O Amor Sintônico – Parte 7 – Eu sei o que você fez na noite passada.
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Me disseram uma vez, que o medo é algo que queima até mesmo no coração mais gélido. Que temos apenas uma razão para senti-lo e uma outra razão para desprezá-lo. Eu estou optando pela razão de desprezá-lo, senão fosse meu medo eu poderia estar com o Ryan, aqui e agora. Me abraçando.
Eu estou acabado, morto por dentro. Não sei de onde tirei tamanha força para me obrigar vim a faculdade. A cada passo que eu dava em direção a mesma, eu rezava de joelhos para que o ar dos meus pulmões desaparecesse e eu caísse ali, duro e morto.
Ia ser bom, se pelo ao menos uma vez na vida a pessoa pudesse se sentir livre, sem o medo e a culpa. Era o que eu estava sentindo, muita culpa e medo, se ele nunca me perdoa, o que eu vou fazer¿ Era perguntas das quais eu não saberia responde senão corre-se atrás das respostas.
Assim que eu passei pelo portão eu esbarrei em alguém, não liguei de princípio, mas ele fez questão de segura o meu braço. Era o Eduardo. Não era só o que me falta, o Eduardo não, por favor, alguém me joga um pó de sumiço, não queria vê-lo. Principalmente agora, que ele já deve estar ciente do meu rompimento com o seu irmão.
Ele riu e não falou absolutamente nada, me soltou e deixou que eu andasse. Desgraçado, ele riu da minha desgraça, da confirmação que ele precisava. Queria mata-lo. A raiva subiu à cabeça e eu fui em direção a sala.
Me sentei em uma das cadeiras do fundo, abaixei a cabeça e novamente chorei, eu não estava conseguindo controla esse defeito. Deve ser de família, meu pai sempre chora quando lembra da minha falecida mãe. E eu costumava a chora, mas aprendi a convive sem ela, afinal nunca a conheci, superei melhor dizendo.
- coração¿ - perguntaram me balançando.
Era o Ryan, meu Deus, meu peito se encheu de felicidade e borboletas começaram a flutuar em meu estomago. Eu não estava acreditando, era mesmo ele, quando me levantei para abraça-lo ele desapareceu, e eu acordei assustado no meio da aula de física avançada.
Ai que vergonha, todos olhavam para mim e eu me encolhi o máximo possível na cadeira para que a minha vergonha não fosse descoberta. Bianca se virou e deu um sorrisinho e fez um sinal de “quando a aula acaba, a gente pode conversa¿”. Eu apenas confirmei que sim com a cabeça.
A aula não durou muito e a louca da Bianca saiu me arrastando para a cantina. Ela me obrigou a comer, coisa que nem eu mesmo sentia vontade. Sim, a Bianca tinha dessas manias de quere ser a mamãe de todos e quere manda em todos. Ela me perguntou o que houve e eu expliquei toda a história pra ela, sem falta nenhum detalhe.
- meu Deus, então esse seu professor é um gostoso. Será que ele curte uma bocetinha¿ Você precisa me apresenta-lo.
- garota, será que dá pra foca na minha solidão de sofrimento compulsivo¿ E vem cá, você não namora a Lola¿
- sim, mas as vezes contratamos garotos de programas para foder nos duas. Fica no dedo e no roça-roça meu amor, para sempre não cola.
Eu rir.
- olha a Cinderela riu, eu sou mesmo uma destruidora. Sei fazer coisas que até o Lúcifer desconfia.
- menina, chame por Deus. – falei.
- nossa você parece a minha mãe, querido! Por favor, melhore. – falou ela rindo.
Eu rir novamente.
Ela me alegrava, me passava um ar de melhoria ou alguma esperança de que algo pudesse mesmo melhora. Se eu não tivesse perdido tanto tempo no fundamental odiando essa garota... bom, não se eu estaria tão amigo dela assim, vocês sabem o que aconteceu entre mim e a Mia.
- cadê a Lola¿ - perguntei. Eu estava achando estranho o fato dela não está presente conosco.
- ela foi fazer uma cirurgia na boca, ela havia ti falo. Tu esqueceste viado.
- minha querida, com essa minha vida eu sou capaz de esquecer que eu estou mesmo vivendo.
- nossa baixou a bicha poeta. – falou rindo.
- sempre. – falei dando uma última mordida no sanduiche de frango e tomando o resto do refrigerante em lata. – acabei mamãe.
- isso mesmo filhinho, agora vem cá, deixa a mamãe limpa sua boquinha porque ela está melada. – falou ela passando guardanapo no quanto da minha boca.
Ela riu e eu a acompanhei, a risada dela causava uma breve rachadura em todo meu sofrimento de culpa. Parecia sumir por alguns segundos. Eu amava a Bianca.
- vejo que a bicha não está tão triste assim. – falaram.
Era a Izzy, mas como ela sabia¿ Claro, Eduardo.
- queridinha, só eu posso chama-lo de bicha. – falou Bianca se levantando.
- vejo que a vaca ainda não aprendeu o caminho da fazenda. Vai pasta desgraça. – falei.
- olha a boca, também vejo que tirou o sapatinho de gesso. Estou pronta pra quebra seu tornozelo de bicha mal comida novamente. – falou ela avançando pra cima de mim.
Foi por puro reflexo, soquei sua cara. A deixando tonta, ela agitou a cabeça tentando se livra da tontura, eu a peguei pelos cabelos e bati seu rosto contra a mesa, a levantei novamente e joguei no chão, seu nariz sangrava. Levantei a perna para chuta seu rosto, quando a Bianca decidiu me tirar dali e me arrasta pra fora da cantina.
Por alguns segundos eu sentir uma raiva enorme da Bianca, mas logo passou. Voltei a minha sã consciência, realmente eu queria causa mais a Izzy, ela quebrou meu tornozelo e eu queria pelo ao menos quebra o seu nariz, com o chute.
Mas acho que uma leve pancada no rosto está de bom tamanho, mentira gente, não foi uma leve pancada, eu rumei a cabeça dela com muita força contra a mesa. Se ela ousasse novamente tenta me enfrenta em público eu acabaria com ela, da mesma maneira que acabei. Não me importo se ela é mulher, ela procurou e provocou, aguente as consequências.
Acalmei os nervos assim que a Bianca me mandou toma um pouco de água com açúcar. Fiquei surpreso por um negócio caseiro funciona tão rapidamente. Eu ia volta pra sala, quando a Bianca me mandou ir embora.
- eu não vou, não vou dá esse gostinho de amedrontado para aquela cachorra Bianca. – gritei.
- viado, pensa bem. Vai pra casa e se acalma, ela vai tenta algo contra você novamente e dessa vez pode ser até pior. – falou ela com calma. – pode até acaba em morte. – falou mais nervosa dessa vez.
- você tá é louca. Nunca que essa vadia chegaria perto de mim pra me mata. – falei ironicamente.
- não seja irônico, bicha ela é maligna e vingativa e se você não percebeu a Mia não vem pra faculdade faz quase dois meses e se elas estiverem aprontando.
- que se fodam ela Bianca. Eu bato nas duas, quebro a cada das duas.
- você não pode para uma bala de revolver querido. Vá por mim, por favor, conselho de amiga.
- tá, vou embora. Por ti. – falei beijando a sua testa.
Fui até minha sala e peguei meu bornal na cadeira e caminhei em direção a saída. Quando novamente um outro ser esbarra em mim. Juro que se fosse o Eduardo ele apanharia ali mesmo, só por te rido da minha cara.
- caramba, não olha por onde anda. – gritei.
- Michel. – falaram.
- oi¿ Te conheço¿
- é claro que sim, já ficamos no fundamental, lembra¿ - perguntou.
- Dave. – falei me lembrando.
É incrível como o tempo faz bem a certas pessoas, na época que eu fiquei com ele. Não velho, na boa o garoto era horrível, fiquei por piedade mesmo e, porque ele tinha um pau enorme. Ele estava lindo, seu cabelo estava preto, o que estranhei ele era loiro, seus olhos castanhos claros estavam radiantes e seu sorriso totalmente perfeito, diferente do antigo, torto e imperfeito.
- que cara é essa amigo¿ - perguntou.
- problemas pessoais, e desde quando você estuda aqui¿ - perguntei.
- eu não estudo aqui, vim ver uma pessoa especial e acho que já a encontrei. – falou rindo.
Me senti como um morango naquele momento, vermelho e corado de vergonha. Não sei por causa motivo, mas ali mesmo eu comecei a chorar, aquilo me fez lembra do Ryan. Ai meu Deus, como eu sou idiota. – pensei.
- eu tenho uma coisa.
- que coisa¿
- que faz você se esquecer de tudo, todos os problemas somem enquanto você estiver sobre o efeito dela. – falou com um olha malicioso.
- não existe isso Dave. Ainda não inventaram um remédio pra dor de cotovelo.
- existi sim, se chama Pensamento.
- mas que porra é essa. Você está fazendo psicologia¿ - perguntei rindo.
- não idiota, não foi isso que eu quis dizer. Pensamento é o nome da nova droga que inventaram, ela te faz esquecer de tudo e faz com que seu pensamento se descubra. Faz você agir por puro desejo e prazer, ela te guia ao que você mais deseja e cuidado ela é poderosa.
- eu não vou me droga, eu não tão imbecil assim. Você virou um traficante. – falei saindo. Ele me segurou pelo braço.
- toma, a primeira é de graça. Se curti pode me procura e arranja mais. Te vejo garoto. Sabe onde me encontrar. – falou indo embora.
Fiquei pensando por um instante, olhando para aquele pino transparente com um pó branco dentro. Pensamento. – pensei o nome da droga. O que será que acontece se eu, te usa por apenas uma vez¿ É isso, vou usa você só uma vez, eu estou mal e preciso de uma ajuda extra.
Fui para casa e subir para meu quarto. Me deitei na cama e fiquei pensando na possibilidade de usa a tal droga que o Dave tinha me dado, se esquecer de tudo ia ser bom pra mim. Nem que fosse por apenas algumas horas ou dia. Me levantei da cama e fui até meu bornal, tirei o pino transparente de uns dos bolsos e voltei a observa-lo. Vai ser bom, sim vai, eu vou me esquecer de tudo. – pensei.
Fui até o banheiro do meu quarto e me olhei no espelho. E se me viciar¿ E se eu não conseguir para com isso¿ - perguntei a mim mesmo. Isso eu só vou saber tentando. Abrir a tampinha do pino e despejei o pó na boca, não sabia se era pra cheira ou beber, mas achei beber a melhor opção e abrir a torneira. Levei um pouco de água com as mãos a te a boca e engoli. Pronto, estava feito.
Sai do meu quarto e senti meu mundo fica tonto, vi a figura do Jean e a do meu pai atrás dele, eles pareciam está vindo em minha direção desesperados. Como se algo de ruim tivesse acontecendo, não sei bem o que estava acontecendo. Se eu estava no chão, também não sabia, vi tudo fica preto e fechei os olhos.
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Bom, por hoje é só.
Eu espero que estejam gostando. Amanhã se dê eu posto uma nova parte.
Me desculpem pelos erros de ortografia, e obrigado aos que acompanham e aos que comentam.
Beijão e até mais!