Eu tentei me manter calmo e não encarar, digerir aquilo como uma situação normal, mas infelizmente nem sempre nosso corpo nos obedece e então eu comecei a soar frio e a rir descontroladamente. Todo mundo ficou me olhando e a minha cara ficou no chão, junto com a minha dignidade.
Todo mundo se reuniu bem perto do palco em umas mesas e depois de um tempo a Ju veio me cumprimentar como sempre fazia. Conversamos um pouco e cada vez que eu olhava pra ela eu lembrava do que tinha acontecido há tempos atrás e o sentimento de culpa me invadia.
- Aí Ale, o Maurício tá tão estranho... antes ele parecia ser louco por mim e agora a nossa relação esfriou. Se tá assim nos primeiros meses, imagina daqui uns anos? Isso se a gente ficar mais algum tempo junto.. - disse ela.
- Nossa, sério? Não fica assim não, Ju, sei que você gosta dele... - respondi.
Assunto vai assunto vem, uma hora enquanto nós conversávamos o Maurício a puxou da mesa de uma maneira brusca, deixando todos assustados.
- Maurício, você surtou? - perguntou Juliana assustada.
- Vamos embora - ele disse.
- Não, se você quiser vá sozinho, eu vou ficar. O show nem começou - disse ela.
- Juliana, vamos embora - ele falou em um tom mais alto.
- Não altere a voz comigo. Eu não vou pra canto nenhum, já disse. - ela voltou a se sentar, o deixando puto.
Ele saiu da área vip e o assunto logo foi esquecido. Uma certa hora foi anunciado que em dentro de 10 minutos a banda iria entrar no palco, então eu aproveitei pra ir ao banheiro. Chamei o JF pra ir comigo, mas como ele estava com a Letícia, disse que não era preciso se importar.
Desci as escadas da área vip e fui em direção ao banheiro de fora da pub, já que estavam todos lotados. Quando estava saindo pela porta, sinto alguém puxar meu braço com muita força. Era o Maurício.
- O que tu tava falando com ela, caralho? - perguntou ele.
- Tu tá ficando doido por um acaso? - me soltei dele.
- Responde, caralho - ele gritou.
- Não tenho que te dar satisfação de nada do que eu converso ou não com a Juliana
- É, assim como tu não me deu satisfação nenhuma naquele dia na viagem.
- Eu tava mal - respondi.
- E tu acha que eu fiquei como, caralho? Rindo? Porra, tu podia pelo menos ter dado uma satisfação! Me deixou plantado na porta do hotel, não disse se tava bem... eu fiquei me remoendo pensando que eu tinha te machucado, sei lá - ele abaixou a cabeça e eu fiquei calado nessa hora.
- Tu gosta da Juliana - disse eu.
- Para, porra, para de querer saber dos meus sentimentos. Caralho, eu te curto Alexandre, sei lá, isso não é de agora... desde pequeno eu sempre quis ficar perto de ti, saber como tu tava... Quando eu brigava contigo era só pra ter um motivo pra tá perto de ti, te sentir perto de mim. Eu achava que era coisa da minha cabeça, mas depois que tu disse que era bi eu abri meus olhos e percebi que eu te quero comigo, moleque! - ele se aproximava de mim.
Eu fiquei paralisado, eu estava hipnotizado pelos seus olhos cor de mel, meu coração batia forte e então tudo que eu fiz foi fugir, de novo. Entrei pra dentro da boate e voltei pra área vip, onde todo mundo me esperava. Ele subiu em seguida, falou alguma coisa no ouvido da Juliana e a abraçou por trás.
O show finalmente começou e ele sempre olhava pra mim, na cara de pau. Eu gostava daquilo. Eu queria muito chegar nele e na Juliana e dizer pra ela "sai de perto dele, cachorra, que ele é meu", mas eu sempre me importei mais com os outros do que comigo mesmo.
Depois que o show terminou, deixei o João em casa e contei todo o ocorrido pra ele, que escutou com atenção.
- Alexandre, eu acho que tu é um trouxa! - disse ele.
- Caralho, as coisas não são fáceis assim
- São fáceis sim, tu quem complica tudo. Tu quer o que? Que ele chegue na frente de todo mundo e te peça em namoro? Entende a cabeça dele e para de ser egoísta - disse ele, saindo do carro.
Eu fiquei pensando aquilo o resto da noite inteira e nem dormi direito. Acordei no dia seguinte com um mal humor desgraçado, fui pra faculdade e estava decidido que iria contar pro Maurício tudo que eu sentia por ele. Cheguei na sala atrasado, todo mundo ficou me olhando, além de eu ter levado um super esporro do professor. O Maurício estava sentado do lado da Juliana, que estava apoiando sua cabeça em seu ombro. Quando entrei na sala, ele me deu uma olhada e ficou observando eu sentar.
A aula parecia demorar um século pra acabar e a cada minuto que se passava eu ficava mais apreensivo. Eu nunca tinha me apaixonado por ninguém e isso era muito novo. Quando eu menos espero, o professor nos libera.
- Maurício - falei. Ele me olhou com uma cara de espanto.
- Oi?
- Preciso da tua ajuda numas coisas lá do Joquei, tem como tu vir comigo? - perguntei.
- Claro. Amor, depois eu te ligo - ele deu um beijo em seu rosto.
- Não vai me beijar direito? - perguntou ela.
Ele me olhou e eu só baixei a cabeça.
- Deixa de frescura amor, quer dizer que pra eu te amar eu tenho que te beijar na boca? Tchau tchau - disse ele vindo pro meu lado com a mochila nas costas.
Nós dois seguimos para o estacionamento do colégio e ele entrou no meu carro, ambos calados. A sensação ali dentro era horrível, eu sentia borboletas no estomago, estava tremendo e soando frio. Liguei o carro e saí do estacionamento, e então fui em direção contrária ao joquei.
- Pra onde você tá indo? - ele perguntou.
- Tu acreditou mesmo na história do Joquei? - eu o olhei.
- Acreditei, uai.
- A gente vai num restaurante. Eu pago. - respondi.
- Nada disso. Eu pago o meu e você paga o seu - ele disse.
- Ok - respondi.
- Ok - ele respondeu.
Seguimos novamente calados até um restaurante que tinha ali próximo. Escolhemos uma mesa e então nos sentamos. Mais uma vez o silêncio reinava. Eu sentia meu coração bater mais rápido e eu sabia que eu estava vermelho como um tomate.
- Então, o que você quer? - ele perguntou.
- Quero dizer que... que eu te amo! - uma corrente de coragem passou por mim nesse momento.
- Por favor, termina com a Ju e fica comigo, eu não consigo mais esconder isso, tu mexe demais comigo e é difícil pra mim mesmo aceitar isso, mas eu to perdidamente apaixonado por ti - desabei.
Ele ficou me encarando um tempo e pegou na minha mão.
- Vamos sair daqui - disse ele.
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Ai galera, novamente pedindo desculpas pelo tamanho do capítulo, tá tudo muito corrido mas daqui uns dias meu tempo já estará estabilizado.
nunocapixaba - ele não era comprometido! :)
#Léo!, sem problemas, cara! Não tem do que se desculpar, obrigado pelo comentário,
Favo, muuuito obrigado!
Ao restante, um muito obrigado!
