Ao longe, Pedro avistou um outro posto de gasolina. Era uma esperança que se acendia no meio do nada. Mas só foi se aproximar para desconfiar mais uma vez, pois o estabelecimento era mal cuidado, as bombas de gasolina pareciam antigas, não tinha loja de conveniências e havia muitos homens bebendo e falando alto. Mais de perto, Pedro percebeu que eram caminhoneiros e se sentiu mais seguro em parar e perguntar. Estacionou próximo ao grupo e desceu para pedir informações a algum deles, mas ao vê-los, temeu pelo fato de ter que falar. Porém, era tarde demais. Naquele fim de mundo, nem que a van fosse preta e silenciosa deixaria de ser percebida, então os homens pararam para olhar o jovem que descia do automóvel.
- Sim?
- Oi, boa noite, eu queria uma informação, estou perto da Paraíba?
- Mais ou menos...
- Então não estou perto de João Pessoa, não é?
- Não, de João Pessoa não.
- Será que o senhor poderia me explicar como eu faço pra chegar lá?
- Rapaz, você se perdeu? Pode não! Por aqui é perigoso!
- É, eu imaginei que fosse...
- Você está com pressa? Porque eu vou para João Pessoa também, mas é só amanhã de manhã.
- Mas em quanto tempo, mais ou menos, o senhor vai chegar lá?
- Ah, daqui pra lá deve dar umas duas horas.
- E é seguro dormir aqui?
- Até que é. Está vendo todos esses caminhões? Todos vão dormir aqui. Agora daqui uns vão para o norte, outros pra São Paulo, outros pra Goiânia... então você pode se arranjar por aqui. Tem como dormir no seu carro?
- Tem sim.
- Bom, então eu saio daqui umas cinco horas.
- Pode deixar. E onde eu compro água por aqui?
- Tem logo ali...
Pedro voltou ao carro para pegar dinheiro, mas também não deixaria Igor sozinho. Porém, o garoto começou a se mexer muito enquanto dormia, era como se estivesse tendo um ataque epiléptico. Pedro se assustou e foi acordá-lo, bastou tocar em sua perna e Igor despertou.
- Tudo bem?
- Tive um pesadelo... Achei que alguém estava me matando com uma faca enquanto eu corria numa estrada deserta... Chegamos?
- Não. Acorde e vamos comprar água.
- Mas...
- Igor, eu não tenho o dia todo. Desça do carro, por favor!
O garoto esfregou os olhos com as mangas da camisa e tentou enxergar onde estava. Viu da janela alguns caminhões e vários homens berrando e rindo. Estranhou. “Não estamos em João Pessoa!”. Calçou as sandálias e desceu, enfim, do carro. Pedro seguiu na frente, irritado com a demora de segundos do companheiro. Entraram em um boteco, onde havia alguns homens bebendo e algumas mulheres que, olhando com um pouco de malícia, percebia-se que mostravam com os decotes um pouco daquilo que poderiam vender para quem lhe pagasse uma quantia aceitável. Era um verdadeiro buraco e Igor não entendia porque não estava em um hotel e sim naquele lugar no mínimo esquisito.
- Duas pequenas garrafas d’água e uma de dois litros.
Igor não disse nada, ele só conseguia olhar com certo receio de todas aquelas pessoas estranhas. Havia um grupo de três mulheres sentadas ao fim do bar que não tiravam os olhos dos dois forasteiros e Igor, sem entender o porquê, retribuía o olhar com a ingenuidade de quem acabara de acordar.
- Está interessado?
- Hã? Como assim?
- Nas mulheres. Está interessado?
- Não. Por que está perguntando isso?
- Então pare de olhar para elas ou vai nos meter em confusão!
Igor continuou sem entender, pegou a garrafa pequena de água que Pedro o ofereceu e saíram em direção a van.
- Eram putas?
- O que você acha, Igor?
- Eu não sei, eu nunca fui a um puteiro.
- Você é mesmo um frangote!
Cada um abriu a sua garrafa de água e seguiram para o carro. Igor entrou pela porta lateral, mas Pedro foi para a porta traseira. Igor não entendeu e instintivamente iria perguntar o motivo daquilo tudo, mas resolveu dá-lhe um tempo. Tomou um pouco de água e olhou para os caminhões, de um lado, e a plantação de cana-de-açúcar do outro.
- Não estamos em João Pessoa, estamos?
- O que você acha?
- E onde estamos?
- Em algum lugar de Pernambuco.
- Como assim em algum lugar?
- Igor, agora não. Se você quiser nos tirar daqui, ótimo, vá em frente, pegue o volante e dirija. Se não vai solucionar o problema, fique quieto!
- Mas como nós chegamos aqui?
- Igor, nós já estamos aqui. Vai nos tirar daqui? Não. Então fique caladinho, por favor!
- Você se perdeu?
- Igor, que merda, cala a porra da boca!
- Mas... Hum. Você tem um plano?
- Amanhã nós estaremos em João Pessoa. Amanhã logo cedo. Satisfeito?
- Como chegaremos a João Pessoa se você não sabe como chegou aqui?
- Ah, Igor, vai tomar no cu!
Então Igor se virou para frente e como se nada tivesse acontecido, continuou tomando sua água e olhando para a plantação de cana-de-açúcar. Acalmou-se e tirou um dos biscoitos que havia comprado em Maceió da sacola para comer. Era o seu jantar. Esticou-se para pegar da mala um repelente, encolheu as pernas em cima do banco e, como se nada tivesse acontecido, começou a massagear as coxas e a panturrilha com o creme. Enquanto isso olhava a plantação de um lado, os homens estranhos e barulhentos do outro e as prostitutas a frente. Era quase surreal toda aquela calma. Arregaçou as mangas e passou repelente nos braços. Após todo aquele ritual, olhou para trás e perguntou.
- Vamos dormir no carro, é isso?
- Você nunca dormiu em um carro?
- Muitas vezes, eu durmo em qualquer lugar. Mas você poderia ao menos ter me avisado.
- Como assim? Você não trouxe o seu colchão?
- Colchão? Não!
- Puta merda, viu?
- Seu pai não me disse nada...
- Como não disse?
- Não disse...
- E você achava que dormiríamos onde? Em um hotel?
- Eu não sei, Pedro, o que você acha?
- Acho que você é muito fresco!
- Ah, está aí uma coisa que não sou: fresco. Eu suporto tudo, aguento a tudo. Mas também não queira que eu adivinhe porque aí já é um pouco demais.
- Cala a boca, eu estou tentando dormir aqui, não percebeu?
Igor se calou mais uma vez. Olhou para frente de novo e se perguntou “não posso fazer nada, mais nada. O que fazer?”. Ajustou o banco em que estava, inclinando-o para trás, pegou o seu travesseiro e se encolheu para dormir. Pedro, após Igor parar de fazer barulho, abriu os olhos e o viu deitado na poltrona da frente. Mais uma vez as palavras de seu pai lhe invadiram a mente e, quando viu que a cabeça de Igor ficou a amostra pelo vidro da janela, lembrou-se do homem estranho que havia deixado para trás.
- Igor, você não pode dormir ai.
- E onde você quer que eu durma? Em cima do carro?
Foi então que Pedro juntou todas as suas forças e, com muito desgosto, convidou.
- Meu colchão é de casal. Venha!
Igor estava de olhos fechados enquanto discutia com Pedro. Assim como um interruptor acende instantaneamente uma lâmpada quando pressionado, os olhos de Igor se abriram em resposta ao convite de Pedro. “Eu ouvi isso direito?”, pensou ele. Foi então que eles tiveram um novo momento e se olharam com estranhamento. Igor queria entender o motivo daquele convite tão inesperado; já Pedro queria que ele viesse logo, sem questionar, sem fazer tantos movimentos, apenas ir, deitar-se e calar-se.
- Como é?
- Venha dormir no colchão.
- Está bom aqui...
- Igor, você não entendeu. Você não pode dormir aí, é perigoso.
- Mas tem um monte de gente ao redor dormindo como nós.
- Não, dormindo como eu e não como você. Você está a amostra por meio do vidro da janela. É perigoso!
- Não terá espaço...
- Igor, cala a porra da boca e vem logo!
- Sinceramente eu prefiro dormir aqui.
- Eu também prefiro que você durma aí. Aliás, eu preferiria que você não tivesse vindo, mas no momento eu não quero pensar nisso. Eu só quero que você feche a matraca, pegue seu travesseiro e venha sem questionar, sem barulho e sem frescuras. Venha e ponto final.
- Mas...
Pedro não aguentou tantos questionamentos de Igor, se levantou e foi em direção ao banco em que ele se deitava, puxou-lhe o travesseiro debaixo de sua cabeça e o jogou em cima do colchão. Igor ficou irritado com essa ação e quando iria revidar com palavras, Pedro se antecipou.
- Igor, você vai sair desse banco, vai se levantar, vai andar até aquele colchão e vai se deitar nele. E se você não fizer isso agora, eu mesmo vou arrastar você para lá, nem que eu tenha que machucar você para isso.
Pedro não falava com agressividade, mas com muita calma e aparente paciência. Foi o que motivou a Igor a finalmente se calar e ir até o colchão. Os dois se deitaram um de costas para o outro e tentaram dormir. Obviamente não conseguiram. Só o cheiro doce de Igor irritava o olfato de Pedro e as palavras agressivas em tons agradáveis proferidas há pouco tempo fizeram o garoto se ocupar com pensamentos sobre quem finalmente era o rapaz com quem dividia o colchão naquela noite. E de tanto pensar, acabou cansando os olhos e dormiu, por fim.
Já Pedro, que sempre fora acostumado a se esparramar na cama, não conseguia obter o mínimo de conforto, pois mesmo sendo um colchão destinado a um casal, restou-lhe pouco espaço para poder descansar. Não era do seu feitio dormir com as pernas fechadas, por exemplo, era muito desagradável. E também para ele foi impossível não pensar nos motivos que possibilitaram a ida de Igor com ele nessa viagem. “Se eu tivesse habilidade para fazer isso tudo sozinho, não estaria passando por isso. Mas por que será que eu não consigo ser melhor? Que merda, viu?”. Em sua mente, começou a ensaiar como seria se ele tivesse coragem de vender os pisos sozinho. O que falaria, como gesticularia, como se comportaria. Não era tão difícil, mas logo isso também lhe deixou entediado e o sono começou a perturbar seus olhos. Pensou em Rebeca e nas sete ou mais garotas que poderiam estar ali com ele no colchão e girou seu corpo para o lado oposto enquanto imergia em pensamentos. Percebeu que ainda havia espaço entre Igor e ele, então resolveu se espalhar mais abrindo um pouco as pernas. Voltou a pensar na sua dificuldade em se comunicar e ficou triste. Era difícil para Pedro admitir qualquer tipo de deficiência, mas essa era tão nítida que não lhe restava mais nada a não ser ficar triste.
E mais difícil que assumir esse defeito, era assumir sua tristeza.
Igor não existia mais naquele espaço, só as reflexões de Pedro estavam vivas naquela van. Os pés aquecidos de Igor, que ainda vestiam meias, tocou inconscientemente os de Pedro. Ou será que havia sido o contrário? Ao olhar finalmente para o mundo real, Pedro viu a Igor, que dormia silenciosamente e nem se manifestava. Foi então que ele pensou que a vida daquele garoto dorminhoco poderia ser mais fácil que a sua. “Besteira!”. Arrumou-se de novo no colchão e sua coxa direita foi parar, sem querer, entre as pernas de Igor. Pedro se assustou, tentou tirá-las daquela armadilha, mas sem sucesso. Temeu que a movimentação acordasse a Igor, mas deixar sua coxa naquele local era estranho. “Como porra esse cara não acorda com nada?”. Tentou com as mãos levantar a coxa e tirá-las dali, porém, nesse exato momento, seus dedos tocaram as nádegas de Igor, mas não poderia tirar as mãos tão rapidamente, pois sua coxa, por ser mais grossa, cairia abruptamente entre as pernas do garoto e o acordaria. Então baixou a coxa de leve e a deixou lá.
Observou a Igor mais uma vez e o olhou de costas, mirou sua própria coxa e a comparou com as duas pernas que a envolviam. “As minhas são muito mais grossas!”. Achou engraçado como Igor poderia dobrar tanto as pernas e continuou subindo seus olhos. Olhou então as nádegas, que estavam tão em evidência naquela posição e um pensamento lhe escapou: “ele tem uma bundinha que dá vontade de morder!”. Estava ele tão envolto em seus pensamentos que nem percebeu que acabara de desejar o corpo de Igor e continuou a olhá-lo. Voltou para as pernas e as comparou novamente, mas dessa vez observou a forma como a sua coxa se encaixava entre as do garoto, então se ajeitou mais um pouco e se pôs bem no meio, fazendo com que seus pés se tocassem mais ainda. A essa altura o pênis de Pedro já estava se enchendo de sangue e fazendo volume em sua cueca. Aquele definitivamente não era Pedro.
Decidiu então arriscar mais um pouco e encaixar seu quadril ao de Igor, que instantaneamente se projetou para frente. Se Pedro estivesse mesmo lúcido, teria percebido que aquilo era loucura, mas ele tentou mais uma vez se encostar as nádegas de Igor e, com um pouco de esforço, conseguiu. “Ele tem uma bundinha tão empinada!”. O calor entre aqueles dois corpos fez com que o pênis de Pedro alcançasse o máximo de sua ereção e a mão direita daquele rapaz começou a puxar a cintura de Igor para mais perto de si. Foi quando Igor finalmente acordou e sem muita demora percebeu que o que ele sentia entre as pernas era totalmente diferente do sentimento que Pedro havia demonstrado na última semana.
Igor se afastou como se ainda dormisse, para que Pedro não percebesse que ele havia despertado e não tivessem um momento de constrangimento. Mas era tarde, Pedro queria muito aquilo e não tinha se enganado quanto ao sono de Igor, ele percebeu que o garoto já estava bem desperto e gostou disso. Afinal, não poderia ele fazer o que queria se aquele corpo estivesse parcialmente morto. Então Pedro esperou alguns segundos e se encaixou de novo ao quadril de Igor. Não havia mais como pensar que aqueles movimentos eram involuntários, Igor virou o rosto para Pedro, para ter certeza de que ele estava acordado e, naquela penumbra, só conseguiu ver dois olhos e o brilho do suor que lhe estampava a face. Igor nunca achou que Pedro pudesse ser um homem desejável, até porque nem mesmo o imaginava como homem, mas o suor que começava a molhar suas pernas e a coxa de Pedro lhe fazendo peso o fizeram mudar de ideia. Inclinou mais um pouco a cabeça para trás e os dentes de Pedro atacaram seu lábio inferior, enquanto aquelas duas mãos maliciosas o sufocaram pela cintura, unindo os dois corpos naquele pequeno-imenso colchão.
Não parecia real para Igor tudo aquilo, afinal, até aquele dia, ele só havia beijado um garoto em toda a sua vida e agora havia um homem lhe apertando por trás, umedecendo todo o seu corpo com o suor que escorria do corpo dele. Não existia possibilidade de Igor não se render a tudo aquilo e se ele o fizesse, Pedro se esforçaria o máximo para fazer com que aquele garoto executasse todos os movimentos necessários. Aliás, não faltava apetite a Pedro, que se agarrou as nádegas de Igor e começou a rasgar, sem querer, o short dele. Igor foi tentar impedir que isso acontecesse e acabou se virando. Agora de frente, ambos se devoraram com as bocas e os corpos se encaixaram perfeitamente e até melhor que na posição anterior. Agora eram as duas coxas de Pedro que dominavam as pernas de Igor; elas não conseguiam ficar paradas devido ao suor e tanta esfregação naquela região do corpo deixaria qualquer homem, independente de idade e identidade sexual com o desejo de se despir. Mas não o fizeram.
Pedro acabou se deitando de costas e Igor ficou por cima, numa posição vulnerável para que as duas mãos daquele macho lhe invadissem o short. Foi inevitável: Igor desprendeu seus lábios dos dentes de Pedro e deixou escapar um gemido. Nesse momento, Igor percebeu que estavam praticamente em local público e achou que Pedro pudesse ficar zangado por ele ter feito barulho. Mas Pedro não estava em si.
- Você gosta quando eu aperto a sua bundinha assim, gosta?
Igor respondeu com outro gemido e Pedro replicou com mais apertos. Mas não era só aquelas mãos que gostavam de ser invasivas, Igor também quis pegar. Ele não parava de pensar na espessura das coxas de Pedro e que toda aquela massa estava entre suas pernas. Só de pensar nessa situação, sua excitação se elevava. Não podendo tocar aquelas coxas, Igor se dirigiu aos braços, mas quando levantava um pouco as mãos, ele acabava se projetando para frente e se espremendo no peito daquele rapaz. Assim, não conseguia respirar, faltava-lhe fôlego. E ele gostou disso.
Havia muito mais que a necessidade de sexo entre aqueles dois. Eles tinham muito desejo em ter o corpo do outro em suas mãos. Engraçado que nunca haviam se deixado notar o corpo, a pele um do outro, mas naquele momento, Pedro queria morder, lamber e machucar a pele macia de Igor, e este queria chupar e acariciar todas as partes carnudas daquele bruto. E desejavam isso com mais vontade ainda só de sentirem o suor um do outro, queriam lamber tudo aquilo e se sentirem sujos. Eles estavam tão longe de tudo. Igor pode sentir toda a fúria de Pedro em suas nádegas e se sentir violado parecia ótimo. Do queixo de Pedro pingava suor e Igor passou então a chupá-lo. Já Pedro rebolava para poder sentir mais um pouco da pele daquele garoto se rendendo aos seus movimentos.
Pedro queria dominá-lo e lhe causar dor e prazer e, ao perceber que Igor ainda vestia meias, o tirou de cima e o deitou no colchão. Ajoelhou-se de frente para ele e começou a tirar uma das meias de seu pé. Igor, ao ver o pênis de Pedro o convidando, usou o outro pé, ainda com meia, e o esfregou naquele volume.
- Ta desejando o meu pau?
Mas Igor não tinha fôlego para dizer nada, ele só ofegava. Pedro pegou aquele pé tão ousado e o esfregou com muito mais força em si mesmo.
- É assim que você quer sentir o meu pau? Está sentindo ele duro?
Então eles se olharam novamente e um sorriso malicioso estampava o rosto suado de Pedro. Na mente de Igor tudo o que ele queria era que aquele macho o machucasse, era um pensamento que estava em frequência com o de Pedro. Ele então tirou a outra meia e arrancou o short de Igor de uma só vez. Ainda de joelhos, ergueu-se mais um pouco e pôs o pênis para fora, puxou o garoto pelo calcanhar e finalmente o agarrou pela nuca, puxando seu rosto.
- Abre a boca, Igor!
O garoto atendeu instantaneamente e tão rápido quanto abriu, sentiu a cabecinha quente no céu da boca. O cheiro de suor e os pêlos roçando em seu rosto... Igor não conseguia raciocinar direito. Foi então pegar aquele pênis e direcioná-lo melhor para sua boca, mas Pedro não deixou, tirou a mão de Igor e o puxou pelos cabelos com fúria. Era Pedro quem executava os movimentos daquela chupada e o fazia com desejo de dominar todo o resto daquele corpo. As nádegas de Igor voltaram a ficar em evidência naquela posição e Pedro não conseguia resistir àquilo. Apertou com força, começou a estapear e a beliscar. Igor sentia o ânus vivo!
Não poderia ele continuar de cueca. Parou a boca e também ficou de joelhos, mas Pedro o empurrou e o fez cair de costas no colchão, arrancou a cueca assim como fez com o short e novamente o puxou pelo calcanhar. Pedro tinha raiva de Igor por fazer movimentos que ele não havia permitido. Então mais uma vez o puxou pelos cabelos e socou seu pênis na boca de Igor, só que dessa vez ele elevava o quadril, aprofundando a penetração.
- Olha pra mim, Igor!
Igor levantou os olhos e desejou a partir daquele momento que aquele pênis que estava em sua boca, estivesse lhe penetrando por trás. Foi instantâneo. Bastou olhar o quanto que Pedro conseguia expressar sua masculinidade em apenas um sorriso e Igor já se sentia como uma das prostitutas que vira no boteco. Mas não conseguia olhar tanto tempo para o seu rosto, então voltou a fechar os olhos e a chupá-lo.
- Olhe, Igor!
Mas Igor não obedeceu dessa vez.
- Olhe pra mim, quero olhar na sua cara enquanto você chupa meu pau!
Igor não poderia ignorar aquela ordem e o fez. Ele queria se sentir usado, mas olhar para Pedro enquanto o chupava o deixava um pouco envergonhado. Pedro queria sentir exatamente isso, sentir que era dono das vontades de Igor. Então olho-no-olho, Pedro desacelerou os movimentos e introduziu seu pênis naquela pequena boca com a velocidade de quem queria provar cada segundo daquele momento e não desperdiçá-lo. Era como fazer com que Igor implorasse por algo, não importa o que, mas estava nas mãos de Pedro esse objeto de desejo. Aliás, estava no corpo, todo ele.
Igor pode olhar melhor: os braços, o peito, a barriga, as coxas, os lábios, o queixo, o cabelo... tudo em Pedro era belo e rude. Era o tipo de cara com quem Igor deseja “fazer sacanagens”, como ele mesmo pensava, e do jeito que ele desejava. Mas mais uma vez o desejo de ambos estava no corpo do outro. Igor parecia tão frágil, mesmo sendo tão corajoso, e Pedro gostava disso, afinal, ele sabia o quanto aquele menino o desprezou dias atrás e agora estava ele ali tão refém de suas vontades. A luz da lua que entrava pelo pára-brisa não escondia as marcas que Pedro tinha feito naquele corpo e se pudesse bateria e apertaria mais.
Então com um pouco mais de sutileza, Pedro puxou o rosto de Igor pelo queixo e o beijou. Os dois estavam ajoelhados, um de frente para o outro. Pedro estava mais calmo, parecia já estar satisfeito em ter machucado a Igor, mas o garoto ficou ainda mais obcecado por aquele corpo tão suado. De frente para ele, pode perceber o quanto Pedro era gostoso; então o beijava e não conseguia controlar suas mãos. Apertava os braços, o peito, o pescoço... Estava desesperado, ele queria muito aquela pele lhe machucando. Então tomou a iniciativa e o puxou para deitar em cima dele no colchão. Se Pedro já estava cansado, então o seu peso machucaria os poucos quilos de músculos que existia em Igor.
E quanto mais contado com aquelas carnes, mais Igor a queria. Pode sentir de novo as pernas de Pedro entre as suas. Toda aquela agonia deu ânimo a Pedro.
- Você quer mesmo dar esse rabo, não é?
- Quero!
Beijaram-se mais uma vez. As unhas de Igor passeavam com facilidade nas costas de Pedro por causa do suor. Como era quente o interior daquela van!
- Você tem camisinha na bolsa?
- Eu? Claro que não!
- Ué, por que “claro que não!”?
- Ah, sei lá, nunca precisei...
Pedro riu e Igor se envergonhou.
- Vai dar o rabinho pela primeira vez?
- É...
- Você já viu o tamanho do meu pau? Você vai aguentar? Hein, putinha?
Pedro mordiscava a orelha direita de Igor enquanto sussurrava sacanagens e, além disso, sentia a cabecinha de seu pênis sendo machucada pelos abdomes de ambos. Pedro se esticou para pegar a camisinha na mala e sentia dificuldade em achá-la. “É muito homem dando sopa!”; Igor era quem mais dificultava a Pedro a achar o preservativo, não largava o pescoço dele e o chupava a orelha. Pedro só conseguia rir, sentia-se desejado, um verdadeiro macho. Pegou a camisinha enfim. Soltou-se de Igor, ajoelhou-se no colchão e pôs finalmente a camisinha. Mais uma vez puxou Igor pelo calcanhar, agora com agressividade, abriu suas pernas e começou a se deitar.
- Você quer isso, não quer? – sussurrava- Você quer que eu te machuque?
- Quero!
- Então peça, diga!
- Me fode, Pedro, vai!
Pedro riu mais uma vez. Riu, pois também estava muito excitado e também desejava muito o corpo de Igor. As coxas do menino eram tão macias e os beijos eram tão intensos que Pedro se sentiu querido. Riu, talvez, de felicidade.
Não podiam mais esperar pelo inevitável: Pedro estaria dentro de Igor pelo resto da noite, ou até quando ambos aguentassem tanto calor humano. Se bem que, duraria até quando Pedro quisesse, pois ele dominava toda aquela situação. Mas até que a penetração acontecesse, Pedro ainda teve que tocar a virilha de Igor, enfiar seu dedo dentro dele e assisti-lo gemer. Não poderia ser diferente: quando Igor se sentiu violado, espremeu seus olhos e soltou um gemido frouxo, de quem sentia dor e de quem queria que aquilo não acabasse. Pedro assistia a dor de Igor com muita satisfação, mas não era por maldade que fazia isso, queria saber o momento certo em que o ânus de Igor conseguiria ser, de fato, penetrado.
Mas não dava para negar que ter o garoto que ele odiava se submetendo aos seus caprichos era divertido e deveras excitante.
- Você gosta quando eu faço isso, Igor?
- Sim...
- Você gosta disso, Igor? Responda!
- Gosto...
- Nunca imaginei que você gostasse de uma boa sacanagem, Igor. Você gosta quando eu chamo o seu nome, Igor?
- Gosto...
- E se eu te chamar de putinha enquanto te arrombo com os dedos? Você gosta, putinha?
- Gosto...
- E de três dedos, putinha, você gosta?
Pedro não esperou que Igor respondesse e continuaram adiando o inadiável. Mas não por muito tempo. Igor parecia pronto para qualquer coisa. Pedro tirou seus dedos, abriu as coxas de Igor e forçou entrada até o fim. Não havia mais forças nas pernas daquele garoto, restava-lhe se agarrar ao pescoço de Pedro, fechar os olhos e torcer para que aquilo durasse por muitos minutos. E na lentidão que Pedro se movimentava, não era difícil que vissem o sol surgir no pára-brisa quando chegassem ao orgasmo.
Estavam finalmente nus, encaixados um no corpo do outro e com um desejo que arranhava as costas de Pedro e que rasgava o ânus de Igor. Não havia mais dor, era impossível que isso fosse sentido aquela altura. A intenção não era muito clara, mas Pedro conseguiu tirar todo o medo daquele menino nas preliminares, se é que havia medo. As coxas de Igor tremiam a cada penetrada e das nádegas de Pedro escorria fios de suor, que umedeciam a virilha de ambos. A movimentação era lenta para que Pedro conseguisse se introduzir por completo. Igor aguentaria? Não importava mais, pois Igor gostava!
Seus rostos estavam grudados enquanto se movimentavam e não gemiam, ofegavam. Um soprava no ouvido do outro. Não havia mais fôlego para falar sacanagens, tampouco paciência. Queriam aproveitar as sensações, que eram muitas naquela van. As costas de Igor se erguia do colchão a cada penetração e Pedro se agarrou as duas coxas do garoto, queria apertá-las, tê-las em suas mãos. A nádega e as coxas de Igor eram seus objetos de desejo naquele carro. E continuaram naquela posição e naquela velocidade até que Pedro sentiu que chegava o orgasmo. Acelerou as penetrações, arrancando de Igor gemidos mais altos e provocando muito mais prazer que antes. Ejaculou!
- Porra!
Ergueu seu corpo e deu fôlego para Igor. A cabecinha do pênis do menino parecia sangrar de tão vermelha.
- Ta de pau duro, Igor? Então toca ai que eu quero ver!
Pedro se ajoelhou a frente de Igor e o assistiu se masturbar. Igor voltou a ficar envergonhado, mas se instigava quando Pedro o mandava fazer qualquer coisa. Enquanto Igor esfregava seu pênis, ele tinha uma de suas coxas esmagadas pelos dedos daquele macho, já tão satisfeito.
- Devagar, putinha...
- Não consigo!
E sua mão direita e barriga começaram a ficar sujas de esperma. Pedro olhou aquela cena e riu com a malicia que lhe era peculiar. Deitou em cima de Igor, que não aguentava com o seu peso, ainda mais agora depois de tantos golpes. Mas Pedro ignorou tudo isso e o beijou, abriu novamente as pernas de Igor e o massageou no ânus com um de seus dedos. Por mais fraco que ele estivesse, era a sua primeira vez e qualquer toque o acordaria.
Os beijos voltaram a ficar intensos e o desejo reacendeu. Agarraram se um ao outro de novo, como antes, e se encaixaram pelas pernas. Não parecia possível, depois de tanto suor e cansaço, não tinha como haver ainda energia. Mas ainda tinha!
- Você não cansa, não é?
Pedro era quem mais se divertia. Nenhuma das garotas com quem ele já transou fora capaz de fazê-lo se divertir tanto na cama (ou no colchão). E ele não deixaria Igor dormir sem satisfazê-lo, não era do feitio dele, afinal, onde estaria a sua masculinidade se ele não o fizesse? Esticou-se para a mala e pegou com mais rapidez a camisinha, pois já sabia onde elas se encontravam.
- É isso o que você quer, Igor? Quer que eu te coma de novo?
- É...
Poderia Pedro dizer não? Ele mesmo não se perdoaria se o fizesse. Levantou-se para pôr o preservativo, enquanto olhava para Igor, deitado e suado. Não tinha mais graça para rir. Pedro conseguiu olhá-lo por completo e, como se fosse possível, conseguiu desejar aquele corpo ainda mais. Igor tinha uma pele que brilhava naquela escuridão, coxas que convidavam para lambidas e uma bunda que despertava a vontade de apertar e beliscar, deixá-la vermelha de tanto machucá-la. E o gosto da boca pequena de Igor anda estava em Pedro, misturada com o suor de ambos. Era puro sal.
Pegou o menino pelo calcanhar de novo, só que dessa vez ele puxou a perna para direita e o deixou de lado. Deitou-se por trás e grudou seu peito nas costas dele. Apertou a barriga de Igor, tirando-lhe um pouco de ar. Bastou sentir o pênis rijo de Pedro se encostando para que aquelas coxas se abrissem. Igor o pegou e o direcionou. Agora Pedro poderia voltar a comandar e o fez muito bem. Transaram mais uma vez, na mesma velocidade de antes, mas dessa vez quase ejacularam ao mesmo tempo. Pedro gemia com o orgasmo enquanto apertava o pênis de Igor, que o sujou de esperma segundos depois. Estava, então, duplamente consumado, o ódio que um sentia pelo outro. Um ódio delicioso de se praticar.
Conseguiram dormir apenas duas horas e o celular de Pedro tocou as quatro horas e trinta minutos. As cinco deveriam partir para João Pessoa, seguindo o caminhoneiro. Pedro se incomodou com o barulho do alarme, alcançou o telefone celular e o desligou. Sentou no colchão, apoiou o rosto nas mãos e tentou tirar o sono dos olhos. O sol parecia um intruso e invadia a van pelos vidros dianteiros e traseiros. Igor dormia um sono incrivelmente pesado e não acordaria por nada. Pedro o olhou, olhou suas pernas e suas nádegas e em seguida para o seu pênis. Procurou a cueca, a bermuda, as sandálias e desceu da van para urinar. Todos os caminhões já haviam ido embora, menos o do caminhoneiro que os ajudaria a chegar ao destino certo. Pedro olhou para o caminhão, olhou a manhã e a plantação de cana-de-açúcar logo ao lado.
Já Igor fez o impossível: acordou. Lembrou-se de uma vez quando era criança; ele caiu da bicicleta e rolou pela areia, se machucou e sentiu dor em quase todas as partes do corpo. Quando acordou no dia seguinte, ainda sentia dores. Era uma sensação parecida com essa que Igor experimentava, com a diferença de que ele estava gostando de tudo aquilo. Estava nu e fazia frio, uma diferença enorme da temperatura anterior. Sentiu as pernas machucadas e uma dormência prazerosa no ânus. Olhou para o teto do carro e sorriu. Não era mais virgem. Vestiu-se e desceu.
Pedro ainda urinava na plantação e Igor o olhava pelas costas. “Que costas largas!”. Encostou-se na van enquanto vestia a sua camisa de botão, esperava por Pedro com um sorriso tímido, quase imperceptível. Pedro subiu a bermuda e voltou. Começou a caminhar em direção a van, ele não tirava os olhos do menino ali parado. Igor deu um passo para frente, mas sentiu no olhar de Pedro que algo estava estranho. “Será que estamos mesmo perdidos?”. Ao chegar, Pedro empurrou a Igor com muita violência o fazendo esbarrar na lateral da van, provocando um enorme barulho naquele fim de mundo. Igor se assustou, mas não teve tempo para fazer nada, pois Pedro agarrou o seu pescoço com a mão direita e o sufocou. Não pelo medo, mas pelo susto, formaram-se lágrimas nos olhos do garoto. Já nos olhos de Pedro havia chamas de pura fúria.
- Se você contar isso a alguém, eu não vou hesitar, Igor, eu te mato sem pensar. Você está me ouvindo?