A volúpia é bela, supre a alma e nivela, não obstante vem a dor tragada pelo amor. Amo a vida, o trabalho, as delícias e os prazeres, mas chega a hora da anáfase (fase de separação).
Cheguei na mansão da família Mitch, temia pela repercussão de minha desventura. A senhora Ellen chegou-se perto e abraçou-me dizendo:
- Adri, desculpe a rigidez, tivemos um pequeno inconveniente e não sabíamos de alguém melhor que você.
- Eu que lhe peço desculpas, senhora Ellen. Eu descuidei-me e esqueci do horário. Não voltará a acontecer.
- Tudo bem, minha querida. Agora vamos?
Então ouço um barulho e vejo Juliana com os olhos vermelhos e inchados deixando à tona um choro recém enxugado. Eu disse:
- Oi.
Ela saiu com o olhar de brutalidade, era só assim que ela olhava-me desde o ocorrido.
Senhora Ellen observou e disse:
- Ela chegou assim da rua, não quer falar e nem ao menos ver uma pessoa sequer.
- Eu entendo... Vou ver o certo inconveniente que a senhora disse.
Não era algo difícil, apenas um trabalho diário um pouco complicado. Passei o resto do dia trabalhando e tentando negar o anseio do meu ser em pensar na Juliana. Quando acabei, já era noite. Encontrei com Juliana em pleno desespero por não estar conseguindo concluir o trabalho da faculdade para o dia seguinte e ainda com aqueles olhos de ira, porém vermelhos e mui inchados. Eu conhecia bastante sobre medicina, devido ao meu aguçado gosto pela biologia (vencido pelo amor a justiça ), então engoli a manhã e fui ter-me com ela. Esta já estava à beira da ira não queria ver-me de maneira alguma, porém conhecia muito bem meu lado biológico e fomos para seu quarto, no início não trocávamos uma palavra que fosse, apenas nomes científicos. E madrugada à dentro fomos fazendo o trabalho mudas, até que quebrando o silêncio temeroso, eu ri de uma montagem feita por colegas dela que surgiu em suas imagens, era seu rosto sobreposta o de uma artista encima de uma bola semelhante a utilizada para destruição de edifícios, ela enrubesceu e disse:
- Af! Não sabia que isso estava aí. Não acredito que você viu isso.
Ela não aguentou e riu também. Eu disse:
- Por quê? Sinceramente, combinou bastante.
Ela fechou a cara e olhou para o lado. Então eu continuei.
- É uma visão bem mais agradável. Haha.
Puxei-a pelo queixo bem devagar e disse:
- Você é bem mais linda.
- Antes ou depois de você se atracar com a primeira que aparece?
- Hahaha. A senhorita que começou, estava basicamente sobre os braços de uma moça. E respondendo sua pergunta... Antes, durante e depois.
- Pare, temos que estudar. - e enrubesceu-se outra vez.
Estudamos e eu a alfinetando com algumas piadas. Até que ela voltou a me dar tapas. Ah! Aqueles tapas! Eu ria e ela permanecia emburrada. Aqueles lábios tão finos agora pareciam maiores e extremamente desejáveis aos meus. Então eu a segurei e ela foi jogada pra cima de mim pela inércia... Nossos rostos estavam tão pertos e eu disse:
- Você é tão linda, meu Deus!
- Pare de falar e beije-me.
Então a beijei, devagar, sentia cada parte de seu lábio e a contratação de cada lábio era evidente. Segurei-a pela nuca e ela me segurou. Então estávamos ali, tendo o melhor beijo de nossas vidas. Era suave, meigo, quente, audacioso... Era perfeito! E continuamos nos beijar de modo carinhoso e ela se afastou dizendo:
- Não vou ser mais uma e não pense nisso, não teremos relações sexuais, não mais!
Eu a toquei e disse:
- Não farei o que não quiseres.
E voltamos a nos beijar cada vez mais, até que voltamos ao trabalho e não resistíamos ao desejo evidente em nós e fomos pra cama.
Ela logo deixou bem claro novamente:
- Pare! Sem sexo!
- Já disse. Só farei o que você quiser.
Então apertei seu nariz e mordi sua bochecha.
- Chata! - ela disse e mordeu meu lábio.
Ficamos ali abraçadas até que ela adormeceu e eu fiquei acariciando-a. Lembrei que não havíamos concluído e trabalho e fui fazê-lo, ela já parecia cansada o suficiente. O cômodo escondido pela escuridão que sobrepunha era eminentemente grande e silencioso até que ouço um burburinho com o som de choro e vou para perto da cama ver July, o burburinho vinha dela! Ela tateava pela cama sem algo encontrar. Eu a abracei, beijei sua testa e abracei-a por trás, não pude negar a curiosidade e questionei sobre choro e ela disse:
- Tive medo. Por alguns minutos achei que tinha deixado-me outra vez.
- Já cometi esse erro uma vez, não vou cometê-lo novamente. - aumentando a intensidade do abraço.
- Onde estava? Tive medo.
- Estava concluindo seu trabalho. Medo do escuro? Hahaha. Que coisinha mais fofa - mordi-lhe a bochecha.
- Idiota. Haha. - Começou a fazer-me cócegas.
- Ah! É guerra?! - E também fiz cócegas nela.
Ficamos ali como duas adolescentes apaixonadas, nos abraçávamos, beijávamos, carícias feitas... E era apenas a segunda de inumeráveis noites de amor.
Obrigada à todos mais uma vez.
The End.