...
- Guilherme? Está tudo bem com você? – ele me olhou, comprimiu os lábios e olhou para o copo em sua mão.
- Eu não deveria estar aqui... O Thiago está desconfiando que esteja acontecendo algo. Tu tem ideia do que vai acontecer se ele descobrir algo? – ele falava calmo.
- Tenho! Por isso eu estou tentando me distanciar um pouco...
- E por que não está distante porra? – disse levantando rapidamente, eu me assustei.
- O que? Você que veio até aqui! Disse que precisava conversar – olhei para ele com as mãos na cintura.
- Por que me deixou entrar? Quem tu acha que é? Minha Nossa... – ele andava de um lado para o outro como se estivesse perturbado.
- Não vou deixar você me tratar mal na minha própria casa e por algo que eu não tive intenção, Guilherme... Você precisa se acalmar, agora. Parece que alguém morreu.
- Eu sei... É que... Porra... – ele me olhou – Por que tu voltou? Como me encontrou? – estava mais calmo agora.
- Eu nunca fui, Guilherme... Você que foi e por minha culpa, toda vez que eu te olho eu me lembro disso, me sinto péssimo por isso... - passei as costas dos dedos no rosto dele - E trabalhar na empresa foi o destino, eu não tinha ideia que você trabalhava aqui, nem que ainda morava aqui, e minha Nossa, nós fizemos o mesmo curso...
- Destino, o cretino... – disse sorrindo fraco e veio em minha direção, eu o abracei sentindo novamente o cheiro de uva do seu cabelo. Mas agora eu sabia o porquê desse cheiro, provavelmente por causa dos banhos do filho... Aquilo ainda não havia "descido" para mim.
Ele me encarou e eu evitei porque estava lutando contra a vontade de beijar ele.
– Daros, me beija!
Eu não consegui mais evitar, eu o beijei, beijei sentindo que era algo errado, algo que eu não deveria estar fazendo. Mas era tão bom, o corpo dele estava colado ao meu e ele segurava nos meus braços enquanto minhas mãos estavam paralelas no seu maxilar. Durante os nossos beijos eu tinha flashs da nossa infância, do nosso selinho de criança. Eu não acreditava nessa revira volta, eu não sabia o que sentia, ele era meu passado e meu presente. Mas poderia ser o meu futuro?
Ele me guiou até o meu quarto e se deitou na cama, eu me deitei ao lado dele. Ele pegou o celular e disse que mandaria mensagem para o Thiago avisando que iria dormi na casa de uma amiga. Ele digitava rápido.
- Você tem certeza disso, Gui? Ele não irá desconfiar mais? – ele me olhou e suspirou rindo.
- É contigo que eu quero estar... Seu filho da puta – disse rindo e selou seus lábios aos meus – E sempre que nós brigamos eu durmo na casa de uma amiga... Ele ainda não é maduro, nem paciente, eu prefiro evitar... – eu não comentei mais nada e ele ficou me olhando, acariciando o meu rosto.
- No que você está pensando? – perguntei.
- Estava pensando em uma música... Ela é assim – pigarreou, riu e continuou, ele cantou sussurrando – Não quero mais amar a ninguém, não fui feliz, o destino não quis. O meu primeiro amor morreu como a flor, ainda em botão, deixando espinhos que dilaceram meu coração. Semente de amor sei que sou desde nascença, mas sem ter a vida e fulgor, eis minha sentença. Tentei pela primeira vez um sonho vibrar, foi o beijo que nasceu e morreu, sem se chegar a dar... Às vezes dou gargalhada ao lembrar do passado, nunca pensei em amor, nunca amei nem fui amado, se julgas que estou mentindo, jurar sou capaz, foi simples sonho e nada mais.
Ele terminou me deu um selinho e deitou-se em meu peito, fiquei pensando nessa música enquanto acariciava seus cabelos, foi realmente um sonho? Talvez fosse, estava vivendo e surpreso pelo nosso reencontro, não sabia se estava sendo precipitado. Também não poderia arriscar se caso não fosse ele o meu amor eu estragaria a sua vida novamente.
- Guilherme? – ele respondeu com um murmuro – Você me amou? Ou... Ainda me ama?
Ele ficou imóvel, respirava junto comigo, eu não deveria ter perguntado por ser muito cedo, mas era agora ou nada, eu detesto ficar com perguntas me atormentando, gosto de ser direto, de respostas claras. Ele pensou mais algum tempo e se sentou na cama, eu me sentei também ficando de frente para ele.
- Vou responder, mas de um jeito diferente... Peço que tu se envolva e me acompanhe – eu concordei e ele veio em minha direção.
Beijou-me ao pescoço e foi descendo até os ombros, depois voltou para a minha boca me fazendo deitar, foi até meu ouvido e sussurrou “Quero um beijo sem fim, que dure a vida inteira e aplaque o meu desejo!”, voltou a me beijar e a levantar a minha camisa, foi até o meu peitoral e chupou devagar cada centímetro, eu o coloquei por baixo e comecei a beijar o seu pescoço e seu queixo, ele voltou a sussurrar “Ferve-me o sangue. Acalma-o com teu beijo. Aah, beija-me assim!”, eu desabotoei a sua camisa e beijava todo o seu tronco, descia e sentia o gosto da sua pele, parecia que tudo dele me lembrava uva, lembrei da criança, mas logo afastei o pensamento. Eu mordiscava sua barriga e peito e ele continuava a sussurrar “O ouvido fecha ao rumor do mundo, beija-me, querido! Vive só para mim, só para a minha vida, só para o meu amor”. Estava totalmente sensual o clima, eu estava muito estimulado com tudo aquilo, era diferente para mim.
Ele me deitou de volta e sentou no meu colo, rebolava segurando em meu peitoral, eu o puxei e sugava sua boca, estava ao mesmo tempo intenso e sensual, a pele dele estava quente, ele deitou sobre mim e fazia movimentos de vai e vem “Beija inda mais! E, enquanto o brando calor sinto em meu peito de teu peito. Nossas bocas febris se unam com o mesmo anseio. Com o mesmo ardente amor!” Ele tirou minha calça e minha cueca, colocou meu pau em sua boca e sugava, senti um arrepio forte, ele chupava cada parte do meu pau com maestria, eu sentia seu desejo. Forcei sua boca ainda mais e queria sentir aquela sensação pelo resto da vida. Ele lambia os meus testículos e voltava a pôr todo o meu pau em sua boca. Eu não pude aguentar e gemi, gemi forte, ele subiu em direção à minha orelha “Diz tua boca: “Vem!””, ele falou gemendo bem gostoso, tanto que eu quase gozo. “Inda mais! Diz a minha, a soluçar... Exclama! Todo o meu corpo que o teu corpo chama”.
Ele tirou a camisinha da sua carteira e colocou no meu pau, tirou sua calça e sua cueca, voltou a deitar na cama e me puxou para cima dele, eu estava entre suas pernas, comecei a lhe penetrar, dessa vez devagar. Parecia que ele não transava há algum tempo, seu cu estava fechadinho. Com tudo dentro voltei a beija-lo para ele se acostumar com o meu pau, “Que me entra as carnes e as tortura! Beija mais! Morde mais! Que eu morra de ventura, morto por teu amor!”, ele falava gemendo, um gemido que me arrepiava todo. Iniciei os movimentos, entrava e saía dele sentindo uma explosão de desejo, várias vezes fiz pausas para demorar mais o nosso ato. Ele estava entregue e gemia a cada toque meu, seu pau continuava duro como rocha, me estimulava seus prazeres.
Estava bombando há mais de 20 minutos, ele pedia mais, pedia por meu pênis. Coloquei-o de quatro e puxava seu corpo, nossos corpos se chocavam fazendo aquela sinfonia que me fascinava ainda mais. Ele gemia e se jogava para trás, nossas bocas se encontravam, dava beijos em sua nuca, agora suada, mas sem perder o aroma de uva. Eu estava em êxtase. Ele virou novamente de frente e começou a bater punheta enquanto eu o comia, ele gemia e apertava meu peito. Não demorou para eu gozar ainda dentro. Eu peguei em seu pau e acelerei os movimentos, senti pulsando na minha mão até ele explodir em gozo.
Estava deitado ao seu lado e ele ainda respirava forte, olhei para ele que dessa vez estava sorrindo de olhos fechados. Depois de um tempo ele me olhou, nós ficamos sorrindo um para o outro como dois idiotas apaixonados, mas assim que as coisas são. Ele mesmo tirou a minha camisinha, fez um nó e jogou para o lado. Depois passou o braço direito sobre mim, com sua mão ficava massageando minha orelha e colocou sua perna entre as minhas.
- Consegui responder com dignidade? – perguntou beijando meu pescoço.
- Hum... Deixa eu pensar mais um pouco... Teve algumas horas que eu não entendi muito bem, sabe? Era um poema? Uma música? Uma carta? Um roteiro? Estou confuso... – disse olhando para ele rindo.
- Hum... Era um poema, moço desatento... Tem uma parte que eu não sei se tu conseguiu escutar bem, mas eu repito quantas vezes tu quiser, é assim: “Vive só para mim, só para a minha vida. Só para o meu amor!” – disse dando beijos no meu pescoço, roçando a barba.
- Você tem noção do seu pedido, caro Guilherme? Eu estaria sacrificando muitos afazeres, muitos momentos, muitos tudo. Mas dependo de uma resposta do senhor.
- Pois diga suas condições, Sir Henrique.
- Você, ser desastradamente poético, estaria disposto a viver só para mim, só para a minha vida, só para o meu amor?
- Hum... É um ponto a ser pensado, meu jovem, mas após todos esses acontecimentos recentes... Talvez estivesse louco o suficiente para considerar isso.
Nós rimos das nossas bobeiras, aquele momento não era o certo para se decidir. Eu deixaria acontecer até a hora certa de tomar uma medida certeira, ninguém vive apenas de amor, que bom seria se fosse assim, havia vários pontos para se pensar, o tempo definiria.
Nós fomos tomar banho, houve mais carícias, mais brincadeiras e fomos dormir. Ele me fez virar e fez conchinha em mim, disse que se sentia mais seguro me protegendo do que sendo protegido por mim. Era estranho para mim, nunca tive alguém que cuidasse de mim, eu tinha a minha avó, mas era diferente, era um sentimento materno e com o Gui não, era paixão grandiosa. Era bom estar relaxado e enfim me sentir seguro nos braços do homem que eu... Amava? Possivelmente, sim.
Acordei e o Gui estava saindo do banheiro com a toalha na cintura, ele caminhou até a cama e me deu um selinho, disse que pegaria roupa limpa no seu carro e ele foi só de toalha mesmo. Eu entrei no banheiro para me higienizar. Depois de algum tempo eu saí para me arrumar, me vesti no quarto e desci atrás do Gui, ele estava comendo e tomando café, com o celular na mão. Fui até ele e lhe dei outro selinho, ele sorriu para mim com aqueles dentes brancos perfeitos e me observava.
- Poderia me acostumar... – disse me sentando – Mas não poderia me acostumar com você sempre com esse celular em mãos.
- Desculpa, é porque o Tito... – ele me olhou e comprimiu os lábios novamente, esse definitivamente era o sinal dele estar desconfortável ou envergonhado.
- Guilherme, eu não vou opinar sobre isso, mas é você que decide se quer viver uma vida dupla. Se essa for a sua escolha me avise, não posso viver em um relacionamento unilateral...
- É muito cedo para discutir sobre isso, Daros... Desculpa, eu vou pensar sobre isso tudo com mais calma, quando tiver tempo. Por favor, entenda...
- Sou paciente Gui...
Nós comemos sem comentar mais muita coisa sobre esse assunto. Ele saiu primeiro no seu carro para ir à empresa, eu demorei uns vinte minutos a mais para sair de casa, enquanto isso eu conversava com o Marvin, ele sim opinava sobre minha vida, dizia que tudo daria certo, estava quase me convencendo. Eu saí de casa rumo à empresa, quando cheguei eu entrei na sala como se nada tivesse acontecido, cumprimentei como fazia sempre e me sentei para trabalhar. Ficamos conversando sobre possíveis projetos e mais outros assuntos aleatórios, Diego como sempre animava fazendo alguns comentários sem noção, mais piadas, ele fazia questão de aprender e nos contar, ríamos mais das piadas que eram toscas do que quando eram engraçadas.
No horário de almoço eu não estava com tanta fome e o Marvin estudaria no intervalo dele, então decidi ficar na empresa mesmo, fui até a lanchonete e comprei um lanche leve, quando estava voltando escutei umas risadas e decidi passar por ali para ver o que estava acontecendo, sou curioso, exato. Quando me aproximei escutei risada de criança, logo paralisei, mas já estava perto o suficiente para eles terem me avistado.
- Henrique, venha até aqui conhecer meu netinho – disse o sr. Bertoli sorridente. Eu estava tomando suco ainda, mas logo joguei no lixo próximo e fui em direção a eles – Esse é meu herdeiro, Thiago Bertoli, futuramente será seu chefe também haha – eu apertei a mão do Thiago, ele me encarou por um tempo, mas não disse nada. Guilherme estava estático assistindo tudo, ficou um silêncio terrível.
- E esse garotão aqui deve ser o Arthur, não é? – disse me abaixando e apertando as mãozinhas dele, ele era lindo, moreninho, cabelo castanho e sorriso lindo, e o cheirinho de uva se fez presente.
- Vocês devem ter conversado muito pelo o que eu vejo – disse o Thiago olhando para o Guilherme e em seguida para mim.
- Claro, Tito, eles são da mesma área. Devem passar muito tempo falando sobre números, falar sobre o Tutu deve ser um alívio para eles – disse o sr. Bertoli disfarçando a repreensão.
- Na verdade foi o Diego que contou para mim sobre esse rapaz – eu evitava contato brincando com o Arthur – Bom, eu vou indo, tenho mais números para me confundir. Um prazer conhecer seu neto, Bertolindo hahaha. Até logo... – disse apertando a mão de todos.
- Até logo, Darico – disse o sr. Bertoli rindo.
Eu havia criado certa intimidade com o chefe, ele era um cara muito engraçado e quando estava entediado ia até a nossa sala falar bobeiras com o Diego, eu participava e nós nos aproximamos.
Eu ainda estava um pouco em choque com toda aquela situação, eu vi como eles estavam rindo felizes, como uma família perfeita. E eu era o demônio que iria estragar tudo aquilo, eu não pensava em outra coisa, só no sorriso do Arthurzinho quando brincava com os seus pais. Essa era a pior situação que eu poderia ter me metido, mas ainda dava tempo de não estragar nada.
Aquele dia passou rápido e eu não conversei mais com o Guilherme, estava cansado de pensar só sobre aquilo, não queria pressão de ter que decidi, eu era feliz tendo ele por poucos momentos, mas não me contentaria com poucos momentos por muito tempo, eu queria o amar e não podia. Eu decidi que iria sair da empresa quanto antes, não queria desgraçar mais uma vez a vida dele. Já estava carregando muitas culpas.
No fim do expediente ele tentou me chamar, mas eu saí mais rápido que o Diego, sabia que ele falaria quando o Diego saísse. Fui para a academia me exercitar e me distrair, depois de mais ou menos uma hora e meia eu fui para a minha casa rapidamente, no caminho havia mandado mensagem para o Marvin ir até lá. Eu tomei banho e quando saí do banheiro ele já estava preparando algumas bebidas – ele sabia onde eu escondia a segunda chave –, ele trouxe uma coqueteleira com ele e disse que era presente. Ele me ensinou a fazer alguns drinks e ficamos conversando, eu não havia lhe falado sobre o que havia acontecido, mas ele tinha percebido que não estava tudo certo, porém não comentou nada.
Passado mais ou menos uma hora a campainha tocou, eu disse para o Marvin ir atender porque eu estava jogado no sofá só de cueca, ele estava só de calça, mas foi atender a porta assim mesmo e eu continuei jogado. Escutei a porta fechar e ficou silêncio.
- Quem era na porta, amor? – eu chamava o Marvin de amor quando queria encrencar com ele.
- Oi Daros... Isso é estranho.
...
Olá meu fofos. Mais uma parte, essa ficou bastante poética haha, e acredito que confusa também. Eu decidi seguir um caminho que eu acho correto, nem tudo são sonhos. Mas amo vocês comentando, se caso vocês consigam me persuadir eu mudo algo e deixo mais "conto de fadas", mas eu acho que já não há graça no perfeito.
Com essa parte irá vir a tona mais um mistério, mas não tão dramático, ou sim, dependendo do seu ponto de vista haha. Eu sou confuso.
No mais, é isso. Obrigado a todos que acompanham, comentam, já não há mais como agradecer. Só isso que me mantem escrevendo. Desculpem-me os erros e a demora (já expliquei como a copa me consome [pray for Neymar haha]). Até a próxima.
Abraços a todos!