Bromance

Um conto erótico de Felipe Meideiros
Categoria: Homossexual
Contém 1708 palavras
Data: 27/07/2014 02:43:21
Última revisão: 27/07/2014 02:45:59

Desde meus 13 anos eu não o vejo. Foi em maio quando o vi novamente, eu tinha 22 anos, e ele não poderia ter chego a melhor hora. Acho que ele foi a pior coisa que já me aconteceu.

Eu estava na cafeteria da Tia Marta, observando o movimento inteiramente único e singular do universo dos cafés. Peguei o cardápio folhando-o rapidamente, pulei para a única página que me interessava; o das bebidas quentes e ilustrativamente bonitas. Chamei o garçom, ele veio e anotou meu pedido. Fico me perguntando o porquê dele trazer o caderninho de pedidos, se sabe que todas as manhãs eu venho para cá e peço exatamente a mesma coisa; Um misto quente com cappuccino grande.

A Tia Marta estava no balcão, olhava atento por trás dos óculos de tartaruga o caderno em suas mãos. Gritou algo para o cozinheiro que estava se movendo feito louco para lá e para cá na cozinha, conseguia ver com total nitidez graças ao espelho que separava a cozinha de onde os clientes ficavam. Ela rolou os olhos pelo saguão e olhou para mim sentado na mesa 3. Sorriu. Sorri de volta.

– Seu pedido, senhor – fui acordado pelo garçom ruivo que sorria enquanto equilibrava a bandeja em sua pequena mão.

Mas que loucura, a Tia Marta agora contrata adolescentes para trabalhar, pensei, mas depois de ver o aparelho dental nos dentes do ruivo, e perceber suas sardas, vi que o garoto não passava de uma criança. Talvez uma criança um pouco mais desenvolvida que as outras.

– Obrigado... – Franzi o cenho para ler seu nome no crachá –... Sr. Hugo.

– Garoto...

– O quê?

– Garoto Hugo – ele riu – eu ainda tenho 16 anos, não sou um senhor.

Arqueei a sobrancelha. Ele era um adolescente, eu teria acertado se não fosse pela mudança de perspectiva repentina.

Olhei para o copo. Tomei um gole do cappuccino. Queimei meus lábios. Olhei para o lado. O ruivo não estava ao mais lá. Olhei por cima do ombro discretamente. Ele já estava atendendo outra mesa. Mordi o pão. Delicia. O queijo derretia na boca.

Meu celular tocou e vibrou ao meu lado na mesa. O visor iluminou-se pela foto da minha ex-namorada. Eu terminei com ela, não porque quis. Eu realmente a amava, mas depois de descobrir algumas mensagens promíscuas que ela trocava com o meu chefe, tive que terminar. Deixaria tocar até a bateria acabar, se for necessário.

Ela estava sorridente ao meu lado, a foto ainda me trazia lembranças quentes de uma noite que eu nunca poderia esquecer. Nos seus cabelos negros uma tiara da Minnie, em sua mão esquerda uma taça de cerveja, a mão direita estava agarrada em meu pescoço. Eu sorria, agarrado a pior ilusão que eu poderia ter. A de que ela me amava.

Era ano novo, lembro-me de ter aberto uma garrafa de cerveja e dela ter caído sobre minha camiseta branca, que provavelmente causou aquele borrão transparente no meu dorso. Pensei que assim que terminasse de comer, minha primeira meta seria excluir aquela foto para sempre. Ela trazia más lembranças de uma ótima época.

Acho que só voltaria a pensar em alguém desse modo quando me sentisse totalmente preparado para qualquer desapontamento da parte dela. Também acho que ninguém pode estar preparado para se desapontar.

Quando acabei o café, joguei o celular na maleta, e fui até o caixa.

– Como está sua mãe, Felipe? – Perguntou minha Tia, a Marta. Ela estava atrás do balcão, com seu sorriso típico que me faz lembrar os tempos em que eu era criança.

–Bem. Ela vai vir aqui trazer o pote que você esqueceu lá em casa.

– Oh, mas não tem importância. Eu falei para ela devolver a hora que quiser. E você, como vai o trabalho?

–Vai bem – peguei o dinheiro no bolso da maleta, e já fui cortando qualquer possibilidade de prolongamento daquela conversa – Tia, eu adoraria ficar aqui jogando conversa fora com você, mas preciso ir. A minha antiga secretária foi demitida.

–Sua antiga secretária não era sua namorada?

–Era, mas terminamos desde o começo da semana, e agora ela não quis mais trabalhar comigo. Enfim, hoje vão apresentar um garoto que esta fazendo estágio e vai ser meu secretário, enquanto eu não acho outra. – Dei o dinheiro e apontei para o cigarro que estava grudado na vidraça do bar – Preciso chegar mais cedo para apresentar o prédio para ela. Além de que estou com uma pulga atrás da orelha, sobre como ele vai trabalhar! A senhora sabe o quão perfeccionista eu sou.

–Sim, pode ir lá. – Ela deu o cigarro e o troco com a mesma mão.

A lanchonete da minha tia fica na esquina da rua onde eu trabalho. Meus dias naquela empresa sempre passaram com uma rapidez incrivelmente abstrata, é como dizem; tudo que te dá prazer passa mais rápido. Mas de repente, viver naquele lugar virou o pesadelo de qualquer pessoa. Depois de descobrir ra traição da minha esposa com o meu chefe, tudo ficou mais pesado. Eu não aguento olhar para a cara daquele filho de uma puta de cabelo engomado, e ainda ter que sorrir para não ser demitido. Porque tudo que eu faço ali é para não ser demitido. Meu plano é conseguir crescer mais que ele na empresa, e então virar o chefe dele, e então poder o demitir e foder com a vida dele assim como ele fodeu com a minha.

Quando cheguei a minha sala, sentei rapidamente na poltrona reclinável, estava cansado por ter corrido toda a rua e subido de escada por causa da demora do elevador.

Abri a área de trabalho do computador, no fundo ainda estava a foto da minha namorada em um parque, lambendo o sorvete que eu comprei para ela. Grande filha de uma puta.

Pensei em pedir para a secretária me comprar um café, mas lembrei de que não tinha mais secretária, e o garoto do estágio ainda não havia chego.

Há uma janela atrás de mim que eu sempre abro quando estou muito nervoso e sem criatividade para inventar novas propagandas, coloco a cabeça para fora e fumo quantos cigarros eu quiser. Alguém bateu na porta. Torcia para que seja o secretário. Levantei-me e abri. Como a vida é difícil, pensei, ter que abrir a própria porta do escritório sempre que alguém bater. Era o rapaz do lanche, ele estava segurando um bolinho em uma das mãos e o carrinho estava logo atrás.

– Eu acho que o senhor vai querer o de sempre, certo?

– Sim.

Ele pegou uma bandeja e descansou o bolinho embalado em um plástico transparente que segurava nas mãos bem enluvadas. Pegou o café e o pôs em um copo de plástico. Eu fiquei apenas ali, em pé na porta da frente esperando que acabasse.

– João? – eu disse lembrando-me de perguntar se o meu estagiário já havia chego.

–Sim...

–Você sabe se meu estagiário-secretário já chegou?

–Não...

–Ok.

– Aqui está, senhor Meireles. – Ele disse dando-me a bandeja repleta de glossemas que eu devoraria brevemente.

Fechei a porta. Sentei-me. Eu havia chego 30 minutos mais cedo para apresentar a porra da empresa para esse estagiário de merda, que graças a ele me fez perder tempo correndo em casa para chegar cedo. Irresponsabilidade é o meu pior inimigo.

Alguém bate na porta novamente. Eu me levanto, cansado. Deve ser o João de novo, ele sempre vem duas vezes perguntar se eu queria mais alguma coisa. Eu odeio aquilo nele, ele simplesmente adora vir na minha sala me encher o saco. Abro a porta.

Minha cabeça estava baixa, quase disse “O que você quer, João?”, mas então me surpreendo e franzo o cenho quando percebo que a pessoa que bateu na minha porta usava sapatos sociais pretos e calça social cinza e lisa, enquanto João se vestia com o pobre uniforme de malha negra. Passei os olhos pelo corpo do jovem até chegar em seu rosto. Ele era alguns centímetros menores que eu, e usava uma camiseta social do Christian Dior azul claro, que contrastava com seus olhos igualmente azuis. Ele estava em formação militar; cabeça erguida, peito para fora e pés juntos. Seus cabelos loiros, desgrenhados e grandes batiam um pouco a cima dos ombros, e estava com uma mexa caída sobre um dos olhos.

Ele era familiar.

– O senhor é o senhor Felipe Medeiros? – Ele perguntou. Eu quase não consegui responder, sua voz era tão suave que chegava a ser intimidadora.

–Sim.

–Bom, muito prazer. Meu nome é Abel e eu sou seu novo secretário temporário.

Não parecia ter mais de 19 anos. Eu sou hetero, mas aquele garoto era de uma beleza discutível. Seus olhos pareciam portas para o céu. Seu sorriso era sensual. Ele era realmente o tipo de garoto que qualquer outra garota gostaria de namorar.

– Muito prazer– Sim, é verdade. Muito prazer mesmo.

– O prazer é todo meu...

E então ele passou o olhar pela minha sala, e esperou que eu dissesse algo. Mas eu simplesmente não podia, eu apenas fiquei ali, observando os fatos e suprindo tudo como uma esponja.

Ele era familiar.

Cheguei a quase perguntar de onde eu o conhecia, mas acredito que talvez eu não o conhecesse. Ele tirou a mecha dos olhos como se assoprasse uma pluma. Pude ver seu rosto completo. Ele era bastante bonito. Na verdade, ele parecia com um amigo que eu não conversava a tempos.

– Você ainda não me reconheceu, cabeça de bode? – Ele disse olhando para mim. Surpreendi-me, achei que talvez ele estivesse louco, mas então, quando minha mente processou o “xingamento” dele, um flash de memória me atingiu como um raio.

Eu me lembro dele. Lembrei exatamente como esqueci. Subitamente.

– Bobo da corte? – Eu perguntei como se aquela fosse uma senha secreta para descobrir antigos amigos.

O fato é que aqueles xingamentos eram usados bastante por a gente quando éramos pequenos. Sim, eu e Abel éramos amigos de muitos anos atrás. Ele era meu vizinho, na época em que eu morava no interior. Ele tem 5 anos a menos que eu, e desde pequeno tinha esse belo sorriso que se sobressaia na carne labial.

Abraçamo-nos ambos, instintivamente, como animais dando bote um no outro. Eu queria aperta-lo e aconchegar todas as suas costelas nas minhas. Quase caímos os dois no corredor do andar.

(Devo dar continuidade?)

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 2 estrelas.
Incentive Cotidiano Sexual a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

AFINAL FOI SUA NAMORADA OU ESPOSA QUE T TRAIU COM SEU CHEFE?

0 0
Foto de perfil genérica

Com certeza, sua história foi muito boa para um primeiro capítulo, nem muito grande nem muito pequena ou seja perfeito o tamanho, a história também está de parabéns !!! Continue gostei muito. Espero que não demore a postar... Abraço e aguardo continuação

0 0
Foto de perfil genérica

Logico, ta pensando o que? Começa um conto fabuloso desse e deixa assim? Nem pensar.

0 0
Foto de perfil genérica

levando em coracao o nome do conto creio q nao havera sexo,vai ser um conto bem diferente

0 0
Foto de perfil genérica

bOBO DA CORTE SE VC NÃO CONTINUAR TE MANDO UMA CABEÇADA DE BODE

0 0
Foto de perfil genérica

Com certeza, sem duvida alguma!! Parece promissor!! U.u

0 0
Foto de perfil genérica

Amei perfeito ja quero a continuação .

0 0
Foto de perfil genérica

Claro que continua, o mais rápido possível! Muito bom

0 0
Foto de perfil genérica

Não só deve como agora tem a obrigação em continuar por ter nos brindado com um relato tão único, que rarissimas vezes encontramos por aqui na fora de narrar detalhes que vão prendendo a atenção e fazendo-nos querer saber (já imaginando) onde isso vai dar! Grande abraco e aguardo ansioso a continuação.

0 0