If you think of me, I will think of you.
TWO DOOR CINEMA CLUB - NEXT YEAR
As luzes estavam cada vez umais distantes à medida que passávamos os carros em velocidade máxima. Não sentia meu rosto e comecei a rir, pois sempre q estava bêbado a melhor das sensações era "sorrir sem perceber" como dizia Caio. Meu corpo doía, mas eu estava em paz, e era como se não pensasse mais em nada, percebi que havia algo pendurado em meu braço, meu peito doía. Ali então olhei para cima e o vi. Vi a movimentação ao redor, alguns lamentos doloridos e um choro curto e silencioso, e algumas pessoas que nunca havia visto antes tiravam algo do meu braço. E eu o vi. Com seu pijama que eu considerava o "mais favorito" e sua barba por fazer, mas ele chorava, seus olhos azuis e grandes choravam e deles escorriam lágrimas que frias percorriam seu rosto. E olhei dentro de seus olhos e disse:
- Me deixa ir, por favor.
Ele então beijou meus lábios, e não vi mais nada.
Bem, você pode estar se perguntando o que aconteceu. Meu coração parara por 47 segundos. E como?
Uma garrafa de vodka, uma caixa de prozac.
Suicídio.
Agora que me lembro dos acontecimentos, vejo como fui precipitado. Os motivos?
Naquela tarde eu estava excepcionalmente feliz! Estávamos fazendo um ano juntos. Um ano desde de que havíamos nos beijado num colchão na sala de estar. Pensei em uma surpresa, e como meus pais estavam viajando, por sorte, aquela seria uma ótima oportunidade de estarmos juntos. Pensei em algo simples, um jantar e um presente que eu havia escolhido há algum tempo, um pingente de ouro com nossas iniciais em cirílico, fazia uns seis meses que eu economizava pra comprar.
Dois dias atrás havíamos dormido juntos, e foi a noite mais linda que já tínhamos visto. Deitamos num colchonete e sendo o teto de uma parte do sótão de vidro, podíamos admirar um lindo céu estrelado. Nossas pernas nuas se entrelaçaram enquanto me aconchegava sobre seu braço com minha cabeça próxima ao seu peito e nossas mãos unidas. Nossas pernas sincronizadas moviam-se involuntariamente enquanto periodicamente nos beijávamos.
- Vini...
- Oi.
- Nada.
Ficamos quietos por um instante, e naquele momento um nó na minha garganta surgiu. Eu o conhecia muito bem, sabia o que ele queria dizer, que em dois meses ele partiria, e que junto com ele tudo que havíamos construído. E então, o vi chorar. Sem mover seus lábios, lágrimas verteram de seus olhos, como se minassem de suas pálpebras enquanto meus dedos deslizavam empurrando aquelas lágrimas pra longe. Apenas o abracei. Senti meus olhos queimarem, um rubor quente em minhas bochechas, e precisei como todas as forças controlar uma vontade de pressionar meus lábios e deixar o choro vir. Eu deveria ser forte por nós dois, pelo menos naquele instante. Deus sabe como eu já havia emagrecido nos últimos dias, como chorava involuntarimente antes de dormir. Havia largado o time, meus amigos. E me deixava estar só, esperando que Caio jogasse algumas pedrinhas em minha janela e me chamasse para fora sempre acontecia. Bem, não acontecia mais. Nos últimos meses ele havia deixado de lado, por conta dos estudos. E chegamos ao ponto de apenas adentrar o quarto um do outro e transar intensamente como se fosse a última vez, e que de alguma forma pudéssemos apagar nossas preocupações. Geralmente eu acordava antes eia embora, quando estava em sua casa, quando estava na minha descia para a cozinha ou então assistir televisão, brincar com o Bobby.
Ainda queimava entre nós uma paixão muito forte, um desejo tão forte que me fazia queimar e tremer quando nossos corpos se tocavam, quando seu peito tocava o meu, quando ele segurava meus braços e não me deixava sair debaixo dele. E aquela barba ruiva tocada pelo fogo, aquele seu cheiro único agridoce e seco às vezes, me enlouquecia. Seu suor, sua pele, seus olhos azuis, cada sarda que eu já havia decorado como infinitas coordenadas de um mapa pouco explorado, cada centímetro de sua pele quente, cada pelo que se arrepiava a um toque meu. Eu estava morrendo aos poucos. Eu o perderia ali, e me perderia ao mesmo tempo, num abismo profundo, não haveria volta. Amar é uma maldição tão avassaladora que nos faz destruir a nós mesmos.
E quando transávamos... Bem, nesse quesito nada tenho a indagar.
- Você quer?
- Sim.
- Você tem certeza?
- Eu te amo. E eu só tenho certeza disso.
E como se uma corrente de milhares de volts percorressem meu corpo, sentia sua boca junto a minha, seu rosto quente, suas mãos pesadas e seus dedos compridos tocando meus cabelos e minha barba falha e loira. Com os olhos fechados, beijava seu rosto, e de fato ele era bem maior que eu, e isso eu realmente apreciava.
Seu corpo esguio, seus mamilos eriçados e rosados que eu insistia em beijar, seu bumbum rígido seu jeito másculo e adulto, sua voz rouca e seus gemidos quase inaudíveis. Seu queixo que então tocava meu ombro, seu pênis ereto tocando minha coxa. Sim eu sou baixinho. Sentia seus corpo pressionar o meu, e seu peso, seu cheiro, e aquela falta de ar me excitaram tanto que eu meu pênis doía em contato com o travesseiro sobre o qual estava. Senti seus dedos percorrendo desde minha nuca e devagarinho descendo por minhas costas até a palma de sua mão tocar meu bumbum e então meus testiculos, que de tão sensíveis faziam meu pênis contrair involuntariamente.
- Eu quero ir até o fim, Caio.
- Eu sei, agora relaxa.
E então, senti um de seus dedos me penetrar. Aquilo era novo, um pouco assustador, mas eu realmente confiava nele. E então senti seu pênis lubrificado forçando. E deixei escapar um gemido grave e involuntário que o fez continuar.
- Vini, que apertado.
- Eu disse que era virgem.
- Vini?
- Ei, quem disse que era pra parar? Eu disse que também quero que vc sinta o que você me faz sentir.
E então fui penetrado pela primeira vez. E enquanto nos olhávamos nos olhos eu me masturbava lentamente sentindo-o dentro de mim, vibrando à mesma frequência, e então não pude segurar uma ejaculação tão forte e intensa que sujara meu rosto e seu peito. Ele então aumentou o ritmo e ejaculou dando um urro intenso e grave que garanto q foi sua melhor gozada até então. Nos abraçamos e dormimos.colados, e eu ouvindo o ritmo de sua respiração dormi com ele ainda dentro de mim.
**A NEW MESSAGE**
Caio says:
- Eu passo aí mais tarde. Temos que conversar.
You say:
- Precisamos nos ver, faz uma semana que não te vejo. E sim, precisamos conversar. Te amo.
Caio says:
- Ok. Vou chegar 19h do cursinho, passo aí.
Me senti um pouco frustrado, provavelmente estava acontecendo algo, mas aquele era nosso dia. Tratei de cozinhar sua comida favorita, ambos haviamos emagrecido, mas eu realmente estava esquelético, meus pais inclusive me levaram ao médico, mas segundo os exames não era nada e seria provavelmente emocional.
Fiz lasanha, depois do Garfield, Caio era a pessoa que mais amava lasanha, e eu amava mais ele do que amava lasanha!
Às 19 horas, esperei na sala, a mesa pronta, lasanha no forno já pronta, uma cesta de pãozinho ao lado do castiçal. E a caixa com nossos pingentes ao lado de seu prato... 20 horas e nada... 21 horas e nada. Seu celular estava desligado, acabei dormindo no sofá. Acordei com alguém em pé na minha frente, era ele. Estava bêbado. Era uma sexta feira, mas ele não costumava beber, principalmente por estar em ano de vestibular.
- Caio.
- Vinicius, temos que conversar agora!
- Bem, hoje completamos um ano. E eu fiz lasanha e comprei...
- Completamos o quê?
- Faz um ano que...
- Vinicius, me perdoa, mas eu preciso ir embora pra construir minha carreira, e ...
- Caio, o que você tá falando, meu? Que mané Vinícius!?
- Vini...
- Cê tá terminando é isso?
- Não. Porque nunca teve nada. A gente só se curtia e tudo mais. E minha mãe veio com um papo sobre você e sobre eu ser gay!
- Caio, para de ser otário. Vc sabe que a gente se gosta. O que tá acontecendo? Eu não to te reconhecendo, vc bebeu?
- Vinicius, desculpa, mas eu não sei como te dizer isso. Bem, acaba aqui.
Ele já ia em direção à porta..
- Caio, seu desgraçado, olha pra mim! Olha nos meus olhos e fala que não me ama!
Seus olhos baixos olhavam para o chão e nem sequer subiam em direção aos meus.
- Olha, seu filho da puta.
- Eu não.... Posso te amar.
- Sai, Caio. Antes que eu quebre a sua cara aqui mesmo. Seu desgraçado, vai construir essa merda de futuro bem longe.
- Vini, eu...
- Vai se foder, vc e sua mãe. Gay? Vc gozou sentado no meu pau, é claro que vc é gay. Acorda seu otário. E toma essa merda de presente.
- Corri até a cozinha e peguei a caixinha e a entreguei nas suas mãos.
- Vini...
- Se quiser jogar essa porcaria no lixo, fica a vontade. Melhor, derrete e faz um pingente pra tua mãe. Sai daqui com esse bafo de pinga, seu muleque filho da puta. Esquece que eu existo.
Ele olhou pra mim, sorriu, abriu a porta e saiu. Corri até a cozinha e joguei a lasanha no lixo. Não derramei nenhuma lágrima, lavei o restante da louça, abri o congelador e tirei uma garrafa de vodka. Abri a despensa de remédios, peguei uma caixa de prozac que minha tia havia esquecido em uma das visitas, fui para meu quarto. E a cada comprimido eu tomava um gole. Olhei pela janela a luz do sótão estava acesa, Caio estava na janela olhando em minha direção. Fechei as cortinas, deitei em minha cama engolindo o último punhado de pílulas e me deitando ouvindo o cd da minha banda favorita que ele havia me comprado no meu aniversário, e enquanto ouvia Two Door Cinema Club, cochilei totalmente chapado e sorrindo.