ENTRE HOMENS
CAPITULO 43 – SOMBRAS PASSADAS
‘Se amanhã não for nada disso
Caberá só a mim esquecer
O que eu ganho, o que eu perco
Ninguém precisa saber.’ (Poeta Lulu Santos)
Na praia...
“Sim seu moço você ainda não me respondeu se quer casar comigo?”
“Claro que quero, quero muito meu surfista lindo!”
“Sério!”
“Sim. Sério... muito sério!”
“Espera um pouco então...”
“O que você vai fazer, Alan?” O modelo surfista de ajoelha diante do Enzo, retira do seu bolso um anel e coloca no seu dedo anelar direito. “Enzo, você aceita casar comigo?”
“Sim meu amor, claro que aceito te fazer feliz!”
Os dois modelos tomados pela emoção se abraçam e se beijam.
“Posso lhe perguntar uma coisa Alan?”
“Claro fique a vontade.”
“Você já andava com ela aliança desde quando?”
“Desde o momento que percebi que já te amava, apenas estava esperando uma bela oportunidade para te pedir sem pressa e consciente do meu amor por você.”
“Nossa... Fiquei agora sem palavras. Agora tenho uma coisa a te falar... Tenho uma coisa pra te falar do meu passado.
“Enzo, eu sempre acreditei que o que passou, passou, o importante é viver o presente. Vamos viver o nosso...”
O celular do Alan toca nesse exato momento. Parece que o universo conspira para que ambos ainda não descubram o que o destino está para realizar em suas vidas.
“Alô!”
“Oi mano, aqui é o Roberto.”
“Fala meu amigão. O que você tem de novidade?”
“Alan queria te dizer que o corpo do Romeu já foi transladado para sua terra natal. Já até mesmo foi enterrado. Os pais dele agradeceram por tudo.”
“Entendo. Triste isso. Espero que a gente descubra tudo o que acontecera com Romeu?... Até mais!”
Alan desliga o celular e coloca no seu bolso. Voltando para Enzo fala o que aconteceu com o Romeu e o seu fim trágico.
“Chato isso não é Alan?”
“Verdade mais espero que se descubra o que aconteceu com o Romeu... O que você ia me falar mesmo?”
“Nada não, vamos falar de outro assunto... Já ia me esquecendo, mas convidei o meu primo, Taumaturgo e o Miguel para uma espécie de lua de mel aqui no Rio.”
“Finalmente vou conhecer um parente seu... Quer dizer que vamos fazer um programa de casais?”
“Amorzão, acredito que sim. Inclusive o louco do Dadá está providenciando uma espécie de ‘tur’ marítima.”
“Então vamos fazer um programão.”
(Risos).
“Ei moço vamos embora quero celebrar essa noite com você ainda, seu Enzo.”
“Onde está o seu carro?”
O surfista coçando a cabeça e depois recolhendo o tênis e levando consigo em sua mão, voltando-se para o seu namorado lhe disse:
“Eu vim de busão... Resolvi apenas caminhar hoje, aproveitando o fim de tarde que foi maravilhoso.”
“Você me deixa desconcertado, Alan.”
“Como assim?”
“Você me diz que é modelo mais tem uns costumes que não condizem com o seu espaço na sociedade.”
“Enzo, vivo no meio da moda mais acredito que não mudei a minha maneira de ver o mundo. A verdade que não sou um cara vislumbrado, sou muito simples, acredito que viver e ser feliz neste mundo se requer pouco.”
“Mas é verdade que o dinheiro ajuda na felicidade (risos).”
“Pode até ajudar, mas se não se atenta para o sentimento verdadeiro tudo não vai passar de ilusão. Acredito mais nos que somos em vez do que temos. Esse mundo capitalista nos olha exteriormente. Mas por dentro, nem sempre o dinheiro ou glamour realmente compram a felicidade.”
Enzo apenas ruminava aquelas palavras vindo de seu namorado que com gestos e palavras sabia viver intensamente a vida com poucas coisas. O modelo olhara que finalmente o que lhe tocara foi a simplicidade, talvez ele percebesse que ao longo desses dias tanto na fazenda como agora vivendo um novo amor, percebera que se vive a felicidade real quando se ama verdadeiramente alguém sem outro interesse que não seja a pessoa amada.
Apenas Mais Uma de Amor (Lulu Santos)
‘Eu gosto tanto de você
Que até prefiro esconder
Deixo assim, ficar
Subentendido
Como uma ideia que existe na cabeça
E não tem a menor obrigação de acontecer
Eu acho tão bonito isso
De ser abstrato, baby
A beleza é mesmo tão fugaz
É uma ideia que existe na cabeça
E não tem a menor pretensão de acontecer
Pode até parecer fraqueza
Pois que seja fraqueza então
A alegria que me dá
Isso vai sem eu dizer
Se amanhã não for nada disso
Caberá só a mim esquecer
O que eu ganho, o que eu perco
Ninguém precisa saber
Eu gosto tanto de você
Que até prefiro esconder
Deixo assim ficar
Subentendido
Como uma ideia que existe na cabeça
E não tem a menor pretensão de acontecer
Pode até parecer fraqueza
Pois que seja fraqueza então
A alegria que me dá
Isso vai sem eu dizer
Se amanhã não for nada disso
Caberá só a mim esquecer
E eu vou sobreviver
O que eu ganho, o que eu perco
Ninguém precisa saber.’Na casa dos pais de Rita.
“Oi mãe, oi pai... Cheguei!”
“Finalmente minha filha, estávamos preocupados... por que da demora?” Olhando para o rosto de Rita, sua mãe percebe um curativo do lado direito. “O que foi isso minha filha?”
“Nada não mãe apenas me descuidei e bati esse lado, mas já passei pelo pronto socorro e fizeram o curativo. Viu sua filha é uma rocha.”
“Você sempre bem humorada e sempre independente não é Rita.”
“Agora quero um abraço dos meus pais.” Depois de um longo abraço em cada um de seus pais, a professorinha pergunta pelo seu irmão caçula.
“Onde está o Gabriel?”
“Ele está na casa do coleguinha. Mas logo estará aqui.”
“Vocês sabem que sou louca de amor pelo meu irmãozinho.”
Passado alguns minutos, Gabriel adentra a casa e dar um abraço forte na sua irmã. “Deixa-me dar um abraço forte nesse meninão aqui!” Falou a professora com um sorriso largo ao rever o seu irmão.
“Gabriel vamos deixar a sua irmã descansar um pouco, sente-se aqui filha.”
“Está bom pai... Como está sua pressão?”
“Está bem...”
A professora sentada e passando as mãos em seu ventre lhes diz:
“Tenha uma novidade para vocês.”
“Que novidade maninha?” Falou Gabriel curioso como toda criança de sua idade.
“Fala logo filha...” Disse Dona Raquel já meio aflita.
“Vamos filha, você sabe como é a sua mãe.” Disse seu Luiz.
“Está bem, mas peço que vocês me escutem com muita atenção... Vocês sabem que fui trabalhar numa fazenda, próxima de Barretos?”
“Sim sabemos.” Responderam uníssonos os pais de Rita.
“Pois bem. No inicio estava tudo bem é claro. O seu Fernando sempre me tratou como uma filha que ele nunca teve... ele tem dois filhos, um ex-seminarista e outro que ele descobriu recentemente. Os dois irmãos por motivos pessoais de desentenderam mais graças a Deus fizeram as pazes... São agora grandes amigos. O ex-seminarista se chama Taumaturgo e o mais novo chama-se, Humberto. A convivência com o Humberto e o estreitamento de laços com ele, fizeram que nos apaixonássemos... Envolvemo-nos demais e agora estou esperando um filho dele...”
“Eu vou ganhar um irmãozinho? É isso Ritinha?”
“Minha filha, porque você deixou isso acontecer... logo depois de tudo o que você passou lá atrás.” Falou dona Raquel um tanto desconcertada com a novidade.
“Gabriel você pode acompanhar o seu pai, vamos deixar sua irmã falar com a sua mãe.”
“Pai me deixa ficar aqui, prometo que vou ficar quietinho.”
“Meu meninão acompanha o seu pai... Depois prometo que vou te fazer dormir.”
“Tá certo maninha...” Gabriel correu ao encontro de sua irmã e lhe deu um beijo na face.
“Como é carinhoso esse meninão, te amo, Gabriel.”
“Eu também te amo maninha. Não se esqueça de ler alguma história antes de dormir.”
“Está bem!”
O seu Luiz e o Gabriel foram para o quarto deixando apenas Rita e dona Raquel na sala. A mãe da professorinha continuava com o semblante de desapontamento por causa da notícia dada pela sua filha.
“Mãe, por favor, vim até aqui pra falar de coisas boas. E a senhora fica ai me julgando como se eu fosse uma inconsequente, uma irresponsável.”
“E você não é Rita?”
“Sei que deveria ter me precavido. Mas aconteceu. Estou apaixonada pelo Humberto e ele por mim mamãe. Vamos nos casar.”
“Menos mal minha filha. Pensava que esse outro, esse tal de Humberto iria fazer o mesmo que aquele teu namoradinho da faculdade que te deixou na mão e depois você teve que arcar com as consequências.”
“Sei disso mãe, não precisa me falar ou repetir essa história, que tento esquecer todos os dias... Mas agora é diferente. Eu vim aqui pra dizer que finalmente vou construir a minha família. E também quero que vocês conheçam meu noivo e a família dele.”
“Desculpa, minha filha, desculpa a sua mãe... É que essa novidade pra mim... Não te quero ver sofrendo novamente. Não quero te ver abandonada novamente...”
“Claro mamãe, eu te amo.” As duas: mãe e filha se abraçaram e choraram copiosamente.
“Rita você sabe como é mãe... Sempre preocupada com a cria, ainda mais quando está longe de casa.”
“Agora vai ser tudo diferente mamãe... Quero levar vocês para conhecer a Fazenda Paraíso. É um lugar maravilhoso, realmente lindo, tem um povo muito simples e acolhedor. O Seu Fernando é um amor de pessoa. Ele quer que vocês o visitem. Estamos já preparando tudo para o casório.”
“Pelo visto a situação é seria mesmo.”
(Risos).
“Dona Raquel afinal de contas a sua filha é muita linda e charmosa viu.”
“Claro você puxou a mim esqueceu.”
(Risos).
“Estou sentindo cheiro de bolo de fubá... Uhm! Que cheiro bom...”
“Desculpa minha filha, nem sei onde eu estava com a cabeça. Tinha preparado o seu lanche preferido: bolo de fubá com suco de laranja.”
“Estava sentido falta do seu bolo mamãe...”
“A sua mãe ainda está acertando na receita?”
“Está maravilhoso, delicioso mesmo. Acho que vou me acabar comendo do seu bolo.”
“Cuidado não vá engordar minha filha!”
“Esqueceu mamãe que estou comendo por dois agora.”Ponte sobre águas turvas
‘Se a solidão for demais
E em teu coração não sentires a paz
Eu quero estar bem perto
Como alguém que torce por teu bem
Como ponte sobre as águas turvas
Hás de me encontrar
Como ponte sobre as águas turvas
Hás de me encontrar
Se a luz que tens se apagar e a escuridão
Meu pai ofuscar teu olhar
Verei a luz nas trevas do coração
Com a mão na tua mão
Como ponte sobre as águas turvas
Hás de me encontrar
Como ponte sobre as águas turvas
Hás de me encontrar
Vamos navegar, navegar
Em busca de um lugar para a gente sonhar
Somos iguais eu já sonhei também
Com esta mesma paz e se acaso precisares de alguém
Hás de me encontrar
Como ponte sobre as águas turvas
Hás de me encontrar
Como ponte sobre as águas turvas
Hás de me encontrar.’
Link: http://www.vagalume.com.br/francisco-e-clara/ponte-sobre-aguas-turvas.html#ixzz371OUVahMNo consultório de psicologia Mente Aberta.
“Doutor Wiliam?”
“Sim. Pode entrar. Como você se chama?”
“Eu sou Pablo...”
“Prazer... Sente-se e fique a vontade. O senhor toma água.”
“Por favor...” Depois de tomar o copo com água, o empresário ainda pensando no que estava fazendo naquele ambiente, diz-lhe: “Obrigado!”
“Acredito que você nunca colocou os pés num consultório psicológico. Certo?”
“Pode acreditar. Esse é a minha primeira vez. Estou me sentindo ansioso.”
“Uma coisa é certa senhor Pablo, estou aqui para lhe ajudar. Não se preocupe tudo o que for dito aqui, morre aqui. Temos um compromisso de sigilo total. Temos um compromisso de confissão... Entendo que temos dificuldade de abertura, de falar algo sobre a nossa vida, principalmente para um estranho.”
“Sabe doutor Wiliam, eu sou um cara muito independente. Se estou hoje aqui é porque não tenho mais a quem recorrer. Sinto que a qualquer momento eu vou explodir.”
“Quero que você fique deitado aqui no divã e fale sem pressa, o que vier a sua mente.” Quando o empresário se acomodava no divã, o psicólogo acionava um gravador que estava na gaveta de sua mesa, sem que Pablo percebesse. “Você pode começar.”
“Sempre me sinto perseguido por um fantasma.”
“Como assim fantasma?”
“Um fantasma do passado, que teima em se fazer presente na minha vida.”
“De que fantasma, mas exatamente você se refere?”
“Sobre o meu pai... Ele me perturba mesmo depois de morto.”
“O que o seu pai lhe fez no passado que o deixa ameaçado, perseguido? Fique tranquilo você pode se abrir.”
“Tem horas que tento seguir a minha vida. Tento me libertar do passado. Mas ele sempre se faz presente... O pior é que eu tenho nojo de mim, sinto a pior pessoa da face da terra. Sinto até vergonha de dizer o que me aconteceu.”
“Você quer parar, sempre não é fácil falar daquilo que nos aflige principalmente para alguém que não conhecemos ou não se tem confiança... Mas acredito que se você veio aqui é porque você chegou ao seu extremo e precisa desabafar. Não é verdade?”
Relato de Pablo Scobar:
“O meu pai depois que minha mãe veio a óbito. Não demorou muito a mostrar as suas garras. Sempre chegava embriagado em casa. Sempre lamentando a morte de minha mãe e de como sentia sua falta. Ele sempre se jogava no sofá da sala e lá ficava todo amargurado olhando TV e tomando tantas cervejas que encontrasse na geladeira... Aquela visão sempre me deixava triste. Já tinha perdido muito cedo a minha mãe e agora o meu pai se entregando daquele jeito ao vício, aquilo me cortava o coração!”
“Se você quiser parar. Quer dar uma pausa?” Interrogou Wiliam.
“Vou continuar... Estou sentindo que posso continuar.”
“Tudo bem então.”
“Sempre quando via o meu pai embriagado, mesmo pequeninho e sem muita força (eu era uma criança ainda). Tentava colocar o meu pai cambaleante de bêbado no sofá. Ele se sentava e eu tirava seus sapatos, suas meias, tirava até mesmo a camisa ainda com o crachá da empresa no bolso. Eu me esforçava pra consolar o meu pai e compartilhar a falta que a minha mãe nos fazia.”
“Aconteceu algo de novo nesse momento?” (Wiliam).
“Aconteceu sim. (Pablo faz um longo silêncio olha para o teto, tentando encontrar palavras que expressassem o momento). Tudo começou numa noite em que caia uma chuva torrencial. Curiosamente naquele dia o meu pai chegara um pouco menos embriagado como de costume, sabe. Mesmo assim lembro até hoje do cheiro de cerveja que emanava dele. Fui até o roupeiro peguei uma toalha para que ele se enxugasse. Já estava acostumado a acompanha-lo até o sofá, depois retirar os sapatos e as meias. O meu pai começa acariciar a minha cabeça. Não estranhei nada naquele dia, pois sabia que era apenas carinho paterno. (Criança nunca vai ter segundas intenções ou pensar segundas intenções a respeito das atitudes de alguém tão próximo).”
“Sabe filho sinto muito falta de sua mãe. Mas ultimamente estou sentindo falta de companhia também... Quem sabe...” Disse o pai de Pablo acariciando seus cabelos.
“Sabe doutor, naquele instante em que meu pai me dizia aquilo, pude olhar para o seu rosto e vi um leve sorriso. Mas como eu era uma criança apenas retribuía com outro sorriso. Fazia tempo que não via um sorriso no rosto do meu pai.”
“Sinto falta de uma companhia meu filho... Papai te ama... Te ama muito.”
“Na minha inocência infantil apenas ria e dizia que o amava... Ele sempre me mandava ir dormir, que ele iria continuar bebendo suas cervejas vendo TV, sempre futebol. Mas quando já estava deitado vi que a porta do meu quarto se abriu. Como estava com muito sono nem liguei muito, queria saber apenas de dormir... Mas a luz oriunda do corredor fora impedida, pois a mesma porta foi fechada. (Devia ter sido o meu pai apenas pra ver como eu estava. Eu pensei). Senti que alguém sentara do meu lado na cama. Naquele momento fui tomado de medo, sabe pensara que fosse o bicho papão. Apenas tentava me cobrir com o cobertor. Mas uma mão começou acarinhar meus cabelos. De súbito não sentia mais medo. Voltando-se para quem me acarinhava percebi que era o meu pai... Naquele momento ainda assustado e meio sonolento disse-lhe: Pai...”
“Tenha calma, meu filho. O seu paizinho te ama muito.” Enquanto falava isso sua mão continuava a fazer um cafuné em mim.
“Pai...”
“Calma. Fica aqui no meu colo... O pai quer te dar um beijo.”
“Ficara no colo do meu pai e ele começara a passar a sua mão na minha testa e também na minha bunda. Até que inesperadamente ele me beija. E continuava a me dizer que me amava muito.”
O doutor Wiliam interrompendo a fala de seu cliente lhe pergunta: “Isso aconteceu somente essa vez? Ou isso se tornou comum em algum momento?”
“Infelizmente isso se tornara uma rotina. Nas primeiras noites ele sempre fazia disso quando eu já estava deitado, aproximava-se e me tocava de maneira imprópria. A situação fica mais escancarada (se eu posso dizer assim). Quando ele dormir nu de conchinha comigo. Eu sentira que algo duro e grosso me cutucava nas costas e também nas minhas nádegas, e não era sua mão.”
“Quer dar uma parada... Podemos retomar o assunto noutra sessão, caso você queira.”
“Estou tranquilo, doutor. Eu pensava que seria difícil pra mim. Está sendo difícil não posso negar. Não se fala da própria vida, ainda mais dos fantasmas do passado.”
“Pablo, você está dando um passo gigantesco. Talvez isso não resolva o seu problema... Mas é um passo que você dar em direção da aceitação do mesmo.”
“Continuando... O meu já chegava mais animado em casa. Nem vinha mais embriagado. Quando me via em casa vinha ao meu encontro e logo me abraçava. E não somente isso, aproveitava o ensejo e me beijava também, agora já era beijo no rosto e sim na boca. Colocava no seu colo e ficava me beijando sem nenhum pudor. (Inconscientemente achava tudo aquilo natural).”
“Como você sentia tudo aquilo natural? O que você sentia com a proximidade do seu pai?” (Wiliam).
“Era apenas uma criança não distinguia sentimentos. Primeiro momento era o amor de filho para com o seu pai. Mas como sempre ia sentindo o meu pai mais e mais próximo de mim, sentia sua falta de um outro jeito que naquele momento não tinha a menor idéia... Sentia falta do corpo do meu pai junto do meu. Sinceramente eu amava beijar o meu pai. Os beijos deles eram uma delicia. Sabe o meu pai ficava usando um shortinho preto que deixava suas pernas grossas bem a mostra e também via que na sua cueca algo se avolumava. Ele fazia que eu apalpasse por sobre o calção, deixando totalmente cheio de tesão. Sei lá, talvez o meu pai não tinha ainda a intenção de algo a mais, pois sabia que eu era uma criança. (Um breve silêncio, mesmo narrando com vergonha tudo que lhe acontecera no passado, o psicólogo nas entrelinhas percebia o desejo carnal do seu cliente.)”
“Se você desejar parar pode retomar em outro momento. Sei que não está sendo fácil esse desabafo.”
“Doutor quero ir até o fim. Sinto que estou tendo um alivio sobre isso. Na verdade estava mesmo precisando desabafar sobre isso que tanto me atormenta a minha vida.”
“Tudo certo então!”
“Apenas ele me fazia chupar o seu pênis. Sentir o cheiro da sua rola próximo do meu nariz, me deixava com muito tesão, sabe. Deveria ter entre oito ou dez anos, apenas fazia sexo oral com o meu velho, que na sua sem-vergonhice apenas colocava para fora o seu pênis e fazia que eu o chupasse mesmo não conseguindo engolir por inteiro. Sabe graças a ele cresci pensando que tudo aquilo era normal. Que o pai e o filho trocavam carícias. Fui crescendo, quando já tinha meus 13 anos, ai tudo foi ficando mais carnal. O meu pai nem pensava mais em se casar.” Ele me dizia:
“O papai já tem uma mulher em casa... Não preciso buscar outra fora de casa. Você meu filho é a mulher do papai?”
“Silenciava-me diante daquela interrogação. Não sabia o que falar para o meu pai. Eu era um menino, não uma mulher. O meu silencio me custava momentos de muita humilhação.”
“O que o seu pai lhe fazia?” (Wiliam).
De repente o empresário tem um ataque de alucinação.
“Não pai, para com isso, o senhor está sendo cruel... Para pai, não deixa que eles façam isso comigo. Não...!!!”
Continua...