Capítulo 5
- Por favor, um de morango. - Quando levantou os olhos da carteira Natália viu Victoria atrás do balcão. - Nos encontramos de novo, princesa. O céu conspira à nosso favor.
- Talvez não seja o céu... São 3,50.
- Já tem minha resposta?
- Ainda não.
- Obrigada.
Natália pegou a casquinha e se sentou perto do balcão, lançava olhares de desejo para Victoria. Ela a chamava, pedia outro sorvete e mais outro, estava cheia, não importa, o cachorro na calçada comia alegre quando jogava para ele.
Faltava poucos minutos para fechar, já era noite, o celular de Victoria apitou uma mensagem.
- Vic meu pai está internado muito mal, vou falar com meus irmãos, sinto muito não vou poder te dar atenção essa noite. (19:03)
- Amor faça oq tiver d fazer...vou estar em casa rezando p ele se recuperar logo...vou chegar em casa jantar e dormir...o celular vai tá desligado ok...te amo (19:05)
- Ok Vic. Te amo. Bom descanso! (19:06)
Natália viu um sorriso no rosto da balconista, talvez estivesse falando com o namorado ou namorada.
- O quê te deixou tão feliz?
- Acho que o mesmo que vai te deixar, afinal acabei de receber um "vale night".
- Mesmo? Maravilha! Quando fecha?
- Em aproximadamente 15 minutos.
- Ótimo. Tempo suficiente pra mim ir em casa buscar minha moto.
- Perai, ainda deve 14,00.
- Toma 20,00 e pode ficar com o troco, rs. Treze minutos, me espera aqui.
"Sexta à noite eu dormindo cedo? Lih, você tem muito que aprender, Kkk." (pensou Victoria
Eliane tem 4 irmãos, duas irmãs e dois irmãos. A irmã e o irmão mais velho moram fora do país, Portugal e Espanha respectivamente.
Contatou os dois irmãos que moram no país, marcou de jantarem às 20:00 horas para decidir o futuro de seu pai.
Embora soubesse que deveria consultar os outros dois irmãos, pois eles também são herdeiros de Alerrandro, iria "trabalhar o psicológico" dos irmãos mais próximos para ajudarem o pai imediatamente.
Atrasados vinte minutos ele e ela chegaram, o irmão evidente estava bêbado e a irmã possivelmente drogada com os anti-depressivos.
- Maninha, lembrou que tem família. E ai garçom, traz uma taça de vinho.
- Edy precisamos conversar um assunto sério e você parece bêbado o bastante já.
O garçom ficou indeciso, hesitou.
- Traga minha bebida seu inútil! Péssimo atendimento, ficará sem os 10%.
Eliane sabia que sem beber ele iria embora em menos de dez minutos, permitiu.
- Fale logo, quero ir pra casa dormir.
- Ainda dopada de remédios, Ariane?
- Cala boca Lih, você sabe muito bem porque eu tomo esses remédios.
- Sim, porque você é uma louca varrida...
- Olha eu não vim aqui pra ser agredida. Você sabe o que seu pai fez, você tava lá. Você tava lá e não fez nada... Nada! Ow garçom, uísque até na borda do copo.
- Está tentando se matar? Uísque e remédios tarja preta? Não na minha frente. - Tirou o copo da mão da irmã, segurando seu pulso para que ela não fosse embora. - O papai está doente, vou vender tudo que ele tem e quero que vocês assinem abrindo mão da parte de vocês na herança, me nomeando a tutora legal dos bens dele enquanto ele tiver doente, internado.
- Ela tá louca, Ane? Ou será que eu bebi demais? Pensei que ouvi você dizer que queria que eu abrisse mãos dos meus 50 mil reais. Alucinação auditiva, Kkk.
- Lih, você tá "chapada"? Eu quero meus 50 mil o quanto antes.
- Vão deixar o papai morrer por causa de dinheiro? Caramba, nenhum de vocês precisa desse dinheiro. No hospital público não tem leito, vou ter que transferí-lo para um particular.
- Obrigado pela bebida maninha, vou nessa, tenho uma festa pra ir. Tchau Ane e vê se pega leve com os docinhos de loucos, rsrs.
- Vai se foder! Pronto, agora fala como tá "aquele um".
- É o seu pai. Eu não sei o que aconteceu aquele dia, eu não vi.
- Você viu o sangue na minha roupa, então.... Eu fui estuprada.