– CAPÍTULO DOIS –
A EXPLOSÃO
Chovia.
Resolverá ir à escola, mesmo com o tempo ruim. Sorveu apressadamente uma xícara de café, e pôs na mochila alguns biscoitos, caso tivesse fome. Não havia mais tempo, precisa se apressar.
O vento soprou forte, sacudindo o guarda que o garoto usava, e de modo incomodado, o jovem começa um puxar-repuxar na tentativa de proteger-se, tudo em vão. Já estava completamente molhado.
Quando chegou à escola, dirigiu-se até a área dos banheiros para tentar melhorar a aparência que está no mínimo lamentável. Por sorte, a querida Sra. Lúcia havia colocado em sua mochila, roupas extras. “Que mãe adorável”, pensou Lucas.
Quando já estava vestido com as roupas postas por sua mãe, e se dirigia para a porta do banheiro, esbarrou em um rapaz, qual não foi seu espanto ao perceber que a tal pessoa era Raí.
Ele começou de pronto:
- Cara, ontem eu... bem, não sei... como dizer.
- Dizer? O que um cara como você tem para me dizer? Olha, estou atrasado. Lucas, saí de modo apressado, porém, antes de dar quatro passos é puxado.
- O que você quer Raí? Cara, você sempre fez brincadeiras comigo e, de repente, me beija. O que você realmente pretende com esse seu jogo?
- É isso o que você pensou... Um jogo? Olha, eu sei que já aprontei muito contigo, mas ontem... ah, ontem eu fui eu mesmo – Repentinamente, e de modo sussurrado saiu a sentença: “Eu sempre ti amei”.
Lucas, ouvindo tal declaração, não pensa em nada, se desvencilha de Raí e corre em direção a sala de biologia.
Como ele esperava a aula não rendeu, isto é, o professor fez ótimas explicações, porém, seu pensamento estava muito longe. Entretanto, seus pensamentos são interrompidos por um toque em seu ombro.
- Lucas, acabou a primeira aula! Era Juliana, quem o despertara de sonhos deleitosos e insanos com Raí.
Os dois caminharam sem trocarem uma única palavra. Dirigiram-se para o corredor oeste, onde ficavam algumas poltronas e prateleiras com livros. Lucas, pegou um livro distraidamente, sem nem mesmo ler o título começou a folheá-lo. Seus olhos pararam em uma determinada frase: “O amor é um estranho caminho, no qual nos perdermos para achamo-nos”. Era isso, ele estava se perdendo.
Juliana novamente o desperta:
- Lucas, tem alguma coisa que você queira me contar?
- Não, Ju. Só estou um pouco indisposto. Vou ali. Logo chego na sala.
- Tá certo. Vê se não demora, você saque que o professor André, não gosta que cheguem depois dele.
Lucas, nada disse. Apenas caminhou em direção ao banheiro. Estava de cabeça baixa e, nem percebeu que o olhar de Raí o acompanhava. Ao chegar no banheiro, Lucas foi lavar o rosto, pois realmente sentia-se incomodado. Um suor frio o acometia naquele instante e de repente ele apagou.
Aquele não era um dia.
Na sala, Juliana já estava tensa, pois o professor André já havia entrando. Entretanto, sua aflição aumentou quando todos escutaram o barulho de uma explosão. A gritaria foi geral. Todos correram da sala. Logo, perceberam que do lado norte havia destroços, e havia também fogo. Todos correram para a saída do lado sul.
O fogo alastrou-se rapidamente. Do lado de fora, Juliana procurava Lucas, mas sem sucesso.
A multidão estava aflita. Gritos, choros. Os bombeiros estavam a caminho.
Raí, percebendo que Lucas não estava do lado de fora, supôs que o garoto devia estar no banheiro. Sem que a guarda percebesse, ele entro novamente na escola. O fogo já havia consumido muito do prédio. As labaredas, como dragões flamejantes devoravam livros, paredes... tudo. A fumaça era tamanha, que Raí, precisou retirar a camisa para cobrir a boca. Com diversos obstáculos vencidos, finalmente chegou ao banheiro. Lucas estava recuado no canto, parecia desesperado.
- Calma, Lucas, eu vou tirá-lo daí. Entre soluços Lucas começou a dizer:
- Nós vamos morrer! Só tem destroço e fogo aqui.
- Não, Lucas. Você não vai morrer.
Raí levantou o rapaz e dirigiram-se para a saída do banheiro, quando uma viga se desprendeu e acertou a perna de Lucas, que obviamente, começou a gritar de dor. Raí, que era um pouco forte, fez um esforço descomunal e consegui retirar a perna de Lucas.
- Você consegue andar? Perguntou Raí, ainda ofegante.
- Não. Acho que quebrei a perna, tá doendo muito.
- Tudo bem, eu consigo sair daqui. Disse Raí
- Sem mim? Perguntou Lucas desesperado. Ao que Raí respondeu com um sorriso.
- Não. Eu o levarei nos meus braços. E assim o fez.
Quando finalmente conseguiram sair da escola. Houve aplausos. Raí pôs Lucas no chão, e este foi prontamente amparado por Juliana. E sem nem mais uma palavra, Raí sumiu no meio daquela confusão.