo dormir.
Quando acordei, percebi que tinha recebido algumas mensagens no whatssapp. A Nat, minha amiga, reclamava que não dei sinal a tarde toda após o colégio, deixei para explicar tudo pessoalmente. Tinha também uma mensagem do David “Falar contigo, desenrolei aquela parada.” .
Ele mandou antes de dormir e sabia que ainda não tinha acordado, porque era completamente vagabundo. Mas mandei a resposta: “e teus pais vão sair hoje de novo?”.
Vi o relógio e tinha tempo suficiente, me produzi como sempre fazia. Não tinha como andar muito estiloso por causa da farda. Mas era possível dar uma retocada boa no visual, usar uma calça boa que realçasse os dotes físicos e um bonezinho pra completar o estilo. Minha mãe ainda não havia acordado, era normal nesses plantões dela passarmos dias sem nos falarmos: quando eu voltasse do colégio, ela estaria no hospital novamente.
Pensei que teria que chamar o Ahnrí, mas quando estava levantando da mesa da cozinha após tomar o café, ouvi ele bater na porta. Dei só uma passadinha rápida no banheiro e já sai. Abri aquele sorriso e ele correspondeu.
- Bom dia. está pronto? - Indaguei.
- Claro, apenas mais um colégio novo. - Ele respondeu também rindo.
O percurso era de apenas 2 quarteirões, então chegamos realmente bem rápido. Estava explicando a ele algumas coisas sobre o colégio quando a Nat me puxa pelo braço e quase me bate, sem perceber a presença do Ahnrí.
- Viado maldito, visualizou o whatss e não me respondeu.
Se eu pudesse tinha enfiado minha cara no asfalto, de tanta vergonha que senti do Ahnrí do lado.
- Nat, esse é o Ahnri, meu novo vizinho. - Falei rispidamente, para chamar atenção e ela parar de me chamar de viado na frente dele. - Ahnrí, esta é a Nat, uma louca que inventou que queria ser minha amiga e eu deixei porque não se deve contrariar loucos.
O Ahnrí apenas sorriu e cumprimentou a Nat, que fez uma expressão de quem implora perdão pra mim e respondeu ao cumprimento envergonhada.
Seguimos todos para a sala, eu sempre chegava no colégio em cima da hora de fechar, não curtia chegar muito adiantado. Sentamos para esperar o professor e a Nat, que é muito mais falante que eu, passou a conversar muito com o Ahnrí enquanto minha atenção foi distraída por mais mensagens no Whatss do David.
“Vão sair não, mas arrumei um esqueminha. Só não sei se você vai topar”.
“ Que esqueminha?”
“Tenho um amigo que tem carro e mora sozinho, ele deixa a gente ficar lá se você ficar com ele também. Mostrei foto tua e ele gamou. Vem até pegar a gente aqui no condomínio”
Minhas mãos tremeram quando vi aquela mensagem: “Você está maluco seu otário? Mandou foto minha me oferecendo pra um sujeito qualquer sem nem me avisar??? vai tomar no cú, porra.”
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Vou postar outro capítulo ainda hoje, lá para as 23 horas devo terminar, desculpa quem é acostumado a ler só uma parte por dia ou uma a cada dois ou três dias, eu escrevo num ritmo muito acelerado e não consigo segurar para publicar depois, na hora que conclui corro aqui para colocar para vocês. Peço perdão pelos errinhos de português pelo mesmo motivo.
Respondendo ao NUNOCAPIXABA: Cara é o seguinte, meus personagens são todos inspirados em pessoas reais, as histórias que são fictícias, apesar de eu já ter narrado coisas que ocorreram comigo como se tivessem ocorrido com os personagens, só não vou dizer o que foi hsauhsuahsuhsusuhsuhusas. Sobre os personagens narradores, nenhum tem nada a ver comigo, até porque minhas preferências sexuais são totalmente diferentes das deles (já que sou ativo), mas todos os contos tem algum personagem inspirado em mim mesmo, que age como eu agiria e pensa o que eu penso. É isso, abração pra você e pra todo mundo que comentou.
Victor1607 e Charlie e Stylo: Vai demorar um pouco ainda para sabermos qual o problema do Ahnrí e novos personagens vão entrar para fechar o cenário do conto. Não sei se vocês leram meus contos anteriores, mas eu sou muito dramático, este conto começou bem leve mas ele é tão dramático quanto os outros e tem passagens bem fortes também.
Vi Barbosa: Fui ver seu conto, gostei dos personagens, quando começa a história? Vou acompanhar.
