Me Ensine a Amar 5

Um conto erótico de Chel
Categoria: Homossexual
Contém 3958 palavras
Data: 27/07/2014 21:37:53

Capítulo 5: Quando uma fera encontra um predador ainda mais forte.

Como minha casa era muito pequena para acomodar toda a minha família, eles tiveram que ficar na casa reserva dos meus antigos patrões. Eles eram tão ricos que tinham outras três casas dentro do mesmo condomínio onde moravam, todas as três mobiliadas. Meus pais de sangue tinham ficado bastante amigos dos meus pais postiços. Agora eu tinha quatro pais e quatro mães, legal, não? Não! Não era nada bom, era horrível! Meu pai (o de verdade, aquele que se derramou dentro da minha mãe) nunca, realmente, ficou com raiva de mim quando descobriu que eu era gay. Agora, depois de cinco anos afastado de mim, ele queria compensar o tempo perdido, e não era do tipo sair-para-ir-no-shopping-com-seu-segundo-filho-e-comprar-para-ele-qualquer-coisa-que-ele-pedir, não estava mais para o tipo: vou-grudar-nele-como-um-carrapato. Já faziam duas semanas que eles estavam aqui e fazia duas semanas que eu não transava. Então imagina como meu humor estava, eu me irritava fácil com tudo e com todos. Meu pai me ligava a cada meia hora, apenas para perguntar se eu já tinha comido alguma coisa (porra! Eu queria que alguém me comesse), como estava indo com as aulas de psicologia (eu estava me fodendo para as aulas. Será que o professor Camargo fode como fala? Rápido e agressivo?) e meus irmãos também não davam folga. Claro que eu estava com saudades deles, muita saudades, mas convenhamos, eu queria ter um pouco mais de espaço e privacidade, fazia tempo que minha cabeça não batia no estrado da cama e eu estava enlouquecendo. Meu irmão mais velho queria conhecer a cidade, mas ele queria que eu fizesse o papel de guia. Mas eu não queria fazer isso, porém eu fiz isso. Mostrei para ele e para minha cunhada gravida praticamente tudo que eu conhecia. Eu fiz isso por quase quatro dias, depois eu me escondia quando ele me procurava e não atendia as suas ligações.

Danilo, meu irmão do meio, também queria fazer o siames comigo. Ele até dormia em minha casa, no quarto de visitas. Agora com 19 anos ele não estava mais aquele garotinho magrelo de cabelos pretos lisos que eu vi a cinco anos atrás. Ele estava quase da minha altura e, porra, aquele garoto estava bonito! Todos na minha família tinham a cor da pele mais escura, era um chocolate com leite. A maior qualidade de todos nos eram as nossas pernas, grossas, longas e torneadas pernas. Danilo gostava de andar só de cueca na minha casa, assim como eu, e nossas pernas eram um show de se ver. E eu acho que era por isso que Bruno, Samuel e Ricardo não saiam da minha casa, eles já babavam quando eu ficava só de cueca, imagina como ficava a situação de seus zíperes quando Danilo também ficava só com a peça de baixo. Eu achava reconfortante ir para a faculdade, pelo menos lá eu tinha um pouco de sossego, relativamente falando, também ficava alegre quando ia para o estagio que eu fazia em uma clínica psicológica. Nunca pensei que ficar rodeado por loucos poderia me trazer um pouco de paz. Tinha um outro estagiário que era uma gracinha. Ele era baixinho, mas, nas últimas vezes que transamos, a sua baixa estatura nunca foi problema. Ele sabia desempenhar seu papel muito bem na cama, um tremendo dominador. Eu tinha quase 1, 90 mas, ele, com 1, 70 me dominava, e eu amava isso! Mas agora eu não tinha mais a minha foda casual, ele estava namorando! Quase dei um soco nele quando ele me disse, depois que eu tentei lhe beijar, que estava namorando. Minha frustração se transformou em uma raiva inflamatória, como aquele homem se atreveu a namorar bem quando eu estava numa seca danada, ele definitivamente não tinha nenhuma compaixão por mim. Ele viu que eu não queria mais papo com ele e não passou perto de mim naquele dia, nem no outro, nem na semana seguinte.

— Eu vou pirar! — Selena estava na minha casa, no meu quarto. Era uma sexta feira a noite e eu não queria ficar em casa. Não sabia nem por que ela estava aqui – Serio, Lena. Eu to na seca a quase um mês, um mês!

— Foi por isso que eu vim aqui – Respondeu, e foi quando eu realmente olhei para ela. Vestido preto brilhoso, um tubinho básico, sapatos agulhas pretos. O cabelo cacheado dividido, uma parte alta jogada para o lado direito, e a outra no direito. Sua pele morena parecia cintilar naquela roupa – Eu também quero sair, chega de faculdade. Então, vamos?

Nem esperei que ela terminasse de falar. Pulei da cama numa velocidade assustadora e fui tomar banho, as roupas que eu via em minha frente não estavam me agradando nem um pouco. Camisa listrada com várias cores? Quem diabos colocou isso dentro do meu guarda roupas? Peguei-a e olhei para Selena. Ela negou com a cabeça e colocou as mãos acima da cabeça. Se não foi ela, quem foi que me comprou aquilo? Definitivamente não tinha sido eu, virei de um lado depois para o outro. Era de manga comprida e gola v, com alguns botões, para que a abertura no peito não ficasse tão pronunciada. Mas olhei de um ângulo, depois outro, e, mais outro. Resolvi vesti-la. E fiquei surpreso quando notei que não ficou tão mal, as cores não eram assim tão chamativas, e ela marcava bastante minha cintura. Quase ela toda era apertada, menos no meu antebraço. Me virei para Selena, e dei uma volta.

— O que acha? — Disse depois que dei a volta completa – Como eu estou?

— Bastante comível – Respondeu.

E pronto, meu ego foi parar na estratosfera. Vesti uma calça preta que ficava apertada nas minhas panturrilhas e metade das minhas coxas. Dei duas borrifadas de um perfume qualquer, que eu encontrei dentro do meu guarda roupas, em meu pescoço. Dei um sorriso para o espelho que ficava ao lado da porta do meu quarto e gostei do resultado, nunca me senti tão orgulhoso a respeito de minhas pernas como fiquei quando me olhei no espelho. Dei uma risada bastante animada quando Selena me puxou pela mão e me saiu arrastando. Oba! Iria para uma balada, beberia todos os tipos de bebidas alcoólicas e, consequentemente, alguém me faria morder fronha por uma noite. Peguei minha carteira, coloquei-a no bolso traseiro da minha calça apertada, meu celular estava sobre a mesa de centro da sala, Selena pegou-o, o entregou para mim e eu o coloquei dentro do meu bolso esquerdo. Quando ia pegar a chave do meu caro, ela disse que não. Estranhei o fato de ela não querer ir no meu carro. Será que ela pretendia beber todas? Sorri quando percebi que provavelmente era isso mesmo que ela estava pretendendo fazer. Então eu disse que eu pagaria o táxi, mas ela negou novamente. Mandou eu sair, quer dizer, pegou em meus ombros e me empurrou até eu estar do lado de fora da minha casa. Nem tive que perguntar o por que dela está agindo daquela maneira, do lado de fora, na rua, apoiados confortavelmente em uma minivan prateada, estavam todos os meus irmãos. E não só os de sangue. Bruno, Samuel, Ricardo e até a minha cunhada gravida. Olhei para Selena e depois para todas as oito pessoas a alguns metros na minha frente. Mas ela percebeu a minha reação e saiu correndo o mais rápido que podia com afiadíssimos sapatos de salto.

Normalmente só eu e ela íamos para as baladas, seus irmãos tinham acabado de completar dezenove anos, antes disso, meus antigos patrões não deixavam eles saírem. Diziam que com dezoito anos, eles ainda não eram adultos, mesmo eles estando maiores que todo o resto do pessoal. Dei um passo para trás e me virei na direção da porta, mas parei assim que coloquei minha mão na fechadura. Passar uma noite de sexta em casa, comendo sorvete e assistindo filmes bregas? Ou ir para uma balada ir transar com quem eu quisesse? Bom, não foi uma escolha muito difícil, terminei de fechar a minha casa e fui, a passos largos, na direção deles. Ignorei os olhares famintos e devoradores dos meus três irmãos postiços. Não tinha como negar, eles estavam extremamente deliciosos. Os três usavam calças que eram uma tonalidade de preto diferente, Sam usava uma quase cinza, Bruno, estava usando uma meio termo, e Ricardo, uma preta petróleo. Ricardo usava uma camisa de botões branca, com os dois primeiros botões abertos, Samuel usava uma camisa da tonalidade de sua pele, quando eu o olhei de esguelha pensei que ele não vestia nada, mas depois eu vi os botões; Bruno usava uma preta com arabescos brancos intrinsecamente ligados. Meus irmãos estavam bem bonitos também, Danilo vestia um bermudão vermelho, com duas tiras bege nas laterais, uma camiseta branca e uma camisa de manga preta amarada na cintura, seus cabelos negros lisos caiam em ondas ondulantes e nas pontas, enrolavam-se. Meu irmão mais velho parecia um cara de negócios, camisa polo e calça com pintura lavada, aquelas bem degrade. Sua mulher estava ao seu lado, vestida em um conjunto de saia plissada e blusa de alcinha branca. Sua barriguinha de gravida ficava bem evidente.

Entramos no carro. Meu irmão mais velho foi na direção, sua mulher no banco do passageiro. Ângela, Leona e Selena nos três assentos mais atrás, os meus três irmãos postiços no banco do meio e eu e meu irmão na última fileira de bancos. Seria completamente broxante chegar em uma balada em uma minivan, mas quem quer que visse as beldades que sairiam daquela minivan, chorariam por atenção. A viagem foi bem descontraída, todos conversavam com todos, nem parecia que se conheceram a apenas uma semana. Apoiei a minha cabeça no vido da janela do lado direito, olhei para minhas irmãs e um sorriso bobo se espalhou pela minha boca quando eu ouvia as risadas delas. Seus cabelos negros flutuavam com uma bruma negra quando viravam a cabeça, eu sabia que as duas usavam vestidos. Um movimento ao meu lado me chamou atenção, Danilo estava com os braços apoiadas no encosto do banco onde Sam estava sentado. Eles cochichavam alguma coisa, Bruno e Ricardo também estava participando da conversa. Danilo ria toda vez que alguém falava alguma coisa, mesmo eu estando ali, não conseguia ouvir o que eles falavam, apenas uns leves sussurros, ínfimos toques de lábios em movimento.

— Chegamos! — Selena anunciou com uma voz animada.

Eu, literalmente, atropelei o meu irmão. Abri a porta da minivan, empurrei Bruno e sai, mas, mal dei três passos no asfalto molhado quando longos braços de cor morena enrolaram-se em minha cintura. Depois minha costa foi pressionada contra um peitoral lindamente trabalhado.

— Aonde vai com tanta presa, Chel? — Os lábios de Ricardo eram como plumas, acariciando, delicadamente o meu lóbulo. — Espera, todos vão entrar junto.

Eu fiquei calado, mas, com uma presa inumana, me livrei de seus braços. Eu estava com tanta pressa de entrar naquela boate que meu mau humor estava aumentando, parecia que eles estavam fazendo de propósito. Quando as batidas ritmadas e graves do som da boate ecoou pelo meu corpo e as luzes cintilantes mudaram a coloração de minha pele e roupas, eu sorri. Dei uma respirada bem funda e o cheiro de álcool almiscado com suor, perfume dos mais variados tipos e outras coisas, entraram e preencheram os meus pulmões. Um fervilhamento queimou minhas entranhas, depois minhas pernas, braços, enfim, todo o meu corpo. Uma excitação esquisita se apossou do meu coração, as batidas estavam mais aceleradas, não sabia o que era aquilo. Depois, de ter pago minha entrada – vip- foi que eu fui reconhecer essa sensação. O calafrio, a excitação eram as mesmas de quando alguma coisa ruim vai acontecer, sabe, aquela sensação desagradável, que se agarra em sua garganta. Mas quando o primeiro drinque – vodca e suco de morango – desce pela minha garganta, aquela sensação é esquecida. A queimação em minha garganta é tão boa, o formigamento em meus dedos é tão bom, que não demora muito para eu está rindo até com a parede.

Ricardo estava no meu lado esquerdo e Samuel, direito. Seus braços estavam no encosto de minha cadeira, então eu tinha que ficar com o corpo completamente ereto, não queria correr o risco de tocá-los. Todos em minha mesa já estavam rindo altamente, a única que não estava ingerindo bebida alcoólica era a minha cunhada. No seu copo só tinha suco com gás. Numa virada de rosto, com um sorriso enorme no rosto, e uma gargalhada explodindo pela minha garganta, eu vi um cara que me interessou. Primeiro foi só uma espiadela, uma passada de olhos, já que seu rosto ficou parcialmente borrado pelas luzes brilhantes que giravam sem parar pela boate. Virei para o meu grupo, com um sorriso no rosto, meus cabelos negros flutuavam enlouquecidos, sendo soprados e espalhados pelo constante fluxo de ar gelado que saia do ar-condicionado, as vezes a fumaça branca e densa que se impregnava em minha roupa, nos meus sapatos, estavam girando em minha cabeça, como uma aréola de vapor. Os dedos de Ricardo desceram pela minha costa, traçando linhas imaginarias em meu ombro, círculos infinitos em minha espátula esquerda, e por fim, toques suaves em meu braço. Samuel estava com um copo de bebida na mão, mas seus olhos estavam cravados em mim.

— Mais! — Levantei o meu copo, vazio, todo o resto do pessoal me olharam. Depois riram. Só o meu copo estava vazio. Me levantei – Ta bom, já que ninguém quer ir... eu vou!

Eu não fui o único que levantou. Ricardo, Samuel e Bruno também levantaram-se, tentei os convencer de que eu poderia ir sozinho ao bar, mas eles nem me deram ouvidos. Na multidão de corpos se contorcendo, bocas misturando saliva, toques sensuais, que beiravam ao erotismo puro. Na pista de dança o sexo era o deus supremo, tendo como adoradores os dançarinos, experientes ou não. O deus libidinoso se contorcia ao nosso lado, como uma serpente efusiva, dando seu abraço de morte em suas vítimas. Samuel, ao meu lado, foi tocado pelo dedo malicioso do deus pervertido, pois ele pegou em meus ombros, trazendo-me para perto dele, para sentir seu peito trabalhado. A minha respiração saiu espremida, um pequeno lufar de bom senso que foi consumido pela chama ardente que queimava os corpos ao meu redor, e, consequentemente, o meu. O guardião dos meus pensamentos, da minha razão, estava, a muito, dominado pelo deus sibilante do sexo, que se manifestava pelo corpo dos outros. A fumaça densa e branca era como o cobertor de uma cama, cobrindo-me como a seda mais fina cobria o amante mais fervoroso. Beijos cálidos, molhados, deixavam rastros quentes pelo meu pescoço, um som arrastado, acanhado, abafado, se misturou com a música pesada do clube. Ricardo, que estava bem na minha frente, tocou em meu rosto, gemi mais uma vez. A música, pesada, mudou. Ficou mais intensa, mais rápida, animalizada. Era quase como o ato do coito, primeiramente, lento, o amor dos amantes tímidos, daqueles que buscam a perfeição do ato, agora, era o sexo intenso, forte, aquele que te deixava cheio de marcas e suando a beça.

— Não, por favor, não – Balbuciei, mas minha voz ficou perdida entre a cacofonia sedutora do meio que me cercava. Bruno segurava minhas mãos, levando-as até seu peitoral rijo. Olhei para cima, para onde meus irmãos estavam sentados, mas a intensa fumaça branca, encobria o meu ato. Acho que foi esse pensamento, de ter os meus irmãos de consideração me agarrando, foi o que me fez voltar a mim mesmo. O deus do sexo não tinha mais poder sobre mim, o meu guardião do bom senso foi trocado, por um mais forte e competente. Desvencilhei-me deles e sai andando – Não! Nunca mais façam isso, escutaram?! Nunca!

Agora o efeito da pista de dança não estava tão chamativo assim, meu corpo pedia por álcool, e foi isso que eu fui atrás. Mas antes de chegar ao pequeno bar, um cara se postou bem na minha frente. Loiro, com uma camisa rosa fraco com a gola bem profunda e uma calça que marcava suas pernas, e sim, ele era mais baixo que eu. Lembrei-me dele, o cara que eu tinha olhado de esguelha, aquele que as luzes tinham escondido, não sei como associei ele com aquele cara das luzes, poderia muito bem ser outra pessoa. Ele era bonito, abriu um sorriso na minha direção, e eu retribui. Mas, se eu tivesse com qualquer coisa na minha mão, eu, com toda certeza, teria arremessado nele.

— Pelo som do berimbau, esse rabo já levou pau – Disse – E então? Sequei-te a noite todinha, e... nossa! Meu pau tá duro até agora, sabe tem um motelzinho a alguns metros daqui bastante legal, eles nos deixam até ficar com os sabonetes. Então? Topa?

Minha cara foi no chão e voltou, que escroto! Escutei várias risadas atrás de mim, e sabia que era os meus irmãos postiços. Tinha ido até aquela boate para transar com alguém, mas se todos os caras com quem eu conversasse dissesse aquilo, ou algo parecido, eu voltaria mais apertado para casa do que tinha saído. Samuel, Bruno e Ricardo compraram algumas cervejas e foram embora, eles ainda tentaram falar comigo, mas eu não respondi. Me sentei em um dos bancos altos do balcão e pedi uma mimosa, meu impulsivo gosto por álcool já não estava tão grande assim, o liquido borbulhante fez cócegas em minha garganta quando o tomei, comecei s tossir, já que algumas bolhas tinham entrado pelo meu nariz. Minha respiração começou a ficar mais rasa, a tosse mais forte, minha garganta estava apertada e meu rosto, quente. Mas por que aquilo? Eu estava engasgando com água?! Senti uma mão em minha costa e depois uma voz cadenciada, que se impregnou nos meus sentidos, olhei para o lado. E aquela sensação esquisita me acometeu mais uma vez.

Olhos escuros, quer dizer, caleidoscópios por causa de todas aquelas luzes. Parecia que as bolhas do champanhe estavam se rebelando dentro do meu estômago, mas eu sabia que não era isso. Era um frio, não frio tipo com gelante, era um que fazia meus pelos ficaram eriçados e alguns cabelos da nuca também. Sua mão estava em minha costa, depois foi descendo, quase como um milagre as minhas tosses foram diminuindo, até acabar por completo. Quando ele falou novamente, meu corpo ficou estranho. Minhas pernas começaram a tremer e, de repente, eu fiquei envergonhado. Nunca fui uma pessoa tímida, mas também não era uma pessoa dada. Mas olhando aquele cara eu me senti como um adolescente falando com o cara que me atrai. Nota: eu nem sabia quem era aquele cara na fila do pão!

— Você está bem? — Agora seus dedos estavam nos meus, acariciando-os, prendendo-os entre os seus. Notei também que ele estava estranho, com a outra mão ele coçava sem parar a barba negra farta. Olhei bem para seu rosto, cabelos cortados bem rente ao coro cabeludo, com fios soltos que caiam pelo seu rosto. Seu rosto era todo peludo, barba, cavanhaque e bigode. Sua voz era como mel, doce e pegajosa, mas não no sentindo ruim. Era bom – Pensei que você morreria afogado, então resolvi intervir.

— Bom... obrigado – Falei, ele sorriu pra mim e seus dentes brancos apareceram por detrás de todo aqueles pelos negros – E eu estou bem sim, obrigado por perguntar.

— Serio mesmo? Seu rosto ainda está vermelho – Falou, levantou um braço e eu notei que minha respiração ficou completamente descompassada quando ele me tocou. Acho que ele também sentiu alguma coisa, pois quase caia do banco. Continuou a falar – Mas bem que poderia ser alguma luz vermelha, fazendo com que você ficasse vermelho.

— Deve ser isso, não costumo ficar vermelho com muita frequência.

— Se você diz – Levou seu copo de bebida até a boca. Olhei, admirado, os movimentos de sua garganta –, quem sou eu para negar? Se bem que eu gostaria de ver você corar, deve ficar mais lindo.

— Humm, valeu! — Foi quando me espantei. Senti minhas faces ficarem quentes, e dessa vez eu não tinha a desculpa de estar me engasgando. Corei feito um adolescente virgem. Um sorriso se espalhou pelo seu rosto e, novamente, ele tocou na pele do meu rosto.

— E aí está! — Traçou uma linha que vinha da minha orelha e acabava nos contornos de meus lábios – Lindo.

Começamos a conversar, ele tinha uma linha de conversa bastante boa. Não ficava estagnado em apenas um ponto, quando percebia que eu não tinha muito conhecimento a respeito do tema que ele levantou, ele fazia um breve comentário e pulava de assunto. Escutava as minhas opiniões atentamente, concordava quando achava que eu estava certo e levantava o seu ponto de vista quando achava que eu estava errado. A todo momento aquela sensação crescendo dentro de mim, queimando as minhas entranhas, mas eu tentava aplacar o fogo abrasador que me consumia por dentro com drinques dos mais variados tamanhos, cores e sabores. Samuel veio perguntar se eu não iria para a mesa, respondi efusivamente e me concentrei no meu mais novo amigo. Como não dei muita atenção para ele, escutei uma bufada e depois ele não estava mais ali. As linhas de conversas foram mudando, só não conversamos a respeito de política e religião, ninguém merece, conversar sobre política numa boate era extremamente broxante. Então enfim chegou no tema que eu vim buscar naquele cabaré! Sexo! Abri um sorriso enorme quando ele tocou nesse assunto. Estava rindo com ele, eu tinha perguntado para ele qual foi o lugar mais inusitado que ele já tinha transado, e ele me respondeu que tinha sido na beira da estrada, apoiado na amurada de proteção. Estava apoiado nele, sua mão pousada na minha coxa e rindo pacas. Bruno, Samuel e Ricardo vieram até onde eu estava e quase me puxaram de onde eu estava. Dei um cutucão nos peitos deles e, entre dentes, mandei que eles fossem embora.

— Agora! — Rosnei.

Eles foram, mas foram resmungando alguma coisa de chamar meu irmão mais velho e autoridade. Voltei a me sentar no banco, ele estava bebendo uma bebida de coloração vermelha quando eu me sentei novamente.

— Seus irmãos? — Gesticulou com a cabeça, na direção aonde os três estavam indo. Olhei também, e eles me olhavam.

— Não.

— Amigos?

— Mais ou menos – Respondi – Na verdade eu era o babá deles.

— O que? — E sorriu – Atá, trabalho de adolescente, estou certo?

— Certo – Repliquei – Mas eu comecei a tomar de conta deles com dezoito anos.

— E agora eles querem tomar conta de você?

— Não sei. — Respondi, e estava sendo sincero. Que ele estivesse certo, que eles pensassem em mim apenas como um irmão mais velho e não como alguém que querem levar para cama e foder como se não houvesse amanhã. — Talvez sim.

— Michel? — Ele chamou depois de alguns minutos de silencio. Quero dizer, silencio entre nós, por que o som da boate estava cada vez mais agitado e forte. Olhava para pista de dança, o deus do sexo estava controlando tudo ali, com a ajuda do anjo desviado do álcool. — Posso te perguntar algo?

Sorri, eu acho que era a hora que ele perguntaria se eu era gay. Essa frase “posso te perguntar algo?” era sempre para saber isso. Responderia numa boa se ele me perguntasse isso, afinal eu gerenciava a minha própria vida, não devia satisfação a ninguém.

— Claro.

— Você está namorando? — Parou por um momento, deu mais um gole em sua bebida e continuou – Ou mesmo tendo alguma coisa relativamente afetiva com alguém?

— Não - A resposta veio rápida até a minha boca, um arrepio louco subiu pela minha espinha e me fez estremecer. — Não estou tendo nada, relativamente, afetiva com alguém.

— Então eu tenho chance?

— De que?

— De fodê-lo? — E sob o seu olhar abrasador, eu me senti nu.

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Comentários

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Depois de alguns anos sem ler, cá estou eu novamente hahaha

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Eu ainda leio isso todos os anos kkkkk

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Jamais irei desistir de ler o resto dessa história

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meu Deus, eu ainda continuo com esperança de ler o resto da história :C

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Seria tão boa sua volta, faria minha alegria e mais de um monte de gente! Volta aqui e fala o que aconteceu com você poxa :)

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Por que você não voltou, estou esperando a continuação.

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Magnifico conto! Não demore tanto assim a postar, é uma historia impecável.

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