Três Formas de Amar – Capítulo 17
Não me reconheci naquela noite. Transamos de um jeito quase selvagem. Talvez pela carga absurda de informações que nos desafiaram durante o dia. Nossos corpos tinham urgência em se encontrarem e se encaixarem, apesar de toda a maratona no fim de semana anterior. Nossos beijos eram quase mordidas, que avançavam pelo pescoço e ombros um do outro. Possuí Rodrigo de um modo quase animal. A cada estocada que dava no seu cu, escutava o som alto dos meus quadris se chocando com a sua bunda. Meu saco já estava dolorido de tantas investidas conta a sua pele. Rodrigo gemia alto e de um jeito totalmente erótico, sem se importar em ser escutado. Metia numa velocidade fora do comum e acompanhando o seu tom de voz, urrei alto, gozando forte dentro dele, ainda em estocadas agressivas e profundas. Estávamos totalmente suados e ofegantes. Fazia um calor insuportável no quarto e o sexo aumentou ainda mais a temperatura. Exausto, o convidei para um banho, ainda arfando.
No chuveiro, continuava acesso. Encarava Rodrigo se ensaboando e aquilo me tirava do sério.
- Bate uma pra eu assistir? – pedi cheio de tesão.
- Eita... tá tarado hoje hein? - ele riu.
Fiquei meio sem jeito, mas ele não se fez de rogado:
- Só porque você fica uma delícia assim, envergonhado.
Rodrigo se encostou na parede e começou uma lenta punheta, passando a mão pelo tórax até chegar ao saco, enquanto socava o pau com a outra. Seu rosto, mordendo os lábios e fitando o meu olhar, deixavam meu pau babando. O movimento da sua mão tencionava o seu braço, e aquela visão era desconcertante. Ajudava alisando a sua coxa, passeando até a sua bunda, incentivando-o. Lambi o seu peito, dando leves mordidas, enquanto Rodrigo já prosseguia com um ritmo mais vertiginoso. Não ia demorar muito para ele gozar. Afastei a sua mão e engoli o pau dele, fazendo-o segurar meus cabelos e enfiar com força na minha boca. Em poucos segundos, escutei o seu gemido alto, enquanto seu leite invadia a minha boca.
Me levantei, enquanto Rodrigo ainda respirava com dificuldade, tentando se recompor escorado na parede, me olhando com um sorriso sacana.
- Tô pra ver uma pessoa que gosta de beber porra como você – disse me dando um tapinha na bunda.
- Você já provou a sua? Sei lá, tem um sabor bom...
Rimos e ele veio até mim para um novo beijo, fazendo seu corpo ficar embaixo do chuveiro. Quando a água quente percorreu em abundância pelas suas costas, passando pela sua bunda, ele franziu o rosto, demonstrando estar sentindo dor, provavelmente um ardor:
- Caralho, acho que hoje o estrago foi grande...
Me senti péssimo, sem saber o que fazer para ajudar:
- Sério? Poxa, desculpa. Quer que eu compre alguma coisa para passar?
- Não... Relaxa. Mas vamos com calma da próxima vez. Você tá muito fominha... – disse rindo.
- Desculpa mesmo. Não queria te machucar. Não sei o que me deu hoje.
- Fica tranquilo. Às vezes é gostoso fazer algo mais selvagem mesmo. Tava bom demais!
E continuou o beijo, me tranquilizando.
Aquela rotina de sexo diariamente estava me trazendo novas e excitantes experiências. A questão é que não saberíamos como seria dali para frente. Me enxuguei e saí antes do banheiro, dando mais privacidade para Rodrigo. Em seguida, deixei uma pomada que encontrei em cima da pia e saí para me trocar. Ele sorriu, agradecendo a minha atenção.
Deitamos abraçados e trocando carinhos, tentando não pensar na confusão que o destino tinha nos pregado. Mas era inevitável. Tardei a dormir, imaginando como seria possível sair daquela enrascada, sem chegar a nenhuma conclusão.
...
Na terça pela manhã, acordei seduzido pelo cheiro de café que vinha da cozinha. Joguei uma água no rosto e percebi que o Rodrigo já estava me esperando:
- Bom dia gigante!
- Bom dia – sorri ao perceber que ele continuava pelado. Sim, ele tem essa estranha mania de querer andar pelado pela casa – Tá melhor? – perguntei passando a mão na sua bunda.
- Tô sim, pode ficar sossegado. Catei algumas coisas da sua cozinha e resolvi fazer um café da manhã pra gente.
Agradeci com um selinho e sentei. Não demorou muito para voltarmos ao assunto principal do dia anterior:
- Ontem a Luiza me questionou se eu sabia da sua relação com a empresa – comecei.
- Sério? Vocês estão se falando?
- Não como antes, mas sim. Ontem ela meio que me pediu uma trégua antes da reunião.
- Hum...Legal – ele parecia meio desconfiado – Você acha que ela pode falar alguma coisa?
- Não creio... Luiza não sabe nada sobre nós. Apenas que somos conhecidos. Nesse caso, ela é tão culpada quanto eu.
- É verdade.
- Combinamos de não falar nada – prossegui.
- É o melhor a se fazer, por enquanto.
- E o Bruno? Ele sabe de você?
- Não, que nada. Éramos amigos na época da pós-graduação, mas perdemos o contato quando ele voltou pra Salvador.
- Entendi.
- Mas por garantia, acho que vou pegar a lista de todos os funcionários da sua agência, pra ver se eu não conheço mais ninguém, porque olha... – ele disse rindo.
Ri junto, mas logo voltei a ficar sério:
- Certo, mas qual o seu plano?
- Como assim Lu?
- Seu plano pra gente... Como vamos fazer?
- Acho que devemos agir da mesma forma como seria antes disso tudo. Podemos continuar nos vendo, indo ao vôlei, fazendo programas com o pessoal, mas sempre atentos.
- Essa é a sua ideia brilhante?
Ele ficou surpreso com o meu desdém:
- Você tem alguma outra sugestão Sr. Esperteza?
- Acho que deveríamos ter algumas regras.
- Regras? Como assim?
- É... Tipo, não aparecer de carro na casa do outro. Fazer isso em horários diferentes, nunca sair a sós... Essas coisas.
- Mas que paranoia é essa?
- Não é paranoia, é zelo. Não quero que ninguém saia prejudicado. E depois das tais fotos vazadas da agência anterior, não duvido de nenhuma represália.
Rodrigo percebeu a minha apreensão e concordou. Entre um sanduíche e outro, discutíamos estratégias para passarmos despercebidos.
...
Cheguei à agência, deixei minhas coisas na mesa e fui direto para a sala de reuniões, onde conversaríamos sobre algumas pautas. Bruno parecia bastante animado e aquela semana parecia que ia ser cheia. Pouco tempo depois, Luiza apareceu e pediu licença para entrar... com o Rodrigo:
- Pessoal, vocês já conhecem o Rodrigo né? Vamos discutir algumas coisas que irão entrar na pauta e o planejamento de novas campanhas. Ele vai participar da reunião hoje com a gente.
“É... Definitivamente essa semana será uma prova de fogo. Custava me avisar que tinha reunião aqui, Zé Sarda?”. Rodrigo cumprimentou todos e sentou, quase que de frente pra mim. “Porque as pessoas teimam em sentar de frente pra mim?”. Me mantive sério. Bruno perguntou como tinha sido a recepção da notícia na empresa, algumas pessoas perguntaram alguma curiosidade e logo ele parecia bem entrosado. Eu não sabia o que perguntar na verdade, sem parecer já conhecer ele. De repente, o próprio resolveu quebrar o gelo, apontando para mim:
- Espera aí... A gente não faz vôlei junto?
Fiquei em estado de choque e olhei para Luiza, que estava meio assustada também.
- Ah sim, é verdade – falei rápido para não gaguejar – acho que somos do mesmo time.
“Somos do mesmo time... Que trocadilho infame Luciano!”, pensei. Rodrigo prosseguiu:
- É isso então, sabia que te conhecia de algum lugar. Vai lá quinta?
- Vou sim...
Devo admitir que o plano dele funcionou e me soltei um pouco mais com a sua presença, que provavelmente seria uma constante. Precisava saber lidar com aquilo. Bruno chegou a comentar que Rodrigo já colecionava coincidências desde que tinha chegado. A reunião prosseguiu com todos discutindo ideias, projetos e prazos. Pouco tempo depois, todos saíram, deixando Luiza, Rodrigo e Bruno já iniciando outra reunião.
Naquela manhã não recebi nenhuma mensagem. Provavelmente o Rodrigo estaria ocupado durante boa parte do dia, e lá na agência. Então era melhor assim. Vez ou outra me batia com ele transitando pelo segundo andar, quando ia ao banheiro ou na cantina. Cada trombada era uma verdadeira tentação, devido às nossas últimas atividades intensas. Mas permanecemos agindo como conhecidos apenas. E foi assim durante os dois dias seguintes. Na terça-feira cheguei tarde e não nos encontramos. Na quarta, a situação se repetiu. Quando era possível, mandava um “oi”, e ele me ligava quando chegava em casa. “Relaxa Luciano, vocês não podem se ver todo santo dia...”. Aquele início de namoro estava me deixando realmente afoito, e eu precisava me controlar. E o nosso novo momento não melhorava em nada a minha ansiedade.
...
Na quinta-feira trocamos uma rápida mensagem e Rodrigo me avisou que teria uma nova rodada de reuniões com Luiza. Perguntei se estava tudo bem e ele disse que sim, mas que depois me contava todas as novidades. Odiava aquele suspense e aquela nova rotina puxada dele, mas não tinha muito que fazer naquele caso.
Não o vi pelos corredores, mas sabia que nos encontraríamos de noite, no vôlei. Até que, no meio da manhã, recebi uma mensagem de Luiza:
- “Ei, topa um almoço hoje?”.
Não queria estar a sós com ela, essa era a verdade, mas teria que arranjar uma boa desculpa para não ir.
- “A pauta tá meio apertada Lu... Vou tentar!”.
- “Não tente, consiga! Tenho uma fofoca pra te contar”.
Pensei por um instante se aquilo poderia ser um bom sinal. Vai que ela diria que estava namorando e tinha me esquecido. Pestanejei um pouco, mas resolvi dar uma chance:
- “Beleza. Meio dia, pode ser? A gente se encontra no shopping”.
- “Fechado! Não me enrole!”.
...
Luiza já estava segurando uma mesa pra gente na praça de alimentação quando cheguei. Sentei e ela me pediu só um segundo para ir buscar o almoço dela, que já estavam chamando a senha. Quando voltou, nem quis esperar eu fazer o meu pedido. Estava ansiosa para contar a sua tal novidade:
- Você não vai acreditar no que eu descobri!
- Nossa, o que foi?
- Algo que você jamais imaginará! Quer dizer, eu acho que você não faz ideia.
“Ok, já sei que não se trata de nenhum namorado. Droga!”, pensei.
- Putz, mas eu não faço ideia de tanta coisa!
- Vou facilitar. É sobre um conhecido nosso... – ela me olhava desafiadora.
As possibilidades ainda eram grandes. Dei de ombros.
- Isso é preguiça de pensar é?
- Não, é que pode ser sobre tanta gente... Não imagino mesmo. Conta logo! – tentava parecer interessado no assunto.
- O Rodrigo...
“Oi? Ok, agora você já tem a minha total atenção”, olhava sério para ela, estático.
- Você sabia que ele é gay? - ela percebeu a minha cara de espanto - Acabei de descobrir isso!
“Pronto, já era!”, olhava arregalado pra ela.
(continua)
...
Oi gente! Olha, não canso de dizer, ler os comentários de vocês é a melhor parte do meu dia. Smashing Girl, poxa, não puxa minha orelha não... :( (rs). Irish, sábias palavras, como sempre. O problema dessa nossa situação vai além do amor x trabalho. Acho que também é uma questão de aceitação e se impor diante dos riscos. Adess, sério, você atingiu o nível máximo da teoria da conspiração. James Bond perde, mas nunca se sabe né? Joseph67, nossa, obrigado, de coração! Talys, pois é, às vezes nossa razão grita mais alto. É difícil decidir quando se gosta muito de alguém. Drica Telles, obrigado pela torcida! Geomateus e Stylo, pra vocês verem que não tá fácil pra ninguém (rs). Obrigado pelo carinho, votos e comentários pessoal! Amanhã tem mais. Abração!