Vou descrever Júlio Cesar pra vocês. Ele é um cara normal com 1.75 de altura, olhos claros, pele parda, boca levemente carnuda e vermelha, cabelos ondulados e cobrindo as orelhas, tem um corpo em forma devido a seus exercícios diários.
Chega Júlio Cesar na rodoviária de São Paulo... rodeado de pessoas estranhas pra ele, apenas um bilhete em sua mão que continha um endereço de uma pensão no bairro do Jacanâ indicado por um amigo seu do nordeste. Chegando nessa tal pensão que não era muito grande, mas humilde. Tinha uma senhora por nome de Tereza na recepção da pensão, estava ela sentada em sua poltrona fazendo seu croché.
Júlio Cesar – Bom dia minha senhora?
Tereza – Bom dia meu jovem. (Olhou para ele simpática)
Júlio Cesar – Vim do nordeste para cá e me indicaram sua pensão para hospedar. (Entregou-lhe o bilhete)
Tereza – ( Lendo o bilhete e sorrindo) António aquele ingrato, voltou pra Paraiba e nunca mais deu noticias. Ele foi e sempre será um grande amigo. Ele está pedindo pra te hospedar aqui na minha pensão. Faço com todo gosto sua presença aqui, pois Antonio me ajudou muito no passado e disso não me esquecerei. Vamos entrar...
Júlio Cesar – Obrigado dona Tereza. É um prazer conhecer a senhora, obrigado mais uma vez pelo acolhimento.
Então Tereza foi adentrando naquele corredor da pensão e lhe encaminhou para seu quarto.
Tereza – Fique a vontade e o quarto se paga mensalmente. Você tem trabalho certo aqui?
Júlio Cezar – Ainda não, mas vou a procura amanhã cedinho.
Júlio entrou no quarto e fechou a porta. O quarto é um cubículo, apenas uma cômoda para as roupas, uma cama de solteiro. Um banheiro simples, apenas para as necessidades e banho. Júlio pós suas coisas em cima da cômoda e deitou na cama pensando em tudo que tinha que tinha a fazer amanhã. Tinha ensino médio completo o que para o ano de 1975 era um feito incrível. Tinha um pensamento na cabeça, arrumar trabalho. Envolvido nesse pensamento adormeceu... acordou a noite, tomou um banho e um ouviu batidas na porta. Era Tereza lhe chamando para jantar.
Chegou na sala da pensão e estava todos os hospedes reunidos esperando o jantar. Júlio observou a todos, até que um olhar estava mirado no seu, um cara bonito estava a sorrir para ele e em cortesia devolveu um sorriso de volta... todos foram para a mesa se alimentar. Era uma grande sala com uma mesa gigante e no canto tinha uma vitrola que ambientava e preenchia nossos ouvidos o som de “Demonios da garoa-trem das onze”. Todos sorrindo e se fartando. Após se alimentar Júlio foi pra fora da pensão num banco de praça envolto de prédios e algumas arvores. Sentado lá, ficou pensando no nordeste e começou a se emocionar lembrando dos seus pais. Desde novo teve que lidar com o mundo, mas isso tinha lhe feito mais forte pra enfrentar esse mundo tão duro com o ser humano. Envolto em seus pensamentos em não percebeu quando alguém chegou.
Desconhecido – Samba não é seu forte né? (Sorrindo, se referindo ao som do ambiente da pensão)
Quando Júlio Cesar olhou para trás do banco era o certo rapaz que estava sorrindo para ele no jantar.
Júlio Cesar – (sorrindo) Eu prefiro David Bowie, pois é mais a minha cara! Qual seu nome?
Desconhecido – Marcos. Muito prazer! E o seu?
Júlio Cesar – Júlio Cesar! (Estirou sua mão e ambos deram um aperto de mão caloroso)
Marcos – Quer dizer que você curte Bowie. Eu curto musica internacional também. Mas e ai, você está procurando emprego né?
Júlio Cesar – Sim. Começarei a partir de amanhã.
Marcos – Então, as noticias aqui correm rápido (sorrindo) soube que você é amigo do António que voltou para o nordeste.
Júlio Cesar – Sim, foi ele que me indicou esse lugar pra ficar.
Marcos – Eu trabalho num jornal aqui na cidade. O “Jornal estado de São Paulo”. Se você quiser eu te levo pra lá e você conversa com o responsável.
Júlio Cesar – Se você fizesse isso por mim lhe agradeceria eternamente! (maravilhado)
Marcos – Amanhã cedo você vai comigo. (sorrindo)
Então Júlio e marcos conversaram por horas naquele banco de praça, falando de suas vidas e criaram uma identificação surreal.
Júlio Cesar – Fico tão aliviado em saber que você é gay como eu! Sempre me senti um pato fora da lagoa.
Marcos – (Sorrindo) Quero te levar qualquer dia pra conhecer a noite de sampa, Tenho certeza que vai gostar muito.
Júlio Cesar – Vamos entrar? Está ficando tarde e temos que acordar cedo.
Marcos – Claro, vamos!
Estabeleceu-se aquele silencio e ambos apenas andavam em direção a pensão olhando para frente... quando Júlio ia entrando no seu quarto, Marcos chamou Júlio.
Marcos – Júlio! Você gosta de ouvir David Bowie?
Júlio Cesar – Sim, amo de paixão! Meu ídolo e inspiração de vida! (Sorrindo segurando a maçaneta da porta)
Marcos – Eu tenho alguns discos do Bowie. Venha ouvir comigo! Agora!
Júlio Cesar – Não sei!
Júlio já estava apaixonado por Marcos, mas tinha medo de se entregar a uma paixão e muito menos ter algo com alguém.
Marcos – vamos vai ser divertido!
Júlio Cesar – VAMOS! (sorrindo)
Júlio entrou no quarto de Marcos. Era um quarto um pouco maior que o dele, tinha uma cama de solteiro, um guarda-roupas e uma cômoda com uma vitrola e discos do lado. Além de um banheiro.
Marcos – Vamos por esse aqui! (Se referindo ao disco do David Bowie)
Começou a tocar a tocar a canção “ACROSS THE UNIVERSE” https://www.youtube.com/watch?v=BIkYfhXG0ho
(Trecho em português)
Palavras flutuam como uma chuva sem fim dentro de um copo de papel
Eles escorregam descontroladamente enquanto eles escapam
Em todo o universo
Piscinas de tristeza, ondas de alegrias estão passando por minha mente aberta
possuindo e me acariciando
Nada vai mudar meu mundo
Nada vai mudar meu mundo
Nada vai mudar meu mundo
Nada vai mudar meu mundo
Imagens de luz quebrada que dançam diante de mim como um milhão de olhos
Eles me chamam assim por diante
Em todo o universo
Pensamentos vagam como o vento inquieto dentro de uma caixa de correio
Eles caem cegamente enquanto fazem seu caminho
Em todo o universo
Nada vai mudar meu mundo
Nada vai mudar meu mundo...
Estavam na maior alegria cantando e dançando, até que Marcos se descontrola e acaba caindo em cima da cama e levando Júlio junto. caindo um em cima do outro...
Vou continuar!