Colecionador de Decepções 09

Um conto erótico de D. Henrique
Categoria: Homossexual
Contém 2571 palavras
Data: 14/07/2014 20:26:28

...

Senti o olhar do Guilherme sobre mim. Esse era um olhar que eu não sabia decifrar, o único olhar desde então. Ele voltou seu olhar para o Thiago.

- Amo – disse o Guilherme, nem alto, nem baixo demais. Apenas confiante, um tom de certeza.

Eu sorri, talvez o meu sorriso mais sincero. Não que tudo estivesse resolvido, mas aquele era o maior passo que poderíamos dar.

- Ótimo... Eu não vou falar nada para o meu pai. Você irá até lá resolver, farei questão de estar presente e que você conte desde o começo, todos os detalhes, porque até eu estou curioso agora, não é? Uma bela história de amor, quase esqueci-me dos aplausos – disse sorrindo e batendo palmas, depois fez uma cara séria – Até amanhã – ele se virou para ir, mas o Gui o segurou.

- Thiago...

- Thiago nada! Eu te amei, Guilherme – Eu pensei que ele não exaltaria a voz, mas me enganei, agora ele já fala mais alto – Amei como sei que esse cara não ama e com toda certeza nunca amará. Eu estava junto a ti todas as noites de pesadelos que eram sempre os mesmos, com o tal amigo da escola – ele olhou para mim por um curto tempo – Você dizia que nunca amaria a outra pessoa. Agora você vai querer me dizer o que? – perguntou o Thiago.

- Eu disse que nunca amaria outra pessoa, porque... Eu sempre amei ele, Tito. Foi muito mais forte do que eu. Eu não queria te trair, não queria que nada disso acontecesse, não queria que ele voltasse... – nessa hora ele se espantou com o que disse. Olhou-me implorando desculpa, mas sem dar uma palavra sequer. Se fez um silêncio.

- Acho que vocês têm muito a resolver. Vou subir, quando vocês saírem me avise para eu vir fechar a porta.

- Quando nós sairmos? Daros...? – perguntou o Gui.

- Aah porra. Vocês vão ficar juntos no final, não é? Eu sou o grande filho de uma puta dos teus pesadelos, o Thiago é o grande príncipe, filho do grande salvador. Você tem a sua família. Não se embraveça, nem sofra, ele irá te perdoar e logo esquecerá isso que aconteceu, afinal, você foi o primeiro dele em tudo e ele continua o mesmo garoto apaixonado. Olha para o rosto dele, está na cara que ele irá te perdoar, então deixe a merda do destruidor de lar se retirar por um momento para que vocês possam se reconciliar e viverem suas vidas perfeitas, okay? – os dois ficaram calados e eu subi para o meu quarto.

Não chorei, não daquela vez. Senti uma sensação de alívio boa, era péssimo pensar que ele não seria meu, mas era “bom” não estar envolvido em traição. Eu não queria mais culpa, eu não queria mais viver uma vida dupla, não queria ser o terrível passado de uma pessoa que eu amava tanto. A verdade é que não havia caído a ficha, eu ainda estava no automático, atônito.

Tirei minhas roupas e deite-me na cama apenas de cueca. Fiquei olhando pela janela e acabei adormecendo rapidamente. Só queria fugir.

Na madrugada eu acordei com a garganta seca, me sentindo suado e com fome. Acordei e notei o silêncio, comecei a me recordar lentamente do que havia acontecido. Naquela hora doeu, doeu saber que eu teria que refazer minha vida, novo trabalho, arranjar novos amigos, sair um pouco mais. Viver.

Eu tomei um banho rapidamente e desci para ver se havia algo para saciar a minha fome. Caminhei até achar o interruptor da cozinha. E levei um susto tão grande quando vi um corpo em frente a minha porta. Quando me dei conta já estava segurando uma faca.

- Minha nossa, não faz mais isso – disse tentando recuperar o susto e jogando a faca na pia.

- Desculpa por te assustar – disse o Gui encostado com a cabeça baixa na porta, com a camisa que ele já estava vestido e de cueca boxer amarela.

- Você não foi com o Thiago por quê? – perguntei colocando água em um copo e a bebendo. Ele pensou bem antes de falar dessa vez.

- Por que... Eu percebi o tempo que eu perdi me enganando. Acho que tu não notou, mas o Thiago parece muito contigo quando era criança. Branco, loiro, magro, com um sorriso bonito... Ele fala das noites de pesadelo, mas quando eu acordava eu via o menino que me salvava de todos os meus pesadelos. Uma cópia sua. E era tudo o que eu sempre quis... Que tu me salvasse.

- Você tem noção de como isso é bizarro?

- Eu sei que é, Daros. Mas eu me apaixonei por ele primeiro pela aparência, mas ele provou ser uma pessoa legal, educado, carinhoso... Eu me vi constituindo uma família feliz com ele.

- E por que não continua a bela família?

- Porque... – ele se aproximou mais de mim, chegando perto o suficiente para eu sentir sua respiração – eu sempre quis que tu voltasse, só não estava preparado. E porque agora eu tenho a ti e não quero partir para longe de ti. Não quero esquecer – falou e selou seus lábios aos meus com incerteza e rapidez.

Ele se afastou e ficou olhando nos meus olhos. Não sei explicar, mas era como se eu conseguisse lê-los e ao mesmo tempo me sentisse invadido pelos seus olhares. Era como uma troca de promessas sinceras, senti que a coisa certa a fazer seria construir a minha vida junto a ele. As perguntas que rondavam em minha cabeça eram se dessa vez daria certo, se nos respeitaríamos. A única resposta que eu tinha é que eu me arriscaria. Tentaria e faria o possível para que tudo desse certo para nós. Que pudéssemos em fim ser feliz.

Voltamos a selar nossos lábios e ele logo estava pedindo passagem com a sua língua, eu a concedi e segurei na sua cintura. Nos beijamos como se o tempo estivesse parado. Sentir a boca dele dessa vez foi melhor do que as primeiras. Agora era um beijo sem culpa, um beijo cem por cento meu, parecia que não tínhamos mais problemas, que aquela era a nossa aceitação e próspero namoro seria tudo o que precisávamos para viver. Não era dinheiro, nem a aceitação das pessoas do mundo. Apenas nós dois e nossos beijos.

- Quero um beijo sem fim – ele sussurrou no meu ouvido, me abraçando com toda força.

- Vive só para mim – sussurrei de volta, dando beijos no seu pescoço.

- Só para a minha vida – disse se afastando e olhando nos meus olhos.

- Só para o meu amor – disse e beijei a sua mão, que naquela altura já estava sem a aliança.

O puxei pelo pulso até a escada, mas antes ele pulou nas minhas costas. Subi correndo com ele se segurando e dando uma risada gostosa. Entrei no quarto e o joguei na cama. Sorri para ele e fui subindo lentamente nele, a luz do abajur permitia que eu enxergasse seu rosto, o abracei e afoguei meu rosto na curva do seu pescoço, aquele cheirinho de uva estaria sempre presente a partir daquele dia.

Subi lentamente a sua camisa, enquanto levantava dava beijos nos pedaços de pele que iam surgindo. Retirei completamente e continuei beijando e chupando seu tórax.

- Algum poema hoje? – perguntei entre beijos.

- Posso tentar lembrar de algo – disse sorrindo – pode ser romântico?

- Melhor ainda...

Ele mandou eu sentar no espelho da cama. Ficou de frente para mim e segurou nas minhas mãos.

- Amar! Se te amo, não sei. Ouço por aí pronunciar essa palavra de modo que não sei o que é amar – ele colocou suas pernas em volta da minha cintura, ficando mais próximo – Se amar é sonhar contigo, se amar é pensar, velando em ti, se é ter-te na alma presente todo esquecido de mim! Se é cobiçar-te, querer-te como uma bênção dos céus, a ti não somente na terra como lá em cima a Deus – ele pausou e deu um beijo na minha mão – Se é dar a vida, o futuro para dizer que te amei... Amo, porém se te amo como ouço dizer, não sei.

- Que bonito, Gui. Não entendi, mas estou muito emocionado – disse rindo.

- Idiota, não tinha acabado – disse deitando a cabeça no meu ombro direito.

- Desculpe minha ignorância e continue.

- O restante é que ele diz que se aparecesse um gênio oferecendo-o toda a riqueza do mundo e do outro lado estivesse a amada, doente, fraca, acabada, com a raiz mal feita e as unhas quebradas – rimos – e mesmo assim, se o gênio mandasse ele escolher, ele ainda escolheria a amada. Porque nenhuma riqueza da terra se iguala a ela... Isso explica o que eu sinto por ti.

Eu o beijei com calma, mas senti necessidade de beijar mais forte, como se ele fosse fugir, senti no meu rosto uma lagrima quente rastejando-se. Eu me senti amado de verdade, amado por ele. Não há palavras que definem ser amado, é como um desejo realizado, porque na vida tudo o que todos desejamos é ser amados e por consequência ser feliz.

Acabei deitando por cima dele, tirei sua cueca e depois a minha. Nunca havia chupado o pau de nenhum outro homem, até aquele momento. Como já estava ali e preenchido de amor e desejo resolvi tentar. Assim que abocanhei escutei seu gemido sendo abafado por uma mordida no lábio inferior, o que me motivou ainda mais. Não vou mentir, achei nojento, não por seu o pau dele, eu escutei na minha cabeça meu pai falando que eu era sujo e outras coisas. Demorou, mas afastei meu pai dos meus pensamentos e me envolvi mais. O Gui me puxou dizendo que eu não precisava fazer aquilo. Me deitou e ele fez seu trabalho – muito bem por sinal.

Logo estávamos em um vai e vem maravilhoso, que com certeza nunca seria esquecido. Estávamos entregues e sedentos. Fizemos amor umas três vezes seguidas, todos sem muita sujeira, não era dia para selvageria.

Nossas forças acabaram junto com a lua, o sol já entrava pela janela. Olhei para o Gui e ele estava parecendo um zumbi, mas continuava com aquele sorriso lindo. Nos levantamos para tomar banho, ele disse que iria dormir e pediu para que eu o acordasse quando fosse oito horas, porque ele iria resolver os seus problemas.

Decidi não dormir porque não consigo depois de o dia clarear. Desci para a cozinha e ataquei tudo o que via pela frente, lembrei que não havia comido no dia anterior. Depois de cheio lembrei que tinha que ter café da manhã do Gui, tive que ir na padaria. Peguei minha carteira, celular e fui a pé na padaria que ficava no final da praça que tinha na frente da rua da minha casa.

Estava caminhando e avistei meu carro parado na frente de uma casa verde de dois andares, não me recordava quem morava ali, examinei o carro por algum tempo procurando arranhões ou batidas, mas ele estava do mesmo jeito que eu havia deixado. Deixa para lá e segui meu caminho.

Comprei pães, salgados e doce. Na volta para casa o meu carro não estava mais na tal casa. Estava estacionado na garagem da minha casa. Entrei em casa e meu irmão estava olhando o seu pescoço no espelho que havia na sala.

- Belo chupão... – disse em tom de brincadeira.

- Pois é... – disse tentando esconder levantando a gola da sua camisa.

- Posso ter um papo contigo? – ele confirmou e nós fomos para a cozinha, ele se sentou e eu fiquei em pé encostado na pia – Eu tenho notado a forma que você me trata ultimamente. Queria que você fosse claro comigo assim como fui com você – estava de braços cruzados.

- Eu não gosto de viados – disse me encarando e sem hesitar – tenho um certo nojo por você ultimamente. Não quis falar porque você quem paga as contas, não é? Essa é a hora que você joga isso na minha cara – disse também cruzando os braços e sentado mais relaxado.

- Eu não quero saber se você gosta ou não de “viados” – disse fazendo aspas com as mãos – Sinceramente não me importo se você gosta ou não de mim. Apenas exijo que você me respeite! – disse e ficamos em silêncio por minutos, me sentei em outra cadeira e voltei a falar – E outra, nunca jogaria na sua cara que eu pago as contas, quando eu fizer isso pode crer que eu estou no fundo do poço... Você é meu irmão! Porra! Nunca te trataria mal, não somos crianças e já perdemos tanto tempo... Eu só queria ter um laço de amizade contigo, e não um estranho que divide as contas da casa comigo – a feição dele já era outra, estava com cara de arrependido e um pouco emocionado.

Após longos minutos de ambos olhando para o chão, ele se levantou da cadeira, fungou e falou:

- Não tenho nojo de você, mas continuo tendo nojo das coisas que você faz. Te respeito e continuarei vivendo como estávamos. Sinto muito por não ser o teu irmão de família de comercial de manteiga. Nossa família talvez seja a pior família do mundo... Você já deveria estar acostumado com isso. Afinal, você sabe quem me criou e quem me abandonou.

Ele falou e se retirou. Fiquei na cozinha ainda sentado e pensando nas palavras dele, ele mudou o discurso de “tenho nojo de você” por “tenho nojo das coisas que você faz”, eu via como um avanço. Após as minhas palavras eu esperava que ele repensasse e considerasse novos conceitos. Notei também que ele era traumatizado com família tanto quanto eu.

Resolvi preparar uma mesa bonita para tomar café da manhã com o Gui e esquecer um pouco desse tumulto. Quando deu o horário eu fui acorda-lo. Ele sorriu, me deu um selinho e fomos comer. Notei a apreensão dele e fazia de tudo para distraí-lo. Após comermos eu falei que iria com ele, mesmo que ficasse do lado de fora. Ele fez birra dizendo que não era necessário, acabei o convencendo dizendo que precisaria mais de um carro para trazer as coisas dele para a minha casa. Ele concordou e fomos, ele no carro dele e eu no meu.

Eu o segui porque não sabia onde era a casa do dr. Bertoli. Nem preciso dizer que era o condomínio mais caro do bairro mais rico e era uma das casas mais bonitas do condomínio.

O Gui desceu do seu carro e acenou para mim, eu acenei com a cabeça e continuei no carro. Assim que a porta se abriu eu avistei o sr. Bertoli. Pareceu que estava procurando algo, e achou, era eu. Assim que ele me viu fez sinal me chamando. Eu saí do carro com o coração na boca. Assim que fiquei de frente para ele não sabia o que falar. Ele pegou no meu ombro e apertou um pouco.

- Vamos conversar todos nós.

...

Ola meus queridos. Peço que me desculpem pela ausência, eu aproveitei para viajar com o meu amor, estávamos precisando um pouco de um tempo a sós, refazer nossos votos e declarações haha. Sei que vocês entendem e agradeço a compreensão. Notei também que vocês estão de acordo que eu faça as escolhas do caminho que essa história irá tomar, e agradeço novamente.

No mais, acho que apenas isso. Qualquer pergunta, crítica, sentam-se a vontade.

Obrigado a todos que acompanham e comentam, e aos que não comentam também. Desculpem-me os erros e a demora. Até a próxima.

Antes do fim: DEUTSCHLAND! \O/ Gol da Alemanha!

Abraços a todos!

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Comentários

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TRICK SEU LINDO! QUE BOM PODER LER CONTOS ESCRITOS POR VOCÊ! JÁ ESTAVA AGONIADO SEM TER INTERNET PARA LER E COMENTAR TEUS CONTOS! ESTÁ ÓTIMO, ESTÁ LINDO! POSTA LOGO O PRÓXIMO! ABRAÇÃO EM VOCÊ E NO CADU!

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Gostaria muito de manter contato contigo... Até por que pelos detalhes que você deu no outro conto sei que estado você mora (vizinho ao meu)... Enfim falei nesse conto por todos os outros que não comentei rsrsrs

#SouTeuFãCara

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Acompanhei seu outro conto inteiro, e te considero o melhor autor da casa, nunca votei por que não conseguia no outro celular... Fico muito feliz em saber que você e o Cadu estão juntos e felizes! Quanto a esse novo conto tá muito perfeito, fico imaginando o tempo todo que ele é real e você tá escondendo isso dos leitores... esse de longe foi o melhor de todos, pois agora dá pra ver o que realmente o gui quer. .. cena de Sexo perfeita! E por favor dá uma de misterion mcCormick e leva esse conto até o capítulo 165! #sonho

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Kkkkk, bela vitoria da Alemanha, continua.

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Eita que essa conversa vai ser boa, hein?! Interessante essa relação com o irmão, pode render bastante. Nota 10, parabéns! Continua logo

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Amo esse conto! Deustchland a melhor do mundo! Conto perfeito demais. Sou fã :)

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