Medicina para inumanos (11): Queda de Imunidade

Um conto erótico de Victor
Categoria: Homossexual
Contém 3532 palavras
Data: 16/07/2014 02:43:52
Última revisão: 16/07/2014 02:48:06
Assuntos: Gay, Homossexual, medicina

Olá, leitores e escritores do CdC!

FabioStatz, o problema só pode estar com o Vic, né? suHAUSHUAHSs

Irish, tentarei fazer de tudo o mais imprevisível possível, então corroa-se com a dúvida suhAShUAHSas.

Henrique, eu deveria ficar feliz ou triste por causar isso?

Neto, essa sua despedida foi matadora, não faça isso comigo! Infelizmente eu ainda não tenho a coragem de mostrar meu nome real aqui na Casa por medo de alguém que eu conheça ler (essa pessoa conheceria um lado oculto meu). Ok, não me preocuparei com seus afazeres do banco, mas me preocuparei com seus afazeres com a firma. Espero verdadeiramente que tudo dê certo, e consigo imaginar o quão difícil deve ser consertar um erro desses (dinheiro sempre foi uma coisa complicada para mim, haha!). Fico feliz que esteja gostando da história! Espero que eu não o decepcione. Não se desculpe por nada, Neto, comentários grandes fazem com que eu me sinta tão bem... Enfim, outro beijo para o meu querido leitor.

LucasKrusty, vão ser por volta de 15 capítulos mesmo, mas eu compreendo o sentimento de tristeza, já me senti assim com vários contos da casa. Fico feliz que eu esteja causando o mesmo sentimento. (mesmo sendo cruel)

Menina7, Perley, Chele, obrigado pelos votos e comentários!

Boa leitura! (OBS: esse capítulo saiu um pouco maior do que eu esperava)

Contato: contistacronico@hotmail.com

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<QUEBRA DE IMUNIDADE>

UMA SEMANA E TRÊS DIAS DEPOIS (SEGUNDA-FEIRA)

Aline viu-me entrando na sala de aula para uma aula de fisiologia no bloco de aulas geral da ESOM. Ela abriu um enorme sorriso e correu até mim e Hector. Ela abriu os braços e me envolveu num abraço forte. Eu ri e disse:

_Acho que já chega de contato físico, Aline.

_Ah, Vic, eu fiquei com saudades de vocês dois... – ela olhou sorridente para Hector, mas sem dar um abraço nele, já que ele nunca parecia muito receptivo.

_Foi só pouco mais de uma semana. – eu disse olhando-a como se ela estivesse exagerando.

_É muito quando eu fico sem ver meus únicos dois verdadeiros amigos. – ela disse indignada com a minha frieza.

_Tudo bem, estamos de volta, de qualquer forma.

Aline olhou-me com expectativa. Levantei uma sobrancelha num claro sinal de que eu não sabia o que ela queria.

_Me conta o que aconteceu! – ela disse claramente intrigada.

“Droga...”, pensei. Aline ligou-me na sexta em que Hector chegou em casa após dar uma surra em André já que não havíamos ido para a aula. Eu disse claramente a ela que eu e Hector precisávamos de um tempo a sós e sem ir para a universidade. Ela havia sido muito compreensiva e apenas nos ligou umas duas vezes durante a semana passada, na qual não viemos para nenhuma aula. Agora, porém, eu me via numa situação delicada: ela queria explicações.

Puxei-a para fora da sala de aula ao mesmo tempo que dava um sinal com o olhar para Hector deixarmos ter uma conversa a sós. Lá fora, eu disse:

_Aline, não vou enrolar você. Eu não posso contar o que houve. Saiba que é grave, e que o tempo que eu e Hector tiramos era realmente necessário. Me desculpe.

Olhei-a intensamente, tentando passar a ideia de que eu estava falando sério. Ela me encarou por um tempo, com a expressão acuada e estática, mas relaxou e suspirou.

_Tudo bem, Vic. Espero que vocês tenham resolvido o que quer que seja essa coisa. – ela disse com um sorriso compreensivo.

Era por isso que eu gostava de Aline, ela era compreensiva, sensata, confiável. Era uma pessoa com um caráter raro, e eu estava disposto a mantê-la por perto. Eu precisava formar um círculo de pessoas confiáveis, essa é uma das chaves de uma vida realizada.

O que ocorrera naquela semana que passou era simples. Hector e eu passamos todo o tempo no apartamento, com meu segurança voltando aos poucos ao normal. No quarto dia, ele já mostrava alguns lampejos do Hector neutro e indiferente. No dia anterior àquela segunda em que voltamos para as aulas, no domingo, me permiti finalmente perguntar a Hector o que realmente havia acontecido na madrugada em que ele chegou encharcado e abalado. Hector ainda parecia sentir aversão só de lembrar daquilo, mas contou: ele foi atrás de André, deu uma surra feia nele e mandou que ele sumisse da cidade sem dizer nada a ninguém. Eu tinha quase certeza de que Hector poderia ter dado mais do que uma surra... Hector sabia fazer coisas aterrorizantes com as mãos nuas, mas ele provavelmente queria me poupar dos detalhes sórdidos. O resultado era que André havia saído da ESOM. As pessoas que estudavam com ele e seus amigos perceberam sua ausência, mas ninguém sabia a causa. O que quer que Hector tivesse feito, havia sido efetivo.

Obviamente, ninguém poderia saber disso. Tanto para que a história não ficasse voltando à mente Hector quanto para que houvesse menos chances de Hector ser pego como culpado por agressão. Hector, no entanto, tentou me tranquilizar dizendo que André Platto não sabia quem havia lhe dado uma surra e o ameaçado. Nesse caso, seria difícil chegar a um culpado, já que aquele homofóbico nojento provavelmente tinha muitos inimigos.

De qualquer forma, era necessário ser cauteloso. Não se sabia quando André poderia voltar para uma vingança, embora Hector tivesse certeza absoluta de que ele não voltaria a nos incomodar. Aquela certeza era o que me incomodava.

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MAIS TARDE NO MESMO DIA (16:30)

Hector parou o carro em frente à Gelateria Capriori, e descemos do carro. Ali eu deveria encontrar Eduardo, o qual eu não via desde o dia em que ele chegou repentinamente no nosso apartamento e me viu cuidando de Hector no sofá. Eu havia ligado para ele naquele dia, como havia pedido, mas falei muito pouco. Essa era a primeira vez que nos víamos desde então e eu tinha certeza de que Eduardo estava pensando coisas errada a respeito da minha relação com Hector. Eu ainda queria Eduardo, muito, e precisava mostrar isso a ele.

Entrei no recinto, que tinha uma aparência aconchegante, com madeira escura formando o chão e os móveis, toalhas de mesa em xadrez sobre as mesas e garçonetes bem uniformizadas. Havia vários casais sentados nas mesas. De fato, aquele era um local bem romântico. Eu ligara para Eduardo e pedi para que nos encontrássemos, então sugeri que tomássemos sorvete e ele conhecia a tal sorveteria.

Vi Eduardo sentado em uma das mesinhas redondas. Ele estava diferente: havia feito a barba, deixando apenas a marca de que ela esteve ali. Dei um sorriso e fui até ele. Hector sentou-se em uma mesa mais ou menos distante. Quando eu me aproximei da mesa, Eduardo levantou-se e me envolveu em um abraço delicado, dando-me com selinho lento.

_Que saudades de você. – ele disse com um sorriso genuíno.

_Eu também senti saudades. – eu disse retribuindo o sorriso.

Sentamo-nos e olhei o cardápio. Havia muitas coisas gostosas, e para alguém que ama doces como eu, aquilo era um paraíso.

_Eu vou querer um Otoniano. – disse Eduardo para a garçonete sorridente que surgiu ao nosso lado.

_Hum... eu vou querer esse Chocoluxemburgo. – eu disse apontando no cardápio.

A garçonete conferiu e assentiu, disse que logo estaria de volta com nossos pedidos. Ela ia se virando quando a chamei novamente.

_O que vocês têm de baunilha? – eu perguntei.

_Temos o Baulouis e o Bauniking. – ela respondeu prontamente.

_Qual é o mais caro? – perguntei.

_O Baulouis. – ela repondeu.

_Então mande um desse para aquele cara bonito ali – eu disse à garçonete apontando para Hector, que parecia distraído olhando por uma janela. Eu sabia que ele não pediria nada se eu não pedisse para ele.

_Pode deixar, senhor. – ela assentiu com um sorriso.

Agradeci e ela se foi. Eduardo olhou-me com uma sobrancelha erguida com um leve toque de desafio.

_”Cara bonito” então... – ele disse.

Levei um segundo para perceber do que ele falava. Eu dei um risinho abafado.

_Vai dizer que o Hector não é um cara bonito? – perguntei com um tom igualmente desafiador, mas com um sorriso divertido.

Eduardo apoiou seu rosto em uma das mãos cujo braço estava com o cotovelo sobre a mesa, parecendo observar-me cautelosamente.

_É, suponho que ele seja mesmo...

Notei um certo ciúmes em seu tom. Lembrei-me, então, do assunto principal a tratar com Eduardo.

_Eduardo, eu quero esclarecer para você o negócio com o Hector daquele dia... – eu comecei a dizer.

_Não precisa dizer nada, Vic. – ele interrompeu – Eu entendo que você e Hector tenham... uma coisa especial...

Abri a boca para contestar, para dizer que aquilo não influenciava num relacionamento amoroso. Eduardo fez um sinal para que eu esperasse e continuou:

_...e eu sei que é diferente do que nós dois temos. E embora eu não goste de ter que dividir você com ele... – Eduardo deu uma olhada para Hector, e voltou seu olhar para mim em seguida – ...eu quero continuar com você.

Ele finalizou com um sorriso cheio de expectativa. Apesar daquela feição, eu podia jurar que havia ainda um sentimento ruim ali. Encarei seus olhos cor de mel e percebi que eu estava sendo paranoico. Era óbvio que Eduardo ainda se sentia desconfortável com aquela situação com Hector. Eu é que estava esperando demais ao pensar que Eduardo simplesmente relevaria tudo por mim. Na verdade, eu deveria é agradecê-lo por ser tão compreensivo. Dei um sorriso aliviado e disse:

_Eu também quero continuar com você.

Ele inclinou-se para frente, eu também o fiz. Demos um leve beijo carinhoso que me fazia derreter. Eu senti a leve aspereza da pele onde antes havia uma barba cheia.

_Eu gostava da sua barba, mas você ficou bem sexy desse jeito. – eu disse.

Eduardo passou sua mão levemente pela mandíbula e disse:

_Achei que você gostaria de uma mudança.

_Você não deveria pensar nas minhas vontades para mudar sua aparência. Desde que você seja o Eduardo, eu vou continuar gostando de você. – eu disse.

_Mas se eu fizer as suas vontades, você vai ter que fazer as minhas, não é? – ele disse com um sorriso malicioso.

Eu ri e disse:

_Eu não vou assinar nenhum contrato.

Após rirmos um pouco, ele adquiriu uma expressão mais séria.

_E como você dois estão? Digo... você e o Hector. – ele perguntou.

Pensei em como Hector ainda estava no processo para voltar ao normal. Ele não havia apresentado nenhum caráter violento ou explosivo, mas eu não descartaria a possibilidade. O problema principal, a letargia que Hector havia apresentado, havia diminuído muito. Eu estava confiante de que ele seria o mesmo de antes da surra de André em poucos dias.

_Estamos bem. – respondi simplesmente.

Eduardo pareceu insatisfeito.

_Naquele dia, você disse que o Hector estava muito mal. E você também estava, eu podia ver. Tem certeza que está tudo bem mesmo?

_Está, Eduardo. Eu sou o mesmo Victor de sempre e o Hector... bom... ele logo será o mesmo também. – eu disse enquanto a garçonete voltava com nossos pedidos em uma bandeja.

Eduardo esperou a moça colocar tudo na mesa. O pedido de Eduardo tinha como base café e sorvete de creme. O meu era uma verdadeira bomba de chocolate: sorvete de chocolate preto e branco, caldas dos dois tipos também, assim como raspas dos mesmos. Agradecemos e ela saiu. Eduardo voltou à conversa:

_Quer dizer que ele não está totalmente bem, então... – ele mais afirmou do que perguntou.

_É só uma leve instabilidade emocional. Logo passa. – eu disse e provei uma colherada. Uma delícia.

Eduardo olhou com curiosidade para Hector.

_Tem certeza que não é perigoso para você? Digo... essa instabilidade. – ele perguntou com certo receio.

_Quê? Claro que não! – eu disse como se aquilo fosse uma piada – Hector jamais me feriria.

Eduardo encarou-me intensamente, e eu não sabia se aquilo era preocupação ou pura curiosidade.

_E os outros? Ele feriria outras pessoas?

Pausei por um momento. A verdade era que eu não sabia. Hector tinha um comportamento especial comigo, mas com os outros era bem diferente.

_Apenas esqueça isso. Ele está praticamente o mesmo de sempre. – eu disse tentando jogar aquele assunto para o lado, e dessa vez Eduardo não tentou retomá-lo.

Conversamos sobre o que havia ocorrido com Eduardo enquanto não nos víamos. Rimos de algumas situações, ele contou um resumo do que havia ocorrido nas matérias de núcleo livre... disse que não parava de pensar em mim o tempo todo. Ele pegou em minha mão e deu um sorriso com novas expectativas.

_Vamos para o meu apartamento depois daqui? – ele perguntou.

Corei um pouco. Aquilo era quase um pedido claro para que dormíssemos juntos. Em outras palavras, alguma coisa poderia rolar naquela noite. Fiquei um pouco preocupado, já que nunca havíamos feito nada demais, e pensei se aquele sentimento forte que eu nutria por ele iria interferir na hora H.

_Bom... existe um problema... – eu disse um pouco nervoso.

_Ah, sim. – Eduardo falou e olhou de soslaio para Hector, na outra mesa.

_Mas... podemos ir para o meu apartamento. – eu disse, com um sorriso animado.

Eduardo arqueou as sobrancelhas num sinal de surpresa.

_E isso é permitido? – ele perguntou.

_Ah, o Hector não liga quando eu levo os caras para lá. – eu disse indiferente.

Eduardo deu um risinho e perguntou:

_Quer dizer que você leva muitos caras pra lá?

Corei novamente percebendo o quão promíscuo eu pareci.

_Não! Quero dizer... levei um, mas foi só um.

Eduardo ria enquanto eu tentava retratar.

_Eu sei que você não é desses, Vic. Não se preocupe.

Dei um soquinho no peito de Eduardo e ri também.

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Após eu pagar os sorvetes (porque Eduardo havia pagado nosso jantar no outro dia e eu havia insistido) Eduardo disse que tinha que passar em seu apartamento para pegar algumas coisas, então eu e Hector fomos para casa e, no caminho, peguei dois filmes em Blu-Ray na locadora. Passamos também no supermercado para comprarmos alguns tipos de queijos, batatas e noz moscada. O resto dos ingredientes para o prato da noite eu tinha no apartamento.

Ao chegarmos em casa, já era por volta das 18 horas. Comecei a preparar a cozinha para o prato que eu faria, coisa simples: batatas cortadas ao molho branco com alguns tipos de queijo.

Algum tempo depois, Eduardo chegou carregando na mão mesmo uma camiseta, uma cueca e sua escova de dentes. Parei de cortar algumas batatas e fui até ele para dar-lhe um beijo.

_Posso colocar no seu quarto? – ele perguntou mostrando suas coisas ao separarmos os lábios.

_Claro. – eu respondi.

Logo mais ele voltou e se pôs a me ajudar. Hector normalmente me ajudava, mas creio que ele queria dar-nos privacidade. Eu conversava sobre coisas não tão importantes com Eduardo enquanto realizava todo o processo: pré-cozimento das batatas, preparação do molho e montagem do prato. Coloquei tudo no forno e agora nos restava esperar.

_Você parece um chefzinho cozinhando. – disse Eduardo chegando perto e dando-me um beijo quente.

Suas mãos pareciam mais ávidas, Eduardo em si parecia mais animado. Nosso corpo estava colado e eu prensado contra o balcão da cozinha. Ele me apertava mais, pressionando cada parte frontal do nosso corpo uma contra a outra. Sua língua explorava minha boca quase de forma selvagem. Suas mãos estavam chegando na minha virilha quando eu dei um leve empurrãozinho nele. Ele parou e nossos lábios se separaram, seu rosto mostrava uma expressão curiosa enquanto eu ofegava.

_Eu... tenho que fazer a sobremesa. – eu disse meio incerto sobre aquela situação.

_Ah, claro. – disse Eduardo tirando as mãos do meu corpo.

_Hum... pode pegar o leite condensado na geladeira e a polpa de maracujá? – perguntei virando-me para o armário e pegando o liquidificador.

_Claro, chefe. – ele disse e foi fazer o que eu pedi.

Rapidamente, fiz um mousse de maracujá e o coloquei na geladeira. As batatas logo ficariam prontas. Peguei talheres e pratos e os coloquei sobre o balcão.

_Leve isso para a mesa, Eduardo. – eu pedi enquanto ia pegar umas laranjas na fruteira para fazer um suco.

_Você podia me chamar de Edu, Ed, sei lá. – disse ele levando os pratos.

Eu raramente usava apelidos.

_Talvez com o tempo... – eu disse cortando as laranjas.

Eduardo voltou à cozinha e deu-me um beijo na bochecha, após o que, disse:

_Você é difícil demais...

Dei um sorrisinho. Fiz o suco e tirei as batatas do forno. Retirei a folha de alumínio que cobria a forma e um aroma muito bom subiu ao ar.

_Nossa, Vic, você é incrível. – disse Eduardo ao meu lado observando a forma com um queijo derretido que ainda borbulhava um pouco.

_Veremos no gosto. – eu disse pegando a forma com dois panos para não me queimar e levando até a mesa – Traga o suco e os copos, vou chamar o Hector.

_Eu sei só pelo cheiro. – disse Eduardo da cozinha.

Eu ri enquanto ia até o quarto de Hector. Dei dois toques e meu segurança apareceu rapidamente, usando uma camiseta preta e seu típico short esportivo azul escuro.

_O jantar tá pronto. – eu disse e virei, sendo seguido por Hector.

Chegamos na sala e Eduardo servia o último copo de suco. Ele nos viu e disse gentilmente:

_Boa noite, Hector.

Hector apenas assentiu. Sentamo-nos e comemos. A receita saiu com um gosto muito bom. Comentei que devia ter feito uma salada, mas Eduardo prontamente disse que o prato não poderia ter ficado melhor.

Ao terminarmos de comer, fomos até o sofá e eu coloquei um dos filmes no PS3. Convidei Hector para assistir os filmes conosco, e embora ele tenha mostrado sinal de que ia negar, eu dei um olhar que dizia “aceite”. Trouxe o mousse para a mesa de centro da sala, três recipientes e colheres. Eduardo passou seu braço em volta do meu corpo e manteve-se grudado em mim. Era aconchegante sentir o calor de seus braços e do seu corpo aquecendo o meu. De vez em quando ele me dava um beijinho aleatório.

Percebi que Hector parecia um pouco incomodado, um pouco agitado, mas parecia tentar reprimir o que quer que fosse. Ele aparentava estar sob stress. Delicadamente saí do abraço de Eduardo e sentei-me corretamente, olhando para Hector com certa preocupação.

_Tá tudo bem, Hector? – perguntei.

Ele olhou para mim com uma cara perturbada, como se nem mesmo ele compreendesse seu estado. Passou a mão pelo rosto, como se estivesse tentando tirar um peso dali, mas não pareceu funcionar. Levantou-se repentinamente e se pôs a andar para seu quarto. Estendi minha mão para tocar seu braço e perguntar o que havia com ele, mas ele repeliu meu toque como se fosse algo repugnante. Olhei para Hector com estranheza, ele parecia um pouco furioso agora. Comecei a pensar que talvez aquele fosse um efeito atrasado das últimas semanas. Eduardo levantou-se dizendo:

_Hector, você não parece bem... quer uma aju...

Eduardo não pôde terminar de dizer o que queria, já que Hector o empurrou com força para trás.

_Hector! – eu exclamei.

Eu estava com medo... eu me lembro de, no passado, ver um Hector furioso. Mas aquilo era diferente, seus olhos atuais me diziam que ele poderia matar alguém naquele momento. Hector estava fora de controle.

Antes que eu pudesse fazer algo, Hector agarrou a gola da camiseta de Eduardo e o levantou. Em uma tentativa desesperada de se soltar, Eduardo agarrou os dois braços de Hector com suas mãos, mas estava claro que não surtiria efeito. Hector soltou uma das mãos da gola de Eduardo e preparou um soco. Eu agarrei seu braço, gritando:

_Para com isso, Hector!

Em um instinto, ele me jogou para o lado e eu caí de costas sobre a mesa de centro da sala, quebrando-a, já que ela era quase toda de vidro. Senti um ardor gritante nas minhas costas, algum caco de vidro devia ter penetrado minha pele, minha visão ficou embaçada e todo o ar de meus pulmões saiu com o impacto. Não pude evitar um grito de dor.

Abri meus olhos e vi Hector olhando para mim com olhos que mostravam pavor, fúria, selvageria. Eu sentia um líquido quente se espalhar pelas minhas costas. Aos seus pés, estava Eduardo tossindo ao recuperar o fôlego após ter sido solto por Hector.

_Hector... – eu disse enquanto respirava fundo para suprimir a dor.

Ele estava estático, suas mãos tremiam. Parecia muito com o dia em que ele chegou em casa após bater em André, exceto que agora ele não me via mais como seu irmão. Ele nunca havia me ferido antes na vida. Nunca. E ali estávamos agora: eu com um corte nas costas, incapaz de compreender o que havia ocorrido com o meu melhor amigo, meu irmão; e Eduardo caído sem ter culpa de nada. Não, a culpa era toda minha. Eu comecei tudo ao pedir para que Hector resolvesse meu problema, e agora eis o resultado.

_Desculpe, Hector... – eu pedi com a voz fraca.

Hector fez que não com a cabeça, não porque não aceitava minhas desculpas, mas sim porque ele não aceitava o que havia feito. Algo novo surgiu em seu rosto: culpa. Ele foi dando passos lentos para trás, sem tirar os olhos dos meus, até que se virou e correu para a porta, saindo do apartamento...

...mas, por alguma razão, eu senti que ele estava saindo da minha vida.

<Continua>

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Comentários

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Comecei a ler e não teve como parar.

Vai ser até clichê, mas seu conto é muito surpreendente e nos prende de uma maneira.

Se o Hector não ama o Victor no sentido de querer ele, provavelmente ele lembrou de algo que aconteceu quando ele era mais novo ou outra coisa.

Espero que eles fiquem juntos, até porque fazem um casal melhor do que com os outros.

Esperando pela continuação.

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continua. estou gostando do andamento desta história

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Agora de cabeça mais fria, e depois de re-ler a ultima cena ainda me sinto mega indignado. As dúvidas que eu disse ter eram até boas, mas agora... Sei lá... Seu conto continua ótimo, mas, aff... Desculpa, não tô conseguindo externalizar o que eu quero que saiba... Bem, estou aqui a espera da próxima parte...

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AI, DESCULPAS PELO QUE VOU DIZER MAS AI VAI: TE ODEIO! SERIO... QUANDO AS DUVIDAS JÁ TINHAM IDO EMBORA, AI ME VEM ESSE FINAL? SERIO? FALA SERIO! QUE PORRA! INDIGNADO! AFFF....

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Ahh n, n faz iso ele eh meu preferido o vic provoco ele ao forca ele ficar cm os dois na sala eu axo q ele ama o vic...

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Nossa, que parte triste, não esperava que isso fosse acontecer, não quero que o Hector saia da vida do Victor, continua.

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ai vic não quero nem pensar no hector ir embora ele e sua alma gemea so vc não vee eu adoro ele

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