Aos catorze anos éramos já um pouco altos para a idade,apesar de magros.Sem muitos pêlos,a mente ainda em grande parte preocupada com molecagens,viviamos a liberdade perfeita dos inocentes.E se ainda não tinhamos amadurecido o juízo,em compensação a intensidade de nossa amizade só progredia.
Levando-se em conta a atmosfera hostil,infernal de minha casa,não poderia logicamente convidar Fernando para dormir lá.Eu acabava,então,passando ao menos uma noite por semana na ampla e arejada casa branca dele.Eram noites divertidas,lanchavamos no quarto,líamos seus gibis e livros,falávos das pessoas da família em voz baixa.Ele tinha,em cima da comoda o retrato do pai,um general do exército que falecera quando Fernando tinha três anos.Me confessou se recordar do cheiro denso e nauseante do cachimbo dele,suas mãos grandes e quentes e a farda grossa,bem passada;impressões de garotinho,naturalmente.Eu falei meio embaraçado da última briga do meu mano com o pai,ambos embriagados noite adentro,bradando um com o outro por conta dos lucros da lavoura que,ultimamente,os deixava furiosos.Do meu quarto,encolhido na coberta,ouvia lá embaixo o som de cadeiras derrubadas,o "cajado" zunindo no ar,chocando-se nas costas do meu irmão,pois o palavrão que ele berrou ao pai morreu de imediato em seus lábios,dando lugar a um urro de dor.
Fernando não mais se chocava com essa vida tenebrosa da minha casa:conhecia-a de cor.A única preocupaçao dele era saber se não me acontecera nada.Eu negava:"Não.Sou prudente,esqueceu?Eles começam e já saio de perto.",respondia.O máximo que ocorria eram ameaças esbravejadas,alcunhas mordazes,ironias e deboches,marcando tudo com um agudo desprezo,me causando um ódio vivo e sanguíneo daquela casa sombria,onde até o sol se recusava a entrar e apenas a presença acalentadora de madrinha me fazia continuar e não fugir com o circo como os moleques da escola tanto sonhavam para si.
Dormimos na cama dele,agarrados como o desde o princíio,quando éramos bem pequenos.No escuro,com o calor de outubro incomodando,de cuecas nós dois e descobertos,demoramos a cair no sono.Na minha mente,a imagem dele nu mais cedo ao banho se fixava como um quadro luminoso.Tinha sido inédito para nós:por conta do calor e da pressa para o jantar,ele me puxou para a cabine de banho,ainda de cuecas os dois.Nos despimos em silêncio,entramos debaixo da agua e,enquanto me ensaboava com o rosto ardendo de vergonha,ouço dele uma risada,me dizendo que "eu crescera em tudo".Resmunguei qualquer coisa,rindo também,olhando-o de modo rápido,o seu membro talvez pouco menor que o meu,ornado de ralos pelos louros que principiavam a engrossar,os testículos róseos bem juntinhos ao corpo.Ele me olhava sem dizer nada,enxaguou os cabelos e me cedeu espaço debaixo do chuveiro.Quando nos enxugávamos no quarto,ele mw provocou,batendo em mim com a toalha,dando risada,me deixando vergões vermelhos nas nádegas e no braço.Pegando-o pelos ombros numa gargalhada,o joguei na cama com força,ficando por cima e prendendo-o com minhas pernas abertas;era até chocante sentir o calor do pênis dele no meu,a morneza úmida de suas coxas,o aroma de sabonete barato que ele emanava.Prendia-o pelos punhos,mirando os olhos verde-descorado dele,enquanto o via sorrir de um jeito maroto.Ia me dizer algo,mas a voz da mãe dele soou no corredor,chamando para o jantar.Saltei de cima dele w nos vestimos em silêncio,embora a sensaçao que restava em mim era de lampejos de eletricidade correndo pelo sangue.
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•Obrigado aos que leem!Por vocês continuo. :D