Aquela pergunta realmente me pegou completamente de surpresa. Namoro? Aquela palavra nem tinha um significado definido para mim. Eu não conhecia a vida amorosa do Ahrní, só sabia que nos últimos dias tinha rolado uma química muito boa entre a gente, que culminou em várias sacanagens. A partir do que rolou analisar a possibilidade de pedir ele em namoro era algo que não passou pela minha cabeça, apesar dele ser bonito, bom no sexo e aparentar muita atenção comigo.
- Ahnrí. - Falei com cuidado. - Tem calma cara, já te falei que não é sério com o Cleber. Não vamos nos precipitar não. Eu nem entendo nada desses lances de namoro, não vamos estragar o lance da gente começando um relacionamento que não sabemos se vai ter futuro.
o olhar de decepção que ele me lançou foi de dar pena, ele deve ter juntado muitas forças para ter coragem de fazer aquela proposta. Mas logo um longo suspiro de conformação e ele sorriu novamente.
- Desculpa, acho que te assustei. Eu só queria garantir que tenho prioridade na parada. - Falou me dando um selinho.
- Fica frio. - Respondi correspondendo ao beijo e apertando forte sua bunda, quando ouvimos barulho de porta abrindo e eu dei um empurrão nele assustado. - Deve ser a minha mãe.
Realmente era ela. Passou pela sala e veio direto ao meu quarto ver como eu estava.
- Boa noite Ahnrí. Pedi para sair mais cedo para ver como você estava filho. - Falou se dirigindo a mim. - Você está melhor? Já jantou?
- Boa noite, Lúcia. - Respondeu o Ahnrí bem comportado.
- Estou bem mãe. Jantei com o Cleber antes de vir. Só quero descansar mesmo.
- Tudo bem, qualquer coisa me chama. - Completou ela saindo e fechando a porta.
- Tenho que ir também. - Falou Ahnrí. - Ia resolver uma parada para minha mãe.
- Tudo bem. - Respondi deitando na cama com cuidado.
- Desculpa minha pressa novamente. Mas saiba que foi sincero meu pedido, veio do coração. Quem sabe um dia você não aceita.
- É. - Respondi rindo. - Quem sabe.
A saída dele me deixou envolto em muitos pensamentos. Para quem achava que nunca ia ter um namoro aquele dia foi realmente produtivo. Me deparei com dois possíveis relacionamentos em pouquíssimo espaço de tempo. Será que eu devia dar uma chance à meiguice do Ahnrí? Devia investir no namoro de faz de conta do Cleber ou ele era uma aposta perdida? Devia largar essa confusão toda e voltar a viver minha vida sem relacionamentos em vista como sempre foi? Tudo isso era misturado à minha nova relação com minha mãe. Difícil confiar nela sabendo que o Cleber precisou inventar um namoro comigo para ela me aceitar fácil de volta em casa. Apesar da pouca idade, 16 anos, sentia que precisava começar a caminhar em busca de uma independência.
Minha mãe passou a manhã me dando atenção e até almoçamos juntos. Ela saiu para trabalhar e avisou que naquele dia não podia mais sair cedo, mas se houvesse uma emergência ela sairia sim imediatamente. Pensei que o Ahnrí apareceria depois do colégio, mas a Nat apareceu sozinha para cumprir a promessa de visita que havia feito.
- Oh amigo. - Falou ela me abraçando. - Eu quase surto de preocupação. Tua mãe enlouqueceu completamente.
- Não toca mais nesse assunto que estamos em trégua. - Falei explicando o namoro falso com o Cleber.
- Ah, eu já sabia da história do namoro. O Ahnrí me contou. - Falou ela.
- Como assim? O Ahnrí anda falando por ai coisas da minha intimidade?
- Claro que não. Ele só falou comigo. Primeiro porque sabe que sou tua amiga e segundo porque também ficamos muito amigos, temos bastante em comum…
- Sei, o lance da macumba. - Falei dando de ombros.
- Caleb, aprenda a ter mais respeito. Não é lance da macumba. Se chama Umbanda, e é uma religião tão respeitável quanto qualquer outra.
- Lá vai você me evangelizar na macumba. - Falei impaciente. - Não quero falar disso.
- Se não quer falar, aprenda a respeitar. A próxima vez que você ofender, coloco teu nome na boca de um sapo.
- Ai meu Deus. Não faz isso.. - Falei apavorado.
- Estou brincando, amigo. - Falou ela rindo. - Não existe isso na umbanda, é preconceito das pessoas. Mas mudando de assunto, porque você dispensou o Ahnri?
- Não dispensei ele, ele te falou isso também?
- Contou tudo. Ele está gostando bastante de você.
- Sim Nat, mas a gente se conheceu praticamente ontem.
- Eu sei, mas eu arriscaria. Você é um encalhado né amigo.
- Tu que é encalhada, sua rapariga. - Retruquei indignado.
Era estranho ver que a minha melhor amiga agora parecia estar do lado do Ahnrí em tudo. Também, eu era um péssimo amigo, nem mesmo sabia da religião dela. Era um ponto que eu devia procurar certamente melhorar.
Naqueles dias o Ahnrí não me procurou, na sexta o Cleber veio mãe me visitar quando ia ao trabalho e eu já estava completamente bom, só algumas marcas mais suaves e nenhuma dor.
- Esta novinho.- Falou ele concluindo meu exame e minha mãe me olhou com um ar de felicidade.
- Ainda bem. - Respondi. - Perdi várias aulas na semana. Segunda feira quero voltar com tudo.
- Vocês deviam sair para comemorar, espairecer. Algo assim.
- Eu passo aqui a noite, beleza Caleb?
- Beleza. - Falei enquanto era surpreendido por uma abraço e um beijo no rosto dele, percebi então que era para enganar minha mãe.
Fiquei a tarde pensando se ele viria mesmo a noite ou se ia só dar um perdido na minha mãe, perguntei a ele isso no whatssapp mas ele não respondeu. Estava também impaciente com o sumiço do Ahnrí e bati na porta do Ap dele, sua mãe que atendeu.
- Mari, o Ahnrí está aí? - Perguntei dando um sorriso amistoso.
- O que você quer com ele? - Devolveu ela em tom não muito amigável.
- Só saber se ele está. Ele está?
- Não. Não está. - Respondeu ela seca e me virei para ir embora quando novamente ouço sua voz. - Pensei que a gente podia ser amigo Caleb, mas um simples pedido meu e você não atendeu.
- Como assim? - Retruquei como quem não entende.
- Te disse para não se envolver com o Ahnrí.
- Foi? - Falei como quem tenta lembrar de algo. - Ah sim, lembrei. Eu até teria atendido. Se você mandasse na minha vida. Qual o problema com ele afinal?
- Ele não está em um bom momento. - Respondeu ela calmai.
- Para mim você apenas não foi com a minha cara. Acha que não sou digno do seu querido filho ou algo assim. Talvez tenha me achado com cara de devasso: segredinho, todo gay que conheço é igual. Inclusive você deve ser, afinal você é gay também. Tão gay quanto eu, tão gay quanto o Ahnri. Agora você espera que é só chegar e dizer para eu não ficar com ninguém que eu não vou ficar? Não é bem assim não. O Ahnrí é lindo, gostoso, carinhoso e me deu bola. Eu peguei mesmo e vou pegar de novo.
- Então é isso. - Você só quer usar ele enquanto ele quiser algo.
- E se for? O que exatamente você teria a ver com isso? Qual seria o problema de a gente se curtir?
- Controle a sua língua garoto. - Falou ela ríspida. - Você não sabe do que está falando.
- Não sei mesmo, porque você só ameaça e não fala nada real, nada concreto.
- Está bem então, vou te falar…
- Não mãe. Deixa que eu falo. - Ouvi a voz do Ahnrí se aproximando pelo corredor.
Até amanhã pessoal.
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Augusto3: Obrigado, vamos esquentar as coisas nessa história, hehehhhehhehee.
Thi_RJ: Escrever a história de caio foi uma das coisas mais incríveis que fiz na vida, me revelou um mundo novo e conheci o imenso carinho dos leitores da CDC.
Victor1607: Impossível ficar muito longe daqui, vocês todos são demais.
geomateus: OBrigado ^^
cintiacenteno: Obrigado, :)
Kadunascimento: Devidamente adcionado, adoro bater papo com os leitores e gosto de ouvir opinioes e conselhos sobre a história, afinal ninguém é perfeito e já aperfeiçoei muitos contos com dicas valiosas de leitores.
Guinho: Vlw :)
Pessoal, como sabem, meu email é alahric@yahoo.com.br.