- O que aconteceu? Você está passando mal? – ele gritou da porta.
- Não! Foi só uma vontade de mijar. Já vou sair. – Como você me deixa louco Christian... – ele disse a si mesmo, de frente para o espelho.
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- Nossa! Você demorou no banheiro. E que cara é essa?
- Nada Christian. Eu hein! O que poderia ser?
- Vem, vamos fazer o trabalho. – Chris puxou a mão dele, e ambos sentaram-se na cama coberta de livros e um Notebook. Anderson nem prestava atenção no esforço do Chris, em explicar sobre tecnologia; seus olhos miravam para os lábios carnudos, e o rosto de anjo do Chris. A vontade dele era de agarrá-lo ali mesmo, naquela cama, e fazer amor com ele. Por tantas noites... O Anderson ia dormir pensando no cheiro e no corpo do amigo, e este sentimento retraído, o sufocava por dentro.
Meia hora depois e o Chris já não conseguia mais raciocinar, de tanto cansaço. Ele se espreguiçou na cama do amigo...
- E suas namoradas? Você ainda está namorando aquela, Juliana? - perguntou ele.
- Eu? Bem... Estamos juntos sim. – Anderson falou gaguejando.
- Se você gostasse de homens, me acharia interessante?
- Eu hein Christian! Que pergunta se nexo.
- Responde! Vai, me diz olhando pra mim. Se gostasse de homens, namoraria comigo?
- Não, porque somos amigos. – ele respondeu rápido, antes que se enrolasse com as próprias palavras.
- Já vi que você é difícil de responder a uma pergunta. Pois eu respondo! – Eu namoraria você, pois te acho um gato! Amigo, você tem o corpo e o rosto lindo!
O elogio feito pelo Christian causou certo frisson dentro dele. Anderson se sentiu nas nuvens, ao saber que o amigo o achava bonito e atraente.
- Assim você me deixa sem graça. Vamos voltar ao trabalho?
Eles retornaram as pesquisas, e desta vez com maior concentração. A afinidade entre os dois era muito grande.
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- Nos vemos amanhã na faculdade. Beijos. E vê se não vai ficar enfurnado na internet hein?
- Pode deixar senhor Christian! Vai com Deus. Ah, não se esquece de levar a nossa pesquisa.
- Claro! Eu não quero aquela professora nojenta no nosso pé.
Ambos riram e se despediram.
Ele conseguiu chegar em casa antes mesmo do marido. Christian tomou um banho e preparou uma janta rápida para recepcionar o Douglas. Tudo fluía muito bem. As brigas haviam cessado, e o comportamento do casal estava mais harmonioso. Todas as noites, sempre faziam amor, com muito romantismo e juras eternas...
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O PRIMEIRO ENCONTRO, O BEIJO E O CASAMENTO... COMO TUDO COMEÇOU...
- Oi. Eu nunca te vi por aqui. Achei estranho... Te vi aqui parado, chorando... Aconteceu alguma coisa? – perguntou o jovem Douglas a uma figura encantadora. Na verdade se tratava de um rapaz mais novo, de cabelos lisos, pele macia, olhos claros, e uma bunda roliça, sem falar das pernas...
- Não é da sua conta! Quem é você? Não te conheço! – ele foi rude.
- Calma! Eu só queria te ajudar. Não precisa ser tão agressivo.
- Desculpa. É que... Acabei de revelar um segredo para o meu pai, e nós brigamos feio.
- Eu entendo. Mas toda família briga. Eu por exemplo, vivo brigando com a minha mãe. Você não quer sentar naquela praça e desabafar?
Christian estava desnorteado, e aquele rapaz bonito, de aparência rica, porém humilde, se prestou a ouvi-lo.
- Então é isso. Eu disse a ele que sou gay, e ele me deu um tapa no rosto, além de me dizer coisas horríveis!
- Não fica assim. – Douglas o abraçou. Eu também quero te contar um segredo.
- Qual é?
- Eu sou bissexual. Mas nunca me relacionei sério com nenhum homem. Apenas rolinhos por aí. Eu na verdade, tenho uma namorada chamada Vanessa, que é muito ciumenta e jamais desconfia da minha orientação.
- Nossa! Eu jamais poderia pensar que você fosse bi. Até que você é um cara bacana. – ele sorriu para o outro.
A partir daquele dia, ambos se viam com grande frequência, até criarem uma grande intimidade.
- A sua mãe é muito legal, Douglas. Eu jamais poderia imaginar que a gente já se conhecia há mais tempo e eu nunca te reconheci.
- Mas nem eu te reconheci. Éramos pequenos demais.
- Se a sua mãe não me dissesse que conhecia a minha família, eu até hoje iria pensar que o nosso primeiro encontro foi naquela praça.
- Vem, eu te levo em casa. – Douglas o colocou no carro e partiu.
No caminho, eles se analisavam um ao outro, até que o silêncio foi quebrado.
- Christian, eu... Douglas parou o carro, e sem pensar muito, tascou-lhe um beijo molhado no Chris. Este por sua vez, correspondeu e ali mesmo, numa fúria louca e intensa, transaram.
- Eu não devia ter feito isso. – dizia o Chris ajeitando a roupa.
- Ei! Eu disse que quero namorar você. – Douglas puxou o braço dele.
- Você já tem uma namorada! E o pior de tudo, é que eu descobri que te amo!
- Mas eu também te amo. Eu vou me separar da Vanessa, e vamos ficar juntos.
- Sério?
- Sim. Agora me dá outro beijo gostoso.
MESES DEPOIS...
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- Não adianta você me impedir! Eu vou namorar o Douglas! – ele gritava com o pai.
- Seu moleque! Me respeite! Me chame de senhor, e não de você. – ele deu uma bofetada no filho.
- Isso aí. Bate mais! Vai senhor Carlos. Bate!
- Vocês dois querem parar com isso? – a mãe do Christian estava desnorteada.
- Viu? Olha bem no que o seu filho se transformou. Me desafiando por causa daquele rapaz. Fica com ele, mas ele nunca entrará nesta casa! NUNCA!
O TEMPO PASSOU, E O CHRISTIAN SEGUIA COM O SEU RELACIONAMENTO EM SEGREDO, ATÉ QUE NA NOITE DE NATAL DE 2010, O DOUGLAS PERDE A CABEÇA...
- Eu quero desejar a todos aqui presente, um ótimo Natal, com muita paz, muita saúde e...
- É aqui que está rolando a festinha do carrancudo? – Douglas invadiu a casa do Christian, completamente bêbado, e chocando todos que estavam sentados à mesa.
- O que é isso? – O pai do Chris, automaticamente olhou com raiva para o filho.
- O que você está fazendo Douglas? Ficou doido? – ele falava quase chorando, sob os olhares temerosos da família. – Olha pra você. Está bêbado!
- Eu vim aqui pra te tirar desta casa. Esse teu pai filho da puta!
- Cala a boca Douglas! – pedia o Chris.
- Alguém, por favor, me segura, ou senão eu vou partir a cara deste marginal. – Saia da minha casa seu vagabundo!
- Vagabundo não... Eu trabalho. Você que é um filho da puta... – as palavras saiam emboladas.
Ouvindo aquilo, o pai do Chris, partiu pra cima do Douglas, e lhe deu dois socos na cara.
- Para Pai! Para com isso! – Christian já chorava muito, e alguns da família, seguravam o Sr. Carlos, para evitar uma tragédia.
- Vai ficar defendendo ele? Hein sua bicha! Ele te transformou numa bicha estúpida!
- Para com isso Carlos. Não fala assim do meu filho. – ele foi defendido por sua mãe.
- Eu não quero um filho viadinho. Eu não suporto esta ideia! – ele gritava. É com este marginal que você pretende ter um futuro? Olha pra este cara... Bêbado, sem moral, sem ética... Foi pra isso que eu paguei seus estudos? – Pra se transformar em mulherzinha de vagabundo?
- CHEGAAAAAAA! CHEGAAAAAA! – Christian surtou e começa a gritar. – eu vou embora daqui. Eu prefiro morar debaixo da ponte, ao ficar do seu lado.
- Vá! Vá de uma vez, e não volte nunca mais!
E foi naquela situação critica e conturbada, que ele passou a morar na casa do Douglas, onde seus pais o acolheram como um filho, até que o casal conseguisse um cantinho para eles. O Douglas conseguiu um bom emprego, e passou a ganhar bem. Comprou um imóvel com a ajuda do pai, e vive até hoje com o Christian. Mas o relacionamento de ambos tornou-se palco de muitas brigas e desconfianças... E a Vanessa pairava neste terreno.
CONTINUA...