P.S.: Quem leu os comentários do capítulo passado viu que eu estava pensando em mudar o nome do conto pra somente "Física, Amor ou Destino", já que como o nosso amigo Huguinho14 ressaltou, o Heitor não está se portando como um "troglodita"... então eu pensei bem e resolvi tirar essa parte do título do conto. Obrigado pela atenção.
Saí do banheiro e o Heitor estava sentado na minha cama com um dos meus porta-retratos na mão, que tinha uma foto antiga minha e do Maurício em uma viagem pra Orlando que nós tínhamos feito. Acho que estávamos na 7ª série quando tiramos aquela foto.
Fiquei só de toalha parado olhando pra ele, e havia algo em seu olhar que eu não sabia o que era. Ele me viu e soltou o porta-retrato no chão, fazendo com que ele ficasse em pedaços.
- Caramba Fábio, olha o que cê fez eu fazer cara, olha, a culpa é sua, você quem ficou parado que nem um espantalho e me espantou, me desculpa mesmo, caramba, eu nunca vou ter dinheiro pra comprar outro desses pra você. - ele gaguejava e eu só sabia rir.
- Do que cê tá rindo man, isso não é engraçado - ele parecia irritado.
- Calma, depois eu compro outro porta-retrato, pelo menos não aconteceu nada com a foto - falei.
- E quem é esse da foto?
- É meu melhor amigo, ele foi embora, foi fazer medicina na argentina... só vem no final do ano.
- Ah, sei. Então posso ir tomar banho?
- Pode, já te dou uma toalha. - falei.
Ele entrou no banheiro e eu fui juntar os cacos de vidro que quebraram do porta retrato.
- Ah, Maurício, como eu sinto tua falta - pensei...
Depois que terminei de juntar os cacos de vidro, finalmente Heitor saiu do banho com uma toalha enrolada na cintura e pela primeira vez eu pude admirar seu corpo: 1,85 de altura, 87kg bem distribuídos, seu corpo era sarado, não era nada muito artificial, ele parecia muito com o ator Tyler Hoechlin de Teen Wolf (pra quem quiser ter uma noção [nessa foto ele tá idêntico]: http://prntscr.com/3ygjd5).
- E aí, cadê a roupa que você disse que ia me emprestar? - ele disse meio envergonhado.
- É.. tá ali - amostrei a gaveta pra ele, tentando disfarçar a ereção que tive. - Pode escolher qualquer uma - falei.
Depois que ele se arrumou nós fomos no meu carro em direção ao tal pub. Quando chegamos todos já estavam presentes e já pareciam bem alegre e, quando me viram, fizeram uma cara de espanto.
- Então esse era o Heitor que tu tava falando? - perguntou Alessandra, se levantando para nos cumprimentarmos. Alessandra era bem bonita, tinha 1,70 de altura, cabelos pretos bem lisos e longos, tinha os dentes perfeitamente alinhados, morena (artificial), ela era modelo quanto mais nova, por isso por onde passava deixava qualquer homem (e algumas mulheres) babando. Naquela noite ela usava uma saia de cintura alta preta, com uma blusa prateada de lantejoulas e um lindo salto preto. O relojo dourado em seu braço dava um charme a mais na tonalidade da sua pele morena.
- Muito prazer, apesar de nos conhecermos, acho que nunca nos falamos - Alessandra se dirigiu ao Heitor, sempre muito educada.
- A satisfação é toda minha - disse ele, reparando em seu corpo.
Aquilo não me comoveu e eu não fiquei com ciúmes. Como reparei que provavelmente eles iam ficar, troquei de lugar com ela e fiquei ao lado de Vinícius, que parecia aparentemente chateado com alguma coisa.
- Vini, conte seus problemas pra mim - brinquei.
- Porra, Fábio, por que diabos tu tinha que trazer esse cara pra cá?
- Uai, ele tava na minha casa e eu não podia expulsá-lo, né?
- Binho, não gosto de tu andando com ele... uns amigos meus falaram que ele é barra pesada, envolvido com tráfico de drogas e já cometeu até um estupro - Vinícius parecia preocupado.
- Tu tá louco Vinícius? Isso é acusação séria mano, se tu quiser posso te levar até as pessoas que me disseram isso.
- Então tá fechado, mas eu vou ficar muito puto se for mentira tua por ciuminho - falei.
- Que isso Binho, a gente se conhece desde pirralho, fomos criados juntos, tu acha que eu ia mentir assim pra ti? Tô preocupado contigo, e com a Alessandra também agora - ele apontou pros bancos onde ela e Fábio estavam se beijando.
Lara, que é namorada do Vinícius, logo quis saber do que a gente conversava tão baixinho e logo tivemos que mudar de assunto, mas é claro que meu humor mudou. O que o Vini tinha me contado sobre o Heitor era sério e, caso fosse verdade, eu teria que me afastar rapidamente dele.
Já estava ficando tarde quando o pessoal resolveu ir pra uma festa que Lara tinha achado ali próximo com a ajuda do GPS de seu celular. Eu não estava com clima e aparentemente o Vinícius também não, mas Lara, Alessandra e Heitor pareceram muito afins de ir, então aceitamos. Eu, Heitor e Alessandra fomos no meu carro, Lara foi no carro com o Vini. Não demorou muito para chegarmos na boate.
Assim que entramos percebi que aquilo seria uma completa muvuca, tinha muita gente, o som estava muito alto e os efeitos pirotécnicos eram de deixar qualquer um tonto. Eu fui pra um canto com o Vinícius e o restante do pessoal foram dançar a uns 50 metros de nós.
Após muita dança, eis que algum cara pisa no pé de Heitor, que o empurra no chão. Depois disso eu não vi mais nada, muitas pessoas ficaram ao redor impedindo a minha visão, já que eu estava longe. Só me lembro de termos sidos literalmente chutados da boate pelos seguranças.
- Você por um acaso é louco? - Vinícius parecia alterado.
- Eu que te pergunto, você por um acaso é louco de tá falando assim comigo seu playboyzinho de merda? - Heitor estufou o peito.
- Cara, eu não tenho medo de ti. Tu não sabe se portar em um lugar público não? De que zoológico, ou melhor, de que mata tu veio?
Heitor nada respondeu e me puxou pelo braço em direção ao meu carro sem se despedir de ninguém. Vinícius logo veio atrás.
- Pra onde tu acha que tá indo com esse zé ruela, Fábio? - perguntou Vinícius.
- Ele vai dormir lá em casa - respondi.
- Ah, então eu também vou. - ele jogou a chaves de seu carro pra Lara.
- Calma, Vinícius, tu bebeu, tá alterado... vai pra casa, amanhã a gente conversa. - Eu nunca havia visto ele tão alterado.
- Tá, mas eu vou te ligar daqui a pouco, não se esquece daquele nosso combinado - ele deu uma piscada de olho pra mim e nós dois rimos. Entrei no carro e em seguida, Heitor entrou.
Ficamos em silêncio e nenhum de nós dizia nada, até que em certo momento ele resolveu falar.
- Fábio, me desculpa mesmo pelo que aconteceu, eu me descontrolei, nem me despedi da Alessandra.
- Uhum - foi tudo que consegui responder. A verdade é que eu estava pensando no Vinícius.
- Não tá com raiva? - ele perguntou.
- Não - respondi seco.
- Cara, aquele filho da puta do Vinícius vai se ver comigo... quando eu pegar ele vou estourar aquela cara de filinho de papai que ele tem.
- Olha cara, tu já fez problemas demais, se tu quiser continuar com a minha amizade tu não vai tocar um dedo no Vinícius, ouviu bem? UM dedo - Dei ênfase ao falar "um".
- Como é que é Fabio, tu tá defendendo ele?
- Claro!
- Quer saber, cansei! Para aqui que eu vou descer
- Não viaja, cara, tá tar- PARA AQUI - fui interrompido por uma voz dele que eu ainda não havia conhecido, então parei, já que ele podia me bater ou coisa do tipo.
- Valeu pela "amizade" - ele fez o sinal de aspas imaginariamente. E toma a bosta dessa blusa, comprado com dinheiro podre - ele a jogou na minha cara e saiu andando sem camisa pela rua.
Cheguei em casa e logo fui para meu quarto. Tomei um banho gelado e passei uma vassoura no quarto pra tirar algum restante de caco de vidro que ainda insistira em aparecer. Assim que me deitei na cama, liguei a TV e estava passando um filme muito bom do Hugh Jackman chamado Gigantes de Aço, e lembrei que eu tinha ido assistir esse filme com o Maurício no cinema. Olhei a hora do meu celular e já passava das duas da manhã, mas o que me surpreendeu foi uma mensagem do Vinícius, que pedia pra eu ligar pra ele.
- Oi - falei.
- Eai, conseguiu controlar o leão selvagem ou precisou colocar ele dento de uma jaula? - ele riu.
- Ele não veio, discutimos no meio do caminho e ele desceu, toma cuidado com ele! - falei.
- Por que tá me dizendo isso?
- Porque ele disse que ia quebrar a cara de filinho de papai que você tem - ele riu.
- Eu não tenho cara de filinho de papai, você acha que eu tenho? - ele perguntou.
- Não, não acho - nós dois rimos.
Após conversarmos um pouco pelo telefone, ele desligou porque disse que ia fazer sanduíche pra comer. Eu disse que também ia atrás de alguma coisa e então acabei pegando um pedaço de torta prestígio na geladeira. Quando voltei pro quarto, havia uma nova mensagem do Vini.
"Hoje a noite foi excelente, espero que possamos repetir outras vezes. Dorme bem e se cuida" e instantaneamente um sorrisinho no canto de minha boca apareceu.
Eaí galera, espero que vocês estejam curtindo aqui tanto quanto eu! Continuem comentando e dando notas, é gratificante pra um escritor saber que seu trabalho está sendo reconhecido devidamente.