As pescarias, as subidas e árvores, as armadilhas para pássaros e os passeios à pé pela região _ tudo isso perdeu o sentido para nós. Havia agora um outro tipo de divertimento urgente, infinitamente prazeroso, que demandava um pouco mais de tempo porém valia e muito a anulação das outras atividades antes agradáveis.
Qualquer canto, a qualquer hora em que nos achassemos sozinhos era uma ocasião propícia. Talvez se nos vissem de longe enxergariam dois garotos abraçados de um jeito estranho, as calças quase arriadas, mexendo freneticamente os braços, quase em sincronia, um com o rosto no ombro do outro ou aos beijos. Contudo, apenas quem via essas cenas em os cavalos velhos do estábulo, observando-nos com seus olhinhos tristes e desinteressados, leitosos pela idade .
Uma noite no quarto de Fernando, sobre o tapete, ele usou a boca em mim, num gesto talvez instintivo. Um espasmo me arqueou do chão, quase como uma chicotada invisível e mordi com força meus lábios, contendo um gemido gutural. Não imaginava que uma sensação pudesse superar a outra em excelência. Olhei-o, começando a suar e vi sua cara zombeteira, sugando meu pênis como se quisesse com ele matar uma sede antiga. E de fato, assim o fez, engolindo o que me veio com uma força impressionante, as vezes me magoando a pele com os dentes.
Depois, me contou ofegante que não soube porque fizera aquilo _ tinha tido vontade, apenas. Não hesitei em fazes o mesmo nele, embora achasse o gosto estranhíssimo a principio. Todavia, logo a sensação de estar chupando um dedo com prazer, sem conseguir parar mais, me dominou; ele tremia, as vezes, e não demorou a me encher a boca do esporro novo e ralo, levemente salgado como a saliva dele. Engoli sem pensar muito.
Na escola, os garotos falavam vez ou outra em "bichas", certos homens obscuros que se deitavam com outros.
_E como eles fazem? _ perguntava o Fernando em tom soturno.
O mais esperto dos meninos, Luizinho, explicava com gestos e caretas, demonstrando asco e divertimento. Eu via Fernando me olhar por momentos, com certa apreensão.
_E isto é feio? _ queria ele ainda saber.
_Como não? É horrível, um pecado. Não sabiam?
Voltávamos para casa em silêncio, meio cabisbaixos. Mais tarde, ao final do meu serviço ele aparecia, me prendendo num canto escuro do galpão, beijando-me por longo tempo. Quis saber se eu não estava mal impressionado com o que dissera Luizinho. Dei de ombros, mas me sentia, sim, um tanto desanimado.
_Escuta. Não acho que seja errado _ sussurrou ele, fitando meus olhos feito os lesse _ Gosto de você, quero o seu bem, sei que me corresponde...Como isso seria pecado? Para esse povo beato tudo é contra Deus, mas não acredito. Rei, quando eu for maior de idade você vai morar comigo, numa casa só nossa. Com você que eu quero casar.
_ Ora essa! _ não contive uma risada _ Um homem não pode se casar com outro,seu tonto!
_ Não importa. Você vem comigo, sim. Vamos para a capital.
Achava engraçado esses sonhos grandes dele, mas não alimentava grandes esperanças em sua realização. Ele sempre fora muito imaginativo e otimista.
Sentamo-nos no largo banco rústico pra fora do estábulo após apanhar umas mexericas miudas e verdes pra gente. Fernando descascava a sua concemtrado em algo dentro de si, o cenho franzido, enquanto o sumo acre da fruta se evolava no ar.
_ Ouviu aquele bobo dizendo como os homens fazem?_ indagou de repente, sem me olhar.
_ Ouvi...E você quer tentar.
_ Pode ser bom. Porque fariam se fosse ruim?
_ Se for melhor do que o que já fazemos...
_ Pois é _olhou-me, com um sorriso contido nos lábios _ Vamos tentar?
•
•
•
Obrigado pela atenção, perdoem os erros, até o proximo, etc, etc...
Espero estar agradando!
geo mateus : esse foi para você, lindinho, por não deixar de comentar.