- Ficou maluco, porra? - Gritei.
- Cala a boca. - Gritei ele tão agressivo que me calei. - Vai tirando a roupinha para dar pra mim, esse fim de semana vai ser meu pagamento por esse namoro falso. Ou então vou fazer tua caveira tão bonito que tua mãe vai até de deserdar. Ou você acha que ela ainda vai acreditar em você? Ou você acha que não tenho gravações das nossas putarias com o David.
- Para que essa porra de confusão toda, cara? Você tava me pegando de boa. Se pedisse com jeito, pegava de novo. Pra que isso? - Falei com os olhos marejados de lágrimas e me afastando dele. Eu não tinha físico para entrar em luta corporal com um homem 10 anos mais velho.
- Acho que você ainda não entendeu a situação. Você tá na minha mão.
- Na tua mão uma porra, e se encostara mão em mim de novo eu te mato. ENTENDEU, EU TE MATOOOO.
Não sabia até que ponto ele estava disposto a ir, mas eu não era do tipo que ia aguentar porrada quieto não. Já bastava o tapa que ainda doía na face. Pensei que ele talvez fosse ficar mais agressivo ainda, mas apenas abriu um enore sorriso e gargalhou.
- E o que você vai fazer? Só te deixo em casa depois que fizer contigo o que quiser.
Olhei para os lados apressado, ainda bem que a porta estava aberta, sem pensar duas vezes, corri para o terreiro.
Ele correu atrás de mim, visivelmente preocupado em me segurar. Não sei que tipo de maluco ele era, mas achou que eu iria docilmente tirar a roupa e deixar ele me comer apenas porque falou grosso comigo e me deu um tapa, além de fazer algumas ameaças idiotas.
Minha idéia era pegar o celular e liga para alguém, mas o maluco correu atrás de mim, firmemente decido a não me deixar sair da sua propriedade. Cheguei até próximo da porteira, que o caseiro tinha deixado fechada.
- Para aí porra, vamos conversar. - Ele gritou sem parar de correr atrás de mim.
Não escutei a balela dele, meu instinto dizia para correr rápido, não sei como mas em um movimento pulei a porteira e corri pela estrada de terra sem rumo.
- Volta aqui, filho da puta, volta aqui. - Gritava ele lá atrás, sem conseguir pular. - Zé, corre aqui porra, abre a merda dessa porteira.
Correi pela estrada de terra, peguei meu celular e disquei. PUTA QUE PARIU, FORA DE ÁREA. MALDITAS OPERADORAS. Continuei correndo, entrei numa curva e ouvi roncados de motor, passei por uma casa mas tive medo de entrar, imaginei que ele conhecia todo mundo por alí. Foi então que percebi que eu não tinha pegado o caminho de volta e sim estava entrando mais ainda no vilarejo, pois vi outra casa maior, como a dele, devia ser de alguém de fora também, não era tão luxuosa como a dele, mas destoava das casas do lugar. Vi uma senhora gorda e morena varrendo o chão com uma vassoura de palha, limpando das folhas secas dos cajueiros. Ouvindo o ronco do motor do carro, gritei do portão.
- POR FAVOR ME AJUDA.
Era uma mulher bem robusta mesmo, bem grande, alta. Ela veio andando calmamente até o portão. Parecia que ia ralhar comigo de alguma forma, mas quando chegou perto e viu meu nível de susto, abriu logo o portão e me deixou entrar.
- O que houve menino? - Perguntou ela.
- Tem um homem querendo me estuprar.
- Cuma? - Ela me olhou confusa.
- Por favor me esconde. Ele está vindo de carro.
- Corre pra dentro de casa. - Ela apontou assustada.
Corri e ela veio andando atrás de mim. Assim que entrei vi o carro do Cléber passar em frente, mas não parou para nada, seguiu na estrada. Peguei o celular para ver se tinha área, nada.
- Me explica isso agora menino. Se isso for alguma arrumação tua. Se for mentira. - Ela exigiu impaciente quando entrou na enorme sala junto comigo.
- É tudo verdade. Ele me trouxe para cá, preciso ligar para alguém, meu celular não tem área.
- Tem celular eh chip de que operadora?
- Tim.
- Não pega, não. Liga do meu. - Falou ela me entregando um celular que estava pendurado em seu pescoço. - Não acaba com meus bonus.
Peguei o celular e pensei bem em quem ligar. A essa altura o Cleber podia ter inventado alguma coisa pra minha mãe e ela me negar ajuda, seria dificil ela acreditar que ele estava sendo violento comigo. E ela poderia simplesmente não entender porque eu neguei sexo ao meu suposto namorado. Liguei pro Ahnri.
“Caleb?” escutei do outro lado da linha “te procurei e você sumiu.”
“Ahnrí, escuta bem, estou em um local estranho, o Cleber me trouxe aqui, ele me ameaçou, quis transar na marra comigo e até me bateu. Fugi da casa dele e estou na casa de uma senhora. Você precisa me ajudar.”
“qual o nome do lugar que você está?” perguntou ele assustado.
- Qual o nome daqui, dona?
- Laranjal do tanque. - Ela respondeu. - E meu nome é Neuza, não dona.
- Obrigado, dona Neuza. - Respondi;
“Laranjal do tanque. To na casa da Dona Neusa. Você ja ouviu falar? “
“Não, espera ai um minuto”. Falou ele e demorou uns 30 segundos para voltar.
“Pronto, falei com minha mãe, ela sabe onde é, estamos indo ai de pegar, fica exatamente onde está, que está quase anoitecendo e a viagem demora um pouco.”.
“Como assim, tua mãe vem me pegar? “
“Vem, vou com ela.”
“Diz a ela que eu agradeço muito, nem sei oq ue falar.”
“Fala isso a ela pessoalmente, estamos saindo já. Qualquer coisa liga de novo”.
Me despedi dele e agradeci a Dona Neusa. Ela me levou até a cozinha e me serviu um chá de erva cidreira, segundo ela, era ótima para acalmar. Era por volta de 17 horas, dentro de casa com dona Neuza, não percebi se o carro do Cleber tinha voltado ou não pelo caminho em frente. Era noite fechada já, quase 17 e eu agradecia por ele não ter percebido que entrei ali quando vemos luzes de carro chegando.
Dona Neuza disse que ia sair sozinha, podia não ser a Mari. Fiquei lá dentro com o coração na mão, morrendo de medo de ser o Cléber. Logo ouço os pesados passos da minha anfitriã robusta entrando na casa.
- Vem, é o teu pessoal.
A felicidade que me invadiu não tinha igual, corri para o terreiro e a primeira pessoal que vi foi o Ahnrí, que parecia bem ansioso para me ver. Me joguei em seus braços.
- Obrigado, obrigado. - Falei chorando. - Eu tava com tanto medo.
- Calma. calma. - Falou ele alisando meus cabelos.
A Mari estava bem do lado dele, estava tão emocionado que esqueci todos nossos problemas, agarrei ela também e agradeci, que ficou bem sem jeito.
- Não precisa agradecer, meu anjo. Eu faria isso por qualquer pessoa. É uma emergência.
- Mesmo assim, muito obrigado Mari.
Dei um longo abraço na Dona Neuza e agradeci a ela também, só depois fui perceber que não indaguei em nenhum momento o fato de ela morar sozinha naquela casa.
A Mari deu um grande abraço nela também e conversaram em apartado enquanto o Ahnrí me levava até o carro.
A viagem de volta foi bem tranquila, foi deitado com a cabeça nas pernas do Ahnri no banco de trás e a Mari dirigindo. Passava de 21 horas quando chegamos finalmente ao condomínio. Só pensava em deitar e dormir, me recuperar daquela loucura. Precisaria antes, no entanto, esperar minha mãe chegar para ter uma longa conversa com ela.
Mas não precisei esperar muito, minha mãe já estava em casa e nosso barulho subindo as escadas a fez abrir a porta e se deparar conosco. Maria ia na frente, eu e o Ahnrí atrás.
- QUE LOUCURA É ESSA CALEB? VIAJA COM SEU NAMORADO E SOME DA CASA DELE E AGORA ME APARECE ASSIM …. - Gritou minha mãe com cara de quem ia me agredir, tentando passar pela Mari.
Quase desci as escadas correndo, não fosse a Mari, ela puxou minha mãe pelo braço e a empurrou de volta pelo corredor com uma mão e dando um forte tapa na cara dela com a outra.
- DEIXA DE AGIR COMO UMA VACA IMBECIL E OUVE TEU FILHO ANTES DE FAZER MERDA, SUA RETARDADA.
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Até amanhã pessoal, obrigado pelos comentários, amanhã respondo : )