Olá, galera!
Estou de volta com a penúltima parte da minha história de amor com o Barão. Novamente agradeço imensamente o carinho de vocês e fico feliz com o interesse contínuo de cada um. Mas vamos ao que realmente importa!
No que eu deveria pensar primeiro? No fato de eu estar namorando há um mês com um homem casado ou no fato desse homem estar mentindo pra mim esse tempo todo? Ou quem sabe na escolha do tipo de canalha que ele é.
Loira, assim como ele, lindíssima, com a pele mais bem cuidada que eu já vi na vida e com um sorriso encantador. Caralho, o que aquela mulher, que o Barão me garantiu estar longe e esquecida, está fazendo na minha frente se apresentando como esposa dele?
– Esposa? – perguntei, não conseguindo disfarçar meu desapontamento e minha voz embargada.
– Estávamos separados, mas agora nos reconciliamos. Você quer falar com ele?
Ainda gaguejando, falei:
– Não. Depois falo com ele. Entrega isso aqui a ele, por favor.
Dei-lhe o presente e me despedi dela fria e rapidamente. Ela deve ter estranhado, mas com todas as coisas que estão passando na minha cabeça, não tinha como ser diferente. Fui pra casa e, por sorte, não encontrei ninguém. Entrei no quarto e chorei. Chorei como nunca pensei que fosse capaz de chorar. Com uma angústia e uma vontade infinita de que tudo aquilo fosse um grande pesadelo. Mas não era. O Barão mentiu pra mim. Me usou enquanto lhe foi conveniente por estar longe da Ana Rita, seu grande amor. Mas ele disse que me amava! Acorda, idiota! Palavras são muito fáceis de serem ditas. E ele soube dizê-las bem. Filho da puta! Enganou todo mundo, inventou uma história de que iria me contar a história da vida dele porque se importava comigo e, ao mesmo tempo, mantinha contato com a Ana Rita pelas minhas costas, naqueles telefonemas secretos que ele dizia ser com o seu patrão. Me fez dar vazão aos meus sentimentos pra depois jogar o amor dele por ela na minha cara! Desgraçado! A verdade é que ele só queria me pegar enquanto estivesse longe dela. E nem se deu ao trabalho de acabar comigo pra colocá-la dentro da sua casa. Deixou que eu fosse lá e visse com meus próprios olhos o quanto fui idiota!
Não sei quanto tempo exatamente eu chorei, mas eu acabei adormecendo. Acordei horas depois ainda sozinho em casa, com alguém me chamando à porta. Abri e, para minha surpresa, era a Ana Rita.
Estranhei, mas, educado como ela havia sido comigo, a convidei a entrar. Ela não aceitou sentar, alegando que o que tinha pra dizer poderia ser dito de pé mesmo.
– Então foi com você que o Oliver ficou enquanto eu estive longe? – diz ela muito direta, mostrando-me que não era a indefesa que seu lindo rosto aparentava – Eu percebi que vocês tinham alguma coisa diante da cara que você fez quando me viu.
Então ela sabia sobre a bissexualidade do Barão? Mas o que ela queria comigo?
– Se eu soubesse que ele era casado, eu nunca...
– Não se preocupe com isso. Casado ou não, creio que o rolo que vocês tinham acabou diante desta bela e loira novidade, não é verdade?
E ainda conseguia ser cínica e debochada. A cara de desdém que ela fazia pra mim era algo pelo qual eu não esperava, mas era algo que eu não iria engolir calado.
– O que tínhamos não era um rolo? Seu marido me pediu em namoro, sabia?
– E você aceitou, feliz da vida por estar fisgando um homem lindo como aquele? Não seja idiota, mais do que você já foi. Ele ficou com você como ficou com uma dúzia antes de você, dos quais hoje ele nem sequer lembra o nome. É esse seu fim na vida dele. Alguém que futuramente ele nem lembrará que passou pela vida dele.
Por mais raiva que eu estivesse sentindo daquela arrogância toda, eu sabia que, diante da sacanagem que ele aprontou pra cima de mim, era aquilo mesmo que eu seria pra ele. Alguém que não foi nada.
– Eu não sou obrigado a ouvir esse tipo de coisa dentro da minha própria casa – falei, apontando-lhe a porta.
Ela, dirige-se até à porta e fala, já saindo:
– Você deve estar achando que eu vim até aqui implorar pra que você fique longe do Oliver porque eu estou morrendo de medo da sua concorrência. Mas não se iluda. Se o Oliver quiser, ele pode ficar com você. Mas eu duvido muito que ele queira, porque é a mim que ele ama. E, se um dia nos afastamos, agora não nos afastaremos mais. Estamos indo embora do país em breve e, quando isso acontecer, você não será nem sequer uma lembrança pra ele.
Batia a porta violentamente, como se isso fosse causar algum mal àquela mulher detestável. O máximo que eu devo ter conseguido foi mostrar-lhe todo o desequilíbrio emocional que sua volta tinha me causado. Aquela vaca veio até a minha casa me humilhar. E convenhamos que, depois do que o Barão fez comigo, ela conseguiu me reduzir a pó sem grandes dificuldades. Estou me sentindo péssimo. Alguém descartável. Logo em seguida, entrou o Dan com cara de preocupado.
– Essa é quem eu estou pensando? – pergunta ele, ao se aproximar de mim, que já estou sentado no sofá com o rosto enterrado nas mãos.
– É a Ana Rita, sim. Mas como você sabe?
– O Barão me contou.
– E ele contou também o quanto ele foi um filho da puta comigo me enganando esse tempo todo? – falei, ao ouvir que ele andara conversando com o Dan.
– Ele quer conversar com você.
– E o que ele acha que ainda tem pra falar comigo?
– Acho que ele quer te explicar o que está acontecendo e eu, como seu amigo, aconselho você a ouvir o que ele tem pra te dizer.
Explodi na hora.
– Porra, Dan! Até você! O Barão me usou e isso pra mim está muito claro. Não sei exatamente o que ele falou pra você, mas ele te disse que está indo embora daqui a alguns dias.
– Que seja, Beto, mas, se eu fosse você, eu preferia ouvir o que quer que fosse da boca dele.
– Ele é um mentiroso, Dan!
– Nossa, que legal, Beto! O Barão mente, a Isaura mente, eu minto, todo mundo mente. Só quem fala a verdade é a Ana Rita. Presta atenção nas escolhas que você está fazendo. Numa dessas, você acaba sendo injusto e perde uma boa oportunidade de viver aquilo que você mais queria com quem você mais ama.
Ele tentou me ajudar, mas não estava dando muito certo. Então ele simplesmente foi embora, prometendo ligar mais tarde pra saber como eu estava. E assim o fez. Não saí de casa para não ver o Barão com a Ana Rita esfregando a relação deles na minha cara. ele me ligou uma centena de vezes, mas eu não atendi nenhuma delas. E não acho que ele seria louco de vir na minha casa. Eu não conseguia parar de chorar, por mais que eu tentasse. A sensação de ter sido passado pra trás continua a me atormentar e minha vontade era jogar um monte de verdades na cara dele, mas eu não tenho coragem. Beleza! Podem me chamar de covarde. Eu não ligo. Mas eu não quero ouvir da boca dele que ele não me quer mais.
E assim foi pelos próximos dois dias. Ele continuava a mandar recadinhos pra mim tanto por SMS quanto pelo Dan e eu continuava a ignorar todos eles. Até que, sozinho em casa com meus pais e o Ney no trabalho e a Isaura batendo perna por aí, não pude evitar sua visita. Quando abri a porta pra ver quem era, ele a empurrou e eu quase caí no chão. Não tive nem tempo de expulsá-lo. Ele foi logo me levantando pela camisa e, bruto, fala:
– Quanto tempo você pretende fugir de mim?
– Me larga que você não é mais nada meu! – falei, me debatendo, enquanto ele me segurava cada vez mais forte – Sua mulher sabe que você está aqui?
– Você tem que me ouvir, Betão...
– Não tenho que fazer nada por você! – falei, conseguindo me soltar e indo para o outro lado da sala – Não tenho que te ouvir, não tenho que te ver, não tenho que te amar.
– Me deixa explicar, cara... – tenta ele, mais uma vez.
– Explicar o quê? O que já está muito claro? Barão, você não podia ter feito isso comigo. Cara, eu te amei, lutei por você, me joguei de cabeça nessa história...
– Eu também, meu lindo...
– Para de ser mentiroso, Barão! – gritei, interrompendo-o – Como você pode ter se jogado de cabeça se você, do nada, resolveu ressuscitar sua mulher que você me jurou estar morta e enterrada dentro de você?
– Beto, você está sendo injusto comigo – diz ele, me segurando novamente.
– E você foi um canalha comigo – falei, novamente tentando me soltar – Qual dos dois é pior? Nada que eu faça com você agora pode ser pior do que o que você fez comigo.
Ele me olha nos olhos e tenta me abraçar, mas eu o empurro. Ele novamente tenta me segurar, mas eu corro. Rápido, ele me segura pelo braço, enquanto eu tento com todas as forças resistir àquelas investidas.
– Me ouve, por favor... – diz ele, tentando se aproximar de mim.
– Não, Barão! Não quero te ouvir nem te ver mais. Quero que você fique longe de mim com a mesma intensidade que eu já quis que você ficasse perto. Eu vou esquecer que você existiu! Eu vou esquecer o seu rosto, vou esquecer sua voz, vou esquecer tudo em você. Vou esquecer que essa droga desse meu coração um dia quis você. Eu vou dizer tanto a mim mesmo que você não merece o amor que eu sinto por você, mas vou dizer tanto, que tudo o que vai restar é um profundo desprezo.
– Desprezo, cara? – pergunta ele com cara de quem não estava acreditando que eu estava tendo coragem pra falar aquilo.
– Sim, Barão. Coisa que eu já estou começando a sentir.
Fui até à porta e a abri.
– Caralho, Betão! Me ouve, porra! Toda vez é isso! A gente briga e você foge de mim.
– Mas agora eu não vou voltar mais, cara! Sai.
Não vou mentir. Vê-lo daquele jeito tentando se explicar estremeceu meu coração. Mas me mantive firme, pois foi justamente por ter me deixado estremecer meu coração que agora estou aqui, amando um cara que enfiou uma mulher dentro da sua casa sem o menor receio. Preciso me convencer de uma vez por todas que fui apenas um momento pra ele e que foi justamente por acreditar nas palavras dele que as coisas tomaram o rumo que tomaram.
Ele pareceu cansado. Cansado de tentar me explicar alguma coisa. Chegou na porta e virou-se para mim. Não tive mais coragem de olhar pra ele. Simplesmente olhava para o chão e chorava. E foi aí que eu ouvi o tiro. E o Barão, baleado, caiu aos meus pés.
CONTINUA...
