Cap.34 (Último Capítulo)
Depois de um dia voando pra Porto Alegre, voltei para o Rio. Era sensação de dever cumprido. Peguei um táxi pra o meu apartamento, e quando cheguei, Felipe veio correndo para os meus braços.
- Oi Pai, que bom que você voltou, pai Gabriel está fazendo brigadeiro pra gente.
- É, e vai ficar delicioso !- falou ele, vindo me abraçar- e ai, como foi ?
- Foi ótimo- e aquela cena se repetiu diversas vezes. As vezes era eu, as vezes ele, que entrávamos por aquela porta com a melhor cara possível, cansados por ficar viajando por dias, mas felizes por estar de volta, por estar em casa, em família.
TEMPO DEPOIS
O ano foi passando. E apesar dos dias longe um do outro, éramos mais unidos do que qualquer outra família do prédio. O fim de ano vinha se aproximando, e com ela as festas de ano, e com elas, a dúvida, se iriamos ou não passar as festas juntos, ou alguma viagem nos tiraria. Acabou que Natal ficamos juntos, Ano novo não. Tudo estava lindo na casa da minha mãe, todos estavam lá.
- Garell !!- falei correndo em direção ao meu primo - que saudade de você !!!
- Ochi primo, você não para mais em terra - ele falava, olhando para Felipe
- É né, fazer o quê, sorte que estou de folga hoje, mas não vou estar no ano novo, infelizmente.
- Poxa que pena - de repente, Renato e Danilo entram juntos, com presentes de Natal.
- Né que os sumidos sempre aparecem - falou Danilo, me abraçando
- Ô Danilo, você sabe que eu adoro vocês
- É claro que eu sei primo -falou ele sorrindo
Aos poucos o pessoal foi chegando, a festa estava armada. A família reunida, a alegria na nossa casa. Aos poucos, a 00:00 foi se aproximando. Logo, a contagem.
- 10,9,8,7,6,5,4,3,2,1... Feliz Natal !!! - todos começaram a se abraçar, era dia de comemorar, era dia de ficar juntos. Abraçei Gabriel e Felipe juntos, eles eram a razão da minha vida.
- Eu amo vocês, vocês são tudo pra mim !- falei, já com os olhos marejados.
- Nós também te amamos pai - Felipe falou. Os barulhos dos foguetes deixavam aquele momento ainda mais barulhento. Abraçei Gabriel com todo o carinho do mundo.
- Te amo tá, vou te amar pra sempre- falei
- Também te amo amor, você é a razão da minha vida, tá- nós dois já choravamos. Abraçei minha mãe, abracei meus primos, e falei pra todos eles, o quanto eles eram necessários pra mim. Eles eram tudo o que eu tinha.
6 MESES DEPOIS
Enfim, férias !!! Depois de um bom tempo viajando nosso país, era a nossa época de férias. Decidimos ir pra Natal. Já havia visitado várias vezes aquele lugar e sempre gostei. Saimos bem cedo do apartamento, nosso voo era as 05h da manhã. Chegamos no Galeão, relativamente vazio. Fizemos nosso check-in, vi alguns amigos que eu sempre via quando trabalhava. Nossa viagem demorou umas 09hs contando a parada em Brasília. Chovia em Natal. Era o início das nossas férias.
TEMPO DEPOIS
A praia estava ótima. Mas tinhamos que voltar pro hotel, afinal já era noite. Subimos, peguei um refrigerante e fui pra varanda. Fiquei lá um tempo pensando. Como sempre, na vida. Exatamente igual a anos atrás, na época que eu era cego. Pensava que nunca veria a luz do mundo, ficava triste quando meus amigos apareciam felizes, com seus amores, enquanto eu nunca tinha nem beijado ninguém. Até que Gabriel apareceu. Aos poucos, fui me apaixonando por aquele jeito tímido que ele tinha. Nunca imaginei que ele iria retribuir meu sentimento. Depois, foi a época de contar para os pais. Aflição, minha mãe aceitou de primeira, o pai dele, renegou de primeira, depois aceitou. Até que surgiu o tratamento na Áustria. Uma esperança de passar a enxergar o mundo. Uma esperança de ver aqueles que faziam minha vida feliz. Fui. Fiz laços de irmãos com meus primos. Eram 8 adolescentes numa casa, bons tempos. E sempre, sempre, Gabriel estava comigo. Ele nunca teve vergonha de eu ter um defeito físico, se apaixonou por mim mesmo assim, e eu por ele, mesmo sem nem ver quem ele era. Expliquem isso agora, preconceituosos de plantão !!! Ele foi comigo pra Áustria. Podia ser precipitado, éramos dois adolescentes, passando pelo período da emoção, mas eu sentia que era com ele que eu ficaria a minha vida. Seria com ele a minha felicidade. Felipe, apareceu por uma mera sorte. Mas foi comigo que ele ficou. Amo ele como meu filho. Sou pai dele, não de sangue, mas de coração. A nossa família estava pronta. Voltamos pro Brasil. E agora, estamos aqui. Os três, felizes, casados. Como eu amo esse homem.
- Te amo Gabriel, sempre vou te amar- falava, olhando pra Lua, minha companheira de todas as horas.
- Também te amo, mesmo você sendo um chato as vezes- falava ele, escorado na porta.
- Hummm chato é ?
- Chato, mas amor da minha vida- falava ele, agora me abraçando.
- Passamos por tanta coisa, sempre juntos. Por isso que eu te amo.
- E, eu te amo, por ser o homem mais doce, mais amoroso, mais correto, e o mais bonito do mundo.
Ficamos abraçados na varanda. Havia conseguido o que eu queria, uma família.
FIM
