Ele deu ainda umas 5 bombadas super violentas enquanto eu esperneava e tentava me livrar, mas afinal era a força de um homem de 28 anos, alto e bombado contra um garoto de 16. Não tive que aguentar aquela agressão mais tempo porque em questão de segundo o Cléber abriu a porta e com uma única mão puxando o David pelo ombro, fez ele sair de cima de mim e cair sentado no chão. Aquilo me impressionou, ele não parecia ser tão forte assim.
- Você está maluco, caralho? - Gritou Cléber. - Vai estuprar o garoto agora?
Pensei por um instante que o David iria pular em cima do Cléber e haveria luta corporal, mas ele pareceu voltar a si no exato momento em que foi lançado ao chão.
- Desculpa cara. - Falou ele. - Desculpa Caleb, tava com tesão de ver vocês transando. Fiquei fora de mim.
- Fora de si nada, David. - Berrou Cléber. - Uma cerveja não vira a cabeça de ninguém. Veste tua roupa e vai pra casa.
- Tô sem dinheiro cara.
- Não seja por isso. - Falou Cléber ainda em tom alterado enquanto pegava sua carteira do lado da cama, abria e tirava uma nota de cinquenta reais. - Pega, vai embora de táxi.
Quando o David saiu de mim, senti uma dor fina e incômoda por dentro, mas o pior era a dor moral. Apesar de ter acabado de transar de livre e espontanea vontade com dois caras diferentes, ser tomado a força de forma tão violenta, mesmo tendo sido rápido, mexeu muito com meu emocional. Também me emocional a forma como o Cléber me defendeu, apesar de ele ser bem gentil, temi que ao ver o David me tratando como uma vadia ele não se importasse ou até mesmo me tratasse de igual forma. Mas ver a forma como ele interviu fisicamente na situação para me defender, emocional de uma forma que simplesmente cai no choro.
Não vi o David indo embora, só lembro do Cléber sentar na cama, ainda de toalha e me abraçar.
- Calma. Já passou, já passou.
Me virei de frente a ele e enterrei meu rosto no seu peito, cobrindo-o de lágrimas. Ele alisou meus cabeços e me beijou no rosto, para me acalmar. Passada a tensão inicial, voltei ao meu estado normal aos poucos e me desgrudei dele.
- Poxa, Cléber, desculpa. - Falei envergonhado.
- Desculpa porque cara?
- Você me trouxe para sentir prazer e eu te faço passar um aperreio desses.
- Você não teve culpa de nada, seu amigo que foi animadinho demais.
- Pois é, ele nunca é assim, a gente já ficou algumas vezes e ele é bem mais carinhoso, acho que ele se empolgou por ter outro cara junto. E ele não é meu amigo, só um cara que fiquei umas vezes e quer saber, me arrependi. - Falei dando um leve sorriso. - Posso tomar banho de novo?
- Claro, vai lá.
Entrei no banheiro de novo, já refeito emocionalmente. Já estava noite fechada e me olhei no espelho novamente e pensar na loucura que tinha feito. Precisava voltar para casa, ficar sozinho e pensar em tudo, por outro lado, a presença do Cléber me parecia tão reconfortante naquele momento. Entrei embaixo do chuveiro e deixei correr uns cinco minutos, quando pus a mão atrás, senti uma ardência maior ainda, enfiei a mão entre as nádegas e senti uma coisa estranha, um plástico, puxei e percebi que no susto do David ao ser puxado pelo Cléber, a camisinha havia sido e ficado no meu cú. Meu estado de choque me impediu de perceber isso. Puxei a camisinha, que saiu com relativa facilidade, quando reparei, havia um pouco de sangue no plástico, joguei no cesto de lixo, peguei o sabonete líquido novamente e lavei meu corpo inteiro. Sai bem relaxado do banho e o Cléber estava totalmente vestido já, deitado na cama mexendo no celular.
- E aí, tá melhor? - Perguntou ele sorrindo.
- Estou. - Respondi devolvendo o sorriso.
- Pedi uma pizza pra gente comer. Gosta de 4 queijos?
- Gosto sim. - Respondi pegando minha cueca do chão e vestindo, para em seguida vestir a bermuda também e sentar na cama do lado dele, sem saber o que dizer ou fazer, peguei meu celular, tinham várias mensagens. A maioria da Nat reclamando do meu sumiço, também havia uma do Ahnrí apenas perguntando onde eu estava. Mandei mensagens para os dois dizendo que tinha dado uma saída e voltava um pouco tarde, a Nat respondeu com um “viado” e o Ahnrí apenas “tá blz”. Dei uma olhada pro Cléber e ele parecia também não ter assunto, então resolvi puxar algo.
- Mora sozinho aqui?
- Sim. - Respondeu ele colocando o celular de lado e se virando para mim.
- E sua família?
- Minha família mora no interior, vim para capital estudar e fiquei por aqui mesmo.
- Entendi, mas você se mantém ou seus pais te sustentam?
- Eu trabalho já.
- Você tem 24 anos mesmo?
- Tenho, parece mais ou parece menos? -Indagou ele rindo.
- Parece mais, mas não no físico, tipo no seu jeito de ser.
- Ai é. - Ele gargalhou alto.
- Porque você tem esse ar triste? É normal ou aconteceu alguma coisa? - Não sei como tive coragem de puxar conversa e abordar esse assunto.
Ele me olhou surpreso, como se não achasse que eu era capaz de fazer uma análise daquelas.
- Decepção amorosa, digamos assim. - Respondeu ele fitando a parede.
- Desculpa, não quis fazer você lembrar de algo assim. Parece que ainda dói.
- Só questão de tempo. - ele falou. - Ainda é muito recente, não existe dor que o tempo não cure.
- Você fala tão bonito. - Olhei pra ele admirado e antes que ele pudesse responder a campainha toca.
- Nossa pizza, vamos lá?
Levantei e o segui, no caminho peguei minha camisa e vesti. Ele me indicou a cozinha dele, onde havia uma mesa de vidro para quatro pessoas, Sentei e fiquei esperando enquanto ele foi atender a porta. Logo retornou com a caixa de pizza.
- Quer suco ou refri? Tem suco de laranja e cajá. - Perguntou,
- Cajá, adoro. - Falei.
Sentamos para comer e de repente percebi que estava realmente como fome, não comia nada desde o almoço. Nem conversamos direito enquanto devorávamos a pizza. Logo que concluímos ele me chamou para me levar em casa. Apenas levantei e fui. Senti uma sensação ruim enquanto ele me levava, como se fosse uma despedida. Fiquei pensando se ele ainda teria vontade de ficar comigo, me conhecer melhor. Ilusão minha, pensei, poruqe ele iria me conhecer melhor se eu fui apenas um putinho de uma tarde? Ele devia ter pego um péssimo conceito de mim isso sim. Ele encostou o carro em frente o condomínio e me deu um sorriso, fiquei nervoso querendo de alguma forma perguntar se ainda teria como sair com ele novamente.
- É isso ai Caleb. Foi um prazer. Desculpa qualquer coisa.
- Posso te perguntar algo? - Perguntei atropelando ele.
- Pergunta. - Respondeu ele paciente.
- Alguma chance da gente voltar a se ver?
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É isso aí pessoal, será que o Caleb sentiu alguma coisa mais forte?
Aguarde as cenas do próximo capítulo.
Até amanhã e forte abraço.