Olá meus estimados leitores da Casa dos Contos!
Hoje vai mais um capítulo do conto "Unindo uma nova família". Eu percebi que o capítulo anterior teve poucas leituras, mas eu estou feliz pela aceitação de vocês. Vou responder agora aos comentários do conto anterior. Saibam que esse capítulo vai dar o início aos sentimentos entre Leandro e Emanoel.
Alguem93, Josivan65, Lucas M. - Obrigado por terem gostado!
Edu19>Edu15, geomateus -- Tô curioso: Por que vocês estão dizendo que o capítulo foi triste? Essa não foi a minha intenção.
Vamos ao conto:
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O tempo acelerou as coisas de tal forma que nem senti que o dia da visita do Emanoel chegou. Eu acordei um pouco apreensivo. Não sabia o que aconteceria daqui a algumas horas mais tarde. Mas o meu filho parecia ansioso e feliz, aguardando com ansiedade a chegada do seu "pai". O Henrique estava bem arrumado, bonito e sorria sozinho todo o tempo... O Emanoel só virá pela tarde, mas parecia que ele entraria pela porta de casa a qualquer momento, pelo menos era a impressão que eu tinha, né?!
Fomos almoçar, descansamos um pouco e sentamos no sofá, aguardando juntos pelo "ilustre" visitante. Eu não queria ser estraga-prazeres de meu filho, mas era bom deixá-lo preparado para quaisquer eventualidades, o que se podia esperar do Emanoel.
EU: Filho, eu sei que você está ansioso pela chegada do seu pai biológico, mas acho que você deveria se preparar para caso ele não venha.
Eu senti tristeza emanar dele depois de que eu falei isso, mas eu não queria que ele se machucasse mais do que poderia ficar se Emanoel desse no pé de novo.
HENRIQUE: Eu sei, pai. Mas eu acredito que vai vir, vai me conhecer, que seremos grandes amigos, e quem sabe ele seja um pai tão bom quanto você?!
EU: Tudo bem! Vamos esperar então.
Ficamos assistindo televisão somente para distrair-nos até que ouvimos batidas na porta. Henrique abriu um bonito sorriso e foi me acordar, porque eu estava quase dormindo - quase????
HENRIQUE: PAI, PAI! - disse ele, me sacudindo - Vamos pai, acorda! Ele chegou!
EU: Ele quem, filho?
HENRIQUE: Meu pai biológico, pai! Meu pai chegou!
Eu fui abrir a porta, e meus olhos viram o Emanoel na minha porta. Ele usava uma camisa pólo vermelha com uns brasões bordados, uma calça jeans que valorizava as pernas grossas que ele tem e carregava alguns embrulhos nas mãos. Para completar, ele usava óculos que o deixava ainda mais bonito e aqueles cabelos brancos como a neve... O pai do Henrique é realmente muito atraente!
HENRIQUE: Pai?? - disse o meu filho, ao aparecer atrás de mim.
EU: Filho, esse é o seu pai, o Emanoel. - sai da frente da porta para que o Henrique visse o homem que chegara.
EMANOEL: Filho?!
HENRIQUE: Pai?
EMANOEL: Sim, sou seu pai. Você está grande, rapaz! Tá um homenzinho já!
HENRIQUE: É verdade. Meu pai sempre diz isso para mim.
EMANOEL: E como você está indo na escola? - disse o homem, depois que entrou na minha casa e se sentou no sofá, junto com o meu filho, ou nosso filho... E eu só observo.
HENRIQUE: Vou muito bem na escola! Minhas notas são muito boas sempre tiro de média 9.0 ou 10.0. Isso graças a meu pai que sempre me ajudou a estudar, me ensinou quando eu tiro as minhas dúvidas e etc.
EMANOEL: Ah, que legal... Posso te chamar de filho, não posso?
HENRIQUE: Pode sim. Você é o meu pai biológico, então o senhor pode me chamar de filho.
EMANOEL: Ah, valeu! - e deu um sorriso tímido.
Ficou um silêncio estranho na sala da minha casa, pois nenhum dos dois sabia como continuar puxando assunto, e ao mesmo tempo tinham tanta coisa para se falarem. Eu tomei a iniciativa.
EU: Emanoel, o que são esses embrulhos que você trouxe?
EMANOEL: Ah sim! Eu trouxe presentes para vocês. - Ele se levanta do sofá, e pega um dos três embrulhos e entrega para o meu filho - Esse é o seu.
Meu filho rasgou o embrulho com vontade e quando viu o que recebeu, os olhos dele brilharam. Ele ganhou um videogame do modelo mais recente.
HENRIQUE: Um videogame!!! Pai, obrigado!!! - disse ao abraçar o Emanoel.
Nessas horas é que eu vejo a necessidade de ser rico. Esse tipo de alegria eu nunca poderia dar ao Henrique enquanto eu sou pobre. Meu filho estava com um belo sorriso no rosto, como se nada o fizesse tão feliz quanto àquele presente.
EMANOEL: Eu também tenho um presente para você! - disse ele pra mim, me tirando dos meus pensamentos. E ele pegou um embrulho e me deu. Confesso que fiquei sem jeito, por receber um presente do cara que há pouco tempo eu o odiava. - Eu não sabia o que comprar, por isso não fique chateado pelo presente!
Eu abri o presente e eu não acreditei no que meus olhos estavam vendo: um par de sapatos sociais. Eu sei, eu só ganhei um par de sapato, algo simples. Mas aquele par de calçados era justamente o que eu necessitava! Que estranha, mas boa, coincidência.
EU: Obrigado, Emanoel! - disse para ele - Era justamente o que eu precisava!
EMANOEL: Sério? Ah... Por nada. Fico feliz que você tenha gostado do presente.
EU: É! Mas eu estou mais feliz pelo Henrique! Nunca vi aquele brilho no olhar dele antes dele ter ganhado o videogame que você deu! Você está de parabéns!
EMANOEL: Eu também estou feliz por tê-lo feito feliz!
EU: Queria aproveitar que o Henrique subiu pro quarto para te pedir desculpas pela grosseria que eu disse contra você ontem, lá no hotel. Eu estava magoado por você ter abandonado a Rafaela grávida e nunca pensei em te entender. Se eu fosse mais compreensivo teria percebido que você também é vítima dos fatos. Me desculpe!
EMANOEL: Tudo bem, tá desculpado! Eu estou grato a você por ter criado o Henrique como se fosse seu filho. É muito raro um homem aceitar e amar um filho de outro cara como se fosse seu! E agora eu vejo que o meu filho não poderia estar em melhores mãos do que a sua e a de minha amada Rafaela!
Ficamos alguns segundos olhando um para o outro, tentando descobrir o que cada um pensava sobre o outro. Essa "análise" foi quebrada pelo Henrique, que veio correndo até a gente, e deu um abraço no Emanoel. Em seguida ele me abraçou, do mesmo jeito que fez com o pai biológico. E depois segurou as nossas mãos, ficando o Emanoel segurado pela mão esquerda dele, e eu, com a mão direita. Parecíamos uma família: eu, o Emanoel e o Henrique. Eu não queria admitir, mas gostei da ideia!
Acabou que almoçamos juntos, os três, conversamos e encontramos muitas coisas em comum. Descobri que amamos a Rafaela pelos mesmos motivos, que a vida não foi nada fácil para nós e que, pra mim, ele é um bom pai. A partir daquele dia eu passei a ter uma nova opinião sobre o Emanoel, uma bem positiva!
Fomos ao parque juntos, os três, e ficamos lá brincando com o Henrique. Parecíamos uma família. O Henrique interagia muito bem com o Emanoel e comigo. Estávamos muito felizes, mas naquele momento eu senti que tinha alguma coisa errada, como se estivéssemos sendo observados, mas não havia ninguém nos vigiando, eu acho!
Eu fiquei sentado em um dos muitos bancos brancos de cimento da praça, enquanto Emanoel e Henrique brincavam de jogar bola. Eu achei bom, isso indicava que o Henrique queria se aproximar do pai biológico assim como o Emanoel queria se aproximar dele.
Meia hora depois, os dois vem até mim.
EMANOEL: Filho, eu tenho que ir embora agora! O dever me chama. - disse para o Henrique, que fez uma cara de triste - Não se preocupe, amanhã venho aqui de novo, se seu pai permitir - falou agora olhando para mim.
EU: Cara, você é bem vindo aqui!
EMANOEL: Obrigado, então amanhã estou aqui, de novo, para te ver!
HENRIQUE: Certo, pai! Eu gosto muito de você, sabe?!
EMANOEL: Claro que sei, meu filho. E eu te amo muito! Agora eu tenho que ir mesmo. Tchau, filhão! - e beijou a testa do Henrique.
HENRIQUE: Tchau, pai!
EMANOEL: Tchau também, Leandro. Obrigado por ter me aproximado do meu filho! Serei eternamente grato a você por isso.
EU: Por nada, Emanoel! Meu filho queria muito te conhecer, então eu corri atrás disso. Eu amo muito esse meninão aqui! - fiz um cafuné na cabeça do Henrique - Eu quero vê-lo muito feliz, e por isso te trouxe até aqui.
EMANOEL: Obrigado de novo. Bom, agora tenho realmente que ir. Amanhã estou aqui de novo! Boa tarde pra vocês.
Emanoel entrou no carro e o ligou. Ficou com a janela do carro aberta, olhando pra gente enquanto dirigia o veículo. Depois que perdemos o carro de vista, Henrique e eu voltamos pra casa.
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Em um lugar próximos da praça, dois homens observaram o passeio de Emanoel, Leandro e Henrique.
VOZ MASCULINA 01: Então quer dizer que esse é o filho do Emanoel Santos, o dono de hotel em Porto Seguro? Vamos nos dar muito bem com isso né, meu chapa?
VOZ MASCULINA 02: Com certeza, mano! Amanhã vamos faturar em cima desse muleque!