Desde a minha adolescência eu vivi em busca do amor, da paixão, do fogo interior, da luz inesquecível. E dessa forma, vivi como uma criança perseguindo uma pena soprada pelo vento, sem nunca definitivamente alcançá-la.
Antigas lendas gregas falavam a respeito de três irmãs, chamadas Moiras, que determinavam o destino de todos os seres viventes, tecendo a trama da vida em seu lúgubre tear. Para a minha vida elas sempre entreteceram uma trama de paixão e desejo, deixando sempre solto um fio que não tem fim.
Horas e dias se passaram tão rápido e as marés do tempo ofuscaram um pouco a chama daquela antiga paixão. Mas os braços das Moiras ainda estão estendidos, suas mãos ao tear, e eu nunca sei quando é o fim ou simplesmente o começo.
As taças se erguem, brindes são feitos, vozes se elevam acima do barulho da vida. Palavras são ditas, vontades são mantidas, e a trama se agita mais uma vez.
Quando aprenderemos a usar as nossas próprias mãos para costurar as nossas linhas do tempo? Quando encontraremos a força que repousa dentro de cada um de nós? É lá que está o fogo que tanto ansiamos, o brilho que almejamos, todo o calor que precisamos. Quando pararemos de perseguir uma pena ao vento?
Algumas vezes ficamos um pouco solitários, apenas tentando nos manter de pé sozinhos. E foi assim desde o início para mim.
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Sozinho eu não me adaptava muito bem nem à escola, nem aos colegas, nem aos professores. Eu não os compreendia muito bem, e eles me entendiam muito menos. Sendo diferente, ou eu era alternadamente tratado como a criança maravilha do mundo ocidental ou como um alienígena vindo de outra dimensão, assistindo com incredulidade o espetáculo humano.
Andava meio que perdido no meio daqueles garotos agitados pela puberdade, e eu acabava me tornando um alvo fácil. Mesmo inadvertidamente, desde pequeno eu despertava uma espécie de tensão sexual à minha volta, principalmente entre os homens. Então eu era assediado, acossado, perseguido e bolinado quase todos os dias.
Apenas para citar alguns exemplos, aí vai.
Havia um rapaz chamado Rafael que estudava comigo. Tinha apenas 14 anos, mas já era sarado, os cabelos formando cachinhos loiros angelicais, os olhos cor de mel, mas extremamente tarado. Eu apenas me sentava na minha carteira e ele já chegava com seu pênis ereto e ficava esfregando em mim. Sussurrava no meu ouvido que queria que eu chupasse o pau dele.
Dava mil nomes para o seu cacete e perguntava se eu queria conhecê-lo. E assim foi durante todo o tempo que estudamos juntos. Apesar de ser muito afim dele, eu era novo demais naquela época, um tanto inocente e ingênuo, então eu só ficava atarantado e que nem um bobo, sem fazer nem dizer nada, enquanto ele surrava seu cacete duro que nem rocha e mim.
Outro garoto, chamado Diego, devia ter por volta de uns 15 anos, alto, moreno, forte, costas largas e coxas fortes. Um belo dia, sem mais nem menos, ele me puxou para dentro de uma sala vazia, me levou para trás da porta e começou a sarrar o seu pau em minha bunda. Fiquei sem reação, atordoado, olhando para ele assustado, temendo como aquele situação terminaria.
Como não esbocei reação alguma, mas fiquei imóvel qual estátua, ele me deixou sozinho atrás de uma porta, sem saber mais que fazer. Creio que ele teria me comido ali mesmo se eu tivesse entrado na dele.
Havia outro menino que dizia ser um jumento e que queria me provar isso. Sempre que podia me mostrava o volume do cacete na fina calça do uniforme e fazia movimentos com a língua como me prometendo muita linguada. E eu nem sabia o que era um cunete.
Outros caras me mostravam seus pintos por debaixo da camisa e insistiam para que eu tocasse uma para eles, até mesmo dentro da sala de aula. Por mais que eu tivesse vontade, aquilo era tão absurdo que não podia estar correto.
Outro garoto, baixinho e gordinho, insistia que queria comer o meu cuzinho até que ele sangrasse. Eu não conseguia conceber o por que dele querer fazer algo tão terrível assim comigo.
Meu vizinho do andar debaixo, que era apenas um ano mais velho do que eu, mas bem mais alto e mais forte, corria pelado atrás de mim quando eu ia na casa dele, e não perdia a oportunidade de sarrar o irmão mais novo na minha frente, como que me convidando para participar das putarias que ocorriam naquela casa. Eu fingia que nem sabia o que estava acontecendo.
Então, como eu já havia dito anteriormente, eu passei a maior parte do Ensino Fundamental preocupado em me proteger dos homens do que em realmente conquistá-los, e toda essa situação me afastava dos meus colegas de tal forma que tinha dias que eu sequer queria ir para a escola.
Assim, depois das minhas primeiras experiências com o meu amigo, o enteado da minha tia, conforme relatado no último conto, não tive mais nenhum contato com ninguém (a não ser uns beijinhos nas menininhas de vez em quando).
Mas a minha vida inteira iria mudar... de uma forma que eu nem podia imaginar!