Cap.4
Aos poucos a galera foi chegando. A professora chegou.
- Olá alunos, vocês vão fazer um trabalinho em dupla. São 5 questões. Juntem se logo.
Fiquei indeciso. Giuliano ou François. Por incrível que pareça, François, na primeira oportunidade, foi pro outro lado da sala. Será se eu tinha feito alguma coisa pra ele e não tinha percebido ? Então, Giuliano e seu romantismo descomunal vieram para o meu lado.
- É, então, vamos fazer ?- falou ele, com os olhos brilhantes.
- Vamos.
Começamos a fazer o trabalho, e eu não tirava François da cabeça. Porque será que ele tinha me dado as costas ? Entregamos o trabalho e o resto da aula passou rápido. Era hora de ir embora. Ele saiu rapidamente. Giuliano quis me acompanhar, mas eu preferi ir sozinho, tem horas que dá vontade né ? Fui andando vagarosamente e pensando. Quando estava na metade do caminho, um carro preto começou a andar do meu lado. Me assustei, a princípio. Continuei andando, como se nada tivesse acontecendo, e ele continuava me seguindo. De repente, o vidro é abaixado.
- Ei garoto lindo, entra aqui, quero te mostrar uma coisa- a voz era bem grossa e máscula. Preferi não dar nem moral e continuei andando- qual é, você não escutou ?
- Escutar, eu escutei, mas eu não vou entrar ai- ele parou o carro e desceu, continuei andando.
- Para !- ele falou. Não dei ouvidos. Só senti o forte braço me puxando e me escorando na parede- que pele branquinha ! Você é bem gostosinho ein ? Vai ser um tesão te penetrar !- me subiu um desespero na mesma hora, aquele cara queria me estuprar, e não passava ninguém na rua. De repente, ele começou a beijar meu pescoço. Me deu um nojo inenarrável. Naquela altura não esperava que nada me ajudasse, minha última alternativa era dizer que eu tinha AIDS.
- Para !- gritei, tentando o puxar
- Porquê ? Tá tão gostoso !
- Porquê... - de repente, vejo um pé voar na minha frente, e aquele estuprador me soltar. De repente, começou a rolar uma briga física. Era o François que estava ali, batendo naquele homem que era bem maior que nós dois. Ele dava socos em sequência, chutes, o acertava com um pedaço de pau. O homem já nem respirava direito. Ele saiu de cima dele, com um puxão meu e o homem saiu se arrastando, em direção ao carro. Deu a partida e foi embora. Assim que François viu que ele já tinha ido, veio em minha direção e me deu um abraço bem apertado.
- Você tá bem, tá tudo bem ?- falou ele, com as duas mãos em meu rosto.
- Sim, tá tudo bem, ele tentou, mas não fez nada comigo.- ele me olhou de um jeito diferente naquele momento, nunca tinha visto aquele olhar. Parecia preocupado e cheio de ternura ao mesmo tempo. Tinha até me assustado com aquela reação.
- Eu teria matado ele se você não tivesse me puxado- (TRILHA SONORA: LOVE DEATH BIRTH - CARTER BURWELL)
- Obrigado por ter me salvado. Só queria saber por que você foi pra cima dele, sendo que ele é bem maior que você.
- Não iria deixar ele estuprar você. Enquanto eu estiver por perto, nada vai acontecer com você- me surpreendi com aquilo. Ele estava ofegante. O que significava aquilo ?- vamos logo, eu te deixo em casa.
Fomos andando. De repente o tempo esfriou, e eu estava sem casaco.
- Tá esfriando né- falei- vamos logo, eu não posso pegar esses ventos frios- de repente, mais uma surpresa. Ele tirou o casado dele e colocou em mim.
- Fica com ele, eu nem tô com frio !- me surpreendi de novo. Um turbilhão de sentimentos explodiu em mim naquele momento.
TEMPO DEPOIS
Meus pais haviam viajado pra Paris, como sempre faziam, uma vez por mês. Era domingo. Geralmente eu ficava sozinho o dia todo em casa. Mas não naquele dia. Estava tomando achocolatado como café da manhã, assistindo algumas séries na TV quando a campainha toca. Quem seria ?
- Olá- falei abrindo a porta- François, você por aqui.
- É. Meus pais foram para os Alpes ver os negócios, e eu não estava muito afim de ficar o domingo sozinho. Ai lembrei de você, e vim pra cá, atrapalho ?
- Não. Meus pais viajaram de madrugada pra Paris, coincidência não ?
- Pois é.
- Entra. Tava tomando achocolatado, você quer ?
- Quero
Peguei e ficamos na sala, conversando e rindo das séries.
- Adoro essa série- fala ele
- Eu também.
O silêncio reinou por alguns segundos, até que ele fez uma pergunta.
- Diz uma coisa, do que você gosta ?
- Como assim ?
- Tipo, a gente se fala todo dia, mas eu mal te conheço. Que tipo de música você gosta ?
- Hummm, rock, internacional.
- Tem preferência por banda ?
- Ah, Coldplay, Adele, entre outros.
- Ah sim. E filme, qual o gênero ?
- Romance, comédia, mas mais romance mesmo.
- Hummm, legal. Também gosto de romance. Adoro os da Sthepenie Meyer.
- Eu também, principalmente o Crepúsculo.
Ficamos horas entrevistando um ao outro. E como sempre, o assunto namoro tinha que chegar.
- E aí, você é solteiro ?- ele perguntou
- Sim. E, sinceramente, acho que eu nunca vou namorar.
- Porquê ?
- Ah...- pensei em falar, mas preferi guardar o segredo por mais um tempo- prefiro não falar.
- Fala, agora me deixou curioso.
- Você vai ficar mais um tempo na curiosidade- falei, sorrindo.
- Poxa. Tudo bem.
- E você ?
- Eu. Sou solteiro também. Tipo, ninguém chega, então fica nisso.
- Ah sim. E aí, você vai almoçar aqui ?
- Vou, vamos fazer ?
- Vamos. Tava pensando em fazer lasanha. É o que faço de melhor.
Fomos pra cozinha, fazer a comida. Estava fazendo o molho, e na hora de abri o extrato de tomate... o extrato voa todo na minha cara.
- Olha o que eu fiz- quando ele viu, começou a rir.
- Nossa, ficou muito engraçado kkkk
- Para de rir !- falei emburrado
- Calma, deixa que eu limpo- ele pegou o pano, e começou a passar no meu rosto. Passou a mão no outro lado. Fiquei cara a cara com aqueles olhos lindos. Meu coração saltou. Será se eu estava afim dele ?
Continua
Gostaram ????
