E o tempo passou tão lentamente que quando menos esperei um mês havia passado e com ele a certeza de tudo o que eu vivera e poderia ter vivido com Kadu, já era coisa do passado, só que esqueceram de avisar a companheira DOR que eu tava sofrendo e muito.
A comida da minha mãe, as brincadeiras dos meus irmãos, a zoação coma turma, nada disso me atraia mais. Eu e tornei tipo um morto vivo que só levantava cedo pra sair de casa e rezava para que o dia de trabalho passasse o mais rapidamente possível para que eu pudesse voltar pra casa e dormir.
Com muita sorte eu trabalhava tal qual um relógio suiço. Todos do setor do RH da empresa foram unanimes em me indicar para supervisor do departamento assim que abriu uma vaga para ocupar tal cargo deixado por um amigo que havia saído da empresa.
Se no emprego as coisas andavam as mil maravilhas, em casa a minha relação com minha mãe deteriorava a olhos vistos. Eu havia tido aumento de salário por conta do novo cargo e mais uma vez ela deu suas indiretas numa bela tarde de sábado assim que eu cheguei em casa morto de cansado:
_ Já em casa? Que milagre, hein? Se bem me lembro em outros tempo você e aquele seu amigo já estariam a essa hora no maior grude fazendo com que o povo dessa rua falasse super mal de vocês. Mas graças a Deus que aquele lá foi pra nunca mais voltar, não deixando nem saudade.
Aquilo pra mim foi demais. Acho que minha mãe não tinha o direito de falar o que bem quisesse como se fosse a dona da razão e eu retruquei:
_ Deixou sim mãe e a senhora não faz a menor ideia. E quanto ao falatório da rua, ele só existe por causa de gente como a senhora e esse bando de fofoqueira que tem nela.
_ Você tá falando desse jeito comigo Franzé? Você me respeite seu moleque. Se eu falo as coisas é pro seu bem, ouviu? Você devia dar graças a Deus não ser mais o alvo dessas fofocas.
_ Mãe a fofoca só existe porque sempre encontra um par de ouvidos pra lhe dar atenção. E a senhora sabe que sempre gostou de falar piada pra todo mundo. Se tem uma coisa que acho super chata são essas indiretas que a senhora dá, principalmente pra mim. Bote uma coisa na cabeça, a vida é minha e se eu for isso, aquilo ou aquilo acolá não é da conta de ninguém.
_ Se tiver debaixo do meu teto é da minha conta sim. E tem mais, se o que falaram de você com aquele tal de Kadu for verdade, saiba que preferia morrer agora do que ter um filho assim.
Alguns minutos passaram e não deixamos um momento sequer de nos encarar. Eu quebrei o silêncio com o maior prazer:
_ Tá vendo, a senhora não morreu e eu não deixei de ser o que eu sou e gostar de quem eu ainda gosto. Se não deu certo a minha história com o Kadu, foi porque o nosso momento talvez não fosse agora. Me desculpe se eu sou assim ou se eu decepcionei a senhora mãe, eu queria muito ter dado certo com ele mas diante do que acabei de ouvir da senhora, agradeço a Deus a gente ter se separado.
Ela veio rapidamente de onde estava parada me olhando e me deu um tapa na cara que me deixou meio zonzo. Olhei fundo em seus olhos e ela completou:
_ Você tem até segunda-feira pra deixar a minha casa, seu viado nojento e sem vergonha. E quando o seu pai chegar se prepare pra levar a maior surra que você nunca levou na vida. Agora saia da minha frente seu desgraçado. Odeio você, ouviu? Eu odeio você. E terminou me cuspindo na cara.
Eu fiquei paralisado e sem saber o que iria fazer da vida. Novamente nos encaramos e antes de sair da sua presença eu apenas falei:
_ Pois saiba que eu sempre te amei, mesmo você sendo esse poço de amargura e tormento que vi você se transformar por nunca estar satisfeita e muito menos feliz por nada e ninguém. Não vou deixar de te amar não pois sabe lá se um dia a senhora não vai ter somente a mim para lhe amparar, né mesmo? E quanto a sair da sua casa, vou ver o que poderá ser feito, só que falarei com meu pai para ter um tempo maior antes de pelo menos achar um lugar pra ficar. E quanto a ser afeminado, viado ou seja lá qual o outro adjetivo que a senhora quiser chamar, não esquente minha senhora, eu não posso mudar o que sou e pode estar certa que apesar de saber que minha vida será de muita luta eu só peço a Deus que não me transforme numa pessoa como a senhora.
_ SAIA DA MINHA ENTE SEU DESGRAÇADO. Mamãe gritou a plenos pulmões.
Eu simplesmente saí e fui para o quarto. Minha cabeça estava a mil e por incrível que pareça pensar na hipótese de sair de casa ao invés de me desestruturar teve um efeito contrário, aquilo me encheu de esperança e alegria.
A novela das seis que já é quase as sete havia acabado de terminar, desculpem a redundância, quando meu pai e minha irmã mais velha cegaram da barbearia. Eu estava no quarto e apenas ouvi quando minha mãe começou a gritar novamente, dessa vez com meu pai. Ela pelo menos não inventou nada e relatou apenas o que tinha conversado comigo sem tirar uma palavra ou entonação sequer de nossas vozes. Papai bateu na porta do meu quarto e eu apenas disse:
_ Entra pai. Ele me olhou no mesmo momento em que fechava a porta.
_ O que sua mãe acabou de me dizer, o que tem de verdade nessa conversa Franzé?
_ Eu poderia lhe dar apenas uma palavra como resposta, VERDADE. Só meu pai que devo lhe dizer que eu também estou triste e decepcionado comigo mesmo. Eu tô passando por uma situação na qual jamais poderia imaginar que passaria. Eu vi a partir da conversa que tive com a mamãe o quanto de dor e sofrimento a minha vida haverá de ter só por conta do que sou. E devo lhe dizer também pai que sinto muito por ter te decepcionado quanto a isso. Eu não tive culpa ou mesmo planejei tudo isso. Não sei como acontece da gente vir pra esse mundo do jeito que a gente é. Quisera meu pai ser normal como aparento ser. E sabe o que é pior, eu me acho e sei que sou normal. meu sentimentos é que apesar de normais, não são aceitos. E isso papai, dói demais bem aqui no peito. Dói a cabeça também de tanto pensar que posso estar nesse momento matando o senhor aos poucos e dói mais ainda por saber que nunca mais eu serei o filho que o senhor esperava que eu fosse.
Meu pai tava emocionado, sei disso por causa dos seus olhos. Ele não teve ação ou reação nenhuma, pelo menos enquanto eu falava. Ele veio até onde eu estava e a única coisa que pude fazer foi me preparar para levar outro tapa na cara. Só que ele colocou a mão no meu ombro e disse:
_ Nada mudou Franzé. Você é o mesmo garoto bonito e inteligente que um dia me encheu de orgulho quando começou sua faculdade e quando me disse que tinha terminado e estava formado. Você ainda é o mesmo garoto que vi crescer e se destacar dentro de nossa família, por sempre querer algo mais, por sempre querer o melhor pra todos nós. Desde o dia em que você preferiu não ganhar nada no natal só para que seus irmãos menores pudessem ganhar o tão falado PlayStation do papai noel me mostrou que tipo de pessoa era você ao mostrar com esse gesto sua grandeza de caráter, meu filho. E eu juro pra você que não vou permitir que ninguém dentro desta casa faça qualquer coisa de ruim pra você, nem mesmo a sua mãe. E Seu Agenor simplesmente me abraçou e me confortou no meu choro.
Infelizmente não tivemos muito tempo pois mamãe praticamente invadiu eu quarto e começou novamente a gritar comigo e dessa vez também com meu pai. Ele apenas a olhou e não sei que poder ele tinha nós lhos, ela parou e saiu. E assim que os dois saíram eu pude finalmente cair na cama e chorar toda a mágoa do mundo que eu havia acumulado no último mês de minha nada fácil vida.
Quando finalmente completei quatro meses na Holding, consegui alugar um apartamento pequeno bem próximo a garagem, facilitando meus horários de saída e não mais correndo tanto risco ao me deslocar de casa até o ponto em que o ônibus da empresa me levava ao trabalho.
Aos poucos fui comprando alguns móveis pra colocar no local e uma de minhas amigas resolveu fazer uma arrecadação entre a galera da nossa turma e no último final de semana do mês de março, ganhei um monte de coisas pra casa. Aí a coisa ficou bem legal. Papai me visitava sempre na volta da barbearia e me levava pão, leite, presunto e queijo da janta. Ele sempre fazia isso, pois sabia que eu só gostava de jantar sanduba com café e leite. Os gêmeos as vezes viam lá de casa de bicicleta só pra me ver, e vez ou outra vias as minhas irmãs na praça ou no supermercado perto de casa onde fazia compras.
Cheiroso sempre que podia me dava notícias de Kadu e aos poucos eu já não sentia o menor interesse nelas.
_ O cara é atualmente o artilheiro do estadual e o time dele já esta classificado pras finais. Agora ele vem sempre na casa dos pais com o tal cara do carrão importado que levou ele embora da casa de praia da Diana no dia seguinte ao aniversário dele. As vezes eles vem só com um dos caras que tava no mesmo carro naquele dia. Pode crer Franzé que ali tem coisa. O Bôca e o Anjinho tavam uma vez no shopping e viram quando ele e o cara saíram cheios de pacotes de uma das lojas mais caras que tem lá. E sabe o que é ruim? Ele nem falou com os caras. Viado filho da puta, né não? Agora lembrei de um ditado que a finada Marilac dizia: Nada como um dia atrás do outro e uma noite no meio.
" Que decepção ". Era tudo o que eu podia pensar. Eu já tinha visto o Kadu algumas vezes no shopping com o Diretor Social da Holding e devo dizer que o cara era um quarentão bonitão e bem na fita. Ele chegou a me ver uma única vez e esboçou um sorriso na minha direção que jamais retribuí.
Segui com minha vida da melhor maneira que pude e foi justamente numa terça-feira pela manhã quando estava na minha mesa verificando a ficha dos últimos empregados que haviam sido contratados na garagem para a função de trocador de ônibus da Viação Nordeste quando um jovem mais ou menos de 22 anos entrou e perguntou pelo senhor Franzé diretamente a mim. Eu apenas o olhei e virei o crachá para que ele visse que havia encontrado quem procurava.
_ Bom dia senhor Franzé, me chamo Antônio Lucas Chaves Prata e me pediram que trouxessem os documentos que ainda faltavam para que eu fosse admitido na empresa. E esperou a minha resposta.
Antônio Lucas era um garoto que tinha na verdade 25 anos de idade, moreno com olhos verdes e tinha um sorriso maravilhosos, ao falar comigo mostrou uma segurança que me desarmou e ao me dar os documentos que estavam guardados numa pasta simples de papelão azul, fez questão de pegar na minha mão e me cumprimentar.
_ Eu vou trabalhar na Viação Nordeste como trocador. O senhor pode me chamar de Lucas pois é assim que os amigos me chamam.
_ Nesse caso Lucas, só posso dizer que você seja bem vindo. E eu já estava mesmo repassando seus dados pro nosso sistema e verifiquei que realmente faltavam alguns documentos. Abri a pasta vi que tudo estava certo e após finalizar a digitação de alguns dados que ainda faltavam arquivei tudo na sua pasta na empresa e lhe desejei boa sorte.
Antônio Lucas saiu da minha sala, que era partilhada por mais três funcionários no setor de cadastro e me olhou através do vidro da porta com o mesmo lindo sorriso quando entrara pra falar comigo.
Assim que retornei do almoço, verifiquei seus horários e vi que teria uma chance de vê-lo todos os dias... Ele saía da garagem no mesmo horário em que eu pegava o ônibus da empresa. E saber disso foi muito bom.
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Querido Beulfort eu é que não consigo ficar longe por muito mais tempo e em dois dias eu procuro já estar bem adiantado na história. Obrigado querido pelo comentário e fica à vontade, a coisa tá só começando. Grande abraço amigo.
Querida CHELE, concordo com você, mais isso sempre acontece. Muitos se perdem por conta do interesse que sempre é maior que o sentimento. Grande beijo minha querida.
Querido EDU 19 e 15, assino embaixo no seu comentário meu amigo. Que pena ter gente assim no mundo que é capaz de tudo só pra se dar bem. Grande abraço amigo.
Querida CINTIACENTENO, Kadu realmente foi de um egoismo desmedido. Muitos iguais a ele sempre estão por aí, na ilusão de que o belo sempre pode mais. Grande beijo querida e desejo uma grande semana pra você.
Querida ESPERANÇA, Não encontro palavras para tentar defendê-lo. Só posso concordar com você. As vezes pendo que jamais conheceremos as pessoa na sua totalidade. Beijão meu lindo Talismã. Tava roxo de saudade, viu?
Querida AGATHA1986, feliz e emocionado por você ter um tempo pra nossa amizade, minha querida. Decepções nos fazem crescer e fortalecer. Franzé será um bravo e posso te assegurar que nada mais irá conseguir lhe derrubar. Beijo enorme querida.
Querida NINHA M, acho o máximo essa sua visão de que sempre haverá uma saída pras coisas. Devo dizer que sinto aquela boa inveja branca por não ser as vezes tão otimista. Um beijão minha querida e não esquece da bochecha da Ju. Semanassa pra vcs.
Querida MAMA ROSE, assim não vale. Falar do me sorriso me desarma e fico vermelho que nem morango maduro. Ótima visão sobre o psicológico dos nossos meninos. Asseguro que muita coisa ainda vai acontecer... Fica por aí minha VITAL amada. Beijão.
Querida KYRYAQ, adorei sua frase... Do jeito que vem, vai fácil... Isso deveria ser sempre dito a essa turma da cabeça oca que pensam que estarão por cima da carne seca por todo o tempo. Termino desejando em dobro, triplo o tudo de bom que já começo a sentir através de suas palavras. beijão na sua bochecha e com todo o carinho e respeito na da Cida também.
Querido GUINHO, esse Kadu ainda vai se arrepender do que fez ao deixar o amor de Franzé por coisas materiais. Obrigado pelas palavras que muito me incentivam meu querido amigo. Abração do Nando Mota.
Querido TAKAHASHI, adorei o DUQUE e o PRÍNCIPE... Ambição, posse, ter e ter mais isso é o que move nosso Duque Kadu. Nosso Príncipe vai com certeza se erguer bem mais forte e belo e olha que até cavalo branco ele vai conseguir comprar. Querido amigo só posso de agradecer pelas palavras carinhosas e que eu consiga tê-lo por todo o sempre junto a mim. Grande abraço e ótima semana.
Querido KADUNASCIMENTO, não vale olhar na bola de cristal, combinado? Agora terei que refazer algumas coisas só pra poder te surpreender. Valeu pelas palavras meu amigo e que você tenha uma ótima semana e aproveito ´ra mandar um grande abraço.
Querida MAY LEE, adorei o PASSADA... Como se diz no gueto... ARRASOU, GAROTA. Esse tapa na cara eu até pensei, só que seria uma coisa muito rápida que depois que o ardor passasse nada ficaria. Querida aprenda uma coisa... O BOM DA VIDA É ESPERAR SEMPRE 15 MINUTOS. O maior beijo nessa bochecha, minha linda amiga.
Querida DRICA(DRIKITA), o lance do seu comentário sore as rosas me fascinaram e na emenda as que vieram com espinhos foi TUDO... Ouviu bem? TUDO... Querida amiga, pessoas como o Kadu sempre pensarão nelas em primeiro e último lugar... Egoismo é um dos maiores males da nossa personalidade. Sinto ter feito vc lembrar de algo tão ruim, logo vc que acho uma pessoa incrível. EM todo caso devo dizer que nosso herói saberá como contornar a situação como vc um dia conseguiu. Beijo minha linda amiga e uma beijão na bochecha.
Querido Narciso... Pode estar certo de que o Franzé vai saber superar e muito bem o que o tal Kadu fez com ele. Já devo dizer que a segunda parte foi Fantástica. Sabe o que achei mais legal, é como se em cada geração da família, uma relação de amor homossexual sempre existiu. Um beijo enorme e assim que tiver tempo vou ler o que vai ser da Claudia e sua história. Vc é Meu querido amigo. Abração.
Querido MONSTER, e pode esperar que virão mais outros. Vc tá curtindo a trama e isso me enche de satisfação. Um abraço meu amigo.
Aos demais o meu abraço. Sempre hei de esperar por seus retornos. Nando Mota.