The Scientist - 3

Um conto erótico de Pierrot The Clown
Categoria: Homossexual
Contém 917 palavras
Data: 31/07/2014 22:07:29

Me chamo Rafaela Albuquerque. Tenho 17 anos, sou loira natural, olhos verdes que puxei da minha mãe. Sou filha de um renomado engenheiro do Rio de Janeiro, Marcos Albuquerque. Meu pai definitivamente não é má pessoa. Um pouco magoado com a vida talvez. Tudo isso começou após a morte da minha mãe devido ao câncer de mama quando eu tinha 15 anos. A partir daí tudo virou de cabeça pra baixo, meu pai começou a beber todos os dias, perdeu o emprego e bem... Por essa parte me sinto culpada. Descobriu a homossexualidade da filha no dia em que perdeu o emprego e voltou mais cedo pra casa surpreendendo ela e a melhor amiga aos beijos na sala. Sim, eu. Fernanda minha melhor amiga tinha confessado ser apaixonada por mim e me beijou de surpresa, tão maravilhosa é a vida que meu pai entrou por aquela porta justo naquele momento. Depois disso ele não falou absolutamente nada, dias depois disse que íamos mudar pra Porto Alegre. "Vai ser o melhor pra você" disse ele. Eu nada falei, talvez ele também precisasse dessa mudança.

05:30 da manhã e eu levanto, os olhos semicerrados por antes estarem acostumados com a escuridão agora encarando as luzes do corredor. Estava andando quando tropecei em algo e... Droga, isso doeu! Olho pro chão e vejo uma garrafa de vodka. Respiro fundo e desço as escadas. Ele estava lá deitado no sofá, assim como está todas as manhãs, sempre do mesmo jeito.

-Pai?

Chamei uma vez

-Pai??? Pai?!

Ainda sem resposta. Tudo que se ouvia era o tic tac do relógio na parede e um barulho de... Ronco.

Suspirei aliviada, o cobri e beijei sua testa, depois subi para o quarto. Fui até a varanda sentir o vento frio da manhã, chovia fraco e o sol já estava nascendo. Deixei meus pensamentos serem roubados por um par de olhos azuis cheios de raiva, mágoa e algo mais que eu não conseguia decifrar. Não entendo como todos conseguem odiá-la. Ela é só uma pessoa como todos nós. Okay, um pouco mais agressiva,talvez, mas ainda assim, pessoas são todas pessoas independentemente das cicatrizes que carregam. Ainda lembro de ontem, na saída, quando eu senti o calor dos braços dela ao meu redor e fitei o azul de seus olhos. A boca... Próxima demais , tanto que eu também sentia sua respiração. Também lembro da parte em que ela me soltou, me deixando cair de bunda no chão e saiu como uma bala batendo a porta do banheiro... Mas essa parte eu acho que posso relevar.

Ri com o pensamento.

Saí de casa e fui até a padaria, tomei café por lá e comprei pães. Passei na farmácia ao lado de casa e também comprei alguns comprimidos, não sabia se meu pai iria comer ou até mesmo ter tempo de sentir a ressaca antes de se embebedar de novo, mas era isso que eu sempre fazia todas as manhãs. Cheguei no colégio bem antes do horário de entrada e ali estava ela, sentada no murinho da escola, de cabeça baixa e fones de ouvido. Linda até mesmo de calça rasgada e camiseta de banda. Me aproximei

-Você é a primeira garota do rock nerd que já conheci, que charme -sorri pra ela mais de nervoso do que... Sei la-

Ela levantou o olhar... o azul frio quase congelante. Baixou a cabeça novamente pra olhar algo no celular.

-O que você tá fazendo aqui cedo assim?

-O que VOCÊ tá fazendo aqui?

-Perdi o sono e resolvi vir logo pra cá, não tinha nada pra fazer.

-Legal pra você.

-O que tá fazendo aí em cima?

-Ele não me deixou entrar -fez um movimento apontando com a cabeça pro porteiro longe de nós-

-Mas ele me deixou entrar, ué.

-Não brinca?! Juro que se não houvesse uma você na minha frente enchendo o saco nesse exato momento eu nem teria desconfiado.

Ânimo, Rafaela. Seja brasileira, brasileiro não desiste nunca.

Os alunos já começavam a chegar em grandes números, se ela tentasse me matar ao menos haveriam testemunhas.

-Tá ouvindo o que?

-Sex Pistols.

-Os da sua blusa, né? CARA EU SOU FÃ, GOD SAVE THE QUEEN!!!

Ela levantou a cabeça e depois levantou uma sobrancelha dando um daqueles sorrisinhos de canto de boca. Foi uma carinha tão fofa e engraçada que eu queria ter tinta e uma tela só pra pintá-la e a deixar eternizada. Nunca vi algo tão lindo e, nessa fração de segundos eu com certeza teria notado os olhares dos alunos na minha direção. Olhares tipo "que tipo de droga ela usou?", "louca de pedra". Fodam-se eles. Ela deu um quase-sorriso! Eu estava encantada demais pra notar o mundo ao meu redor.

O sinal tocou e ela pulou do murinho parando bem na minha frente... Droga, próxima demais.

-Tá de olhos fechados por que? Dor?

MEU DEUS PORQUE ELA FAZ ISSO?

-Eu, é... Tava fazendo... Ah, a minha oração do dia antes de entrar em aula. Religião e seus sacrificios pufff

Ela me encarou com aquela bendita sobrancelha erguida e em seguida riu, caminhando pra sala. Segundo dia de aula, dois sorrisos dela, duas quedas.

Alguns passos a minha frente ela vira e diz

-Sábado tem uma festa, Mateus pediu pra te chamar. Se estiver afim aparece lá

-Obrigada, eu vou sim.

-Tanto faz.

Ela deu de ombros e foi embora. E eu? A observei ir com um sorriso no rosto.

Como eu disse... Pessoas são todas pessoas independentemente das cicatrizes que carregam.

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Comentários

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Demais! Ótima história :D

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