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Eu acho incrivelmente mágico quando coisas boas acontecem quando nós menos esperamos, dá aquele arrepio da dúvida, a sensação de medo inoportuna, os estados, as transições, o fortalecimento, a aceitação.
Naquele momento eu senti um corpo se chocar contra o meu, eu poderia muito bem me defender e afasta-lo, mas antes do meu reflexo fazer isso por mim eu senti um beijo. Não, não era um beijo, era o beijo! O beijo que já era familiar. Suas mãos puxavam meus cabelos, sua língua sugava a minha, a fragrância de uva invadia meu nariz, seu corpo que eu já sentia falta. Não pensava em o que estava acontecendo, não estragaria o momento tão intenso e imprevisível. Era o meu Gui ali, entregue novamente.
Não havíamos descolado os lábios ainda, estava sem ar e a brisa fria ainda entrava pela porta, com todo o cuidado para não dar a ideia que eu estava recuando do beijo fui de costas até a porta e a fechei. Ele pulou e suas pernas ficaram em volta de minha cintura, adorava aquela posição por me sentir dominador. Encostei-o na porta e continuava a sugar seus lábios macios. Desgrudamos e ambos olhamos para os olhos, os olhos castanhos dele estavam mais claros, da cor de um mel bem ralo, era um momento único, o olhar dele aparentava ler minha alma com todo o cuidado, eu observava cada detalhe do seu rosto agora másculo. Ele não me deu muito espaço e voltou a me beijar.
O deitei no sofá e ele mesmo tirou sua camisa, notei algumas tatuagens no seu braço, não havia notado antes porque ele só vestia camisas de manga longa. Depois ele tirou uma camisinha do seu bolso da bermuda e colocou entre os dentes sorrindo, com ele segurando a camisinha eu puxei a bermuda e sua cueca junto, eu já estava só de cueca, o que foi prático. Ele colocou a camisinha no meu pênis e me masturbou por um curto tempo.
Nós já estávamos nus e duros, eu fazia movimentos de vai e vem superficialmente na entrada do seu cu. Ele arfava no meu ombro e apertava meus bíceps. Não sabia muito bem como ele gostava do sexo, mas eu estava tão excitado que meti de uma vez, ele bufou e ficou vermelho instantaneamente, eu fiz menção de que iria falar, mas ele me calou com um beijo e por um tempo ficamos parado. Ele assumiu a posição me deixando por baixo e começou a cavalgar no meu pau, era uma sensação maravilhosa, seu cu apertadinho mastigando o meu pau, ele descia e subia segurando no meu peito apertando, ele alternava entre meu peitoral e em meus bíceps, notei que ele estava gostando de ter um macho musculoso.
Após um tempo sua cabeça estava jogada para trás, sua mão esquerda no meu joelho e com a direita ele se masturbava, as veias do seu pescoço e braços pareciam que iam estourar, e estouraram em um gemido forte, então eu percebi que ele havia gozado e melecado o meu peito todo.
Ele levantou e deitou de costas no tapete da sala, me coloquei entre ele e o penetrei novamente, ele sorriu de olhos fechados mordendo o lábio inferior e rebolou. Eu já bombava com desejo, sentindo suas carnes e ouvindo-o gemendo, via seu pau voltar a ficar ereto e me impressionava que mesmo com a dor que ele demonstrava sentir seu pau não diminuíra. Ficamos de joelhos um de frente para o outro, ele tirou a minha camisinha e juntou nossos paus, bateu uma sincronizada juntando também as suas duas mãos, eu gozei primeiro, melou o seu peito e o meu, ele não demorou a gozar novamente também.
Foi intenso, inesperado e maravilhoso, caímos no tapete e ficamos recuperando o ar que havia nos faltado, eu estava com um sorriso de orelha a orelha, olhei para o lado e ele estava puxando o ar com os olhos fechados e estava totalmente sério. Depois de longos minutos de respirações ofegantes, ele falou ainda olhando para cima.
- Posso usar o seu banheiro? – perguntou tão baixo que só se poderia escutar naquela proximidade que estávamos.
- Claro...
Ele juntou suas roupas no chão e seguiu para o banheiro que ele ainda lembrava-se onde era. Eu coloquei minha cueca e vi o estrago das manchas de gozo no meu tapete marrom, mas não me importei na hora, fiz um sanduíche rápido e me sentei para comer na bancada da cozinha mesmo. Quando estava na metade do sanduíche escutei a porta se abrir e fui até lá deixando o sanduíche no balcão, ele saiu depressa pelo segundo portão, eu corri até ele e consegui segurar a porta do carro, ele me encarou ainda avermelhado pela ação que fizemos.
- O que aconteceu? Nós não trocamos uma palavra, o que foi? - ele continuou calado - você vem até a minha casa, nós transamos gostoso ha pouco e você não me diz nada? Nada?
Eu queria entender e ele ficou me encarando, parecia procurar respostas, mas continuava com o rosto sereno, quase de deboche.
- Era só isso que eu queria contigo. Transar... Transamos, acabou.
- Isso era o que você queria e quanto a mim?
- Hahahahaha parece até que tem sentimentos... O que tenho a ver com isso? Não pedi pra ti me chamar de amor, foi só uma transa, como as que tu costuma fazer cotidianamente... – ele tentou fechar a porta de novo, mas eu continuava lá.
- Você está brincando com a minha cara, não é? Eu te conheço e sei que você não é assim. Você não usa as pessoas...
- Aí é aonde tu se engana, eu posso ser do jeito que eu quiser e no momento em que eu quiser. Tu não me conhece mais... Sai da frente da porta... – eu permaneci, ele jogou a cabeça para trás com um resmungar de aborrecido.
- Não, não é assim que você é... Posso ter feito muitas maldades, mas você sempre foi melhor que eu e sempre tenta lembrar-se disso, provar isso pra si mesmo... Mas com essa atitude de agora você só estaria se tornando um eu... – ele olhava para frente com o maxilar tenso e apertou as mãos no volante – Isso só prova que você pensa em mim sempre, pensa que isso seria uma atitude minha, me usa como um cara que não quer se tornar... Isso é o que mais dói em mim... – ele me olhou – Eu não sou mais esse cara, Guilherme... Não sou!
- Tu não me conhece e tu nunca vai mudar... Agora, por favor, sai.
Eu saí e ele fechou a porta, depois de um tempo ele ligou o carro e deu partida. Sei que havia o deixado pensativo. Primeiro ele pensaria na nossa transa, depois nas minhas palavras, pensaria também na sua atitude, em seguida nas nossas brincadeiras quando criança e novamente no nosso beijo. Aqueles pensamentos ficariam por toda noite e madrugada martelando, o deixando com insônia.
Eu o conhecia muito bem, eu sempre fui bastante observador, e o olhar que ele me deu no carro, o apertar das mãos no volante diziam que eu estava certo, ele ainda era o meu garoto que precisava de proteção e dessa vez eu queria proteger ele contra todos os idiotas que tentassem algo.
Mais uma semana passou sem ele aparecer na empresa, eu continuava focando no trabalho, Diego sempre me mostrava as partes dos trabalhos que o Guilherme fazia, sempre continha algum erro, não graves, mas por falta de atenção, apenas numeros colocados em lugares errados. Eu pensava que aquele assunto ainda o atormentava, por isso ele não se concentrava na programação. Mas Diego me veio com a bomba.
- Sempre vem com alguns poucos erros... – eu disse pensando alto enquanto analisava a programação que o Guilherme acabara de enviar para a empresa, tínhamos que revisar antes de colocar no ar.
- Arrã... O Gui deve estar se estressando e se distraindo muito com o filho dele para conter esses erros, por isso ele vem trabalhar aqui... Quero dizer, vinha.
FUDEU!
O QUE? COMO? FILHO? ÃÃ? Tive que segurar muito minha surpresa para não dar bandeira, não sabia se o Diego tinha consciência da orientação do Guilherme, ou se conhecia o Thiago.
- Hum... Ele já tem filho? – perguntei como se não quisesse nada.
- Urrum... Não sei se te falaram, mas o Guilherme é gay, ele adotou um filho junto com o namorado dele, o Thiago... - "tem como ficar pior, Deus?", pensei - Aaah e o Bertoli (chefe) é pai do Thiago e eu sou primo do Thiago, somos todos da família aqui, menos você hahaha.
FUDEU!
Minha nossa... Isso mudava tudo. Eu estava muito ferrado! Se eu fizesse eles se separarem faria também o Guilherme perder tudo, ele tinha uma família, um namorado, um bom emprego, UM FILHO. Eu não era nada perto daquela gente, não ferraria com a felicidade dele, algo que ele cativou pelo seu jeito, seu caráter.
- Compreendo... Eu já falei com o Thiago, ele me pareceu bastante novo... – joguei verde para fazer o Diego me contar mais.
- Ele é mesmo, o Tito tem apenas 21 anos, já é adulto pelo menos hahaha. Eu não sei muito bem a história, mas meus tios encontraram o Gui na porta de um hospital, ele havia andado quilômetros fugindo do tio que fazia coisas más com ele... – senti um aperto nessa hora – Decidiram cuidar dele, pagaram estudo e tudo mais. Foi difícil quando eles assumiram o namoro, o Tito tinha 18 anos e o Gui 23, lembro que todos brigaram, mas por fim aceitaram... Quando tinham 20 e 25 anos eles quiseram adotar uma criança, o meu pai tem muita influência aqui, advogado renomado, demorou muitos meses, mas eles adotaram o Tutu haha, ele é uma graça, tem 4 anos. E essa é a história – disse ele sorrindo.
Eu estava muito, muito, muito ferrado e triste. Aquilo mudava todos os meus planos definitivamente, eu agora era incapaz de prosseguir com os nossos encontros, ou qualquer coisa parecida. Ele tinha tudo que poderia querer e eu não queria o título de destruidor de lares.
Naquele dia eu tentei trabalhar, mas o assunto voltava toda hora, terminou meu expediente e eu fui para um bar. Eu bebi sozinho por algum tempo, algumas pessoas chegaram até mim, tanto homens quanto mulheres, mas eu desconversava e eles saíam. Determinada hora eu vi um homem vindo em minha direção, ele aparentava ser novo, tinha olhos extremamente azuis, usava óculos estiloso, estava com uma camisa regata branca que mostrava uma tatuagem de caveira no ombro esquerdo, mas não observei os outros detalhes porque ele se sentou ao meu lado e me encarou.
- O que é cara? – eu disse com um tom grosseiro depois de um longo tempo que ele estava me encarando sem dizer uma palavra. Estava incomodado.
- Estava te olhando de longe e queria ver se era tudo isso de perto – disse sorrindo.
- Como você pode ser tão cara de pau assim? – eu estava ainda mais incomodado.
- Eu fiz um curso intensivo, obrigado por notar o meu potencial, senhor – disse sorrindo mais largo ainda. Não pude deixar de escapar um sorriso.
- Tá, beleza... Agora diz o que quer.
- Well... Quero conversar, dar algumas risadas, talvez fazer amizade contigo, ooouuu... Ir pra tua cama, já que moro com os meus pais ainda e não seria muito legal eles acordarem com os meus gemidos. E após uma bela noite acordar na sua cama com você me desejando bom dia e se fosse possível dizendo o meu nome.
Fiquei assustado com a sinceridade e como ele era direto, mas se ele queria brincar eu também faria, não tinha nada a perder. Eu olhei para ele sério, com feição raiva.
- Cê tá louco? Não vai rolar... – falei grosso com a pior cara de mal que conseguia fazer, ele estava se levantando do banco com cara de assustado, mas eu segurei no braço dele – Esqueceu que eu não sei seu nome? – disse e sorri, ele deu um suspiro longo e respirou fundo. Depois sorriu.
- Pensei que você ia me bater mesmo, mesmo... Depois do bom dia diga Marvin – sorriu e estendeu a mão.
- Henrique – disse apertando a sua mão – Marvin significa cara de pau?
- Esta não é uma boa ocasião para dizer o significado do meu nome, mas um dia eu falarei, espero que você não procure no google... Vou te chamar de Rico e não aceito reclamações.
- Tudo bem, como quiser hahaha, mas como você tomou coragem pra vir falar comigo? Eu podia muito bem te dar uma surrar por me achar com cara de viado.
- Uuh, isso é verdade, você de inicio me assustou por ser tão grande, mas eu amo músculos... Eu estava lhe sondando fazia um bom tempo, desde quando você chegou para ser sincero, e percebi que as mulheres você enXOTAva – ele enfatizou o xota e fez o símbolo com as mãos com cara de nojo – com mais rapidez e dava chance para alguns caras... – eu ainda estava rindo da cara dele de nojo quando falou xota.
- Você percebeu isso, mas eu não... Não estou acostumado a ser gay ainda... Sempre reparei nos caras e nas mulheres, mas ultimamente tenho reparado muito em um cara...
- Em um cara? Só um? Game over for me... Você é um gay apaixonado, vou me levantar e me retirar, porque não dará em fodinha isto.
- Você quer só foda? É bom levantar e ir mesmo...
- Muito romântico para um homem do seu porte... Sorte sua que eu apaixono em homens românticos do seu porte.
Nós começamos a conversar, tínhamos gostos musicais distintos, ele era louco pelas divas e por música clássica, além de rock alternativo e um pouco de metal, tinha 23 anos e cursava psicologia, era um pouco afeminado por falar gírias gays e algumas vezes em inglês. Nós continuamos bebendo por um tempo, ele era muito engraçado e inteligente, chegamos a conversar até sobre filosofia, ele era ateu, o que não mudou muita coisa, ele pelo menos não tentava me convencer que Deus não existia. Quando já eram por volta de 10:30 da noite eu o convidei para continuar a conversa na minha casa, pagamos a conta, fui no meu carro e ele no dele me seguindo.
Estacionei na frente de casa e o carro do Guilherme estava no outro lado da rua, ele desceu e eu também. Ele caminhou até mim com as mãos no bolso e uma cara esquisita. Ficamos na frente do portão de casa.
- Está tudo bem? – perguntei para ele que estava calado.
- Está, eu estava pensando que deveríamos conversar, há varias coisas que tu não sabe e que acho justo pormos as cartas na mesa e resolver tudo... Isso.
Eu sabia sim das varias coisas, mas ele não sabia que eu sabia. Quando ia responder o carro do Marvin parou atrás do meu, ele desceu com umas sacolas e sorrindo, ele era realmente bonito.
- Rico, eu parei para comprar algumas bebidas para nós, por isso demorei... Oi? – disse olhando para o Guilherme.
...
Olá fofos, mais uma parte para vocês (:
Agora as coisas começaram a andar e mais um novo personagem. Eu esqueci de mostrar a foto de como eu imagino o Thiago, é assim: http://imgur.com/UkzYX6w
E o Marvin: http://imgur.com/mEymC22
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Agradeço a todos os comentários, vocês realmente me incentivam. Obrigado. Desculpem-me todos os erros. Até a próxima.
Abraços a todos!