Três Formas de Amar – Capítulo 10
Naquela madrugada, nossos corpos se reencontraram, ávidos por prazer. Rever aquela montanha vermelha desnuda me despertou todos os sentidos. E foi um festival de beijos, carinhos, lambidas e toques que se exploravam. Rodrigo já sentia uma liberdade com o meu corpo e eu tentava retribuir da melhor forma possível. Possuí-lo novamente era arrebatador. Com as pernas envoltas na minha cintura, abraçava o seu corpo, sentindo o seu pau roçar de forma frenética no meu abdome, enquanto ouvia um gemido intenso a cada estocada profunda que lhe oferecia. Seus pés sentiam a minha bunda se contorcer a cada investida forte do meu pau. E vislumbrar a sua cara de prazer era um convite para beijos fervorosos. Gozei arfando alto, querendo aproveitar cada segundo dentro de Rodrigo. Suado, ele me olhava com um sorriso de desejo, que às vezes ainda me deixava desconcertado.
- Se eu pudesse, ficaria a noite toda olhando assim pra você – ele me disse.
- Eu também – respondi com um beijo.
- Tá ficando cada vez mais expert hein? – me deu um tapinha na bunda, enquanto eu tirava meu pau – Não imaginava que você curtiria tanto assim fazer isso.
Me deitei ao seu lado, exausto:
- Nem eu. Acho que você tem esse poder estranho de me hipnotizar.
- Vou pintar meu cabelo de preto, pra ver o que você vai achar de mim.
Sorrimos juntos. Rodrigo levantou e foi no banheiro. A visão daquela bunda se movimentando de um jeito sensual e se afastando de mim, me acendeu novamente. Mas precisava descansar. O dia seguinte seria intenso. Fui ao outro banheiro do apartamento me limpar, e voltei pro quarto procurando a minha cueca, já encontrando Rodrigo deitado. Quando fiz menção de me vestir, ele me olhou, com a maior cara de pidão:
- Não faz isso, dorme assim, por favor...
Obedeci, e me deitei. Entre carinhos e mais alguns beijos, adormecemos. Não demorou muito para escutar o despertador do celular tocar. “Não, não é possível que já esteja na hora...”, resisti na cama. Então, me dei conta de que o Rodrigo estava abraçado a mim, com uma perna em cima da minha, encostando o seu pau adormecido na minha coxa. “Luiza nunca me deixou dormir com ela...”, pensei. Fiquei nos observando alguns minutos e uma estranha sensação começou a percorrer o meu corpo. Estava vivendo algo completamente novo e precisava saber como queria lidar com aquilo.
Acordei Rodrigo e disse a ele que precisava ir embora. Ainda tinha que ir em casa buscar uma camisa, para não dar na telha lá na agência:
- Fica... – ele sussurrou – toma um banho comigo, te empresto uma camisa...
- Não, relaxa. Não quero te dar esse trabalho – respondi, mas pensando na maravilha que seria passar mais alguns poderosos minutos ali.
- Trabalho nada. Faço um café forte pra você e seu dia será bem melhor... e o meu também.
Rodrigo me apertou no abraço e não resisti. Não dava pra sair dali.
Logo depois, já estava debaixo do chuveiro, buscando forças para começar o dia. Ouvi o Rodrigo batendo na porta e pedi pra ele entrar. Junto com ele, um delicioso cheiro de café invadiu o banheiro.
- Fiz uns sanduíches e ovos mexidos, e a cafeteira já está ligada – sorriu – Posso me juntar a você?
- Mas que pergunta é essa? Vem pra cá – convidei – E não precisava de nada disso. Vou ficar mal acostumado.
Às vezes dizia algumas coisas que me soavam estranhas, sem saber de que modo Rodrigo poderia estar assimilando aquelas palavras. Em determinados momentos, ficava apreensivo na forma como ele me olhava encantado.
- Não é trabalho nenhum. É pra gente, relaxa! – ele falou entrando no chuveiro.
Claro que nos permitimos mais uns beijos e amassos, além de bater uma punheta pra ele, retribuindo meu cansaço da noite anterior. “Eita manhã boa...”.
...
Depois do café da manhã fortalecido, peguei uma camisa emprestada (a gente tinha uma altura similar, com poucos centímetros de diferença), agradeci a “hospitalidade” (rimos bastante disso) e segui para a agência.
No caminho, comecei a pensar no que estava rolando entre mim e o Rodrigo. Transamos duas vezes, mas já nos conhecíamos há mais tempo. Achava que aquilo estava ganhando contornos mais sérios, e talvez eu quisesse isso, mas também estava achando um pouco complicado lidar com aquela situação agora. Tinha a sensação de que o tempo estava passando rápido demais. Precisava me entender um pouco e concluí que já estava na hora de dar um “oi” para Paulinha. Nas horas de angústia sempre recorro à Paula, a psicóloga que foi de grande ajuda no fim da minha adolescência. Aquela semana seria uma loucura, mas consegui ligar a caminho do trabalho e marcar uma hora extra com ela na sexta-feira. Precisava muito ouvir uma opinião de fora, já que não tinha muitas pessoas para falar sobre o assunto.
Entrei no QG sufocante da concorrência, já na agência, e percebi que só a Luiza tinha chegado. Dei um breve bom dia, dessa vez com resposta educada, e ela me questionou:
- Trouxe o documento?
- Que documento Lu?
- O documento que deixei na portaria do seu prédio Luciano. Logo depois te mandei uma mensagem pedindo pra você dar uma lida e me trazer de volta hoje – ela suspirou – Você não presta mais atenção no seu celular?
Gelei na hora:
- Hum, o pessoal da portaria não me avisou de nada não. Cheguei em casa e apaguei de sono – menti, mas acho que a minha cara denunciava. Realmente, não tinha prestado atenção no celular.
- E quando saiu hoje de manhã, ninguém da portaria te avisou também não?
- Não... Que estranho! – falei na maior cara de pau.
“Que merda!”. Continuei:
- Vou ligar pro Antônio passar lá e trazer. Assim que ele chegar aqui, dou uma lida – disse já com o celular no ouvido.
Luiza levantou em direção à porta e disse que ia pegar um café. Antes, parou na porta, me olhou séria e jogou na lata:
- Tô muito decepcionada com você...
E saiu. “Ótimo, lá se vai minha manhã promissora”.
...
Quando Luiza retornasse, estava decidido a continuar a conversa, mas Bruno, o diretor de criação, já estava na sala comandando as próximas etapas. Em seguida, Antônio chegou com o tal documento e a manhã de trabalho já estava tomada. Precisava conversar com ela naquele dia ainda, e discretamente, resolvi mandar uma mensagem:
- “Acho que a gente precisa bater um papo. Vamos almoçar hoje, pode ser?”.
De canto de olho, vi que ela leu a mensagem, mas não respondeu.
Quando deu meio dia, percebi que ela não falaria nada, então recorri a algo que ela não poderia escapar, aproveitando que todos ainda estavam ali:
- Pessoal, vou ali almoçar com Luiza – ela me olhou surpresa – Vamos aproveitar e discutir algumas estratégias. Querem alguma coisa?
Enquanto anotava alguns pedidos no celular, Luiza não tinha outra saída a não ser pegar a bolsa e levantar. Caminhamos em direção a um shopping que ficava nas proximidades e poderíamos conversar com maior tranquilidade, sem ninguém prestar atenção. Depois de um silêncio meio chato, e já acomodados, resolvi começar:
- Lu, eu sei que você tá chateada comigo.
Olhava sério pra ela, que continuava em silêncio:
- Somos amigos, você me ensinou coisas que até então desconhecia e sou muito grato por isso, mesmo.
Ela estava atenta, mas não esboçava uma palavra:
- Eu sei que aquela noite foi diferente pra você, você realizou fantasias, experimentou novas coisas, mas pra mim foi um pouco estranho.
Luiza não estava entendendo por que eu tinha tocado naquele assunto, e preferiu ir direto ao assunto:
- Luciano, se somos amigos há tanto tempo, porque você não foi sincero comigo e não disse que estava saindo com alguém?
- Como assim? – Agora quem não estava entendendo era eu.
- Você quer mesmo que eu acredite que ninguém na portaria do seu prédio te avisou que tinha deixado algo para você? Porque não assume que não dormiu em casa? – ela cruzou os braços, com uma cara interrogatória.
Respirei fundo, precisava encontrar uma saída, e rápido.
- Tudo bem, me desculpe, você está certa – disse tentando parecer calmo – eu menti pra você.
- Por quê? Qual a necessidade disso? – ela se inclinou pra frente.
- Porque eu conheci... uma garota – falei pausadamente, tentando calcular uma possível continuação para essa história inventada.
Ela descruzou os braços, e eu prossegui:
- Não queria te contar, não agora no meio desse furacão lá no trabalho. E você sempre teve uma grande disponibilidade comigo, uma proximidade legal... e não achava certo continuarmos transando, não seria justo com ela...
- Como assim? Com ela? Você não acha justo fazer isso com a garota que está saindo, mas faz tranquilamente comigo? Qual o seu problema?
Parecia que a gente estava tendo uma DR no meio da praça de alimentação e aquilo aparentemente não levaria a lugar nenhum. Ela parou um pouco pra pensar e continuou:
- Sabe... eu já pensei que seria legal se a gente namorasse. Se rolasse um compromisso, algo mais sério, além do casual. Mas sinceramente? Esquece. Esquece essa conversa e toda essa situação. Vamos continuar com nossa relação profissional e isso nos basta beleza?
Fiquei sem reação.
- Perdi a fome. Vou dar uma volta no shopping. Compra o lanche do pessoal e a gente se encontra lá na agência... – ela disse se levantando.
“Puta que pariu!”, pensei cabisbaixo.
...
Voltei cheio de coisa na mão e percebi que ela não estava lá. O pessoal perguntou e desviei do assunto falando que ela tinha ido resolver umas coisas. Ainda de cabeça quente, peguei o tal documento que Antônio deixou na minha mesa pra ver o que era tão importante assim. Para a minha surpresa, eram diversas planilhas, com valores que não me diziam nada e nem eram interessantes ao projeto. Pensei que ela deveria ter deixado por engano. Mas logo depois imaginei que ela não iria até a minha casa entregar algo que não sabia do que se tratava. Luiza entrou na sala e lhe devolvi o envelope, sem dizer nada. “Será que ela me seguiu ontem? Pra que ela faria isso?”.
Prossegui concentrado no trabalho, sem querer desenvolver muita conversa. Aquele dia parecia ser ainda mais exaustivo do que o anterior, e não tinha hora pra acabar. Queria muito mandar uma mensagem e dar um oi para o Rodrigo, mas também não queria parecer pegajoso demais. Depois de um tempo ele tomou a iniciativa:
- “E aí? Topa uma saída hoje?”.
- “Acho difícil, mais uma vez não tenho hora pra sair... :(”.
- “Putz... que droga hein? A depender da hora me diz que a gente faz outra sessão coruja ;)”
- “Rs, beleza, vou tentar! Te aviso” – digitei sorrindo.
Não seria fácil, porque o trabalho parecia se acumular, mas dei um jeito. Na saída, estava encucado com aquela situação e esperei Luiza ir embora primeiro. No caminho, ainda me passou outra coisa pela cabeça, e resolvi ir ao meu prédio primeiro, entrando na garagem. Demorei uns 10 minutos, aproveitei para pegar uma cueca e uma camisa, e tomei um susto quando ouvi meu celular tocar. Era Rodrigo.
- Luciano, tá tudo tranquilo? – ele parecia meio preocupado.
- Tá sim, tudo beleza, tô indo pro seu apê. Por quê?
- Nada não, beleza, tô te esperando então.
Era quase 1 da manhã. “Não é possível que Luiza seja tão louca assim...”. Meu lado nerd tinha uma disposição incrível para criar teorias da conspiração com muita facilidade. Respirei fundo e decidi esquecer o assunto. Segui o meu caminho para casa do Rodrigo, pensando em como aquilo estava se tornando um inusitado hábito: dia estressante, noite revigorante. Cheguei pronto para ganhar um beijo demorado dele, mas fui recepcionado com um sorriso amarelo. Rodrigo me entregou o seu celular:
- Ué, que foi?
- Dá uma lida nessa mensagem aqui... – ele me pediu
“Oi Rodrigo, tô aqui com o Luciano. Não topa um esquema hoje de noite não?”. Era da Luiza.
- Mas que porra é essa??? – falei exaltado.
...
Oi pessoal! Ontem precisei postar o capítulo mais cedo, e hoje mais tarde, mas prometo seguir postando ao menos um por dia, apesar de toda a correria. Irish, parece mesmo que ele está levando a sério. Geomateus, não acredito em orientação sexual nova. Talvez ela só estivesse reprimida. KaduNascimento, não acho que chegue a ser uma irresponsabilidade profissional, mas sim uma questão de saber separar as coisas. Stylo, sim, parece que dançou, mas não acredito que tudo será tão fácil assim. Galera, mais uma vez obrigado pelos votos e comentários. Interagir com vocês tem sido muito bacana. Amanhã, tem mais. Abraços!