all you needs is love IV... coração partido, cura?

Um conto erótico de Effe
Categoria: Homossexual
Contém 1377 palavras
Data: 06/08/2014 21:52:23

Um banho frio e uma música era tudo que eu queria quando cheguei em casa. Meu irmão perguntou como tinha sido e menti dizendo que tinha me divertido. Dormi e agradeci por não ter sonhado e por ser um sábado no outro dia. Um fim de semana inteiro pra eu pensar em hamster, lanças, nárnia, qualquer coisa.

Na segunda, tive que ir pra escola. Tinha prova de matemática e não queria faltar. No primeiro horário o professor fez questão de faltar e eu fiquei lendo umas páginas de um livro de uma menina da minha sala. Depois sai e fui comprar alguma coisa pra comer porque não tinha almoçado antes de sair mega atrasada. Antes de eu sequer conseguir fazer o pedido, por tanta gente que tinha lá, alguém pegou na minha cintura, me fazendo virar. O idiota do Alan estava com um celular na orelha, não sei de onde ele tirou tanta intimidade assim comigo.

Alan “pra você” ele me ofereceu o celular.

Imaginei na hora quem seria.

Ana “dispenso” virei pra sair mas ele pegou levemente no meu braço, delicado.

Alan “só ouve o que ela tem pra dizer... por favor”

Olhei pra ele e aqueles olhos fundos pareciam intrigados. Soltei o ar que tinha acumulado no pulmão.

Peguei o telefone e coloquei na orelha.

Ana “o que você quer Camila?”

Mila “Ana Paula?” pausa “releva a situação todo com o Alan tá, é que eu sabia que se pedisse teu número você não ia dar”

Por que será né?

Ana “ainda não falou o que você quer”

Ela sorriu.

Mila “você quer almoçar comigo? Pra gente conversar, se você quiser. Ou podemos comer em silêncio”

Ana “não rola, tenho uma prova depois do intervalo” pensei que poderia ser a melhor desculpa do mundo, mas Camila é a pessoa mais imprevisível que eu conheço.

Mila “ah, qual é? Vai me dispensar por uma prova? Depois eu te passo o assunto todo, você vai aprender melhor que com o professor Marcos, faz assim, eu perco a minha de sexta e fazemos a 2ª chamada, juntas”

Tentei não sorrir da malandragem dela.

Ana “okay”

Mila “eu estou na praça de alimentação do shopping, estarei te esperando”

Desliguei e devolvi o celular de Alan que estava comendo um cachorro quente encostado numa coluna.

Liguei pra Amanda trazer um vestido qualquer que me servisse quando fosse pra escola, ela viria mais tarde por que só assistiria uma reunião e ia pro teatro lá perto também.

Ela demorou uns 20 minutos, guardei o vestido na bolsa e saí, sem nem dizer pra ela aonde iria. Peguei uma moto táxi e não demorou praticamente nada. Troquei o fardamento por um vestidinho solto preto que deixava o loiro dos meus cabelos mais loiros ainda.

Fui andando em direção à praça de alimentação, não foi difícil achá-la. Ela usava uma blusa regata com um corte diferente, calças coladas vermelha, e havaianas. Os óculos escuro me impedia de eu saber se já tinha me notado ou se eu ainda poderia fugir correndo dali. Pensei comigo “que porra que eu tô fazendo?” e sentei de frente pra ela.

Mila “o que? Estava esperando um convite pra sair ou anda sempre com roupa na bolsa?”

Ana “longa história”

Mila “está linda”

Ela bebia uma taça enorme de milk shake e tinha um que presumi ser minha.

Mila “chocolate? Por favor diz que acertei em cheio”

Acertou em cheio.

Ana “até gosto” falei sem a mínima intenção de fazê-la aumentar aquele ego enorme.

Ficamos conversando, quer dizer, mais ela tentando conversar e eu tentando manter a concentração na “conversa”.

Falamos sobre o projeto da escola daquele ano e sobre séries e filmes. Ela falou que poderíamos ir ao cinema. Okay, almoçamos sushi e fomos, vimos uma comédia romântica e eu fiquei encantada com o sorriso dela naquele contraste de claro-escuro. Nossas mãos ainda tocaram-se umas 2 vezes fazendo-a virar e me encarar por um instante.

Assim que chegou aos créditos ela não se levantou e eu também não, todo mundo saindo da sala...

- Quer ir lá em casa? É aqui perto. Eu tenho umas coleções de livros incríveis, sei que você gosta.

Olhei pra ela e me levantei.

- Acho melhor não...

- Tudo bem.

Ela levantou e pegou o livro que tinha deixado na cadeira ao lado da dela.

Não. Não. Não.

- Só uma olhada, okay?

Ela sorriu, e sussurrou um “vamos”.

Não era longe dali, fomos andando e conversando.

A rua estava sem movimento algum, a casa dela era uma de andar branca, ela tirou uma chave da bolsa de lado e abriu.

Ana “ninguém em casa?”

Um latido fino e agudo soou em nossa direção, um poodle branquinho e pequeno pulou encima dela.

Mila “só o Miler, né Miler?” ela perguntou pro cão, e como resposta ele latiu e lambeu o rosto dela. Ela falou pra eu subir que o quarto dela era lá encima, ela só colocaria ração pro Miler e já subia.

Subi as escadas de madeira. Haviam 2 portas e nomeei como 2 quartos. Um com a porta normal e a outra tinha uma placa de “fechado” e “cuidado! cão bravo”. É esse. Entrei.

As paredes estavam pintadas de um branco gelo, riscadas por tinta preta com frases, “você me trocaria por um cigarro e você nem fuma” “mata-me de rir, fala-me de amor” “e foi nessa abstinência de você, que percebi que assim como cigarro mata – a sua falta também” “ninguém quebra meu coração”; fiquei boba, não esperava e nem ao menos imaginava. Um violão em um canto, fora da capa e fotos espalhadas acima da cama box de solteiro, dos amigos que sempre andavam com ela e de outras pessoas que eu não fazia a mínima ideia. Uma janela grande em comparação ao tamanho do quarto. Uma blusa estava encima da cama um tanto bagunçada, a peguei e senti o cheiro que sabia que estaria ali. Perfume doce e cigarro mentolado. Tinha se tornado o cheiro que eu mais gostava no mundo. Assim que ouvi os passos dela na escada soltei a blusa e virei encarando a porta. Ela entrou empurrando com a perna a porta, segurava duas cervejas long neck.

Mila “calma, meu pai sempre deixa cerveja na geladeira” falou sorrindo, bem pela minha cara de espanto.

Mila “bebe um pouco, tá meio calor”

Ela abriu a janela, deveria ser quase 6 da tarde.

Peguei a cerveja na mão dela e bebi um gole.

Era bastante ventilado lá, e estava indo tudo tão... perfeito.

Mila “desculpa se fui cafajeste no outro dia”

Soltei o ar, realmente não queria tocar naquele assunto.

Ana “é, você foi...”

Mila “é que eu nunca tinha coragem de chegar e falar com você sobre o que quer que fosse, e naquele dia, com o incentivo de Alan e um pouco de embriaguez, eu fui e fiz o que há muito...”

A interrompi.

Ana “não, você estava indo na direção certa, bem antes... mas você estragou tudo...”

Mila “Amanda falou que você era hétero e não curtia essas coisas e tinha um namorado!”

Ana “eu tinha...”

Ela falava olhando pra mim e esperando uma resposta, sempre a via sorrindo e era a primeira vez que a via levar algo a sério.

Mila “eu fiquei com ela por isso, eu não podia me apaixonar por alguém indisponível, não outra vez, sabe o quanto isso dói?”

Fiquei sem responder, não sabia. Sabia como era se apaixonar pela pessoa mais complicada do mundo, mas por isso, não.

Mila “eu não sou esse monstro que todo mundo pinta, eu me apaixonei por você desde o começo e queria te levar ao céu por isso, você me fez curar uma cicatriz do passado, e...”

O quê? Meu pensamento gritava. Não poderia ser! Mas antes de desvendar o mal entendido dei-lhe um beijo, impedindo que ela continuasse com aquela conversa que eu preferia jogar pro espaço.

Um beijo calmo, eu não tinha a menor pressa. Poderia parar de girar o mundo naquele instante e eu nem sequer notaria. Os lábios dela eram macios e tinham gosto de cigarro mesmo eu não a vendo fumar naquele dia.

Eu mal podia acreditar que aquilo era real.

* * *

Obrigada a todo mundo que sempre comenta, adoro ler os comentários e tenho vontade de escrever ainda mais!

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Comentários

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É muito bom bom ler uma história bem escrita como a sua e já que dá vontade de escrever, escreva mais ainda rs :D

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