Os dois últimos integrantes do bando de Gigante, trocaram tiros com a polícia e acabaram matando um agente da polícia civil num tiro direto e outros dois num capotamento de carro na Avenida Rio Branco num capotamento dito por quem presenciou tudo como cinematográfico. Tudo isso se tornou um grande e irremediável agravante para toda a quadrilha.
Ao todo 27 policiais e 12 bandidos totalizando 39 pessoas foram presas na noite que registrou a maior e mais bela lua cheia do ano na cidade do Rio de Janeiro.
Uma semana já havia passado e todos os envolvidos ainda continuavam presos. Por estar em poder de toda a droga que seria repassada para 54% dos pontos de venda controlados e comandados por Gigante, já que os outros 46% já haviam sido abastecidos, Gabriel era o alvo principal da Polícia Federal.
_ Você tem que colaborar rapaz, ou pensa que um simples, eu não sei, vai ajudá-lo a se livrar dessa? Disse o Delegado de Polícia Federal Cerqueira Guerra.
_ Eu já disse ao senhor que estava na casa de um amigo e que ele me pediu um simples favor, que eu levasse um pacote para ser entregue a seu irmão no Aterro do Flamengo.
_ Sabe qual é sua sorte, rapaz? Não concordo com métodos de tortura. Agora eu vou te mostrar um vídeo que foi feito aqui mesmo nas dependências da carceragem em que você falava com seu amigo e amante Samuel Palhares da Silva, o Gigante...
" _ Como você esta, Manezão?
" _ Apavorado meu amor. Eu preciso saber o que voc~e quer que eu diga sobre aquele verdadeiro laboratório de droga que eu levava no meu carro. O que eu vou dizer pro delegado?
" _ Você tá louco de falar isso aqui comigo seu escroto...
" Nesse momento houve uma forte agressão física, onde Gabriel foi silenciado com um murro na cara levando-o ao chão.
" _ Não sei do que você tá falando, porra. Que droga? Que laboratório? Tá moscando, mané? Você é pego com uma enorme quantidade de droga na porra do teu carro e quer jogar a culpa em mim?
" _ Não Gigante, eu só...
" _ Eu não tô nem aí mané pro que tu vai ou não fazer, agora vou te mandar um papo reto, assume o teu erro caralho e me deixa fora das tuas coisas, entendeu Manezão?
O vídeo foi parado e o delegado Cerqueira Guerra voltou a olhar para Gabriel Guedes Viana, sentindo uma pena desse rapaz muito grande, com certeza ele não tinha a menor ideia de onde se metera.
_ Então sr. Gabriel, o senhor tem algo a me dizer?
Após a exibição do Vídeo, Gabriel lembrou a ameaça implícita que sofrera de Gigante, o cara que dizia lhe amar muito e que faria qualquer coisa para ficar com ele... O pior era ter plena certeza que ele apenas mentira e o usara pelo tempo que deu.
_ Eu sou o único responsável pelo carregamento e tráfico dessa droga toda que foi achada em meu carro. Eu assumo tudo Doutor. Não tenho como lhe dizer de onde ela vem, ou mesmo quem a portava antes de mim já que toda a transação era feita através de ligações feitas em celulares descartáveis. Eu peguei toda essa droga, numa estrada sem muito movimento lá pros lados de São Gonçalo. Um verdadeiro comboio seria montado para que eu pudesse chegar ao meu destino sem maiores problemas, uma vez que já fazia isso regularmente nos últimos 5 meses. A partir de agora eu nada mais direi, com ou sem advogado. Quero ficar em paz e pagar pelo que fiz. Pode inclusive colocar as agravantes que vocês acham que te contra mim, eu me declaro culpado. Só uma coisa nisso tudo não teve a minha participação, a morte dos policiais que infelizmente perderam a vida durante o desenrolar dessa ação que eu participei. Quanto aos outros presos não sei quem são e não me interessa saber.
E Gabriel começou nesse dia a criar uma couraça impenetrável para se defender de tudo e todos que se voltaram contra ele. Como ele mesmo disse, não voltou a falar mais nada sobre toda a sua participação que culminou com sua prisão e 134 dias após ser preso junto com os demais, todos foram levados a julgamento e a maior pena foi imputada a ele, 12 anos, nove meses e 12 dias em regime fechado sem direito a condicional.
Sua família infelizmente não conseguiu lhe persuadir a falar a verdade. Alguns amigos do mundo da moda, entre eles, Rique Coelho, chegaram a visitá-lo na prisão tentando fazer com que ele voltasse a razão e não tivesse medo de apontar os verdadeiros culpados, ele não quis mais recebê-los uma segunda vez. Todo o seu pequeno patrimônio analisado por peritos da própria Polícia Federal, apontaram que nada que ele havia adquirido tinha sido com o dinheiro do tráfico e tudo ficou sob a responsabilidade do Estado para que quando fosse solto, tudo lhe fosse restituído. E no dia 15/02 o Juiz Caleb Aragão Medina Campos bateu o martelo e sua pena começou a ser cumprida.
O novo presídio ficava no interior do estado do Rio de Janeiro e era uma construção extremamente sofisticada uma vez que tudo era operado por controle de voz dos policiais e computação. Dois presos ocupavam a pequena e funcional cela. A limpeza do lugar era feita pelos próprios presos e nada escapava das câmeras de vigilância.
Gigante pegou apenas quatro anos e sete meses de prisão, nada nessa operação Lua Cheia foi provado contra ele. Essa pena se deveu a outros delitos e funcionou apenas como um corretivo brando. O mesmo moveu céus e terras para ficar com seu amado, ele ainda insistia nesse papo de te amo com relação a Gabriel e não conseguiu. O presídio poderia até ser o mesmo, os pavilhões e blocos que ocupavam eram bem distintos. E só uma vez na semana podiam ter um simples contato visual através de uma grande quando das visitas aos presos. Quatro meses já haviam passado e Gigante estava ficando louco por sentir a falta do seu manezão.
A visita dominical havia começado quando um guarda veio até a cela de Gabriel avisar que ele tinha uma visita íntima e a mesma poderia ser na sua própria cela uma vez que seu companheiro estava também numa visita íntima no terceiro andar.
_ Posso mandar vir a pessoa?
_ Pode. E ele apenas pensou... " Finalmente esse desgraçado vai vir até onde estou ".
Vinte minutos após o guarda sair, ele voltou acompanhado de Samuel, o Gigante.
Quando os dois ficaram cara a cara, Gigante esboçou um sorriso que morreu em seu rosto ao ver que Gabriel estava com um grande hematoma no olho esquerdo.
_ A partir de agora vocês tem uma hora, nem um minuto a mais ou a menos. E não se preocupem as câmeras são desligadas e cobertas para que a privacidade dos dois seja mantida. Após o próprio guarda fazer todo o procedimento, saiu e os deixou a sós.
_ O que fizeram com você, meu amor? Disse Gigante parado na entrada da cela.
_ A pergunta certa é: O que foi que eu te fiz? ou essa ficaria bem melhor: O que eu deixei fazerem com você?
_ Como é que é? Eu não fiz isso a você. Mas garanto que o cara que te fez isso vai lamentar ter nascido. Gigante entrou e andou até Gabriel para poder abraçá-lo.
_ Nunca mais chegue perto de mim novamente seu filho da puta. Você acabou com a minha vida. Você me destruiu e eu bem sei que tenho uma parcela de culpa nisso. Também sei que não adianta eu dizer que no inicio eu era obrigado a fazer tudo o que você queria por temer as consequências que com certeza sobrariam pra mim. Eu poderia ter ido embora quando ainda tive chance e que agora já esta muito tarde pra chorar, né mesmo Gigante?
Gigante ainda não se recuperara da visão atual de Gabriel. O lindo cabelo preto estava estilo raspado máquina zero e duas tatuagens, na verdade duas cruzes em cada lado da cabeça estavam tatuadas nele. No mamilo esquerdo um piercing em forma de argola pendia do lugar. Uma frase... SÓ DEUS PODE ME JULGAR... estava tatuada em suas costas em toda a extensão de seus ombros. Ele estava mais sarado, musculoso mesmo e perdera completamente aquele ar inocente que tanto encantou Gigante.
_ Tá gostando do resultado do seu investimento? Olha bem pra mim Gigante, pois esse agora serei eu até o fim da minha vida e pode estar certo de que um dia eu vou sair daqui e eu espero sinceramente que você nunca mais cruze o meu caminho pois caso isso volte a acontecer, um de nós não viverá para contar a história para outros.
_ Você não pode estar falando sério cara. Eu não tenho culpa...
_ Culpa, gritou Gabriel... Eu não falei em culpa, nunca disse essa palavras... Eu estou falando aqui de responsabilidade, coisa que você não entende, ou só entende quando o assunto é malandragem, crimes, vingança, ódio... Seria muito bom poder ver em seu rosto a divisão, pelo menos a divisão dessa responsabilidade que também é minha. Eu fiz o que fiz por amar... Foi amor, bandido amor, amor medroso, amor de ilusão que me levou a fazer tudo o que fiz por você, seu FILHO da PUTA... mais uma grito.
Gigante se aproximou o mais que pôde de Gabriel e tentou novamente lhe abraçar...
_ Você acha que um abraço agora, ou mesmo, a quentura do seu corpo junto ao meu vai apagar o inferno que minha vida virou aqui dentro? Você sabe ou tem noção de quantas vezes eu fui estuprado aqui, por caras que nem ao menos usaram qualquer tipo de proteção antes de me rasgarem várias vezes? Você já parou pra pensar em quantas noites eu nem dormia co medo de que aquela fosse a última em que eu estaria vivo? NÃO, SEU MALDITO, VOCÊ NÃO TEM COMO SABER PORQUE NUNCA ESTEVE PRESO ANTES, NÉ MESMO?
Os minutos foram passando e Gigante não falou mais nada. Trinta e sete minutos após ter chegado de certo modo feliz para falar com seu Manezão ele pediu ao guarda que o levasse de volta, pois nada mais tinha a ser feito ali.
Assim que se viu sozinho de novo, Gabriel apenas sentou na cama, pegou o livro que estava lendo desde o começo da semana, ANJOS E DEMÕNIOS do Dan Brown e abriu na página 100.
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Meus caros amigos, mais uma vez o tempo não me permitirá ter um dedinho de prosa com cada um de vocês... Perdoem-me. A cada um de vocês, o meu abraço e o meu agradecimento por me incentivarem a querer escrever melhor e a envolvê-los nessa louca trama que faz minha cabeça ferver. Valeu povo do lado esquerdo. Nando Mota
